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terça-feira, 29 de abril de 2014

A CHINA VOLTA A PREOCUPAR O MERCADO DA SOJA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
01/05/2014

O mercado mundial da soja depende muito, nos últimos anos, do comportamento comprador da China. Esse país deverá importar 63% do total a ser comercializado pelo mundo no corrente ano comercial. Pois os chineses ameaçam voltar a uma estratégia já realizada em 2004. Na época, após o bushel de soja atingir a US$ 10,45 no início de abril daquele ano, a China começou a devolver soja ao Brasil sob a acusação de que a mesma estava contaminada por fungicida. O evento ficou conhecido como “soja vermelha”. Ocorre que até então os chineses aceitavam normalmente certo teor de grãos tratados com esse fungicida nas cargas compradas. Ou seja, na prática o objetivo era derrubar os preços mundiais da oleaginosa. E conseguiram! No final de julho do mesmo ano o bushel já estava em US$ 5,99, tendo atingido mesmo US$ 5,02 no início de novembro de 2004, com auxílio de uma colheita normal nos EUA. Pois agora, a partir deste mês de abril de 2014, os chineses enfrentam altos estoques, margens negativas em suas indústrias moageiras, redução do consumo interno pela queda do crescimento econômico e o retorno da gripe aviária em determinadas regiões de produção avícola, grandes problemas de logística portuária, além dos altíssimos preços mundiais da soja (Chicago está novamente acima dos US$ 15,00/bushel). Diante disso, passaram a direcionar cargas de soja, compradas no Brasil e na Argentina, para os EUA (os baixos estoques estadunidenses têm auxiliado a viabilizar tal estratégia, fato que igualmente está segurando nas alturas as atuais cotações da oleaginosa). Muitas cargas brasileiras, inclusive, estariam sendo direcionadas pelos chineses, para a África. Igualmente passaram a retardar compras e embarques de soja já adquirida na América do Sul. Ora, como há uma expectativa de recorde de safra nos EUA para este ano de 2014 (somente a área semeada com soja deverá crescer em 6,5% por lá), caso o clima ajude, os EUA se fechará para a estratégia chinesa de repassar o produto sul-americano. É por isso que operadores de mercado informam que trituradoras chinesas estariam planejando um calote conjunto nas compras efetuadas na América do Sul para as próximas semanas e/ou meses. Fala-se de novas devoluções na ordem de 1,2 milhão de toneladas. Já se projeta um recuo nos preços mundiais da soja, para o segundo semestre, em função da oferta e demanda natural. Pode-se imaginar a queda de preços da soja, que ocorrerá então, se a China realmente adotar tal medida e não tivermos outras estratégias de escoamento da oleaginosa.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Análise Semanal de Mercados da Soja, Milho e Trigo

(18/04/2014 a 24/04/2014)

Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
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quarta-feira, 23 de abril de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
26/04/2014

O ESGOTAMENTO DO MODELO ALEMÃO?
A crise mundial de 2007/08, que ainda perdura, nos permite lembrar que a economia funciona em ciclos. Ou seja, assim como ocorrem as crises, acontecem as saídas de crise e os tempos de bonança econômica. É muito difícil manter um processo de crescimento e desenvolvimento constante por longo tempo. Todavia, é possível evitar que os períodos de declínio econômico se tornem agudos para os cidadãos. Tudo depende de como a economia de cada país é gerida. De como o Estado está organizado para dar conta da evolução econômica, hoje cada vez mais interdependente em função de uma globalização irreversível. De como os governos se posicionam para ajustar as finanças públicas nos momentos positivos, precavendo-se para os momentos de dificuldades. E nesse sentido encontramos diferentes estratégias e, em alguns casos, nenhuma estratégia! A crise de 2007/08 iniciou nos EUA e se estendeu, no seu início, para os países desenvolvidos em função de suas relações financeiras, via um sistema bancário interligado e desregulamentado em exagero. Os Estados foram chamados a socorrer as economias combalidas, dentro da lógica keynesiana, fato que acabou gerando a crise da dívida pública. Esta atingiu em cheio países menores da União Europeia, caso da Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha... Paralelamente, os países emergentes como a China e o Brasil, por exemplo, apostaram em seu importante mercado interno, liberando crédito e fazendo do consumo interno um ponto de resistência à crise mundial. As duas estratégias se esgotaram a partir de 2011. De um lado, o déficit público se tornou insustentável junto à maioria dos países ricos, forçando a ajustes estruturais pesados em suas economias, fato que leva a consequências sociais negativas. De outro lado, sem uma capacidade produtiva adequada, com infraestrutura insuficiente e poucos investimentos produtivos, os emergentes se viram às voltas com a disparada inflacionária. Isso os obriga a frear suas economias pelo aumento dos juros, fato que leva a um constante recuo do PIB anual. Nesse ciclo de crise mundial, todavia, um país industrializado acabou saindo-se melhor do que os demais. Trata-se da Alemanha! Todavia, agora que o mundo desenvolvido inicia uma saída da crise, enquanto os emergentes nela começam a afundar, a Alemanha igualmente corre o risco de claudicar. O que estaria ocorrendo?

O ESGOTAMENTO DO MODELO ALEMÃO? (II)
Na prática, das grandes regiões desenvolvidas do mundo, a Europa Ocidental é a que mais dificuldades encontra para sair da crise. Todavia, a Alemanha, graças a um equilíbrio orçamentário, a finanças públicas impecáveis, a uma alta competitividade produtiva industrial, um quase pleno-emprego, e uma política de exportações agressiva, a qual lhe valeu fortes acusações de seus pares da União Europeia (os mesmos defendiam que a Alemanha deveria colaborar para tirá-los da crise aumentando as importações de seus produtos e não o contrário), a economia da Alemanha, até meados de 2013 se mostrou robusta. Mas a questão chave sempre é: por quanto tempo? A resposta parece estar chegando nestes últimos meses. A robustez da economia alemã estaria se esgotando. A população envelhece rapidamente; há ainda muita desigualdade entre os trabalhadores industriais, bem pagos, e os trabalhadores do setor de serviços; e ocorrem tensões sociais oriundas desta desigualdade que obrigam os políticos alemães a agirem rapidamente se não quiserem assistir a um declínio econômico da Alemanha. Uma das alternativas para enfrentar o problema estaria no fato de reverter a lógica exportadora, dando ênfase, a partir de agora, ao consumo interno. Isso faria, por tabela, acelerar igualmente as importações, ajudando os demais países europeus e mesmo do mundo. Todavia, os economistas alemães do Deutsche Bank alertam que nos últimos 20 anos o consumo interno jamais conseguiu substituir a demanda externa, ou seja, os resultados positivos das exportações.

O ESGOTAMENTO DO MODELO ALEMÃO? (III)
Além disso, a Alemanha pretende substituir a energia nuclear (que movimenta mais de 80% de sua economia na atualidade), até 2022, por uma energia mais “limpa”. O problema é: que energia e a que custo para os agentes produtivose para o Estado? Em fazendo isso, o sistema produtivo alemão não perderia competitividade no cenário internacional? São questões chaves que os empresários e mesmo o governo local se colocam. Paralelamente, na prática, as exportações têm diminuído no transcorrer dos meses de 2013 e não surgem movimentos de mudanças neste início de 2014. Além disso, o país se mostra carente em start-up e empresas de novas tecnologias. Soma-se a isso o fato de que a alta produtividade do setor industrial é anulada pela baixa produtividade do setor de serviços. Esta dualidade econômica, todavia, é difícil de mudar porque o setor de serviços é que permitiu dividir por dois o desemprego desde 2005 e, com isso, enfrentar melhor a crise mundial que sobreveio em seguida. Mas ela traz consigo um fator perverso: amolecer um crescimento econômico que já se mostra baixo, num contexto de redução física de sua força de trabalho. Nesse último caso, estatísticas locais dão conta que até 2030 a Alemanha perderá 12% de sua população ativa. Para sair deste brete o governo deverá recuar a idade da aposentadoria, fazendo os alemães trabalharem mais tempo; estimular ainda mais o trabalho feminino; e colocar em prática uma política favorável à imigração, apostando no trabalhador estrangeiro qualificado. Será isso possível no contexto da Alemanha atual? Pelo sim ou pelo não, o fato é que há falhas no chamado “super-modelo” alemão, o qual começa a se esgotar neste momento (cf. Le Monde, agosto 2013 e março/abril 2014).



terça-feira, 22 de abril de 2014

LIÇÕES IRLANDESAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
24/04/2014


O ex-primeiro ministro da Irlanda, Sr. John Bruton, veio ao Brasil participar do 27º Fórum da Liberdade, ocorrido em Porto Alegre no início de abril. O mesmo nos brindou com informações de extrema utilidade (cf. ZH Dinheiro-06/04/2014, p.7). Como se sabe, a Irlanda viveu um boom econômico nos anos de 1990, a ponto de crescer 11,2% em 1997. Depois, foi atingida fortemente pela crise de 2007/08 e agora começa a sair lentamente da mesma. Dentre as principais lições obtidas com Bruton, tem-se: 1) o espetacular crescimento econômico da Irlanda na década de 1990, a ponto de o país ser batizado de Tigre Celta, não ocorreu por mágica e ações de curto prazo. Foi o fruto de mudanças estruturais nos 30 anos anteriores (as quais o Brasil se nega a fazer até hoje), dentre elas uma política de baixa cobrança de impostos a corporações (iniciada em 1956), passando por investimentos em educação tecnológica (em meados de 1980) e terminando no aprimoramento da Justiça (em meados de 1990), além de uma agressiva promoção ao investimento externo direto, iniciado em 1960 e que dura até hoje; 2) particularmente o país instituiu uma política de tributação das empresas em 12,5% no geral (no Brasil a mesma chega, em muitos casos, a mais de 30%), além de cuidar das finanças públicas de forma prudente (coisa que o Brasil, nos últimos anos, está longe de realizar); 3) todavia, houve o estouro da economia em 2008, puxado pela crise mundial. Porém, tal estouro se originou entre 2000 e 2006, quando houve um boom da construção civil e um conseqüente aumento temporário das receitas. Segundo Bruton, o governo da época tratou essas receitas temporárias como se fossem permanentes e aplicou aumentos no nível de gastos, incluindo as taxas de salários e pensões. Medidas que se mostraram insustentáveis quando a bolha estourou (algo que o Brasil assiste nesse momento); 4) nesse período, os irlandeses pediam dinheiro emprestado para comprar uma segunda casa ou para pagar caro por sua residência principal, enquanto os bancos irlandeses emprestavam dinheiro se financiando junto a bancos estrangeiros, sem considerar que o processo era temporário (qualquer semelhança com o que vem ocorrendo no Brasil não é mera coincidência e serve como um grande alerta); 5) a saída da atual crise, que deverá levar 10 anos, se iniciou com ações ainda em 2008 (enquanto no Brasil o governo Lula falava em “marolinha”), e deverá durar até 2018. Nesse meio tempo, a Irlanda construiu uma boa reputação de integridade na administração pública, expondo seus erros. Enquanto isso, o Brasil perdeu a credibilidade que possuía, gerindo pessimamente os recursos públicos, maquiando dados estatísticos e aparelhando politicamente os principais órgãos públicos, que se dobram a um intervencionismo estatal ineficiente e, em grande parte, corrupto. É preciso dizer mais?

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Análise Semanal de Mercados da Soja, Milho e Trigo

(11/04/2014 a 17/04/2014)

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quarta-feira, 16 de abril de 2014

A CHINA VOLTA A PREOCUPAR O MERCADO DA SOJA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
16/04/2014


O mercado mundial da soja depende muito, nos últimos anos, do comportamento comprador da China. Esse país deverá importar 63% do total a ser comercializado pelo mundo no corrente ano comercial. Pois os chineses ameaçam voltar a uma estratégia já realizada em 2004. Na época, após o bushel de soja atingir a US$ 10,45 no início de abril daquele ano, a China começou a devolver soja ao Brasil e Argentina sob a acusação de que a mesma estava contaminada por fungicida. O evento ficou conhecido como “soja vermelha”. Ocorre que até então os chineses aceitavam normalmente certo teor de grãos tratados com esse fungicida nas cargas compradas. Ou seja, na prática o objetivo era derrubar os preços mundiais da oleaginosa. E conseguiram! No final de julho do mesmo ano o bushel já estava em US$ 5,99, tendo atingido mesmo US$ 5,02 no início de novembro de 2004, com auxílio de uma colheita normal nos EUA. Pois agora, neste mês de abril de 2014, os chineses enfrentam altos estoques, margens negativas em suas indústrias moageiras, redução do consumo interno pela queda do crescimento econômico e o retorno da gripe aviária em determinadas regiões de produção avícola, grandes problemas de logística portuária, além dos altíssimos preços mundiais da soja. Diante disso, passaram a direcionar cargas de soja, compradas no Brasil e na Argentina, para os EUA (os baixos estoques estadunidenses têm auxiliado a viabilizar tal estratégia). Muitas cargas brasileiras, inclusive, estariam sendo direcionadas pelos chineses, para a África. Igualmente passaram a retardar compras e embarques de soja já adquirida na América do Sul. Ora, como há uma expectativa de recorde de safra nos EUA para este ano de 2014 (somente a área semeada com soja deverá crescer em 6,5% por lá), caso o clima ajude, os EUA se fechará para a estratégia chinesa de repassar o produto sul-americano. É por isso que operadores de mercado informam que trituradoras chinesas estariam planejando um calote conjunto nas compras efetuadas na América do Sul para as próximas semanas e/ou meses. Já se projeta um recuo nos preços mundiais da soja, para o segundo semestre, em função da oferta e demanda natural. Pode-se imaginar a queda de preços da soja, que ocorrerá então, se a China realmente adotar tal medida e não tivermos outras estratégias de escoamento da oleaginosa.

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
19/04/2014

COTAÇÕES DA SOJA: ALTAS SÃO ESPECULATIVAS (?)
As cotações da soja em Chicago voltaram a superar os US$ 15,00/bushel no dia 15/04. Tal patamar não era alcançado desde meados de julho de 2013. A explicação que o mercado avança, e tem coerência, está centrada nos baixos estoques finais dos EUA (a estimativa para o final deste ano de 2013/14 é de apenas 3,7 milhões de toneladas, contra 3,8 milhões no ano anterior e 4,6 milhões em 2011/12). Além disso, estaria havendo forte demanda pela soja estadunidense mesmo em época de entrada da safra sul-americana no mercado internacional, fato que pressiona ainda mais os diminutos estoques. Um segundo aspecto que ajuda a explicar as altas das cotações está na redução da produção da América do Sul neste ano. O forte calor e intensa estiagem no final de dezembro de 2013 e entre meados de janeiro e meados de fevereiro de 2014 reduziu a estimativa de colheita em pelo menos 10 milhões de toneladas, podendo o volume final de perdas ser ainda um pouco maior. Mas existem outros importantes e mais sérios elementos ocorrendo no mercado da soja que indicariam um comportamento contrário dos preços. O forte aumento na área a ser semeada com a oleaginosa nos EUA neste ano, o qual pode chegar a 6,5%. A redução do ímpeto econômico da China, com desvio de cargas de soja para outras regiões do mundo porque seus estoques estão plenos e o consumo interno será menor (os chineses avançam um volume de importação de 66 a 67 milhões de toneladas de soja para este ano, contra a expectativa de mercado ao redor de 69 milhões de toneladas). Aumento dos estoques finais mundiais, em relação aos anos anteriores, e assim por diante.

COTAÇÕES DA SOJA: ALTAS SÃO ESPECULATIVAS (?) (II)
Nesse contexto, por que as cotações da soja sobem no momento? Além dos fatores altistas citados acima, existe uma momentânea compensação em relação a nova desvalorização do dólar no cenário mundial e, principalmente, existe uma forte especulação financeira em torno da commodity. Ou seja, quando se pensava que a recuperação da economia mundial, em relação a crise de 2007/08, fosse permitir um deslocamento mais importante de capitais para o sistema produtivo em geral e as bolsas de valores em particular, nota-se que tal movimento ainda é muito tímido. Assim, no afã de obter lucros rápidos, os especuladores financeiros continuam atuando em Chicago, e particularmente na soja, estimulando altas desproporcionais aos fatos reais. Obviamente tudo isso tem limites. Por enquanto, o sentimento é de que os valores da soja em Chicago estão além do normal, inclusive nas próprias projeções do governo dos EUA. Mas no curto prazo tal quadro poderá ainda se sustentar. Todavia, em se confirmando um plantio de 33 milhões de hectares da oleaginosa nos EUA, no contexto de um clima normal, o quadro poderá rapidamente reverter, pois todas as principais notícias fundamentais do mercado, hoje, apontam para uma redução das cotações internacionais, na linha do que já ocorre há mais tempo com o milho e o trigo em Chicago.
COTAÇÕES DA SOJA: ALTAS SÃO ESPECULATIVAS (?) (III)
Tanto é verdade que a futura produção estadunidense, em clima normal, pode ultrapassar a 96 milhões de toneladas, com os estoques finais para 2014/15 se elevando a níveis de 8 milhões de toneladas, enquanto para este ano 2013/14 a produção mundial já cresceu para 284 milhões de toneladas, contra 268 milhões no ano anterior e apenas 239 milhões em 2011/12. Os estoques finais mundiais passaram de 53,6 milhões, dois anos antes, para 57,9 milhões no ano passado, devendo fechar 2013/14 em 69,4 milhões de toneladas. Além disso, haverá igualmente um novo aumento de área semeada no Brasil e na Argentina para o ano 2014/15. Paralelamente, a China começa a acusar os altos preços internacionais, além de indicar a possibilidade de calote nas compras de soja já realizadas. E o país asiático é o principal comprador da oleaginosa no mundo. Não é por nada que, para o segundo semestre de 2014 já se espera cotações ao redor de US$ 12,50/bushel (este valor, em condições normais de mercado, já deveria ter sido mantido desde janeiro passado, pois a média daquele mês, para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 12,95/bushel). Para 2015, em condições normais de produção mundial, o governo dos EUA, através do USDA, já avançou um preço médio possível de apenas US$ 9,50/bushel, enquanto parte dos analistas privados indica valores entre US$ 10,50 e US$ 11,50/bushel. Ou seja, no médio e longo prazo os preços da soja voltariam a patamares considerados normais se ficarmos no contexto do embate entre oferta e procura. A questão é saber como se comportará o capital financeiro, especulativo, daqui em diante.   


DADOS ECONÔMICOS NACIONAIS EM SUSPEIÇÃO

Não é de hoje que alertamos que alguns dados econômicos brasileiros e suas interpretações oficiais não “batem” com a realidade nacional. Por sua vez, analistas internacionais, ainda no final de 2012, se encarregaram de escancarar a realidade brasileira ao denunciar que muitos dados econômicos oficiais vinham sendo maquiados. Essa acusação perpassou todo o ano de 2013 a ponto da credibilidade de nosso governo, na condução econômica nacional, cair rapidamente no cenário mundial, acompanhando o que já vem acontecendo na Argentina desde 2007. No campo do emprego, por exemplo, desde que o discurso do “pleno emprego” ganhou força nos meios oficiais de nosso país, procuramos demonstrar que o mesmo não se sustentava. A metodologia utilizada para o seu cálculo deixava a desejar, assim como certas ações sociais do governo poderiam estar acomodando as pessoas na procura por emprego. Além disso, o que havia era falta de oferta de mão-de-obra qualificada, pois se resumia proporcionalmente a uma minoria de brasileiros, fato que escancarava outro problema: a carência na educação em geral e na formação profissional em nosso país. Pois nestas últimas semanas o IBGE se encarregou de comprovar que os alertas tinham razão de ser. O órgão oficial, um dos mais importantes banco de dados nacional, decidiu sair da politização a que foi guindado pelo atual governo, e retomar sua autonomia, ao reestruturar a metodologia de cálculo do desemprego no país, criando uma metodologia mais acurada, em torno da chamada Pnad Contínua. E já na primeira informação sob a nova metodologia, o desemprego oficial no Brasil em 2013 saltou para 7,1% e não os 5,4% medidos pela antiga fórmula. Obviamente, tentando a reeleição, o governo federal não gostou de ver a realidade (o índice de desemprego anterior era um dos únicos aspectos econômicos positivos do atual governo, nos últimos anos) e decidiu suspender a divulgação dos dados atualizados da Pnad Contínua (prevista para o próximo mês de julho), deixando entender que os números do desemprego são piores neste primeiro semestre de 2014. A intenção é divulgar novos dados a respeito apenas em 2015, após as eleições e a revisão da nova metodologia. Diante disso, a diretora de pesquisa do IBGE pediu demissão em protesto contra um distanciamento oficial do rigor técnico (18 coordenadores e gerentes do Instituto ameaçaram se exonerar igualmente). Ou seja, todas as estatísticas oficiais brasileiras entram agora em suspeição. Quando se alerta que o atual governo está “argentinizando” o Brasil, casos graves como este (sem falar na recente pesquisa do IPEA) confirmam a tendência e merecem o repúdio por parte dos brasileiros.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Análise Semanal de Mercados da Soja, Milho e Trigo

(04/04/2014 a 10/04/2014)

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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
12/04/2014

A IMPREVIDÊNCIA OFICIAL
A inflação brasileira voltou a subir significativamente neste mês de março. O IGP-M bateu em 1,67% após 0,38% em fevereiro, acumulando em 12 meses 7,3% de alta. O IGP-DI ficou em 1,48% no mês passado, superando em quase o dobro o índice de fevereiro, fato que o guindou a 7,55% em 12 meses. Por fim, o índice considerado oficial, o IPCA, atingiu uma elevação de 0,92% em março, sendo o mais alto nível para um mês de março desde 2003. Em fevereiro o mesmo havia atingido a 0,69%. Com isso, no acumulado de 12 meses, a inflação oficial chega a 6,15%, ou seja, muito próxima do teto da meta inflacionária que é de 6,5% para um ano. E, para não acumular novas altas em abril, o IPCA do corrente mês terá que ser menor do que 0,55% (índice registrado em abril de 2013). Nestas condições, a situação econômica do país só tende a piorar, pois para conter tal ímpeto de preços (em alguns segmentos específicos, a inflação de março chegou a bater em 12% - índice de hiperinflação) o Copom, pressionado pelo Banco Central, terá que aumentar de forma mais intensa o juro básico (Selic) visando dar um choque maior na alta dos preços. Assim, o quadro nacional caminha mesmo para fechar o ano com a Selic ao redor de 12% caso o Copom não ceda aos desejos eleitorais do governo, que busca a reeleição.

A IMPREVIDÊNCIA OFICIAL (II)
Entretanto, o juro é uma arma de curto prazo. Se utilizado por muito tempo o mesmo inibe a economia como um todo, prejudicando o crescimento do país. Isso, no caso brasileiro, será um desastre já que nosso PIB está muito baixo há três anos e não apresenta nenhuma perspectiva de melhorar (as projeções indicam um crescimento econômico de apenas 1,7% para este ano e 2,3% para 2015, lembrando que em 2011 ficamos em 2,7%, em 2012 tão somente 1,0% e em 2013 em 2,3%). Já destacamos diversas vezes que, para suprir as necessidades do país, pelo tamanho de sua população e dimensão de atividades, o crescimento ideal deveria girar entre 6% a 7% ao ano, ou no mínimo entre 4% e 5% anuais. Além disso, as causas de nossa inflação não são conjunturais, como anuncia o ministro da Fazenda. É verdade que o clima prejudica pontualmente a produção e pode acelerar alguns preços específicos, porém, nossa inflação tem causas estruturais. As mesmas estão centradas na falta de infraestrutura e no alto custo do Estado que, governado de forma imprevidente, para não dizer incompetente, tem apresentado gastos sempre superiores às receitas, aumentando a dívida interna. Para rolar tal dívida, que gira ao redor de R$ 2,1 trilhões no momento, o governo vai ao mercado vender títulos públicos. Isso acaba elevando os juros de mercado, além de pressionar igualmente os preços em geral. Afinal, os gastos públicos têm sido mal feitos e, geralmente, improdutivos. Têm servido em grande parte para manter a máquina pública que está inchada e ineficiente.


A IMPREVIDÊNCIA OFICIAL (III)
E tal imprevidência oficial não é corrigida. Pelo contrário, ela aumenta, especialmente em ano eleitoral como este de 2014. Nesse exato momento o governo gaúcho, por exemplo, que também busca a reeleição, acaba de anunciar um reajuste aos servidores públicos dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) que terá um impacto financeiro de R$ 1,5 bilhão anuais, a partir de 2017, com os reajustes escalonados que foram aprovados pela Assembleia Legislativa. Isso num Estado que está quebrado, sem dinheiro para pagar o piso salarial dos professores e lutando para rever a forma de pagamento da dívida que possui com a União. Tal valor anual, segundo estudos, daria para financiar, aos custos de hoje, a construção de duas pontes sobre o rio Guaíba, sem falar em quantas escolas e postos de saúde se poderia melhorar ou gerar pelo Rio Grande afora. Mas a conta de tal imprevidência, para não dizer irresponsabilidade pública, ficará para o próximo governo. Nesse sentido, parece contraditório que o atual governo busque a reeleição. Talvez, assim como tem sido com o piso do magistério, em caso de reeleição o governador irá declarar que, embora tenha assinado a lei, não poderá honrá-la porque não haverá dinheiro nos cofres públicos. Pelo sim ou pelo não, o fato que tamanha imprevidência é uma doença nacional em nosso meio político. Doença esta que está minando as forças econômicas do país, alimentando a inflação e empobrecendo o conjunto da Nação a cada ano que passa.




BALANÇA COMERCIAL PROBLEMÁTICA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
10/04/2014


O Brasil não consegue melhorar sua performance comercial. Após o péssimo resultado da balança comercial em 2013, passada a primeira semana de abril, a realidade de 2014 se mostra ainda pior. Apenas dos primeiros quatro dias úteis do corrente mês o déficit ficou em US$ 470 milhões. Assim, nos primeiros 65 dias úteis deste 2014 (de 01 de janeiro ao dia 04 de abril) o déficit comercial brasileiro alcança um recorde de US$ 6,54 bilhões. Isso é resultado de US$ 53,45 bilhões em exportações e US$ 59,99 bilhões em importações. Em igual período do ano passado o saldo comercial era negativo de US$ 4,84 bilhões. Ou seja, em 2014 nosso déficit comercial aumentou em 35% nos primeiros três meses do ano (e mais quatro dias de abril). Enquanto as exportações recuaram, no período, de 3,87%, as importações caíram apenas 0,75%. Aliás, nossa balança comercial teve o pior resultado do primeiro trimestre neste ano, em relação aos últimos 21 anos! E, como já destacamos em outra oportunidade, o problema não está no câmbio. Afinal, a média do primeiro trimestre de 2013 foi de R$ 1,99 por dólar, enquanto a média do primeiro trimestre de 2014 ficou em R$ 2,36. Ou seja, houve uma desvalorização do Real de 18,6% no comparativo entre os dois trimestres e nem por isso nossas exportações deslancharam e nossas importações frearam. Isso significa dizer que continuamos com sérios problemas de competitividade em nossos produtos exportados. Além disso, nossos principais parceiros comerciais (exceção feita aos EUA que inicia uma recuperação econômica) freiam suas economias. Nos primeiros dois meses de 2014 a China liderava as compras de produtos brasileiros, com 15,7% do total exportado pelo Brasil, seguida pelos EUA com 12,3% e a Argentina com 7,4%. No ano 2000, no primeiro bimestre, os EUA lideravam as compras de nossos produtos, com uma participação de 25,1%, seguido da Argentina com 11,1%. A China se encontrava em 18º lugar com apenas 1,2%. Ora, a Argentina, além da crise que vive, nos últimos anos vem adotando uma política de bloqueio às compras oriundas do Brasil, enquanto a China assiste a seu PIB recuar de uma média superior a 10% ao ano até 2011, para algo em torno de 7% na atualidade. Soma-se a isso a opção política brasileira em abrir negociações com mercados mais pobres, deixando parcialmente de lado os grandes centros econômicos do mundo. Ora, os países mais pobres continuam sentindo os efeitos da crise mundial e reduzindo suas compras externas, na medida do possível, enquanto os mais ricos voltam às compras na medida em que começam a superar, mesmo que lentamente, a crise. Enfim, outro problema e não dos menores, a constância nas importações, mesmo com tamanha desvalorização de nossa moeda, alimenta a inflação brasileira, pois os produtos externos nos chegam bem mais caros em Reais. 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Análise Semanal de Mercados do Dólar, Soja, Milho e Trigo

(28/03/2014 a 03/04/2014)

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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
05/04/2014

A INFLAÇÃO NÃO CEDE E A CONTA CHEGA
Nesta primeira semana de abril, em nova reunião, o Comitê de Política Monetária (COPOM) voltou a elevar a taxa básica de juros, Selic. A mesma subiu 0,25 ponto percentual, ficando agora em 11% ao ano. E a tendência, para o restante de 2014, é de novos aumentos. Provavelmente a Selic encoste em 12% ao final do corrente ano, podendo ir um pouco mais longe ainda em 2015. Essa atitude é contraditória à necessidade brasileira de estimular a economia, visando um PIB superior aos 2% atuais (o próprio Banco Central estima que nossa economia, após crescer 2,3% em 2013, deverá registrar apenas 2% em 2014, enquanto o mercado projeta tão somente 1,7%). Na verdade, pelo tamanho de nossa economia e as necessidades socioeconômicas da Nação, precisaríamos crescer entre 6% a 7% ao ano segundo estudos existentes há muito tempo. Ora, elevando o juro a economia tende a frear ainda mais, pois com o custo do dinheiro mais alto parte-se do princípio de que o consumidor irá poupar mais e consumir menos, assim como o investidor irá tomar menos dinheiro emprestado e produzir menos. Então, por que o Copom continua a aumentar o juro básico, após uma tentativa temerária de reduzir os juros brasileiros durante o ano de 2012? A explicação está bastante relacionada justamente a esta ação de 2012. Na tentativa de manter um crescimento da economia superior a 3% ao ano, o governo abandonou todos os cuidados ortodoxos que a economia exige e estimulou o consumo ao máximo. Para auxiliar esse aumento de consumo, decidiu partir para uma redução de juros “no grito”, tentando usar uma força de persuasão que não possui. Em pouco tempo dois resultados desastrosos foram obtidos: o consumo não respondeu suficientemente, aumentando o endividamento e a inadimplência das pessoas e empresas, enquanto os preços começaram a subir rapidamente por absoluta falta de infraestrutura para absorver a demanda gerada, mesmo que insuficiente para os objetivos esperados.

A INFLAÇÃO NÃO CEDE E A CONTA CHEGA (II)
Para completar o quadro, a tentativa de maquiar dados econômicos colocou o Brasil em xeque no cenário internacional, deixando os investidores e aplicadores externos receosos de virem ao Brasil. Imediatamente começou a sair mais dólares do que entrar, fato que desvalorizou rapidamente o Real. Soma-se a isso o fato de que, por falta de produtividade, nossos produtos perdem competitividade no mercado mundial, levando a um déficit cada vez maior da balança comercial, ou seja, ainda menos entrada de dólares no país. Ora, menos dólar significa um Real mais desvalorizado. Um Real mais fraco significa produtos importados mais caros. Como importamos de tudo, acabamos por inflacionar ainda mais a economia. Assim, passamos a ter dois componentes que inflacionaram o país nestes últimos anos e que vêm piorando neste início de 2014: muita disponibilidade de crédito que não encontra uma capacidade produtiva competitiva internamente; importações cada vez mais caras devido a desvalorização da moeda nacional.

A INFLAÇÃO NÃO CEDE E A CONTA CHEGA (III)

A situação é tão complexa que o próprio Banco Central reviu sua projeção para 2014, colocando o IPCA (índice oficial de inflação) em 6,1%, enquanto o mercado já trabalha com valores entre 6,3% a 6,5%. Dito de outra maneira, devemos terminar o ano a ponto de ultrapassarmos o teto da meta inflacionária oficial. Aliás, na prática os preços já romperam esta meta. A cesta básica nacional, no acumulado de 12 meses até março/13, estaria em 8,61%. Nesse contexto, a inflação nacional já está entrando no perigoso terreno da inércia (os preços futuros aumentam pelo simples fato de os preços atuais terem aumentado). Portanto, o aumento da taxa de juros é um instrumento inibidor deste processo inflacionário, porém, de fôlego curto. Se ficarmos somente com esta arma, será preciso aumentar bem mais os juros para que haja um impacto decisivo sobre os preços, com todas as conseqüências nefastas sobre o crescimento econômico e o bem-estar social que se conhece. O ideal seria partirmos logo para cortes profundos nos gastos públicos desnecessários e para ajustes estruturais em nossa economia. Todavia, o governo que aí está, repetindo o passado recente, já demonstrou que não tem cacife para fazer isso. O mercado já percebeu essa incapacidade há muito tempo e, parece, grande parte da sociedade brasileira começa agora igualmente a se dar conta da realidade em que foi colocada.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O RECADO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/04/2014

A economia é uma ciência que não oferece espaços para aventuras. Particularmente se as mesmas ocorrem na gestão estatal. Mais dia menos dia ela acaba cobrando seu preço. Assim, gestões populistas, alimentadas seguidamente pelo fermento demagógico, que levam os governantes a prometerem e até mesmo tentarem executar ações onde os gastos superam as receitas, seguidamente desviadas por interesses particulares e corrupção, acabam sendo duramente penalizadas. Atualmente a Venezuela e a Argentina, para citar apenas dois países, amargam uma crise aguda porque seus governantes não souberam discernir entre colocar o Estado como agente do desenvolvimento ou usar o Estado como elemento central da condução econômica a qualquer custo. Aqui no Brasil, em 2002, o então candidato Lula foi obrigado a acalmar o mercado, pois sua postura nacionalista já ultrapassada provocava uma corrida de capitais para fora do país, a ponto de nossa moeda chegar próximo de R$ 4,00 por dólar. Poucos têm entendido a evolução econômica mundial nestas últimas décadas. Não se trata de eliminar o Estado do processo econômico. Trata-se de inseri-lo no contexto como um agente eficiente, que organize o processo de crescimento da economia. Ou seja, não há como melhorar a qualidade de vida de uma Nação, alcançando o desenvolvimento, sem que igualmente o setor público esteja presente, porém, muito bem gerenciado. Portanto, não há como avançar sem compor com o capital, criando as condições para que o mesmo se transforme em agente produtivo, tendo o Estado como elemento organizador do processo. Nesse contexto, assustado com a má gestão econômica brasileira nestes últimos anos, o mercado enviou um recado. O mesmo exultou com o resultado negativo que o atual governo recebeu na recente pesquisa de opinião. Como consequência houve forte retorno dos capitais externos ao país, a ponto de trazer, em poucos dias, o Real para R$ 2,26 por dólar (patamar que as ações do Banco Central não conseguiam) e incrementar o índice da Bovespa de forma espetacular. Dito de outra forma, o mercado não aprova a gestão econômica do atual governo, a qual resulta em sérios problemas estruturais no país, indicando que é necessária uma mudança consistente de postura junto aos governantes que serão eleitos neste ano. De fato, nestes últimos anos o Brasil perdeu o rumo e mudanças profundas se fazem necessárias se quisermos manter a estabilidade econômica e sermos, um dia, desenvolvidos. Afinal, por mais importantes que sejam as ambições sociais de um governo, as mesmas somente se concretizarão, num contexto de sustentabilidade, se o setor público estiver saneado economicamente, coisa que está longe de ocorrer no Brasil de hoje.


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