Argemiro Luís Brum
07/03/2019
E o PIB brasileiro em 2018 ficou em apenas 1,1%,
repetindo o resultado ruim de 2017. Esta baixa performance já vem desde 2012. A
média de crescimento econômico nestes últimos sete anos ficou em apenas 0,11% ao
ano. E o resultado do ano passado acaba reduzindo as expectativas de avanço
para 2019, mesmo com a aprovação da Reforma da Previdência. Hoje, espera-se, na
melhor das hipóteses, um crescimento entre 2% e 2,5% para este novo ano, ainda
muito distante dos 4% necessários para dar início a uma retomada sustentável.
Alguns elementos nos indicam tal tendência. Em primeiro lugar, o PIB do 4º
trimestre de 2018 foi péssimo, ficando em apenas 0,1%, e o mês de janeiro/19
esteve longe de mostrar melhor evolução. Tanto é verdade que o desemprego
voltou a subir no trimestre encerrado em janeiro/19, retornando à casa dos 12%
da população ativa. Em segundo lugar, os investimentos, base fundamental para o
crescimento, mesmo alcançando uma alta de 4,1% no ano passado, apresentaram uma
taxa de apenas 15,8% em relação ao PIB em 2018, contra 15% em 2017. O ideal é
atingirmos 25% do PIB, algo que, aliás, nunca alcançamos. Além disso, no 4º
trimestre do ano passado os investimentos ficaram negativos em 2,5%, sendo a
maior queda desde o 3º trimestre de 2016. Ao mesmo tempo, nossa taxa de
poupança (sem poupança dificilmente há investimentos) registrou 14,5% do PIB em
2018, contra 14,3% um ano antes. O ideal igualmente é uma taxa ao redor de 25%.
Em terceiro lugar, a tendência da Reforma da Previdência é de aprovação apenas
no final do corrente ano. Ou seja, viveremos 2019 sob a tensão dos impasses e
negociações em torno da mesma, com efeitos diretos na economia. Enfim, há o
risco de a Reforma ser modificada, ficando muito fraca em relação às necessidades
fiscais do país. O próprio presidente da República já começa a fazer
declarações que indicam sua “desidratação”. Neste caso, o risco de nova
recessão a partir de 2020 é concreto. Ou seja, de fato 2019 ainda será um ano
difícil. E se a reação do consumo das famílias (crescimento de 1,9% no ano
passado) provoca alguma euforia, é preciso lembrar que tal movimento se dá em
cima de forte endividamento, com muita inadimplência (cerca de 62 milhões de
brasileiros estão nesta última situação neste início de ano). Ou seja, não é um
consumo sustentável. Enfim, como não temos poupança interna suficiente,
precisamos de financiamento externo. Ora, em 2018 a situação piorou neste
quesito com o volume necessário passando a R$ 58,1 bilhões, contra R$ 47,2
bilhões em 2017. Assim, precisamos cada vez mais da poupança externa para
alavancar a economia, a qual só virá se houver um ajuste fiscal adequado via
reformas estruturais. Como, até agora, pouco fizemos neste sentido, não pode
ser surpresa que nosso PIB de 2018 ficou em 40º lugar em um ranking de 42 países
desenvolvidos e emergentes.