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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

22/04/2016 a 28/04/2016)




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A ARMADILHA DO ENDIVIDAMENTO PÚBLICO (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
28/04/2016


O endividamento do G7, em 2001, era de 75,8% do PIB. Em 2014 o mesmo chegou a 118,4%. O Japão atinge a 226%; a Grécia 177,2%, a Itália 132,1%, o Portugal 130,2%, os EUA 110%, a Espanha 97,7%, a França 95,1%, o Reino Unido 89,5% e a Alemanha 74,7%. A dívida das famílias e das empresas chega a 270% do PIB na Irlanda e 222% na Dinamarca. No Brasil, a mesma se aproxima de 70% do PIB e, segundo o FMI, em continuando o atual descontrole, poderá rapidamente bater em 90%. Somando a dívida pública com a privada, o fardo dos países desenvolvidos atinge a 270% do PIB. Conclusão: o mundo está mais endividado do que antes de 2007/08, quando estourou a atual crise mundial, e nenhuma medida tomada desde então resolveu o problema. Ou seja, a crise está muito longe de ser resolvida (cf. Le Monde Hebdo, 26/09/2015, p.6). Para o mundo desenvolvido, o triângulo explosivo do endividamento se encontra na associação de dívida elevada, fraco crescimento e inflação praticamente ausente. Assim, em caso de nova recessão mundial, os Estados estão sem munição para enfrentá-la. Além disso, a crise da dívida pode atingir a qualquer país, não sendo mais uma característica apenas dos subdesenvolvidos, como o foi nos anos de 1970 e 1980. Mas existe a boa e a má dívida. A boa é a que financia investimentos que venham a aumentar o crescimento futuro. A má é a que financia o rombo do Estado, da previdência e outros, sem jamais o eliminar. Claro que um Estado não é uma residência familiar. Sua dívida sempre será rolada, fato que lhe permite jamais pagar sua dívida integralmente. Em seus empréstimos se mantendo estáveis, a principal despesa será o juro destes empréstimos. Todavia, isso não significa que um país possa se endividar de forma ilimitada ou realizar qualquer tipo de despesa. O Estado deve cuidar para que a diferença entre receitas e despesas não seja muito grande. Quando esta diferença cresce muito, o endividamento público incha. Para fechar o buraco sobra ao Estado aumentar seus empréstimos no mercado. Nesse contexto, quando os juros da dívida se tornam muito importantes, os investidores passam a desconfiar de que o governo não poderá mais reembolsá-los. Assim, passam a exigir juros mais elevados (amparados pelas avaliações das agências de risco). Rapidamente os governos terão mais dificuldades em pagá-los, o que faz aumentar ainda mais as taxas. Esse efeito “bola de neve” pode levar ao calote de pagamento. Por sua vez, taxas de juros elevadas é dinheiro que deixará de ser investido em outra coisa. Mas, em que momento uma dívida e seus juros tornam-se muito elevados? Por muito tempo um estudo de dois economistas de Harvard (Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff) indicou que acima de 90% do PIB o efeito “bola de neve” corria o risco de se iniciar. Ora, inúmeros países, incluindo os mais ricos, como vimos, estão acima desse nível, sem preocupar os mercados. Em 2013 os dois economistas informaram que se enganaram em seus cálculos. Na verdade, três grandes critérios são determinantes para estabelecer se uma dívida é sustentável. (segue).

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

15/04/2016 a 21/04/2016)




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E AGORA?

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
21/04/2016


Passada a primeira etapa do processo de impedimento contra a presidente Dilma, neste último dia 17/04 na Câmara dos Deputados, algumas lições importantes merecem atenção. A primeira é que, salvo honrosas exceções, o conjunto dos deputados federais se portou como se num circo estivesse. A postura da maioria esteve longe da importância do ato realizado. E isso desnuda a mediocridade política na qual nosso país está envolto. Afinal, é nessa casa, com estes personagens, que as leis brasileiras são discutidas e votadas. Em segundo lugar, o processo de depuração da corrupção e irresponsabilidade administrativa não pode parar aí. Do conjunto dos deputados que ali votaram, mais de 50% sofrem processos de improbidade administrativa e/ou algum tipo de corrupção em relação ao bem público, a começar pelo presidente da Câmara. Isso significa que a Operação Lava-Jato e outras operações do gênero devem continuar e, mesmo, serem fortalecidas. Em terceiro lugar, se efetivamente o impedimento for concretizado, será preciso que o futuro presidente consiga apoio político para governar. Isso está longe de ser uma garantia, tamanha é a divisão sectária que os debates em torno do assunto tomaram no país nestes últimos meses. Sem falar que o próprio vice-presidente igualmente está ameaçado de sofrer um processo de impeachment. Em quarto lugar, pelo lado econômico, o mercado financeiro e bursátil, após operar por semanas contra o governo da presidente Dilma (Real valorizado e Bovespa em alta), no dia seguinte ao 17/04 voltou à realidade, confirmando a máxima de que “a Bolsa sobe no boato e cai no fato”. Ou seja, o mercado sabe que a crise é enorme, sabe que o remédio será amargo e de efeito demorado, e sabe que não será apenas trocando de pessoas nos cargos de decisão, especialmente no Ministério da Fazenda e no Banco Central, que o Brasil irá superar a crise. Em quinto lugar, muito irá depender de quem o novo presidente, se vier a tomar posse, irá indicar para estes dois cargos importantes aos destinos de nossa economia. A tendência é de termos técnicos de linha monetarista que venham realizar, finalmente, um ajuste fiscal profundo e reformas estruturais fundamentais. Resta saber se tais pessoas terão realmente um respaldo político adequado para levar adiante a tarefa. Enfim, não nos iludamos! Até agora estávamos afundando, com grande parte dos brasileiros se inviabilizando (cerca de 60 milhões já estão inadimplentes). Talvez, com a mudança política, mesmo que longe de ser confiável, alcancemos o fundo do poço econômico. A questão, a partir daí, é quanto tempo ainda ficaremos neste fundo e quanto nos custará, em duros ajustes com remédios amargos, para dele sair definitivamente. Os recentes acontecimentos políticos podem nos direcionar para uma saída (nada está garantido), porém, a mesma será lenta, podendo mesmo atingir uma década até voltarmos ao estágio alcançado em 2007, ano em que o governo brasileiro entrou na desastrosa ilusão da “nova matriz econômica” e dela não mais conseguiu sair, inviabilizando a ele e ao país. 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

08/04/2016 a 14/04/2016)




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UM NOVO CAPÍTULO DA CRISE

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
14/04/2016


No momento em que o Brasil vive um conturbado quadro político, provocado por uma crise econômica sem precedentes nos últimos 25 anos, assistimos a um movimento preocupante. Por enquanto, trata-se de um novo capítulo da crise, com dimensões internacionais. Trata-se, mais uma vez, do enfraquecimento do sistema financeiro, que demonstra grande fragilidade, em particular junto as pequenas e médias casas bancárias, diante do prolongamento da crise de 2007/08. A forte inadimplência, de pessoas físicas e jurídicas, vem provocando dificuldades importantes nesse setor, pois a recuperação do crédito se torna cada vez mais difícil e incerta, enquanto a necessidade de medidas prudenciais as obriga a aumentar as reservas contingenciais para fazer frente aos maus pagadores. Ao mesmo tempo, não se vislumbra, num horizonte de médio prazo, uma retomada substancial da economia. Isso porque há claros riscos de instabilidade financeira, especialmente procedentes de países que apresentam déficits correntes importantes, dependem das exportações de matérias primas que viram seus preços recuarem fortemente, e/ou registram déficits internos crescentes em relação ao seu PIB. Dentre estes países está o Brasil, cuja recessão econômica se aprofunda, com forte possibilidade de terminar 2016 com -4% de PIB, após 0,1% em 2014 e -3,8% em 2015. É nesse contexto, inclusive, que se deve ler o recuo da inflação nacional em março. Trata-se de uma boa notícia, porém, pela metade. O recuo da inflação tem grande dose do efeito recessivo, na medida em que o desemprego aumenta significativamente e a renda da população cai rapidamente. Assim, voltamos a ter uma inflação de demanda, agora pelo lado inverso. Ou seja, a inflação recua porque a demanda cai por falta de poder aquisitivo de um lado e, especialmente, pelo alto endividamento, acompanhado de forte inadimplência, do outro lado. Nesse último caso, mais de 50 milhões de brasileiros se encontram em tal situação. Mesmo assim, os juros comerciais não recuam porque os bancos aumentam seus spreads (diferença entre o juro básico-Selic- e o juro efetivo), pois uma das maiores partes dessa diferença é justamente a cobertura da inadimplência. Assim, mesmo que a Selic venha a recuar, provavelmente o juro de mercado não acompanhará o movimento. Afinal, segundo o próprio BACEN brasileiro, a crise bateu forte nas empresas nacionais igualmente, com um número crescente solicitando recuperação judicial (antiga concordata). Isso permite o calote aos bancos, fato que está atingindo, de forma preocupante, os bancos de médio porte. Esse novo capítulo da crise ganha contornos de comprometimento do sistema financeiro nacional (e está presente igualmente no cenário mundial). É preciso acelerar o crescimento, porém, no estado em que as coisas estão no Brasil, estamos longe de realizar tal feito. E quanto mais o imbróglio político se estender no tempo, onde não surge nenhuma liderança e nenhum projeto capaz de reverter o quadro de incompetência em que vivemos, menos chances teremos de sair desse porão econômico.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

01/04/2016 a 07/04/2016)




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quinta-feira, 7 de abril de 2016

CONTAS PÚBLICAS: CONTINUAMOS AFUNDANDO



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
07/04/2016

O déficit nas contas públicas nacionais não para de crescer. Em fevereiro o governo central apresentou um rombo de R$ 25,1 bilhões, sendo este o maior desde 1997 para um mês de fevereiro e o segundo maior déficit mensal da história nacional. Em 12 meses, terminados em fevereiro passado, o déficit primário é de R$ 128 bilhões. Já o déficit público geral (incluindo aí também os Estados e municípios) somou, em fevereiro, R$ 23,04 bilhões, o pior da série histórica iniciada em 2001. Em 12 meses o mesmo está em R$ 125,14 bilhões, correspondendo a 2,11% do PIB. Não é por nada que o governo já está calculando um déficit primário de R$ 96,6 bilhões para o final de 2016. Será o terceiro ano consecutivo de déficit, fato que impede colocar a economia nos trilhos e sair do caos em que foi colocada. Dito de outra forma, o governo se inviabiliza ao gastar cada vez mais do que arrecada. Assim, ou ajusta ou “quebra” (leia-se, a economia trava, regride e a sociedade paga a conta com inflação alta, disparada de juros, recessão econômica, desemprego e por aí afora). O governo central afirma que, embora ruim, o déficit é necessário para que se possa estabilizar a economia, manter os programas sociais e ajudar os Estados “quebrados”, caso do Rio Grande do Sul dentre outros. Ora, tais premissas estão longe de serem convincentes. Em primeiro lugar, a estabilização da economia só virá se justamente houver, dentre outras coisas, o ajuste fiscal. O governo, enredado em interesses políticos e não querendo perder espaço de poder, não se priva de gastar mais loteando cargos e favores, numa clara demonstração de que dinheiro até que existe, porém, não exatamente para os programas sociais. Tanto é verdade que os recursos para estes últimos igualmente foram reduzidos nos últimos tempos. E continuarão a sê-lo, pois o que se busca é a permanência no poder e não a melhoria da economia e do bem-estar coletivo dos brasileiros. Enfim, as propostas de auxílio aos Estados endividados estão longe de serem uma solução, que o diga o governo gaúcho. Nesse contexto, o caminho para um ajuste adequado é o corte de despesas, o controle de gastos da máquina pública em geral. Mas aí muita coisa esbarra em leis, inclusive constitucionais, criadas para favorecer quem se encastela no seio do Estado. Leis estas que precisam ser reformadas e até abolidas em alguns casos. Todavia, quem tem o poder de decidir sobre isso não mostra nenhum interesse em avançar nesse sentido. Nesse ritmo, a dívida líquida do setor público nacional já soma R$ 2,19 trilhões em fevereiro (36,8% do PIB), crescendo um ponto percentual apenas entre janeiro e fevereiro passados. Ao mesmo tempo, a dívida bruta já bate em R$ 4,02 trilhões ou 67,6% do PIB. É olhando esse quadro, em perspectiva, que o mercado, em geral, se mostra perplexo e os investidores, em particular, assombrados. Afinal, quem, de sã consciência, terá coragem para investir na produção, em um país cujas contas afundam no vermelho a cada mês que passa, sem nenhum sinal de reação competente para reverter o processo?

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