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quinta-feira, 30 de maio de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

24/05/2019 a 30/05/2019)



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É PRECISO DESTRAVAR


Argemiro Luís Brum
30/05/2019

A economia brasileira está travada, com risco de voltar à recessão. É consenso quase geral que, para destravá-la, o governo precisa realizar um profundo ajuste fiscal, que impeça o crescimento do déficit público (em março o rombo das contas do governo federal foi de R$ 21,1 bilhões, o segundo pior da série histórica iniciada em 1997). Para tanto, reformas estruturais são necessárias, dentre elas a previdenciária. Todavia, da confiança existente no início do ano ao desalento cinco meses depois, o país caiu na realidade de que o processo é muito difícil e necessita de habilidades políticas que o atual presidente da República demonstra não possuir. Neste contexto, o capital político do executivo praticamente se esgotou (e as manifestações recentes apenas pioraram o quadro, segundo análise interna do próprio governo, pois colocaram o Congresso Nacional contra a parede em um momento em que negociar é preciso). Enquanto a questão de fundo não avança, a equipe econômica faz “mais do mesmo”, repetindo governos anteriores. Ou seja, bloqueia verbas orçamentárias, visando cumprir a meta de déficit primário para 2019, que é de R$ 139 bilhões e o teto de gastos federais. Dito de outra forma, o que se vem fazendo é “enxugar gelo”, cortando no orçamento para não estourar uma meta que já é altamente negativa. Neste contexto, entram os cortes na educação, na defesa e outros setores, pois lá onde se deveria cortar a Constituição não permite, que é o inchaço de um Estado ineficiente. Além disso, o governo, se tivesse força, deveria interromper os incentivos fiscais para quem não precisa. Neste caso, o país poderia ter cortado pela metade seu nível de endividamento, já que deixou de arrecadar R$ 2,5 trilhões com tais incentivos, entre 2009 e 2018 (a valores atuais). Segundo o próprio Ministério da Economia, se este dinheiro tivesse sido usado para abater a dívida pública, a mesma seria 33% do PIB no ano passado e não os 77% como o foi. Dentre os privilegiados encontra-se a indústria automobilística, toda ela transnacional, a qual recebe incentivos, porém, continua vendendo seus produtos a preços cerca do dobro do valor que os vendem em seus países de origem. É certo que nossa carga de impostos explica em parte isso, porém, é mais certo ainda que, diante de um consumidor que aceita pagar sem reclamar, tais empresas abusam das margens de lucro. O governo sabe disso, porém, por enquanto continua preferindo penalizar a educação, saúde e outros setores decisivos para a sociedade, afundando o país no subdesenvolvimento. Ora, para destravar a economia é preciso ideias, as quais existem, porém, num contexto político como o brasileiro, é preciso mais ainda poder de negociação. Na prática, tudo está ficando nas mãos do ministro da Economia o qual, acossado, já mais de uma vez ameaçou abandonar o posto, fato que seria a gota d´água para travar de vez a economia nacional.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

17/05/2019 a 23/05/2019)



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PIOROU


Argemiro Luís Brum
23/05/2019

A economia brasileira oferece mais um choque de realidade aos cidadãos deste país, especialmente aos mais ingênuos que acreditavam que bastaria trocar de governo para as coisas melhorarem. Na verdade, havia dois caminhos conhecidos para a economia seguir: 1) o novo governo, aproveitando-se do capital de confiança obtido nas eleições, trataria de fazer avançar os ajustes e reformas estruturais para debelar o déficit fiscal no médio prazo, apoiado por uma coalizão política positiva no Congresso Nacional; 2) o novo governo, por inabilidade política e despreparo gerencial, se perderia em questiúnculas que o desgastam, perdendo rapidamente o capital de confiança existente antes da posse. No primeiro caso, a economia tenderia a melhorar, com os investimentos, inclusive externos, voltando ao país com mais força. Para isso, o mercado apostava na capacidade do Ministro da Economia e sua equipe. No segundo caso, a economia derraparia e a crise se aprofundaria, e nem mesmo os esforços da equipe econômica conseguiriam debelar o problema. Infelizmente, para o Brasil, a lógica do segundo caminho se sobrepõe atualmente no cenário nacional. Isso explica a volta do câmbio a R$ 4,10 por dólar e o tombo da Bovespa (B3) nestes últimos dias. Estes termômetros econômicos refletem a febre alta de uma economia gravemente doente e que não encontra os remédios adequados. Os últimos indicadores corroboram isso: 1) elevação do desemprego desde o final do ano, com o mesmo voltando a atingir mais de 13 milhões de brasileiros e quase 13% da população ativa; 2) falta de reação do PIB, com o primeiro trimestre registrando um comportamento, talvez, negativo, indicando que o crescimento em 2019 tende a ser menor do que o 1,1% registrado em 2017 e 2018; 3) o setor de serviços registrou recuo de 1,7% no primeiro trimestre do ano; 4) a inadimplência cresce no país, já atingindo a 62,6 milhões de brasileiros no final de abril, a mais elevada da história nacional; 5) o mercado e o setor financeiro já avançam que “o capital político para aprovar reformas quase esgotou”, apesar de estarmos apenas no quinto mês do ano. E assim por diante! Portanto, não pode ser surpresa o caos político e econômico que vivemos neste momento. Está dentro de uma lógica que havia 50% de chances de ocorrer, embora as apostas iniciais pouco a considerassem. É verdade que tudo isso resulta de graves erros na condução de nossa economia no passado recente. Mas também é verdade que as atitudes populistas, beirando a irresponsabilidade, do governo atual, até o momento, destruíram a confiança que existia junto aos agentes econômicos e grande parte da população, não se vislumbrando mudanças positivas no futuro próximo. O risco é não ocorrer reação, comprometendo as expectativas para 2020 e 2021, pois já não basta aprovar a Reforma da Previdência. Será preciso muito mais!

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

10/05/2019 a 16/05/2019)



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SOJA: CHICAGO DESPENCA


Argemiro Luís Brum
16/05/2019

As cotações da soja, em Chicago, despencaram nestes primeiros quinze dias de maio. O grão bateu em US$ 7,91/bushel no dia 13/05, o mais baixo valor, para o primeiro mês cotado, em 12 anos. Ou seja, o mercado volta aos patamares de antes da crise econômico-financeira mundial de 2007/08. São duas as principais razões: 1) o litígio comercial entre China e EUA piorou, com o governo estadunidense anunciando aumento de tarifas sobre produtos chineses a partir do dia 10/05. A China responde, aumentando tarifas sobre produtos importados dos EUA; 2) a peste suína africana, que atinge o rebanho suinícola chinês, levando o mercado a projetar uma redução de 30% do mesmo se o problema continuar até o final do ano. Além disso, a América do Sul confirmou uma safra de soja em 183 milhões de toneladas, contra 170 milhões no ano anterior. Com isso, a redução projetada na próxima safra estadunidense de soja (113 milhões de toneladas, contra 123,7 milhões no ano anterior) acabou sendo, por enquanto, ignorada. Mesmo porque os estoques finais estadunidenses, para 2019/20, estão projetados em 26,4 milhões de toneladas, o segundo mais elevado da história recente dos EUA. Neste contexto, os preços de balcão da soja gaúcha acabaram recuando para valores entre R$ 60,00 e R$ 64,50/saco nas últimas semanas. Tais preços poderiam estar piores se não fosse o câmbio. O mesmo, ao se estabelecer perto de R$ 4,00 por dólar, freou parcialmente a queda dos preços. Além disso, nesta semana outro fator veio favorecer a soja. Os prêmios nos portos brasileiros voltaram a subir, puxados pela expectativa da China comprar mais soja brasileira. Nas últimas duas semanas o prêmio no porto de Rio Grande, em termos médios, subiu 232%, para se estabelecer em US$ 0,73/bushel. Longe dos recordes obtidos em setembro/outubro do ano passado, porém, já bem melhores do que estavam. Neste quadro, cabem ainda três observações: 1) as importações da China, hoje, dependem muito mais da evolução da peste suína africana, fato que pode frear nossos prêmios nos atuais níveis; 2) o Real deve encontrar resistência em R$ 4,00, pois o Banco Central tende a intervir visando o controle da inflação; 3) Chicago teria um piso de resistência em US$ 7,60/bushel, pois nos atuais valores os Fundos especulativos tendem a voltar a comprar contratos da oleaginosa, trazendo o bushel para o nível de US$ 8,00. Assim, os preços da soja no balcão gaúcho devem estacionar, por enquanto, entre R$ 58,00 e R$ 68,00/saco, salvo se os prêmios dispararem em Rio Grande (no ano passado, nesta época, a soja valia R$ 76,50/saco). O problema é que os produtores gaúchos só venderam 31% da atual safra, contra 42% na média histórica, devendo haver pressão de oferta nas próximas semanas e meses (no Brasil, 55% havia sido vendido, contra 62% na média histórica).   


quinta-feira, 9 de maio de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

03/05/2019 a 09/05/2019)



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NOVA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA MUNDIAL (Final)


Argemiro Luís Brum
09/05/2019

Terminamos a coluna anterior indicando que o estudo sobre “como alimentar 10 bilhões de pessoas no mundo em 2050” aponta um menu “standard” a ser adotado pela humanidade. O mesmo permitiria uma alimentação sadia que, para se viabilizar, dobraria o consumo mundial de frutas, legumes, nozes e leguminosas, e reduziria em mais de 50% o consumo de carne e de açúcares. Obviamente, tal menu seria flexível, para levar em conta a diversidade dos sistemas agrícolas, das tradições culturais e das preferências individuais. E também os diferentes níveis de vida entre os países e as desigualdades de acesso às fontes alimentícias. Isso implica que um norte-americano terá que dividir por seis sua ração de carne vermelha (pode-se imaginar quanto seria a redução para um brasileiro do sul do país, um argentino ou uruguaio). Um respeito coletivo a tal ração alimentar reduziria em 20% a mortalidade de adultos. Segundo o estudo, um tal regime seria compatível com a produção alimentar que não consuma os ecossistemas para além de seus limites, estabilizando o efeito estufa, o uso da terra ocupada pela agricultura e o consumo de água disponível no planeta, fato que melhoraria a biodiversidade.  Ao mesmo tempo, o consumo de adubos nitrogenados e fosfatados terá que diminuir consideravelmente. Esta receita somente será possível instalar a partir de cinco estratégias propostas pelo estudo, em escala global: 1) um compromisso internacional na direção de uma transição para uma alimentação sadia; 2) uma reorientação das prioridades agrícolas na direção de produtos de maior qualidade; 3) uma intensificação da produção alimentícia, porém, sobre um modelo sustentável; 4) uma governança forte e coordenada das terras e dos oceanos; 5) uma redução de, pelo menos, metade das perdas e desperdícios, as quais atingem hoje 30% da produção de alimentos. O estudo mostra que “uma alimentação melhor para a saúde é melhor para o meio ambiente”. Tal proposta de “um regime planetário para a saúde” seria equivalente, na área alimentícia, ao objetivo de menos 2ºC de aquecimento global que os países estão buscando obter a partir do Acordo Mundial sobre o Clima. Portanto, o mundo tem uma solução à crise alimentar e à insustentabilidade do sistema produtivo, que ameaçam a existência humana no futuro não muito distante. O problema é convencer as populações, os governos e as indústrias agroalimentares a se responsabilizarem conjuntamente para com esta mudança, a qual os pesquisadores estão chamando de “nova revolução agrícola mundial”.   


quinta-feira, 2 de maio de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

26/04/2019 a 02/05/2019)



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NOVA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA MUNDIAL (I)


Argemiro Luís Brum
02/05/2019

No momento em que o Brasil pena em sair da maior crise de sua história recente (o período de 2011 a 2020 terá o pior crescimento médio nos últimos 120 anos, consolidando mais uma década perdida), com o PIB do primeiro trimestre estagnado, com o desemprego crescendo e com a inadimplência atingindo a 63 milhões de brasileiros adultos, não podemos perder a noção de espaço. Ou seja, não podemos ignorar o que acontece no mundo e que igualmente nos atinge, em muitos casos potencializando nossa crise e, em outros, exigindo ajustes que, se não forem feitos, nos marginaliza ainda mais perante as demais economias mundiais. É neste contexto que vale destacar uma das grandes preocupações dos especialistas internacionais na área econômica: como alimentar 10 bilhões de pessoas em 2050 (população estimada para o planeta nesta data), ao mesmo tempo em que se melhora a saúde humana e se preserva o planeta? No início deste ano uma equipe de 37 cientistas, representando 16 países, divulgou o resultado de uma pesquisa sobre o assunto após três anos de estudos. (cf. Le Monde, 18/01/2019) Sob o título “Um Regime de Saúde Planetário”, o mesmo responde o que, de certa forma, já se vem alertando a mais tempo: somente com uma mudança radical no modo de produção e consumo. Tal conclusão está em linha com os defensores do “decrescimento econômico”, pelos quais ação que o mundo terá que adotar nos anos futuros se quiser manter um mínimo de bem-estar. O estudo aponta que 820 milhões de pessoas no mundo sofrem de subnutrição, outras 2,4 bilhões consomem acima do que precisam, fato que causa o diabetes, a hipertensão e problemas cardiovasculares, e mais de 2 bilhões de pessoas apresentam uma carência em micronutrientes. Destacando que, apesar dos esforços, a produção agroalimentar é o principal fator de degradação do meio ambiente e da transgressão dos limites planetários, o estudo aponta que, mesmo em um contexto de crescimento demográfico, será possível se alimentar de forma mais sadia e sustentável. Não se trata de colocar o mundo em dieta, mas sim de equilibrar melhor o consumo mundial de calorias, sem, também, impor um regime único alimentar. O estudo preconiza um menu básico que dê primazia aos legumes e frutas, onde cada pessoa deveria consumir 500 gramas por dia. Se acrescenta ao mesmo cereais completos que forneçam mais de um terço do aporte calórico, produtos lácteos, algumas colheres de azeite vegetal, de preferência insaturado, e muito pouco açúcar. Quanto as proteínas, a maior parte viria dos vegetais (125 gramas por dia). A ração diária recomendada de carne vermelha é de 14 gramas apenas, o que equivale a um bife por semana, enquanto peixe e carne de aves poderiam somar 28 gramas diários. (segue)

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