Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
21/08/2014
Todas
as Nações do mundo buscam alcançar o desenvolvimento socioeconômico, porém, poucas
chegam até ele! Por quê? Porque é comum entre os governos julgar que, para
realizar avanços sociais, deve-se abrir mão do controle monetarista da
economia, partindo para um desenvolvimentismo acelerado, muitas vezes com forte
intervenção estatal. Ora, se as condições de infraestrutura física e humana não
estiverem reunidas no país, e o Estado não for eficiente, organizado e estiver
em ordem com as contas públicas, tal ação naufraga. Assim, o erro do gestor
público é confundir a estabilização razoável da economia, obtida através de medidas
monetaristas, com a possibilidade de se desfazer de parte das mesmas para
implantar um processo desenvolvimentista fora da capacidade de sustentação do
sistema produtivo interno. Na prática, uma coisa não exclui a outra. Se de um
lado é justo, e necessário, procurar redistribuir melhor os ganhos da
estabilização econômica entre as diferentes classes sociais que compõem uma
Nação, podendo o Estado ser um motor para isso, de outro lado a execução do
processo exige muito mais do que vontade política. É preciso sabedoria
econômica, muitas vezes dentro de parâmetros restritivos que, no curto prazo,
podem ser confundidos com ações anti-sociais pelos mais afoitos. Esse erro
monumental foi feito pelos diferentes governos na Argentina desde os anos de
1950. Em meio século o vizinho país saiu do status de uma das principais Nações
econômicas do mundo, para o deprimente estado de crise sem retorno da
atualidade. Na Venezuela, os 15 anos de chavismo, onde o populismo foi a regra,
ao invés de corrigir os erros de governos anteriores, colocou de joelhos o país
ao adotar um desenvolvimentismo sem estrutura. Hoje, o povo local vive, além de
uma crise econômica gigantesca, uma insegurança galopante, com 25.000
homicídios anuais, transformando a esperança de mudanças em um pesadelo. Aqui
no Brasil, após anos de ações duras contra a inflação e outras ameaças à
estabilidade, o governo brasileiro, a partir de 2007 e, particularmente a
contar de 2011, julgou ser possível esquecer os resguardos monetaristas e
lançou o país em um desenvolvimentismo com forte intervencionismo estatal. O
resultado é que, nos últimos quatro anos, entramos em crise econômica, com
recessão industrial, possível recessão econômica geral logo adiante, comprometimento
econômico das empresas estatais, inflação elevada, desemprego aumentando,
insegurança pública crescente e sem condições estruturais de reversão do
problema no curto prazo. Erros estratégicos desta envergadura custam caro para
as Nações, seguidamente comprometendo uma geração ou mais de cidadãos e,
definitivamente, gerando o efeito inverso do que se buscava, pois a conta recai
em primeiro lugar sobre os mais pobres e, em seguida, bloqueando o acesso de
todos ao verdadeiro desenvolvimento.