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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

RAZÕES ECONÔMICAS DA CLOROQUINA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Em informação atualizada neste último 25/09 a OMS informa que “embora a hidroxicloroquina e a cloroquina sejam produtos licenciados para o tratamento de outras doenças – respectivamente, doenças autoimunes e malária –, não há evidência científica até o momento de que esses medicamentos sejam eficazes e seguros no tratamento da COVID-19. As evidências disponíveis sobre benefícios do uso de cloroquina ou hidroxicloroquina são insuficientes, a maioria das pesquisas até agora sugere que não há benefício e já foram emitidos alertas sobre efeitos colaterais do medicamento.” Este posicionamento é acompanhado pela maioria dos médicos e cientistas no Brasil. Por que, então, a corrida ao consumo destes medicamentos em nosso país? Pela desinformação e ingenuidade da população, associada ao impulso dado pelo seu “garoto propaganda”, o Presidente da República, e alguns seguidores interesseiros. Por trás deste movimento está o faturamento econômico, não importando, de fato, a saúde dos brasileiros. Esta campanha pelo consumo destes medicamentos ajudou a cinco grandes empresas a terem seu faturamento em franco crescimento, na medida em que o uso da cloroquina aumentou 358% no país até meados de julho (o potencial de mercado é de R$ 9,7 milhões mensais). Os laboratórios são: Apsen (em 26/03 o Presidente da República exibiu a caixinha do remédio num encontro virtual do G20); em julho a caixinha exibida foi a versão genérica produzida pela EMS, cujo dono é proprietário do laboratório Germed, também autorizado a vendê-la e, segundo a Forbes, o 16º homem mais rico do Brasil. O mesmo se reuniu com o Presidente da República nos dias 20 de março e 14 de maio, em conjunto com outros empresários, para discutir a pandemia do coronavírus. Outro laboratório que vem faturando em cima da cloroquina é o Cristália, cujo cofundador foi prestigiado pessoalmente pelo Presidente no ano passado. O único laboratório estrangeiro autorizado a vender a cloroquina no Brasil é o francês Sanofi-Aventis, que tem o presidente dos EUA, Donald Trump, como acionista e também grande incentivador do consumo da cloroquina. A situação é tão escancarada que o The New York Times, em abril, publicou reportagem perguntando se a defesa do presidente norte-americano, em favor da cloroquina, estaria relacionada à saúde ou aos seus negócios. Aqui no Brasil, um dos filhos do Presidente compartilhou no Twitter uma foto de uma caixa de Plaquinol, da empresa da qual Trump é acionista, acompanhada da notícia de que a mesma iria doar medicamentos para os infectados com a Covid-19. Enfim, e não menos importante, o governo acelerou a produção de hidroxicloroquina em 80 vezes neste ano, através do Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx), sendo que até junho o mesmo havia distribuído mais de um milhão de comprimidos do produto, tendo ainda 1,85 milhão de unidades em estoque, a ponto de suspender a produção até que o mesmo seja “escoado” a hospitais e postos de saúde públicos. Neste sentido, o procurador do Ministério Público de Contas investiga se procedem informes de possível superfaturamento, já que o preço do quilo da matéria-prima importada da Índia, pelo Exército, para a fabricação do medicamento, saltou de R$ 219,00 para R$ 1.300,00 entre maio de 2019 e maio de 2020. (Cf. O Estado de São Paulo; ZH-17/07/2020-p.9; site Notícias UOL de 11/07/2020)   

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 18/09/2020 a 24/09/2020


Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A CONTRADIÇÃO DO DESEMPREGO (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Quem acompanha as estatísticas econômicas oficiais deve estar se perguntando o porquê de o desemprego aumentar agora, se a economia está retomando. A dúvida é a mesma, só que no sentido inverso, de quando se estava no auge da pandemia (segundo trimestre). Naquela oportunidade a taxa oficial não retratava o real desemprego no país. Isso, em função da metodologia que o IBGE utiliza para o calcular, embora ela seja reconhecida mundialmente. Pela mesma, desocupado no Brasil é aquele “que não teve nenhum tipo de trabalho no período de referência, mas que procurou emprego nos 30 dias anteriores ao período da pesquisa, ou que estava pronto para assumir um novo trabalho.”. Por ela, ao término do segundo trimestre deste ano a taxa oficial de desemprego no Brasil subiu para 13,3%, atingindo 12,8 milhões de pessoas. Ora, pelo conceito do IBGE o Brasil possui 132,4 milhões de pessoas na População Economicamente Ativa (PEA). Somando os 41,4 milhões que estão na informalidade, a real PEA chega a 173,8 milhões de pessoas. Assim, além dos desempregados oficiais, havia 27,98 milhões de pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego (desalentados ou com receio de contrair o coronavírus). Com isso, o total de desempregados no Brasil era de 40,78 milhões de brasileiros. Considerando a PEA, o Brasil, em julho, possuía 30,8% de desempregados. Considerando PEA + informais a taxa de desemprego representava 23,5%. E considerando a população realmente ocupada no país, que era de 83,3 milhões de pessoas na época, a taxa real de desemprego era de 37,1% em relação a PEA. Agora, com a retomada da economia, mesmo que desorganizada, e com o receio de se contrair a doença sendo superado pelas necessidades econômicas das famílias, a taxa real diminui enquanto a taxa oficial de desemprego aumenta, pois mais gente está em busca de emprego. E como a geração de emprego é menor do que a quantidade de pessoas que saíram em busca de emprego, a taxa sobe significativamente (e ainda irá subir mais nos próximos meses). Isso explica o resultado registrado na quarta semana de agosto: uma taxa de desocupação no Brasil de 14,3%, totalizando 13,7 milhões de desempregados (quase um milhão de pessoas a mais do que no início de julho passado). Para evitar confusão de interpretação, seria de bom alvitre o IBGE estudar uma metodologia mais pertinente para medir o problema ou, pelo menos, explicar com maior riqueza de detalhes o que realmente ocorre com o emprego no país.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 11/09/2020 a 17/09/2020


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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS: ALGUMAS RAZÕES (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O Brasil vive uma inflação dos alimentos, isto é inquestionável. Porém, o Brasil não vive uma inflação geral. Tanto é verdade que o índice oficial de inflação (IPCA) está abaixo do piso da meta para este ano (2,5%). Inflação em um país é a alta generalizada e constante dos preços durante um longo período de tempo. Ora, a inflação dos alimentos se dá em um segmento da economia em particular. Este segmento tem apenas uma participação de 19% na formação do índice geral da inflação. Dito isso, a inflação sobre os alimentos é uma das piores que existe para um país, especialmente em países subdesenvolvidos como o nosso, pois ela atinge especialmente os mais pobres, que são a grande maioria dos cidadãos. O que está ocorrendo com os alimentos, tendo o arroz como símbolo? Algumas atividades tiveram uma quebra de safra, porém, de forma geral a produção de alimentos foi normal (exceção no Rio Grande do Sul e Santa Catarina neste último verão). Mas, enquanto a oferta era normal, a pandemia obrigou muita gente a ficar em casa por um longo tempo no primeiro semestre, gerando uma demanda por alimentos acima do normal, especialmente arroz e feijão. O consumo é maior quando se faz as refeições em casa. Isso foi possível graças ao auxílio emergencial do governo aos mais pobres. O mesmo forneceu liquidez para a compra de alimentos, pois colocou no mercado, até o momento, cerca de R$ 200 bilhões adicionais, dinheiro que, em sendo para os mais pobres, foi destinado preferencialmente aos alimentos. Mais dinheiro, sem produção na mesma proporção, preços em alta. Enfim, e o mais importante, houve um erro grave de avaliação da área econômica brasileira: estimular uma redução de juro básico para além do aceitável e uma desvalorização do Real desproporcional. Na verdade, juro assim tão baixo (somado aos problemas políticos internos) levou à saída de dólares do país, a qual acelerou a desvalorização do Real, sem provocar recuperação econômica. Resultado: as importações de arroz e outros produtos, que naturalmente equilibravam o mercado, ficaram mais caras. E mais importante, a forte desvalorização do Real elevou as exportações de produtos primários acima de qualquer volume razoável, inclusive arroz. Hoje está faltando até mesmo soja no país, o maior produtor mundial da oleaginosa já há alguns anos. Este fato central, somado aos demais, provoca esta disparada de preços internos em praticamente todos os alimentos. Agora, para segurar os preços, importa-se mais, inclusive retirando as tarifas de importação destes produtos, estabelecidas no âmbito do Mercosul. Tal realidade, por outro lado, está sendo a bonança dos produtores rurais, especialmente os arrozeiros, que vinham enfrentando dificuldades de mercado há alguns anos. Porém, ela ocorre sobre um quadro econômico insustentável. Em 2021 o mercado deve se recompor, na medida em que o auxílio emergencial terminará, sem que os mais pobres tenham outra alternativa para recuperar tal renda (o emprego ainda irá demorar para surgir com intensidade), enquanto as safras, se o clima deixar, caminham para recordes a julgar pelo aumento das áreas a serem semeadas no país. Ao mesmo tempo, o governo terá que rever urgentemente sua política de juro e câmbio, provavelmente elevando um pouco a Selic, e trabalhar para trazer o Real a níveis “normais” de R$ 4,00 a R$ 4,50 por dólar. Sem ignorar que, no meio disso tudo, ainda há a incógnita da duração dos efeitos nocivos da pandemia da Covid-19. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

04/09/2020 a 10/09/2020


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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

REVELAÇÕES DO PIB NACIONAL (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)


O tombo de 9,7% no PIB brasileiro do segundo trimestre não foi surpresa. Ficou dentro do que se esperava, diante da crise recessiva provocada pela Covid-19. O que é mais revelador está nas entrelinhas. Primeiro: o IBGE revisou ainda mais para baixo o PIB do primeiro trimestre do ano. Agora o tombo é de 2,5% e não de 1,5%, consolidando uma recessão econômica mais forte, sem nem termos saído dos efeitos negativos daquela de 2015-2016. Mais grave ainda, o tombo no primeiro semestre não pode ser computado especificamente ao coronavírus, já que seus efeitos na economia brasileira aparecem somente na última quinzena do trimestre (segunda quinzena de março). Ou seja, a economia nacional já vinha mal antes da chegada da pandemia no país. Segundo: mesmo com o setor primário ficando no positivo (0,4%) o mesmo não salvou a economia. Ou seja, por mais pujante que ele seja, a economia não pode depender apenas do setor primário. Terceiro: os investimentos despencaram 15,4% no segundo trimestre, sendo que em relação ao mesmo período de 2019 o recuo foi de 15,2%. Com isso, a taxa de investimento no final de junho passado atingiu a 15% do PIB. Isso significa que os investimentos em ativos fixos para ampliar a capacidade produtiva da economia ficou em uma das mais baixas taxas da história recente, lembrando que o ideal é uma taxa de 25% do PIB. E sem investimentos, não se recupera a economia, os empregos e a renda da população. Quarto, no segundo trimestre, auge da pandemia no espectro econômico, o consumo das famílias registrou uma queda histórica de 12,5%. E só não caiu mais graças ao apoio emergencial do governo. Isso confirma pelo menos duas coisas: a) a pobreza no Brasil, em um contexto de crescente desigualdade social, é imensa, atingindo mais da metade da população nacional; b) o auxílio do governo é fundamental, porém, pela situação fiscal do Estado o mesmo tem limites e já começa a diminuir. Ora, o consumo das famílias somente irá melhorar se a geração de empregos retornar. Por enquanto, continuamos com um desemprego real ao redor de 30% da População Economicamente Ativa oficial, estando longe de sua redução a níveis adequados. Especialmente se as reformas estruturais continuarem patinando e sendo feitas “incompletas”, mantendo privilégios específicos e penalizando cada vez mais o setor produtivo. Se já estava difícil antes, agora com os efeitos da pandemia o quadro estrutural se tornou dificílimo, não permitindo que nos iludamos com estatísticas conjunturais e discursos populistas dos governantes.  Em um horizonte de médio e longo prazo, as possibilidades de sairmos desta crise são relativamente baixas. Ou seja, sem a retomada e o reforço da agenda de reformas e do ajuste fiscal, não haverá recuperação rápida da economia. Na melhor das hipóteses apenas voltaremos para o marasmo em que estávamos na pré-pandemia.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Análise semanal dos mercados da soja, milho e trigo

28/08/2020 a 03/09/2020

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