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quinta-feira, 28 de julho de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(22/07/2016 a 28/08/2016)




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NÃO HÁ COMO FUGIR DO AJUSTE (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
28/07/2016


Apesar das resistências o Brasil não tem como fugir do ajuste em suas contas públicas. O conhecido ajuste fiscal já não é mais uma escolha e sim uma obrigação se quisermos recuperar o crescimento sustentável da economia nacional. Há exatamente um ano um excelente artigo a este respeito foi divulgado no país (cf. O ajuste inevitável: o país que ficou velho antes de se tornar desenvolvido, de Mansueto Almeida Jr., Marcos de Barros Lisboa e Samuel Pessoa). Doze meses depois, apenas agora o país parece iniciar um processo que já deveria ter iniciado há, pelo menos, seis anos. Nesta e nas próximas três colunas destacaremos 23 pontos que explicam nossa realidade, tendo por base as ideias centrais expostas no citado artigo e com as quais concordamos: 1) a crise fiscal não decorre apenas do descontrole das contas públicas nos últimos anos. Não se trata de um desequilíbrio de curto prazo entre receita e despesa e a discussão sobre medidas de ajuste fiscal no ano em curso, e no próximo, de modo a permitir a retomada do crescimento. A crise é mais profunda e requer um ajuste mais severo e estrutural. 2) o cerne do desequilíbrio está no fato de os gastos públicos superarem em muito as receitas. Como as despesas não são ajustadas a contento, esse desequilíbrio tem resultado na necessidade de aumentos contínuos da receita tributária como fração do PIB, onerando a produção e prejudicando a geração de renda e de emprego, além de nos trazer a uma crise aguda decorrente da piora fiscal. 3) a maior carga tributária atual em comparação com a de 16 anos atrás implica maiores custos sociais e econômicos decorrentes de um aumento nos impostos e prejudica a retomada do crescimento, pois significa menores recursos para o investimento privado em um país de renda média, porém, já com carga tributária de país desenvolvido. 4) a carga tributária passou de cerca de 25% do PIB em 1991 para pouco mais de 35% em 2014 (em 2016 a mesma girava ao redor de 37%), enquanto a maior parte dos países emergentes apresenta uma carga abaixo de 30%. Nesse período, a renda real do país cresceu 103%, enquanto a receita de impostos cresceu quase 184%. Isso significa que, no período, o setor público se apropriou de 45% do crescimento da renda nacional para financiar os seus gastos, incluindo os programas de transferência de renda, as despesas com previdência e as demais políticas públicas. 5) a maior parte do aumento do gasto ocorreu em políticas sociais, como educação e programas de transferência de renda, inclusive aposentadorias para pessoas relativamente jovens, muitas vezes não destinadas aos grupos de menor renda. Esse impressionante aumento dos gastos anuais de quase R$ 500 bilhões entre 1991 e 2014, porém, não resultou em uma equivalente melhora na qualidade das políticas públicas tradicionais, como saúde e educação, cujos indicadores de resultado permaneceram estáveis na última década e, alguns, até mesmo em declínio. Ou seja, não adianta ter volume de recursos, é preciso, sobretudo, qualidade na gestão dos mesmos. (Segue)

domingo, 24 de julho de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(15/07/2016 a 21/07/2016)




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quinta-feira, 21 de julho de 2016

O FURO É AINDA MAIS EMBAIXO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
21/07/2016


O governo interino brasileiro precisa urgentemente passar a aplicação concreta das medidas de ajuste, pois enquanto tergiversa a economia continua afundando. Senão vejamos: o PIB de maio, segundo o Banco Central, recuou 0,51%, após o tênue otimismo gerado em abril, quando a prévia foi de 0,07% positiva. Em 12 meses, encerrados em maio/16, a retração da economia brasileira é de 5,79%. Na esteira desta crise o varejo de alimentos no Brasil, entre janeiro e abril de 2016, fechou 14.300 pontos de venda, ou seja, quase 600% acima do registrado no mesmo período de 2015. De janeiro a junho deste ano 1.098 empresas quebraram no Brasil (+26,5% sobre o mesmo período do ano anterior). Somente em junho o aumento na quebradeira de empresas foi de 20,2%, sobre maio e 22,8% sobre junho de 2015. Enquanto isso, os pedidos de recuperação judicial aumentaram em 113,5% no primeiro semestre de 2016 sobre igual período do ano anterior (no Rio Grande do Sul o aumento foi de 242%). A venda de veículos, no período, caiu 25,4%, se constituindo no pior semestre dos últimos 10 anos. A inadimplência dos brasileiros ainda soma 59,4 milhões de pessoas. Paralelamente, o governo central informa que, além do rombo de R$ 170 bilhões nas contas públicas deste ano, deverá haver um furo de R$ 139 bilhões em 2017. Somente em maio o déficit público foi de R$ 15,49 bilhões, se constituindo no maior da história para meses de maio, desde 1997. Ou seja, o corte nos gastos públicos não acontece. Será mais fácil, outra vez, aumentar a receita via aumento de impostos e taxas. Não é por nada que muito se fala no retorno da CPMF, em novo aumento da CIDE (imposto sobre os combustíveis) e até uma taxa (confisco) sobre os produtos primários exportados. Enquanto isso, a inflação anualizada (julho/15 a junho/16) recua para 8,84%, porém, o resultado é oriundo, sobretudo, de um “efeito demanda” ao inverso. Ou seja, os preços estão recuando agora, mesmo que lentamente, porque a demanda está freada já que as pessoas estão com seus orçamentos muito apertados (cf. IBGE). Ao mesmo tempo o crédito crescerá somente 1% neste ano, contra uma projeção inicial de 5%, enquanto o crédito com recursos livres irá recuar 1%. Ou seja, a economia sofre novas travas na sua difícil missão de voltar a decolar. Mas o Estado continua gastando e mal. Hoje 5.000 obras iniciadas com dinheiro público estão paradas no país (a partir de levantamento sobre apenas 10 Estados dos 27 que a Federação comporta), sem perspectivas de continuidade. Isso significa mais de R$ 15 bilhões empatados. Ao mesmo tempo, o governo, assim como foi feito com a Copa do Mundo, gasta com a Olimpíada o que não tem. Apenas para o “desfile” da Tocha Olímpica em 15 capitais brasileiras, a União repassou R$ 3,57 milhões, sem falar no que os próprios Estados da Federação e os municípios gastaram com tal cerimônia. Até o momento, o governo federal investiu diretamente R$ 2,4 bilhões nos Jogos de 2016. Enquanto isso, cortam-se verbas da saúde, da educação, da segurança... Desta forma, fica difícil realizar o tão necessário ajuste fiscal. E o desequilíbrio fiscal de hoje é a crise e o desemprego de amanhã. 

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(08/07/2016 a 14/07/2016)




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PREVIDÊNCIA: OS BRASILEIROS DESPREPARADOS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
14/07/2016


A necessidade de reformas no sistema previdenciário não é uma exclusividade brasileira. Para as diferentes Nações o “cobertor é curto”, pois as pessoas estão vivendo mais, a força de trabalho vem diminuindo e o número de beneficiários aumentando. Isso se chama “crise estrutural do sistema previdenciário”. E essa crise é tanto mais aguda quanto o sistema permita que os trabalhadores se aposentem muito cedo, em relação ao “tempo de vida útil” que possuem. No caso brasileiro, o sistema previdenciário está quebrado (mais um), a julgar pelos números oficiais. E se nada for feito imediatamente é certo que os jovens atuais não terão previdência pública. Ou, na melhor das hipóteses, poderão alcançar uma previdência irrisória que os obrigará a trabalhar durante toda a vida (como já é o caso hoje para uma grande maioria de brasileiros). Senão vejamos: a projeção de déficit para a Previdência brasileira em 2016 é de R$ 133,6 bilhões no caixa do regime geral. Esse déficit era de apenas R$ 17 bilhões em 2002. Um dos problemas está na diferença entre os desembolsos e a arrecadação. Entre 2014 e 2015 os primeiros subiram 10%, enquanto a segunda cresceu apenas 3%. Somente aí o rombo foi de R$ 85,8 bilhões. Nesse ritmo, em 2019 o passivo será de R$ 200 bilhões (seis vezes o atual orçamento nacional para a Educação e o dobro do que é destinado à Saúde). As causas são muitas, em especial a falta de suficiente ordenamento e fiscalização, com pessoas que nunca contribuíram se aposentando facilmente. Ou se reforma profundamente a Previdência brasileira (o “fator previdenciário” já não segura mais o problema) ou teremos um caos socioeconômico definitivo em cerca de 20 anos. Um dos caminhos será aumentar a idade mínima para a aposentadoria, como a maioria dos países atentos ao problema já o estão fazendo, sem falar na possibilidade de unificar as regras para os trabalhadores privados e públicos. É bom lembrar que sem reforma da previdência (assim como outras reformas essenciais) dificilmente haverá ajuste fiscal, pois uma das causas do rombo nas contas públicas é a estrutura estatal ultrapassada, cujo rombo da previdência é um exemplo. E sem ajuste fiscal, a crise continuará e se aprofundará! Em paralelo, natural seria que os brasileiros investissem em uma “aposentadoria complementar”. Ora, recente pesquisa do SPC Brasil revelou que 60% dos brasileiros, com vida economicamente ativa, não se preparam para a aposentadoria e contam apenas com o benefício público (o popular INSS). Ou seja, temos diante de nós um país que verá boa parte de sua população empobrecer na velhice, sem ter condições de reverter tal situação. Se é verdade que muitos (32,7% dos que não se preparam) não possuem recursos financeiros suficientes para tal, outros 67,3% preferem viver o presente, comprometendo o futuro. Diante desse quadro preocupante, cabe alertar que o Brasil terá um fardo insuportável logo adiante, perpetuando o seu subdesenvolvimento num contexto de crise constante. E, como sempre, não será por falta de aviso! 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(01/07/2016 a 07/07/2016)




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BALANÇA COMERCIAL: O QUE ESTÁ POR TRÁS DOS NÚMEROS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
07/07/2016


Um superávit na balança comercial é sempre bem-vindo na lógica de melhorar as contas externas de um país. Afinal, a balança comercial é uma conta que compõe a conta maior chamada de balança de transações correntes. O Brasil, nos últimos anos vinha acusando déficits importantes nesta última: US$ 54,2 bilhões em 2012; US$ 81,1 bilhões em 2013 e US$ 91,3 bilhões em 2014. Em 2015 o quadro se inverteu e o déficit recuou para US$ 58,9 bilhões, devendo melhorar um pouco mais ainda em 2016. Em parte, tal comportamento foi auxiliado pela recuperação do comércio exterior. O mesmo saiu de um déficit de US$ 4,05 bilhões em 2014 para um superávit de US$ 19,68 bilhões em 2015. Agora, em 2016, o saldo deverá ser ainda melhor. Os primeiros seis meses do ano registram um superávit de US$ 23,64 bilhões, contra apenas US$ 2,23 bilhões no mesmo período do ano passado. Na comparação anualizada (jul/15 a jun/16 ante jul/14 a jun/15) o avanço é ainda mais expressivo, pois o saldo destes últimos 12 meses chega a US$ 41,09 bilhões, contra apenas US$ 690 milhões no ano anterior. Todavia, ao abrirmos os números a euforia pelo resultado absoluto é substituída pela preocupação. Em primeiro lugar, porque o resultado atual é consequência de uma fortíssima redução nas importações e não pela recuperação das exportações. Assim, no primeiro semestre deste ano, em relação ao primeiro do ano passado, nossas importações diminuíram 28,9%. Já as exportações recuaram 5,9%. Em 12 meses, as compras externas caíram 29,6% enquanto as vendas para o exterior recuaram 10,1%. Ou seja, o saldo positivo se deve ao fato de que, devido a recessão econômica nacional e a forte desvalorização do Real no período, as importações despencaram. Além disso, nota-se que mesmo com a perda de valor da moeda nacional, a qual atingiu picos históricos na era do Real, tanto em setembro/15 quanto em janeiro/16, nossas exportações não decolam. Pelo contrário, vendemos, em valor, menos do que o período anterior. Parte deste comportamento se explica pela forte redução nos preços internacionais das principais commodities que exportamos. Mas há outra explicação, bem mais séria: não adianta só desvalorizar a moeda nacional. O que nos falta, e de muito tempo, agravado nos últimos anos pela gestão pública temerária que tivemos, é competitividade. Nossos produtos sofrem pela baixa competitividade tanto de nossa mão de obra quanto de nossos bens de capitais (máquinas e tecnologia em geral), salvo honrosas exceções. E para aumentar a competitividade não basta apenas o ajuste fiscal e a recuperação do tripé de sustentação da estabilidade econômica. Será preciso reformas estruturais profundas em todas as áreas e, sobretudo, a recuperação da qualidade do ensino em todos os níveis. E tais correções não se fazem rapidamente. Temos, pelo menos, uma geração de trabalho pela frente, desde que comecemos logo e façamos corretamente esse dever de casa que, nos últimos anos, foi irresponsavelmente ignorado.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(24/06/2016 a 30/06/2016)




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BREXIT: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
30/06/2016


O Reino-Unido votou pela saída da União Europeia! Além do fato de ser a primeira vez, desde a criação do bloco europeu, em março de 1957, que um de seus membros se retira deste bloco que reúne, hoje, 29 países, trata-se da saída de um membro fundador do bloco, inicialmente chamado de Mercado Comum Europeu (MCE). Portanto, estamos diante de um fato significativo. Menos mal que o Reino não aderiu à chamada zona euro, conservando a sua moeda como unidade monetária. Dito isso, outras considerações merecem atenção. Em primeiro lugar, o Brexit reforçou a lógica de que os britânicos seguidamente viraram as costas ao continente europeu. Esse procedimento é pressionado por um forte movimento xenofóbico. Em segundo lugar, o Reino Unido se mostrou desunido na tomada de tal decisão. Escócia e Irlanda do Norte votaram fortemente pela permanência na União. Isso deverá enfraquecer os britânicos no futuro. A Escócia ameaça, inclusive, não referendar o resultado do plebiscito, o que bloquearia a saída do Reino da União. Além disso, plebiscitos visando a saída destes países do próprio Reino Unido não se podem descartar no futuro. Em seguida, a economia mundial não aprovou a saída dos britânicos (a libra sofreu sua maior desvalorização em 31 anos, além das bolsas de valores e mercadorias despencarem). Isso pode significar perdas econômicas mais importantes para o Reino Unido do que para o restante da União Europeia. Em terceiro lugar, é fato que há um enfraquecimento inicial do bloco europeu com a perda de um membro deste porte. Os resultados de tal saída podem, no futuro, estimular outros países a empreenderem plebiscitos desta natureza. Lembramos que a Grécia, no auge de sua atual crise econômico-financeira, chegou a cogitar tal medida. Por sua vez, não se pode esquecer que o processo de saída definitiva dos britânicos deverá, tecnicamente, durar entre quatro a seis anos (há milhares de acordos a serem revistos). Quanto aos impactos sobre a economia brasileira e do Mercosul, por enquanto pode-se dizer que, além de algumas repercussões imediatas, a tendência é de poucos efeitos no Brasil. O comércio agropecuário, que é um dos pontos relevantes de nosso país para com os europeus, não será muito atingido, podendo mesmo os britânicos, na medida em que saírem do bloco, aprofundar alguns acordos específicos. Porém, não nos iludamos, o Reino Unido continuará a realizar grandes negócios com o restante da Europa Continental, podendo mesmo fechar, na sequência, um acordo de livre-comércio com a União. O impacto mais sério será mesmo sobre o Mercosul e seus esforços em levar a cabo negociações de livre-comércio com a União Europeia, paralisadas desde 2004. O Reino Unido era o fiador desse processo, apoiando os sul-americanos. Sua saída do bloco enfraquece a iniciativa já que França e outros países estão receosos de avalizar tal projeto. Pelo sim ou pelo não, o fato é que muita coisa ainda se passará até que tudo esteja concretizado. 

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