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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

22/02/2019 a 28/02/2019)



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PARA ONDE AVANÇARMOS?


Argemiro Luís Brum
28/02/2019

A resposta parece óbvia, porém, na prática está longe de sê-lo. Por quê? Porque nosso país está muito atrasado na eficiência produtiva, tanto do capital quanto do trabalho. Além disso, a burocracia e o peso estatal travam o país há muito tempo, a partir de um clientelismo político que favorece o atraso em todas as instâncias. Por exemplo: “...entre 140 países do mundo, o Brasil é campeão em ônus da regulação governamental; vice-campeão em baixa da razão importações x PIB; o terceiro pior em contratação de práticas de defesa e mobilidade interna de mão de obra; o quarto pior na tributação do trabalho; o sétimo pior em taxa de homicídio; o nono pior na dinâmica da dívida... Em termos sociais a situação é ainda pior: somos um país pobre, perdendo ano a ano o bônus demográfico, com uma das maiores concentrações de renda do mundo (em 2016, o ganho médio de uma pessoa que integra o grupo de 1% mais rico da população era equivalente a 36 vezes do ganho de uma pessoa que integra o grupo da metade mais pobre do país)”. (cf. Conjuntura Econômica, FGV, nov/18, pp.26-29) Certo, somos uma das maiores economias industriais do mundo, porém, esta indústria vem definhando. Em 1995, o peso total da indústria de transformação, por exemplo, na composição do PIB brasileiro era de 16,8%. Em 2017 essa participação era de apenas 11,8%, após atingir o pico de 17,8% em 2004. Não há dúvida que, para engrenarmos uma saída de tal situação, precisamos das reformas estruturais. Porém, sabe-se que elas não serão suficientes para dinamizar econômica e socialmente o país. É preciso tornar o Estado igualmente mais eficiente, além de realizarmos grandes melhorias sociais, na educação, saúde, segurança, habitação e infraestrutura. E precisamos entender que a retomada será demorada. Isso explica porque a economia real não segue a euforia especulativa de nossa Bolsa de Valores, e nem poderia, pois nossa realidade é de contas públicas com déficit primário de R$ 120 bilhões no final de 2018; o rombo previdenciário no mesmo ano foi de R$ 290,3 bilhões; somos o país com a 12ª maior carga tributária dentre mais de 40 países importantes pesquisados pela OCDE; e o próprio governo informa que sem reformas, entramos em nova recessão em 2020. A propósito, a reforma previdenciária proposta visa o longo prazo (o governo espera uma economia de R$ 1,1 trilhão em 10 anos, enquanto o mercado, diante do que foi apresentado, calcula economia entre R$ 500 a R$ 800 bilhões, sendo que o necessário é R$ 3 trilhões a partir de sua completa implementação, em 20 anos). E junto a isso, precisamos sustentar uma recuperação da economia, e da indústria em particular, realizando forte modernização tecnológica de nosso sistema produtivo geral. Enfim, precisamos perseverar, sem derrapar no processo de correção de rumo. Caso contrário continuaremos “avançando para o passado”.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

15/02/2019 a 21/02/2019)



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REFORMAS x BEM-ESTAR SOCIAL


Argemiro Luís Brum
21/02/2019

Não é novidade que o Brasil, para melhorar sua economia e voltar a crescer, necessita realizar reformas estruturais no contexto dos serviços públicos existentes. Neste quadro, igualmente não é novo que a Reforma da Previdência é essencial e urgente. Afinal, o rombo previdenciário anual é crescente e drena recursos de outros setores (educação, saúde, infraestrutura) também fundamentais ao avanço do país. Somente no Rio Grande do Sul, por exemplo, o rombo da previdência leva embora 31% da arrecadação do Estado, sendo que 54% dos funcionários públicos gaúchos estão inativos (aposentados). E na esfera nacional o quadro é ainda pior. Das três soluções possíveis a tal problema (disparada inflacionária; aumento considerável de impostos; e reforma estrutural profunda) nossa prática já mostrou que as duas primeiras se esgotaram. Portanto, chegou a hora das reformas, de “cortar no osso”. Afinal, “qual o sentido de termos Estado que só existe para pagar servidores públicos, a maior parte aposentados”? E aqui entra a novidade que pouco se fala a nós brasileiros. É preciso fazer uma reforma que igualmente distribua melhor a renda. Ou seja, precisamos de reformas que não só corrijam o rombo fiscal, mas que igualmente reduzam as desigualdades sociais. Até hoje, o sistema previdenciário brasileiro, por exemplo, é concentrador de renda, pelo qual classes privilegiadas ganham bem mais do que o conjunto dos trabalhadores (cerca de 40% do que se paga vai para os 20% mais ricos). Para sermos mais objetivos: enquanto o benefício médio do INSS é de R$ 1.800,00, no caso dos trabalhadores civis da União esta média alcança R$ 9.000,00 e, para os militares, o benefício médio é de R$ 13.700,00, sem falarmos nas classes do judiciário, política e outras (cf. ZH, 26-27/01/2019, p. 14). Assim, o ideal seria uma reforma que também privilegiasse a questão distributiva. É por isso que a Reforma da Previdência precisa estar ligada às demais reformas. Hoje, tanto o Estado do bem-estar quanto o intervencionista não cabem no orçamento do Tesouro Nacional, exigindo-se prioridades. Ora, para melhorarmos e priorizarmos o social, “não há como o Estado gastar recursos orçamentários preciosos para pagar a ineficiência de serviços que hoje estão sob sua responsabilidade direta”. (cf. Conjuntura Econômica, FGV, out/18, pp.10-11) Daí a necessidade de privatizar as estatais ineficientes e desinchar o setor público nacional. Obviamente, quem está ganhando em tal sistema não quer reformas, muitos situados à esquerda do espectro político. Tanto é verdade que a proposta de Reforma da Previdência, que aí está, se mostra razoavelmente positiva para resolver o problema fiscal e garantir a Previdência, o que é importante, porém, ainda está longe de privilegiar o bem-estar dos cidadãos via melhor distribuição de renda. Se assim ficar, perdemos nova oportunidade para o desenvolvimento.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

21/12/2018 a 14/02/2019)



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HÁ DOIS CAMINHOS!


 Argemiro Luís Brum
14/02/2019

O ano de 2019 será decisivo. Iniciou com algumas boas notícias conjunturais para os brasileiros: inflação sob controle, juro básico mantendo-se baixo, câmbio estável em um patamar que se pode considerar normal, balança comercial com um superávit anual importante, e a confiança da indústria e dos empresários em geral em alta. Dito isso, outros indicadores continuam preocupando. O desemprego diminui, porém, em cima da geração de empregos informais e precários, não permitindo melhoria de renda à população. O PIB de 2018 teria ficado entre 1% e 1,5%. Para 2019 a expectativa é de 2% a 2,5%, mas ainda muito aquém das necessidades nacionais. O novo governo parece consciente do problema e procura avançar com a agenda econômica, porém, já apresenta dissonâncias internas e começa a enfrentar impedimentos políticos. Sua principal tarefa é atacar os problemas estruturais de nossa economia, começando por um ajuste fiscal severo, o qual passa pelas reformas de base, como a previdenciária. Nota-se que os brasileiros em geral não têm noção do tamanho do problema que estamos enfrentando. E isso dificulta sua solução. Ora, os gastos públicos, desde a estabilização alcançada com o Plano Real, em 1994, crescem a uma velocidade superior à expansão do PIB. Neste sentido, somente a despesa primária da União, excluindo transferências para Estados e municípios, saiu de 11% do PIB, na primeira metade dos anos de 1990, para os 20% atuais. Entre 1997 e 2017, o crescimento do gasto primário deflacionado pela inflação do PIB deu-se ao ritmo de 4% ao ano, ou 117% no acumulado do período, passando de R$ 588 bilhões para R$ 1,28 trilhão, a preços de 2017. Para piorar o quadro, a partir de 2012 o crescimento da receita pública ficou próximo à trajetória da economia. Assim, gasto público crescendo acima do PIB e receita aumentando no ritmo deste PIB produziram um problema fiscal estrutural. Neste contexto, a dívida bruta do governo geral saltou de 51,5% do PIB em 2013, para 75% em 2018, devendo atingir a 80% em 2019 se nada for feito imediatamente. Particularmente, entre 2011 e 2018 faltou-nos competência na gestão do Estado nacional para se fazer as correções de rumo necessárias (o dever de casa) e ampliou-se a crise ao invés de combatê-la. (Cf. Conjuntura Econômica, FGV, setembro a dezembro/18). Neste contexto, a nova equipe econômica brasileira tem apenas dois caminhos neste início de 2019: 1º) iniciar um processo agudo de reformas estruturais, com apoio político e social, e a economia finalmente sair do marasmo em que se encontra, iniciando um processo de recuperação mais sustentável; 2º) não conseguir realizar os ajustes estruturais a contento e, apesar das promessas, tudo ficar como antes, levando o Brasil a afundar no imprevisível econômico, frustrando as expectativas, sem luz no fim do túnel pelos próximos quatro anos.

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