:)

Pesquisar

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

REFORMAS x BEM-ESTAR SOCIAL


Argemiro Luís Brum
21/02/2019

Não é novidade que o Brasil, para melhorar sua economia e voltar a crescer, necessita realizar reformas estruturais no contexto dos serviços públicos existentes. Neste quadro, igualmente não é novo que a Reforma da Previdência é essencial e urgente. Afinal, o rombo previdenciário anual é crescente e drena recursos de outros setores (educação, saúde, infraestrutura) também fundamentais ao avanço do país. Somente no Rio Grande do Sul, por exemplo, o rombo da previdência leva embora 31% da arrecadação do Estado, sendo que 54% dos funcionários públicos gaúchos estão inativos (aposentados). E na esfera nacional o quadro é ainda pior. Das três soluções possíveis a tal problema (disparada inflacionária; aumento considerável de impostos; e reforma estrutural profunda) nossa prática já mostrou que as duas primeiras se esgotaram. Portanto, chegou a hora das reformas, de “cortar no osso”. Afinal, “qual o sentido de termos Estado que só existe para pagar servidores públicos, a maior parte aposentados”? E aqui entra a novidade que pouco se fala a nós brasileiros. É preciso fazer uma reforma que igualmente distribua melhor a renda. Ou seja, precisamos de reformas que não só corrijam o rombo fiscal, mas que igualmente reduzam as desigualdades sociais. Até hoje, o sistema previdenciário brasileiro, por exemplo, é concentrador de renda, pelo qual classes privilegiadas ganham bem mais do que o conjunto dos trabalhadores (cerca de 40% do que se paga vai para os 20% mais ricos). Para sermos mais objetivos: enquanto o benefício médio do INSS é de R$ 1.800,00, no caso dos trabalhadores civis da União esta média alcança R$ 9.000,00 e, para os militares, o benefício médio é de R$ 13.700,00, sem falarmos nas classes do judiciário, política e outras (cf. ZH, 26-27/01/2019, p. 14). Assim, o ideal seria uma reforma que também privilegiasse a questão distributiva. É por isso que a Reforma da Previdência precisa estar ligada às demais reformas. Hoje, tanto o Estado do bem-estar quanto o intervencionista não cabem no orçamento do Tesouro Nacional, exigindo-se prioridades. Ora, para melhorarmos e priorizarmos o social, “não há como o Estado gastar recursos orçamentários preciosos para pagar a ineficiência de serviços que hoje estão sob sua responsabilidade direta”. (cf. Conjuntura Econômica, FGV, out/18, pp.10-11) Daí a necessidade de privatizar as estatais ineficientes e desinchar o setor público nacional. Obviamente, quem está ganhando em tal sistema não quer reformas, muitos situados à esquerda do espectro político. Tanto é verdade que a proposta de Reforma da Previdência, que aí está, se mostra razoavelmente positiva para resolver o problema fiscal e garantir a Previdência, o que é importante, porém, ainda está longe de privilegiar o bem-estar dos cidadãos via melhor distribuição de renda. Se assim ficar, perdemos nova oportunidade para o desenvolvimento.

Postagens Anteriores