Prof. Dr. Argemiro Luís
Brum
13/10/2016
Em
grande parte da América Latina, incluindo o Brasil, nos últimos anos os
governos populistas proliferaram. E os mesmos levaram suas respectivas nações a
uma crise econômica sem precedentes. No populismo “...se enfatiza a relação
direta entre a cúpula do Estado e as massas populares, mediada pelo desempenho
político de um líder carismático, apresentando em geral uma ideologia difusa,
onde sua valorização popular pode ser espontânea ou um recurso manipulado por
ideologias de direita ou esquerda. (...) O papel do Estado é acentuado como
elemento capaz de assegurar a independência nacional, principalmente como
instrumento promotor do desenvolvimento econômico, sendo que o Estado deve ser o
principal investidor e entidade política capaz de assegurar o desenvolvimento
de um capitalismo nacional e autônomo, livre da ingerência externa” (Cf.
Sandroni, P. Novíssimo Dicionário de Economia, p. 483). Na prática, o mesmo se
constitui em uma desgraça para as economias do mundo, solapando as
possibilidades de crescimento e desenvolvimento das nações. Isso porque,
geralmente, as pessoas carismáticas que por ele ascendem, não são preparadas em
gestão pública. Na maioria dos casos usam o poder para avançar em decisões onde
os imperativos ideológicos suplantam facilmente a razão, a ponto de gastarem os
recursos públicos muito além das possibilidades existentes no país. O
aparelhamento e uso dos órgãos estatais para tal fim tornam-se aí uma obviedade
que leva à inviabilização dos mesmos e até do próprio Estado. O exemplo mais
gritante, na América Latina de hoje, encontramos na Venezuela onde o governo
Chavez, seguido agora de Maduro, em 16 anos liquidou a economia de um dos
países mais ricos do Continente (a ponto de as seleções estrangeiras de futebol
levarem consigo, dentre outras coisas, papel higiênico e água para beber por
falta destes produtos). Um regime ultranacionalista, protecionista
economicamente e que sacralizou a soberania nacional, prometendo aos cidadãos,
através de receitas mágicas, o que não podia cumprir. O resultado é um caos
econômico e uma quase ditadura política. Tais receitas simplistas, embora em
uma intensidade menor, viu-se em outros países da região e do mundo, inclusive
no Brasil. Acreditar em “messias” despreparados, que acabam usando o Estado em
benefício próprio e de seu grupo de seguidores, termina sempre em crise. No
Brasil, o uso da Petrobrás, do BNDES e do Badesul, no RS, são exemplos concretos
de governos que, mesmo tendo boas intenções em alguns momentos, caíram na
tentação populista. No caso do Badesul, agora se sabe que mais de R$ 355
milhões foram emprestados com alto risco, sem nenhuma avaliação de crédito
digna do nome. Tais operações de risco chegaram a equivaler a 198,2% do
patrimônio líquido do banco, no velho estilo de que dinheiro público é “um saco
sem fundo”. Como isso nos atinge? (segue)