:)

Pesquisar

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(21/10/2016 a 27/10/2016)




Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

RECUPERAÇÃO! PARA QUANDO?

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
27/10/2016

A cada dia que passa os números de nossa economia vão confirmando que a recuperação da mesma, se realmente ocorrer, será lenta. Os recentes dados do Banco Central, indicando que a atividade econômica caiu 0,91% em agosto, levando para 0,41% o recuo do PIB entre junho e agosto e, sobretudo, a 4,98% a queda no acumulado dos oito primeiros meses de 2016, além de -5,6% nos 12 meses terminados em agosto/16, não deixam dúvidas. Nesse sentido, o mercado voltou a elevar a projeção de PIB negativo para 3,2% em 2016. Diante disso, o mercado já começa a considerar que, na melhor das hipóteses, 2017 poderá assistir, talvez, a algum crescimento da economia. Esse "talvez" corrobora nosso sentimento de que se conseguirmos 0,5% positivo de PIB, no próximo ano, já será motivo de comemoração. E isso, mesmo que o Copom continue reduzindo a Selic (agora em 14% ao ano, espera-se que a mesma termine 2017 entre 11% e 12%). Afinal, os juros reais da economia estão descolados da Selic e devem demorar a responder ao seu recuo; a tímida recuperação industrial de meses passados parece confirmar ter sido mais um soluço do que início de retomada consistente; o setor de serviços continua negativo; e a agropecuária estagnada. Dito isso, se é certo que a economia parece ter parado de cair, também é certo que ainda está longe de sair do fundo do poço. Tanto é verdade que o recente excesso de otimismo do mercado perdeu fôlego em setembro e outubro junto ao comércio e a indústria (em agosto as vendas no varejo brasileiro recuaram 0,6% sobre julho, enquanto o setor de serviços perdeu 1,6% em agosto, acumulando recuo de 4,7% em seu PIB nos oito primeiros meses do corrente ano). Ou seja, como já se sabia, sair desta imensa crise em que o Brasil foi colocado não tem mágica. O processo depende de diversas ações, dentre elas o ajuste fiscal, o qual conta com a PEC dos Gastos Públicos, e das reformas estruturais, a começar pela previdenciária. Em tudo correndo bem, o Estado terá oito longos anos para começar a gerar superávit primário e, com isso, auxiliar definitivamente na recuperação econômica. Sobretudo agora que o Tesouro Nacional mostrou que o buraco nas previdências estaduais é R$ 18 bilhões maior do que o informado pelos governos regionais, com o rombo total das mesmas chegando a R$ 77,07 bilhões. Soma-se a isso a reação de parte da sociedade que se nega a pagar a fatura que os governos anteriores lhes deixaram, mesmo tendo sido, em alguns casos, largamente favorecida pelo descalabro das contas públicas. Pelo sim ou pelo não, o fato é que a cada dia que passa vai se confirmando que o remédio é cada vez mais amargo a ser tomado, tamanha é a doença (crise) que temos a vencer. 

sábado, 22 de outubro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(14/10/2016 a 20/10/2016)




Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

A DESGRAÇA POPULISTA (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
20/10/2016


Encerramos o comentário passado mostrando que as operações de risco junto ao Badesul chegaram a equivaler a 198,2% do patrimônio líquido do banco, no velho estilo de que dinheiro público é “um saco sem fundo”. Como isso nos atinge? Assim como a conta da péssima condução da economia nacional nos últimos 10 anos no Brasil, a conta da Petrobrás, do BNDES, do Badesul e de tantos outros órgãos públicos mal administrados fica com o contribuinte em particular e a população em geral. No caso do Badesul, por exemplo, se engana quem pensa que a mesma fica restrita aos gaúchos. Isso porque 95% dos valores movimentados nas operações de crédito, pelo banco de fomento gaúcho, têm o BNDES como origem. Ora, o dinheiro do BNDES, assim como de outros bancos públicos brasileiros (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, por exemplo) resulta da emissão e venda de títulos públicos, os quais geram a dívida pública nacional. Dito de outra maneira, o enorme déficit público que o país possui hoje também é oriundo da má gestão do BNDES e, por extensão, do Badesul e outros organismos públicos conforme o que se demonstrou até aqui. Esse mesmo déficit que está nos levando a tomar um remédio amargo, chamado PEC dos Gastos Públicos, por 20 anos, atingindo educação e saúde dentre outras rubricas. O recente populismo brasileiro quase quebrou o país, e literalmente colocou em péssima situação órgãos públicos importantes, com o objetivo claro de se perpetuar no poder, usando o discurso do “desenvolvimento” como engodo aos mais crédulos. Miremo-nos no exemplo, mais uma vez da Venezuela (ver nosso comentário de 13/10/2016). O descalabro messiânico do governo Chavez não lhe permitiu enxergar que sua única fonte de recursos, o petróleo, poderia rapidamente se esgotar pela baixa dos preços internacionais. Assim, continuou aprofundando o estatismo econômico-protecionista, gerando uma inflação anual de 200%, uma penúria de todos os bens de consumo, uma das mais profundas recessões do mundo atual, altíssimo desemprego e finanças públicas caóticas. Junto a isso, grassa uma corrupção generalizada, especialmente no Estado, explode a criminalidade e uma regressão constante da democracia. As semelhanças brasileiras com a Venezuela, em alguns destes pontos, não são meras coincidências. A diferença é que no Brasil ainda há tempo para se reagir e mudar de rumo. Nosso cuidado agora deve ser para que não entremos em nova onda populista, pois as tentações são grandes e continuam presentes nas diferentes instâncias do Estado brasileiro.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(07/10/2016 a 13/10/2016)




Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

A DESGRAÇA POPULISTA (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
13/10/2016


Em grande parte da América Latina, incluindo o Brasil, nos últimos anos os governos populistas proliferaram. E os mesmos levaram suas respectivas nações a uma crise econômica sem precedentes. No populismo “...se enfatiza a relação direta entre a cúpula do Estado e as massas populares, mediada pelo desempenho político de um líder carismático, apresentando em geral uma ideologia difusa, onde sua valorização popular pode ser espontânea ou um recurso manipulado por ideologias de direita ou esquerda. (...) O papel do Estado é acentuado como elemento capaz de assegurar a independência nacional, principalmente como instrumento promotor do desenvolvimento econômico, sendo que o Estado deve ser o principal investidor e entidade política capaz de assegurar o desenvolvimento de um capitalismo nacional e autônomo, livre da ingerência externa” (Cf. Sandroni, P. Novíssimo Dicionário de Economia, p. 483). Na prática, o mesmo se constitui em uma desgraça para as economias do mundo, solapando as possibilidades de crescimento e desenvolvimento das nações. Isso porque, geralmente, as pessoas carismáticas que por ele ascendem, não são preparadas em gestão pública. Na maioria dos casos usam o poder para avançar em decisões onde os imperativos ideológicos suplantam facilmente a razão, a ponto de gastarem os recursos públicos muito além das possibilidades existentes no país. O aparelhamento e uso dos órgãos estatais para tal fim tornam-se aí uma obviedade que leva à inviabilização dos mesmos e até do próprio Estado. O exemplo mais gritante, na América Latina de hoje, encontramos na Venezuela onde o governo Chavez, seguido agora de Maduro, em 16 anos liquidou a economia de um dos países mais ricos do Continente (a ponto de as seleções estrangeiras de futebol levarem consigo, dentre outras coisas, papel higiênico e água para beber por falta destes produtos). Um regime ultranacionalista, protecionista economicamente e que sacralizou a soberania nacional, prometendo aos cidadãos, através de receitas mágicas, o que não podia cumprir. O resultado é um caos econômico e uma quase ditadura política. Tais receitas simplistas, embora em uma intensidade menor, viu-se em outros países da região e do mundo, inclusive no Brasil. Acreditar em “messias” despreparados, que acabam usando o Estado em benefício próprio e de seu grupo de seguidores, termina sempre em crise. No Brasil, o uso da Petrobrás, do BNDES e do Badesul, no RS, são exemplos concretos de governos que, mesmo tendo boas intenções em alguns momentos, caíram na tentação populista. No caso do Badesul, agora se sabe que mais de R$ 355 milhões foram emprestados com alto risco, sem nenhuma avaliação de crédito digna do nome. Tais operações de risco chegaram a equivaler a 198,2% do patrimônio líquido do banco, no velho estilo de que dinheiro público é “um saco sem fundo”. Como isso nos atinge? (segue)

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(30/09/2016 a 06/10/2016)




Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

ILUSÃO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
06/10/2016

Não passará de ilusão a recuperação da economia brasileira em 2017 caso não ocorram o ajuste fiscal e as principais reformas estruturais de que o Brasil precisa. Isso porque, até o momento, especula-se uma recuperação em cima de expectativas e não sobre dados econômicos concretos. Por enquanto, em termos de ajuste fiscal, continuamos com muito discurso e pouca prática. O mês de agosto voltou a registrar o pior resultado em termos de déficit primário. Nos oito primeiros meses do ano o saldo negativo, apenas da área federal, bateu em R$ 71,4 bilhões, o pior desde 1997, quando se iniciou a série histórica. A projeção para o acumulado do ano é de R$ 89 bilhões, ou seja, 79% superior ao registrado em 2015. Assim, o governo terá que adotar medidas duras até o final do ano (que se aproxima rapidamente) se quiser apenas cumprir a meta de DÉFICIT primário de R$ 170,5 bilhões. O desajuste é tamanho, no contexto de uma incompetência gerencial enorme, que somente os gastos federais subiram de 10% para quase 20% do PIB nos últimos anos. Paralelamente, retrato de uma economia em forte recessão, a arrecadação da União continuou caindo. Em agosto o resultado foi o pior desde agosto de 2009, acumulando nos oito primeiros meses do ano um recuo de 7,45% em relação a igual período de 2015, já descontada a inflação. Aliás, se o governo não fizer os ajustes necessários, tomando decisões acertadas imediatamente, o país assistirá logo adiante a uma disparada inflacionária. Tal situação coloca em xeque o movimento de redução dos juros (Selic) que se espera venha a iniciar ainda neste 2016. Isso sem contar com o fato de que somente reduzir a Selic já não é mais suficiente, pois os juros de mercado (cheque especial, rotativo do cartão de crédito, pessoa física etc.) já se descolaram há muito tempo da taxa básica, subindo absurdamente nos últimos anos. E sem baixar os juros de forma consistente, dentro de um contexto de melhoria real dos fundamentos, a economia brasileira fará apenas um voo de galinha nos próximos anos. Isso porque os investimentos continuarão muito baixos para efetivamente alavancarem o PIB para patamares de 4% a 5% anuais que necessitamos. Tal realidade tende a impedir uma retomada na geração do emprego. Aliás, o desemprego tende a aumentar até meados de 2017 em termos nacionais. Recentes dados do Ministério do Trabalho apontaram que o Brasil perdeu 1,51 milhão de empregos formais em 2015, atingindo o seu pior resultado desde 1985 (31 anos). Os números levam em conta a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), bem mais ampla do que os dados do Caged regularmente informados. O número para 2016 não deverá ser melhor já que a Pnad Contínua acaba de indicar que o desemprego nacional, no trimestre encerrado em agosto/16, atingiu a 11,8%, ou seja, 12 milhões de pessoas que procuram emprego e não o encontram. Com o desemprego vem a queda na renda per capita média, a qual já estava em R$ 2.011,00 em agosto/16. A redução da renda per capita diminui o consumo e este impede que as vendas cresçam e a produção se recomponha. Portanto, façamos logo o dever de casa!  

Postagens Anteriores