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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

PREÇOS AGROPECUÁRIOS EM 2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
23/12/2013

Como se comportaram os preços médios da agropecuária gaúcha em 2013? Comparando-se os valores recebidos pelos produtores em meados do corrente ano, em relação ao mesmo período de 2012, temos os seguintes resultados: a soja registrou uma estagnação em seus preços, passando de R$ 67,29/saco no balcão para R$ 67,35/saco no período. Tal comportamento se deve particularmente ao câmbio, já que o dólar, que vale neste momento R$ 2,32, valia apenas R$ 2,08 um ano antes. Ou seja, a moeda nacional registra uma depreciação de 11,5% no período. Já em Chicago, o bushel de soja passa de US$ 14,76 para US$ 13,23 no mesmo período (recuo de 10,4%). Dito de outra forma, o câmbio compensou a perda de valor do produto. Por sua vez o milho recuou fortemente de preço. Em dezembro do ano passado o saco do produto era negociado a R$ 29,18 na média estadual. Um ano depois o mesmo estava em R$ 23,47. Isso representa uma perda de 19,6% no período. Enquanto isso o arroz passa de R$ 36,79/saco de 50 quilos, para R$ 33,75 no mesmo espaço de tempo, com perda de 8,3%. Já o feijão preto aumenta de preço nestes últimos 12 meses, saltando de R$ 108,92/saco para R$ 134,33, ganhando 23,3%. O trigo igualmente melhora sua performance, passando de uma média de R$ 31,12/saco para R$ 35,17/saco um ano depois. Isso representa um ganho de 13% no preço, sem falar em ganhos de produtividade e qualidade da safra 2013. Por fim, o sorgo igualmente recua, porém, em menor proporção, ao passar de R$ 22,47/saco para R$ 20,17 um ano depois (perda de 10,2%). Já no setor da pecuária, o quilo do suíno vivo, que chega hoje a R$ 2,93 na média gaúcha, estava em R$ 2,56 um ano antes (ganho de 14,4%). Paralelamente, o boi gordo igualmente registra ganhos, com o quilo vivo passando de R$ 3,20 para R$ 3,55 no período (ganho de 10,9% em um ano). Já o quilo vivo do frango, que em meados deste mês de dezembro/13 era fixado em R$ 2,50, registrava R$ 2,85 um ano antes, o que significa perda de 12,3% nos últimos 12 meses. Enfim, o litro de leite ao produtor, no período, subiu de R$ 0,73 para R$ 0,89, ou seja, acréscimo de 21,9% em termos médios. Portanto, em termos de preço, o ano 2013 foi da soja, trigo, feijão preto, suíno, boi gordo e leite.

INFLAÇÃO E DEFLAÇÃO


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
19/12/2013


Neste final de 2013 vivemos novos desdobramentos da crise mundial. Dentre eles encontramos a inflação nos países emergentes e o risco de deflação nos países desenvolvidos, particularmente na Europa. Tanto inflação como deflação são nocivas para o bom andamento da economia, quando duradouras e descontroladas. As iniciativas consumistas para enfrentar a crise, junto aos países emergentes, esbarraram na falta de infraestrutura e capacidade produtiva, para dar conta da enorme demanda que se criou, fato que gerou inflação acima do aceitável para os atuais padrões econômicos destes países. Assim, tais países se viram obrigados a adotar medidas que freiam o consumo e, particularmente, o crescimento econômico e a geração de empregos, caso da elevação dos juros e da retirada parcial de alguns estímulos ao consumo no Brasil. Desta forma, o crescimento chinês cai de 10% a 11% ao ano para algo em torno de 7% a 7,5% ao ano no momento. No Brasil, após chegar a 7,5% em 2010, nosso crescimento bateu em 1% em 2012, não devendo ser muito maior do que 2% a 2,5% em 2013, sem perspectivas de melhoras para o futuro próximo. Já nos países desenvolvidos, e particularmente na União Europeia, o problema está na deflação. No mês de outubro passado a inflação anualizada na Espanha era de 0%, na França de 0,7%, em Portugal 0% e na Grécia menos 1,9%. Todos, países fortemente atingidos pela crise! No total da chamada zona euro (17 países da União Europeia) a inflação anual recuou para 0,7%, contra a meta de 2% estabelecida pelo Banco Central Europeu (aqui no Brasil, em outubro, a inflação anualizada era de 5,8% contra a meta de 4,5%). Ora, a deflação é ruim porque gera uma espiral difícil de escapar: os domicílios param de comprar; isso reduz as encomendas junto às empresas; estas diminuem as vendas; isso leva a uma redução dos salários e dos investimentos, levando a uma redução no crescimento da economia. O Japão, após 20 anos, apenas agora ensaia uma saída de tal armadilha. Para alguns economistas europeus o atual processo é salutar e de curta duração, servindo para depurar a economia local, com redução do custo de vida através da redução de preços e salários. Para outros economistas tal raciocínio não se sustenta e a espiral deflacionária já se instalou e ninguém poderá pará-la tão cedo, com estragos irremediáveis. Especialmente porque uma forte baixa dos preços infla mecanicamente o custo de financiamento dos Estados, altamente endividados, fato que leva a dívida pública a continuar crescendo. Como se pode perceber, o segredo da gestão econômica é encontrar o equilíbrio no contexto da realidade de cada país, sem ignorar as relações que o mesmo possui com o mundo globalizado e sua movimentação. Para se obter sucesso em tal empreitada é preciso muito pragmatismo e visão de longo prazo, algo que poucos dirigentes públicos possuem, pois é mais fácil se deixar levar pelo embalo das euforias passageiras mesmo que, logo adiante, coloquem a Nação em dificuldades estruturais por longo tempo.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(06/12/2013 a 12/12/2013)

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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
14/12/2013

DESDOBRAMENTOS DA CRISE MUNDIAL
Neste final de 2013 vivemos novos desdobramentos da crise mundial. Dentre eles encontramos a inflação nos países emergentes e o risco de deflação nos países desenvolvidos, particularmente na Europa. Tanto inflação como deflação são nocivas para o bom andamento da economia, quando descontroladas. Mas antes de abordarmos o tema vale recuperar rapidamente o histórico deste processo. Com a eclosão da grande crise econômico-financeira de 2007/08 o mundo assistiu a duas importantes reações: os países ricos, onde a crise estourou e se estabeleceu com maior profundidade desde o princípio, viram suas economias frearem por falta de liquidez e forte recuo da demanda. Para tentar recuperar um mínimo de crescimento econômico os Estados passaram a injetar recursos em suas economias. Tal política avançou bem até 2010. A partir daí a crise fiscal junto aos desenvolvidos se fez presente, especialmente nos países mais endividados. A Europa sentiu em cheio o problema e viu sua economia bloquear definitivamente. Paralelamente, os países emergentes, que ainda possuíam o seu mercado interno como válvula de escape para continuar mantendo o crescimento, utilizaram os mecanismos monetários e fiscais para estimular o consumo interno, na falta de um mercado externo temporariamente esgotado. Nestes países, a demanda reprimida dos cidadãos respondeu rapidamente aos estímulos públicos e passou às compras. Com isso, suas economias não só enfrentaram melhor a crise, como estimularam parcialmente a produção junto aos países ricos. A China e o Brasil particularmente passaram a ser vistos como os elementos motores do processo.

DESDOBRAMENTOS DA CRISE MUNDIAL (II)
Infelizmente, o processo perde fôlego a partir de 2011, se cristalizando de forma mais aguda neste final de 2013, apesar dos esforços governamentais em manter o consumo aquecido. Na verdade, o efeito ocorre nos dois lados novamente. Ou seja, junto aos países emergentes, a falta de infraestrutura e capacidade produtiva, para dar conta da enorme demanda que se criou, gerou inflação acima do aceitável para os atuais padrões econômicos destes países. Assim, tais países se viram obrigados a adotar medidas que freiam o consumo e, particularmente, o crescimento econômico e a geração de empregos, caso da elevação dos juros e da retirada parcial de alguns estímulos ao consumo no Brasil. Desta forma, o crescimento chinês cai de 10% a 11% ao ano para algo em torno de 7% a 7,5% ao ano no momento. No Brasil, após chegar a 7,5% em 2010, nosso crescimento bateu em 1% em 2012, não devendo ser muito maior do que 2% a 2,5% em 2013, sem perspectivas de melhoras para o futuro próximo. Já nos países desenvolvidos, e particularmente na União Europeia, o problema está na deflação. No mês de outubro passado a inflação anualizada na Espanha era de 0%, na França de 0,7%, em Portugal 0% e na Grécia menos 1,9%. Todos, países fortemente atingidos pela crise! No total da chamada zona euro (17 países da União Europeia) a inflação anual recuou para 0,7%, contra a meta de 2% estabelecida pelo Banco Central Europeu (aqui no Brasil, em outubro, a inflação anualizada era de 5,8% contra a meta de 4,5%).

DESDOBRAMENTOS DA CRISE MUNDIAL (III)
Ora, a deflação é ruim porque gera uma espiral difícil de escapar: os domicílios param de comprar; isso reduz as encomendas junto às empresas; estas diminuem as vendas; isso leva a uma redução dos salários e dos investimentos, levando a uma redução no crescimento da economia. O Japão, após 20 anos, apenas agora ensaia uma saída de tal armadilha. Para alguns economistas europeus o atual processo é salutar e de curta duração, servindo para depurar a economia local, com redução do custo de vida através da redução de preços e salários. Para outros economistas tal raciocínio não se sustenta e a espiral deflacionária já se instalou e ninguém poderá pará-la tão cedo, com estragos irremediáveis. Especialmente porque uma forte baixa dos preços infla mecanicamente o custo de financiamento dos Estados, altamente endividados, fato que leva a dívida pública a continuar crescendo. Como se pode perceber, o segredo da gestão econômica é encontrar o equilíbrio no contexto da realidade de cada país, sem ignorar as relações que o mesmo possui com o mundo globalizado e sua movimentação. Para se obter sucesso em tal empreitada é preciso muito pragmatismo e visão de longo prazo, algo que poucos dirigentes públicos possuem, pois é mais fácil se deixar levar pelo embalo das euforias passageiras mesmo que, logo adiante, coloquem a Nação em dificuldades estruturais por longo tempo.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O FATOR ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
12/12/2013


Aquilo que parece ser uma boa notícia econômica, neste início de dezembro, pode não o sê-lo. Os EUA anunciaram que, no mês de novembro, o seu setor privado gerou 215.000 empregos, após 184.000 em outubro. Nos dois casos acima do esperado pelo mercado. Tal comportamento seria um indicativo de que finalmente a economia norte-americana está se recuperando. O mesmo tem na origem as compras maciças (US$ 85 bilhões mensais) de títulos feitas pelo FED e as baixas taxas anuais de juros (0,25% ao ano no caso da taxa básica). O grande problema é que o mundo, particularmente o emergente, está na dependência, nos últimos anos, da manutenção de tais compras de títulos para enfrentar a crise. Isso porque parte deste dinheiro irriga as demais economias do mundo, inclusive a brasileira. Ora, a retomada do crescimento estadunidense tende a levar à retirada deste mecanismo de apoio ao consumo interno nos EUA, gerando uma forte redução da liquidez internacional. Junto com ela viria o aumento dos juros locais. O mercado cogita tal retirada, senão ainda para dezembro, já para os primeiros meses de 2014. Assim, o fator EUA é o elemento central que indicará para onde irá a economia mundial a partir do próximo ano. No meio de tudo isso, a presidência do FED mudará de mãos em janeiro/14. A futura presidência, por enquanto, indica que seu grande desafio é retirar o apoio ao consumo sem que isso cause muitos estragos internos e externos. Mesmo porque a manutenção da injeção de US$ 85 bilhões mensais tem o risco de gerar novas bolhas especulativas que poderão realimentar a crise. Por enquanto, o governo estadunidense estabeleceu que a retirada do apoio se dará quando o desemprego cair abaixo de 6,5% ao ano. Isso explica a agitação do mercado mundial com as estatísticas de outubro e novembro a respeito do emprego na primeira potência mundial. Na verdade, os EUA (e o mundo por extensão) estão diante de um mecanismo implacável: mantendo sua taxa de juros em níveis muito baixos e continuando a comprar os títulos no mercado, o FED fornece aos investidores um dinheiro barato. Naturalmente estes o aplicam em ativos os mais rentáveis possíveis, em qualquer parte do mundo (Bolsas de Valores, setor imobiliário etc.). Isso explica o nível recorde da Bolsa de Nova York e de algumas Bolsas europeias. Isso explica igualmente um novo avanço especulativo nos preços dos imóveis nos EUA, longe da “lei” da oferta e demanda. Em Los Angeles, por exemplo, nos últimos 12 meses, o valor dos imóveis subiu 21,7%. Como evitar a formação de novas bolhas? Muito difícil sem cortar o crédito. O grande problema é que o FED não está encontrando o timing (o momento certo) de parar de comprar os títulos e iniciar a elevação dos juros. Muito cedo pode levar a frear a recuperação da economia dos EUA, que apenas inicia. Muito tarde pode alimentar um processo de bolhas que já está ressurgindo. Enquanto espera, o mundo fica na expectativa, pois qualquer que seja a decisão a mesma respingará em todos.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(29/11/2013 a 05/12/2013)

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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
07/12/2013


UM PIB QUE PATINA
O anúncio de um recuo no PIB do terceiro trimestre de 2013 foi uma ducha de água fria para o governo e para a economia brasileira. Com uma queda de 0,5% em relação ao trimestre anterior, a tendência do PIB global para 2013 se apresenta, agora, pior do que o esperado. Até então, se admitia um PIB entre 2,0% e 2,5%, com o mercado se fixando ao redor de 2,2% nestes últimos tempos. Após 2,7% em 2011 e 1,0% (dado corrigido) em 2012, a expectativa era de que a performance econômica do país em 2013, especialmente depois da excelente safra de verão, pudesse surpreender. Diante dos resultados dos três primeiros trimestres o quadro exige nova avaliação. Afinal, crescemos 0% no primeiro trimestre, 1,8% (corrigido) no segundo trimestre, e agora menos 0,5%. Será preciso um quarto trimestre muito bom para manter um PIB final acima de 2%, mesmo que, no acumulado dos nove primeiros meses do ano, o PIB esteja em 2,4% de crescimento (mas a base de comparação de 2012 é muito baixa). Além disso, a queda de agora foi a primeira desde o primeiro trimestre de 2009, confirmando os efeitos da relativa paralisia da economia brasileira nos últimos três anos.  Dito isso, diversas lições podem ser tiradas dos atuais resultados. Em primeiro lugar, em comparação a 2012, o crescimento econômico brasileiro está melhor, porém, longe do projetado pelo governo no início do ano (4% a 4,5%) e mais longe ainda do necessário (6% a 7%).

UM PIB QUE PATINA (II)
Em segundo lugar, o resultado do terceiro trimestre confirma a forte paralisação da indústria e dos serviços, que já acumulam um longo período de dificuldades, e a enorme dependência do setor agropecuário. Se o PIB do segundo trimestre cresceu 1,8% graças a performance do setor primário, particularmente puxado pela safra de verão e, nela, a safra de soja, agora o recuo se deve exatamente porque o setor primário registrou baixa performance entre julho e setembro, com o adicional de que os efeitos da safra de soja já se esgotaram para este ano. Assim, a agropecuária, ao recuar 3,5% neste último trimestre, eliminou o parco crescimento de 0,1% que a indústria e os serviços registraram no período. Aliás, o crescimento de 2,4% no acumulado dos nove primeiros meses de 2013 está todo ele calcado na agropecuária, que registra um aumento de 8,1% no período, contra apenas 1,2% na indústria e 2,1% nos serviços. Nesse contexto, diante das dificuldades de retomada industrial no país, torna-se fundamental que a próxima safra de verão não sofra percalços climáticos para que se consiga, como espera o mercado, pelo menos 2,2% de PIB em 2014.

UM PIB QUE PATINA (III)

Em terceiro lugar, continuamos com baixo investimento. Neste terceiro trimestre a Formação Bruta de Capital Fixo (que sinaliza os investimentos na economia) recuou 2,2%. Aliás, nossa taxa de investimento em relação ao PIB tem ficado ao redor de 18% nos últimos anos quando o necessário seria de 25%. A bem da verdade o país nunca alcançou, em sua história, tamanha taxa de investimentos. E isso porque nunca tivemos poupança suficiente para investir, sempre dependendo muito dos recursos externos. Enfim, em quarto lugar, o que ajudou o PIB do trimestre a não ser pior foi o consumo das famílias, que registrou um avanço de 1%. Aliás, é este consumo que tem dado sustentação ao PIB nacional nos últimos anos, fato que explica a insistência do governo, mesmo com o risco de gerar bolhas de crescimento setoriais (caso dos automóveis, da construção civil e outras), em continuar gerando medidas que estimulem tal consumo. Por enquanto, graças a uma melhoria da massa salarial, a situação é administrável, porém, o aumento do endividamento e da inadimplência, associado a maiores dificuldades na geração de empregos, está colocando areia na engrenagem, comprometendo o futuro. Assim, enquanto não consegue reformar a casa, para manter um mínimo de crescimento o país necessita com urgência que a economia mundial saia logo da crise e, com isso, volte a nos puxar já que o modelo baseado no fôlego interno, por enquanto, demonstra claros sinais de esgotamento.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

COMBUSTÍVEIS: AUMENTO FOI INSUFICIENTE

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
05/12/2013


O governo brasileiro abusou, mais uma vez, ao subsidiar o preço dos combustíveis no Brasil, impedindo que a Petrobrás repassasse os preços de importação do petróleo, gasolina e diesel ao consumo final. Além disso, a partir da crise mundial de 2007/08 estimulou o consumo destes combustíveis ao apoiar, via isenção de impostos, a compra de automóveis, caminhões, motocicletas e utilitários. No curto prazo, em havendo estrutura, a ideia é válida. O objetivo era manter um mínimo de crescimento econômico sem gerar muita inflação. Para tanto, penalizou-se as empresas estatais. Todavia, o processo se prolongou em demasia. Em pouco tempo o rombo econômico-financeiro na Petrobrás estava formado e em constante crescimento. A estatal do petróleo começou a se inviabilizar, exatamente no momento em que se principia a exploração de alguns pontos da chamada área do Pré-Sal, onde a necessidade de altos investimentos é evidente. Resultado: se conseguiu segurar parcialmente a inflação, porém, em níveis elevados; não se conseguiu manter o crescimento do país a partir de 2011; e a Petrobrás entrou em colapso. As constantes quedas no valor de suas ações na Bovespa retratam isso nestes últimos anos. Ou seja, um governo que se dizia defensor das estatais comprometeu a sobrevivência da principal estatal brasileira, assim como vem colocando em xeque a saúde da Caixa Federal e outras empresas. Desta forma, chegamos ao final de novembro de 2013 com uma defasagem nos preços dos combustíveis nacionais, em relação ao que se paga por eles no exterior, muito grande. No caso da gasolina a mesma era de 27,6%. Como não é possível recuperar de uma só vez tal diferença, pois a inflação nacional dispararia muito mais do que irá disparar agora (desde que não haja maquiagens oficiais), o processo de aumento dos combustíveis se dá a conta-gotas. Assim, com o aumento nas refinarias de 4% para a gasolina e 8% para o diesel, o primeiro já subiu 10,9% em 2013 e o segundo 19,6%. Muito acima da inflação oficial que ronda a casa dos 5,8% anuais no momento, porém, longe de ser suficiente tamanho é o prejuízo causado. Portanto, a recuperação dos preços dos combustíveis deve continuar em 2014 (se as eleições deixarem). O problema é que a defasagem pode aumentar em havendo uma desvalorização ainda mais forte do Real, pois encareceria ainda mais nossas importações de petróleo e derivados. O mercado já deu um claro sinal de que o aumento atual foi insuficiente na medida em que os títulos da Petrobrás, na segunda-feira (02/12), caíram 10,37% (ON) e 9,2% (PN), se constituindo na pior queda desde 12/11/2008. No ano, tais ações já perderam 16% e 11% respectivamente, se constituindo no elemento motor das perdas gerais da Bovespa, que amarga uma baixa de 15,93% em 2013. Medidas populistas são boas no imediato, depois a conta chega pesada, atingindo em cheio particularmente os mais pobres. No Brasil, a conta começou a chegar em 2011 e vem se agravando a cada dia que passa, espalhando-se para todos os setores da economia.  

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