:)

Pesquisar

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(24/07/2015 a 30/07/2015)




Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

REAÇÃO EM CADEIA


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
30/07/2015

A radical redução da meta de superávit primário para 2015 (a mesma passou de 1,1% para 0,15% do PIB), adicionada a um viés que prevê até mesmo mais um déficit ao final do ano, representa uma derrota para o ministro da Fazenda Joaquim Levy. A mesma é um claro testemunho de que o Brasil não está conseguindo reduzir as despesas públicas diante de receitas que recuam rapidamente na medida em que a economia se consolida na recessão. A reação do mercado foi imediata. Os investidores internacionais se retraem e sai mais dólar do país, pois o risco de perdermos o grau de investimento, junto às agências internacionais de risco, aumentou consideravelmente. Isso levou nossa moeda a ultrapassar os R$ 3,36 por dólar (o mais baixo nível desde 2002) nesta última semana de julho, com projeções revisadas de que o ano termine agora com um câmbio ao redor de R$ 3,45. Ao mesmo tempo, a Bovespa amargou quedas sucessivas. Paralelamente, a pressão inflacionária, pela maior desvalorização do Real, cresceu e a tendência é de terminarmos o ano na casa dos 10% (IPCA), uma das mais elevadas da era Real. Para conter tal ímpeto inflacionário o governo se vê obrigado a aumentar novamente a taxa de juros (Selic), tendo no horizonte de curto prazo 14,25% ao ano, com possibilidades de mais aumentos no restante do ano. Ora, como se sabe, um juro desta envergadura eleva os juros gerais da economia, contribuindo ainda mais para a paralisação da mesma, em um momento que caminhamos para terminar 2015 com um PIB negativo de 2%. Isso alimenta ainda mais o desemprego, acelerado que está pela estagnação da demanda interna há um bom tempo, somada a um mercado externo ainda tímido. Para complicar o cenário, a crise na China se agrava, via queda expressiva do indicador da Bolsa de Xangai (8% de recuo apenas no dia 27/07, apesar de todas as medidas oficiais para contê-lo). Ora, na China, contrariamente à maioria dos países, são os pequenos poupadores que aplicam em Bolsa. Tal perda significa queda acentuada na renda e no poder de consumo popular, atingindo os países que exportam para os chineses, caso do Brasil. Em síntese, a ação oficial brasileira de reduzir o superávit primário provocou uma reação em cadeia que indica um caminho ainda mais longo para o país sair da atual crise. Se antes havia alguma esperança para o final de 2016, agora se torna de bom alvitre esperar, na melhor das hipóteses, que as coisas venham a iniciar uma saída do fundo do poço (ao qual ainda não chegamos) somente por volta de 2017, e talvez ainda mais longe. Nesse sentido, é bom ainda agregar que a crise política no país igualmente se agrava e retira ainda mais margem de manobra do governo. A irresponsabilidade na gestão pública, entre 2007 e 2014, irá cobrar um preço muito maior do que o esperado, comprovando, se isso fosse necessário, que na economia não há espaços para aventuras. 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(17/07/2015 a 23/07/2015)




Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

O MINISTRO TEM RAZÃO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
23/07/2015


Para não atingirmos o estágio de crise em que a Grécia chegou, o Brasil precisa aprofundar e acelerar o ajuste fiscal e as reformas estruturais. Se falharmos, a crise só irá piorar. Afinal, como honestamente um aposentado grego afirmou: “... os servidores públicos (na Grécia) costumam receber acima da média da população. Muitos receberam cedo a aposentadoria e trabalharam pouco. Eu, por exemplo, estou aposentado há 29 anos, porém, trabalhei apenas cinco anos, se tanto. Ou seja, não fizemos as reformas necessárias.” (cf. George Moratis, ZH 08/07/2015, p.12). No Brasil a realidade não é muito diferente no setor público. Altos salários e privilégios, a partir de direitos adquiridos inconseqüentes, colocam a economia do país de joelhos, diante de um Estado perdulário e ineficiente em suas atribuições. Hoje, enquanto a economia brasileira caminha para fechar o ano com um PIB negativo entre 1,5% a 2%, o Estado arrecada, por esse motivo, cada vez menos (junho resultou na pior arrecadação para esse mês desde 2010), enquanto os diferentes poderes relutam em cortar suas despesas. A conta continua não fechando! Devido a isso, a confiança do empresariado nacional e estrangeiro, que gera empregos, atinge o pior nível em 16 anos no país, justamente porque não se observa grandes avanços no ajuste fiscal e nas reformas estruturais necessárias. E o pessimismo do empresariado aumenta no horizonte dos próximos seis a 12 meses, indicando que 2016 possa ser pior que 2015. Isso, diante de um mercado onde a inadimplência do consumidor cresce assustadoramente (40% da população brasileira entre 18 e 95 anos está inadimplente neste momento, segundo o SPC Brasil), derruba as vendas radicalmente. Nesse contexto, e com exportações limitadas pela falta de competitividade, o desemprego se tornou uma triste realidade. O mês de junho foi o pior desde 1992 (início da série histórica), com 111.200 vagas eliminadas. E não há nenhum sinal de melhoria no médio prazo. Contraditoriamente, a chamada ala política do governo federal passou a defender uma redução imediata da meta fiscal, hoje em 1,1% do PIB para 2015. A proposta é reduzi-la para algo entre 0,4% e 0,6% do PIB. Ora, o Brasil afundou na atual crise, dentre outras coisas, justamente por não realizar o ajuste fiscal necessário, maquiando dados contábeis numa demonstração atroz de amadorismo na gestão pública. É a velha receita de atacar a febre e não a doença que a está gerando e consumindo o paciente. Diante disso, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que resiste a esta ala irresponsável (a mesma defende menor meta fiscal visando gastar mais), está com toda a razão ao afirmar que a fraqueza da economia se situa hoje nas incertezas e indefinições apresentadas pelo governo quanto a fazer um ajuste completo e profundo em suas contas. Ora, foi justamente porque gastamos muito e mal, alimentando promessas populistas sem base econômica, é que chegamos ao atual estado de coisas. Reduzir a meta fiscal é avançarmos nessa direção, afundando ainda mais o país.    

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(10/07/2015 a 16/07/2015)




Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

A BOLHA CHINESA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
16/07/2015


Não é de hoje que se sabia que a economia chinesa, em alguns aspectos, igualmente era sustentada por bolhas econômico-financeiras. Assim como ocorreu com a Bovespa brasileira, que em 2007 chegou a apresentar um rendimento ao redor de 100% em boa parte das ações ali negociadas, quando o crescimento da produção real brasileira (PIB) foi de 6,1% naquele ano, a Bolsa de Xangai, na China, registrou um ganho de 150% nos 12 meses encerrados em 12 de junho de 2015, diante de um PIB anual de 7%. Assim como no Brasil (e em outras partes do mundo no transcorrer da história), onde a bolha especulativa bursátil estourou em 2008 e, desde então, o Ibovespa jamais alcançou a sua pontuação recorde de maio/08, estando hoje 27,7% abaixo do mesmo, também na China a bolha bursátil acaba de estourar (o índice local perdeu 32% entre meados de junho e meados de julho), provocando tremores na economia real mundial. Afinal, trata-se da segunda maior economia do mundo na atualidade. Já em 2010, ao alertarmos para novas bolhas especulativas que surgiam, citávamos justamente a China através de um exemplo prosaico, porém, de sérias conseqüências. Grande parte dos criadores de suínos daquele país, naquela oportunidade, estava comprando contratos futuros de cobre, pois consideravam mais rentável utilizar os empréstimos generosos dados pelos bancos para comprar contratos futuros de metais na Bolsa de Xangai, ao invés de modernizarem suas pocilgas e investirem na produção. Movimentos como esse caracterizam um forte aumento do valor de um ativo, sem relação com o jogo normal de oferta e demanda. Eles são causados por investidores que antecipam uma alta e compram massiçamente contratos dos produtos em Bolsa com a esperança de revendê-los mais caros. Sob esse empuxe, o enriquecimento se realiza e atrai novos especuladores, e assim por diante. Esta espiral sempre termina mal. Aconteceu em 1929 nos EUA, no Brasil em 2007/08, no setor imobiliário estadunidense nesta mesma época, e agora na China, para citarmos alguns casos. Apesar da reação do governo chinês, existem grandes dúvidas sobre o tamanho do problema que os chineses têm em mãos. Na economia real, o efeito foi imediato, com os produtos importados pela China perdendo valor. No espaço de uma semana o minério de ferro viu sua tonelada perder 12% de seu valor no mercado mundial. A soja, outra commodity que o Brasil exporta muito para a China, ainda está sendo poupada do impacto. Até quando? Mas o ponto mais relevante a considerar é que o estouro da bolha só irá acelerar a freada econômica junto a um dos principais motores do crescimento mundial. Estamos diante, portanto, de mais um elemento externo que, para além da importante crise interna, nos indica que o cenário econômico global entrou definitivamente em outra fase, onde a racionalidade financeira ocupa o espaço da gastança irresponsável.  

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(03/07/2015 a 09/07/2015)




Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

COMÉRCIO EXTERIOR: O BRASIL REAGE (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
09/07/2015


Os primeiros três dias úteis de julho consolidaram o retorno do superávit comercial brasileiro, depois de mais de um ano no vermelho. No acumulado do ano o superávit chega a US$ 2,86 bilhões, contra um déficit de US$ 1,23 bilhão no mesmo período de 2014. Antes que venhamos a comemorar o fato em si, necessário se faz abrir os números e afinar a análise. De onde se origina tal superávit? Infelizmente de uma redução maior das importações, em relação às exportações, e não pelo aumento destas últimas. Assim, em relação ao mesmo período do ano passado (seis meses e mais três dias úteis de julho) as importações recuaram 18,3%. Ao mesmo tempo, as exportações caíram 14,9%. Ou seja, a recessão econômica brasileira freia de forma mais contundente as compras externas, sem assistirmos a uma recuperação nas exportações. Isso provoca um saldo comercial positivo, porém, resultante de uma realidade comercial em queda. Em termos de corrente comercial, o Brasil continua, portanto, perdendo espaço no cenário mundial. Essa realidade, somada ao fato de que o PIB brasileiro não é mais puxado pela demanda interna (algo que se vê desde 2011), fez o governo federal acordar mais um pouco. Esse despertar, após 12 anos em que imaginou erroneamente que o país poderia avançar no comércio mundial apostando nas pequenas economias do Planeta, levou o governo a acelerar as tentativas de colocar em prática acordos de livre-comércio com os EUA, com a União Europeia, China e outros países com maior poder aquisitivo. A recente visita da presidente Dilma aos EUA teve particularmente esse objetivo: abrir o mercado estadunidense para os produtos brasileiros, pois necessitamos urgentemente de um crescimento nas exportações para melhorar o péssimo desempenho, nestes últimos anos, da indústria brasileira em particular e da economia nacional em geral. Faz cinco anos, pelo menos, que o Brasil não fecha um acordo comercial com um país de peso. Isso dá a dimensão de nosso atraso nessa área e escancara, se assim fosse necessário, mais um erro estratégico de nossa gestão pública federal. Em 2003, no início do governo Lula, deixamos congelar a construção da Área de Livre-Comércio das Américas (ALCA) sob a escusa de que estaríamos “nos entregando” aos interesses dos EUA. Na oportunidade, desdenhamos completamente nossa capacidade de negociação e nossa força produtiva, em favor de uma ideologia retrógrada. Agora, o mesmo governo desembarca nos EUA, premido pela necessidade, declarando que “...a negociação de um acordo de livre-comércio (com os EUA) é uma aspiração do governo brasileiro.” Nossa péssima política externa nestes últimos 12 anos nos colocou à margem do mundo, a ponto de nem mesmo conseguirmos consolidar o Mercosul nesse interregno. Parece que iniciamos uma reação, mas quantos recursos, investimentos e empregos perdidos nesse longo período de letargia! 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(26/06/2015 a 02/07/2015)




Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

O FUNDO DO POÇO



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
02/07/2015

Contrariando as expectativas mais otimistas, a crise econômica brasileira ainda não alcançou o fundo do poço neste final de primeiro semestre. Os diferentes indicadores econômicos têm piorado constantemente e os últimos anunciados ainda demonstram que o tombo continuará mais um tempo. Terminamos o primeiro semestre de 2015 com uma projeção de PIB anual de 1,5% negativo, com possibilidades de alcançar 2%; uma taxa de juros SELIC de 13,75% com tendência a chegar a 14,25% até o final do ano; mesmo assim, a inflação oficial (IPCA) aponta para 9% no acumulado anual (o dobro do centro da meta e a mais elevada desde 2003); a taxa de desemprego oficial nas principais capitais atingindo a 6,7% e no conjunto do país batendo em 8% e em elevação (os jovens entre 18 e 24 anos enfrentam uma taxa de desemprego de 16,4%); o setor industrial completamente parado e sem perspectivas de médio prazo; a balança comercial, mesmo com toda a força do agronegócio e a forte desvalorização do Real, atingindo um superávit acumulado, até a terceira semana de junho, de apenas US$ 914 milhões (após longo período no vermelho); e o pior, com o executivo federal não conseguindo fechar as contas porque os ajustes propostos não são aprovados na integralidade pelo Congresso Nacional e, porque, a arrecadação caiu significativamente devido a recessão econômica existente. Assim, o dado mais preocupante vem justamente das contas públicas. Em maio o déficit primário foi de R$ 8 bilhões, sendo o pior resultado para o mês nos últimos 17 anos. Nos primeiros cinco meses deste ano a economia do setor público, para o pagamento dos juros da dívida, recuou 65,6%, o pior resultado desde 1998. Também pudera as despesas totais do Estado, nos primeiros cinco meses do ano, aumentaram 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Ou seja, nota-se claramente que as medidas até aqui tomadas e aprovadas para o ajuste fiscal são insuficientes. Ou se arrocha mais a economia, atacando definitivamente o problema, reduzindo os gastos públicos e o tamanho do Estado, ou se adota a velha política enganosa de atacar a febre e não a doença que a causa. Nesse momento, infelizmente, o governo parece cogitar, mais uma vez, pela segunda opção ao indicar a possibilidade de reduzir a meta do superávit primário para este ano, que está em 1,1% (inicialmente era de 1,2%), para apenas 0,6%. Se assim proceder alimentará ainda mais a possibilidade de perdermos o grau de investimento, com as óbvias conseqüências nefastas do ato, além de prolongar a agonia econômica da Nação brasileira. Ou seja, no quadro atual, o fundo do poço de nossa crise econômica, que é muito mais séria do que alguns tentam fazer crer, talvez só se delineie no final do ano, deixando antever que 2016 e, agora, 2017 serão igualmente muito difíceis.

Postagens Anteriores