Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
23/11/2013
A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO
ANO
Estamos encerrando o ano de 2013 e, como se prenunciava, a economia
nacional registra um de seus piores momentos dos últimos anos. Praticamente
todos os indicadores econômicos estão sinalizando “perigo”. O PIB, apesar de
registrar um crescimento em relação ao 0,9% de 2012, não será maior do que 2% a
2,5%, quando o necessário para o país seria algo entre 6% a 7% anuais. E a
expectativa para 2014 é de permanecer nesta faixa, desde que as safras
agrícolas de verão se repitam positivas. Nesse contexto, o crescimento
industrial nacional talvez alcance 1%. As taxas de investimento e poupança
tendem a se consolidar entre 17% e 19% do PIB, contra uma necessidade de 25% se
quisermos alavancar um crescimento mais robusto. O nível de emprego, que vinha
sendo o ponto mais positivo pelas contas oficiais, termina o ano dando sinais
de redução, com aumento do desemprego em muitos setores. A taxa média de
desemprego, nos oito primeiros meses do ano, ficava em 5,7%, repetindo a
performance de 2012 no mesmo período. Porém, nas capitais nacionais a taxa
média alcança os 10%. Com a baixa produtividade da mão de obra, em relação aos
custos de produção, as empresas nacionais se veem hoje obrigadas a despedir. A
inflação nacional, medida pelo IPCA, deverá terminar o ano entre 5,8% e 6%,
praticamente repetindo os 5,8% do ano passado. Dentro da meta estabelecida,
porém, longe dos 4,5% que é o centro da meta e que tem sido o percentual
buscado pelo atual governo. Com o agravante de que a inflação de outubro
(0,57%) foi a mais elevada desde fevereiro passado.
A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO
ANO (II)
Preocupado com a inflação, o governo se viu obrigado a elevar novamente
o juro básico. Após iniciar o ano em 7,25%, a Selic caminha para fechar 2013 em
10%, com tendência a continuar se elevando no próximo ano. Isso puxa para cima
os juros comerciais, de cartão de crédito, cheque especial, financiamento e outros
que, aliás, pouco havia baixado apesar dos esforços oficiais de tentar
reduzi-los “no grito”. Confirmando que na economia não há mágica e a ciência em
questão é mais exata do que se imagina. E aumentar juros significa colocar um
freio adicional ao difícil crescimento econômico que já estamos vivendo. Na
área comercial, o país chega no final da terceira semana de novembro de 2013
com um saldo negativo de US$ 105 milhões no acumulado do ano, contra US$ 17,3
bilhões positivos no mesmo período de 2012. Aliás, esse é o pior resultado
desde o ano 2000 na área do comércio exterior. Isso impacta nas demais contas
públicas. A balança de transações correntes, que inclui o resultado da balança
comercial, deverá terminar o ano com um déficit recorde de US$ 70 bilhões,
exigindo retirada de reservas para cobrir o rombo que isso gerará na balança de
pagamentos. E, por falar em reservas, devido a fatores externos, mas
principalmente ao descrédito que o mundo passou a dar às decisões econômicas do
atual governo, acusando-o desde o final do ano de 2012 de maquiar os dados da
economia, o real enfrentou, a partir de maio passado, uma forte desvalorização.
A mesma, em meados do ano, chegou a ultrapassar os 22%. Isso obrigou o governo
a comprometer as reservas cambiais, hoje ao redor de US$ 370 bilhões, através
de leilões cambiais visando segurar o real em um patamar considerado aceitável
(entre R$ 2,15 e R$ 2,25), porém, vem encontrando grandes dificuldades para
estabilizá-lo em tais níveis. Ora, um real desvalorizado gera mais inflação
pela forte dependência de importações que temos. E o círculo vicioso se fecha!
A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO
ANO (III)
E, para os desinformados que acreditam no discurso de que não temos mais
dívida externa, sinto informar que a mesma iniciou o ano de 2013 em US$ 220
bilhões, atingindo US$ 320 bilhões neste final de ano (um aumento superior a
45% em 12 meses). Para completar o quadro, a dívida interna deverá fechar 2013
ao redor de R$ 2,2 trilhões, ou seja, mais de 50% do PIB nacional projetado
para o mesmo ano. Além disso, o superávit primário, que iniciou o ano com a
meta de 3,1% do PIB, foi revisto para 2,3% pelo governo e, pelos números deste
final de ano, terá dificuldades para atingir a 1,8%. Isso porque o governo, nas
suas três instâncias, continua gastando muito mais do que arrecada, sendo que a
maior parte dos gastos é para manter a inchada máquina pública. Enfim, o modelo
de crescimento baseado no consumo interno definitivamente se esgotou e o
governo não gerou modelo alternativo, não fez as reformas estruturais
necessárias e nem irá fazê-las em 2014 por ser um ano de eleições
presidenciais. Não é de se admirar, portanto, que as manifestações populares
igualmente ressurgiram em 2013!