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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Análise Semanal de Mercados do Dólar, da Soja, do Milho e do Trigo

(22/11/2013 a 28/11/2013)

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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
30/11/2013

A MAQUIAGEM OFICIAL
A partir de meados de 2012 notou-se um processo de maquiagem dos dados econômicos brasileiros por parte do governo federal. Esse processo se cristalizou aos olhos dos analistas internacionais no final daquele ano, quando as principais revistas e jornais econômicos do mundo passaram a acusar a nova realidade brasileira. O governo, não tendo como desmentir a realidade, calou-se. Mas o mercado iniciou um processo de retirada de divisas do país, além de uma redução de investimentos. Tal situação, somada a fatores externos, levou a moeda brasileira, a partir de maio de 2013, a um forte movimento de desvalorização. Tal movimento, contido parcialmente neste final de ano, se mantém. Tanto é verdade que, entre os R$ 2,00 por dólar de meados de maio e os atuais R$ 2,30 tem-se uma desvalorização de 15%. Na prática, não sendo competente para estancar o déficit público e a corrupção desenfreada que grassa no país, o governo tenta maquiar os dados tentando passar uma imagem irreal de nossa economia. No caso do superávit primário, por exemplo, o país corre o risco de nem mesmo atingir 1,8% do PIB quando a meta inicial pré-estabelecida é de 3,2%. Essa fragilização da economia coloca o Brasil em outra dimensão aos olhos do mundo desde o final de 2010. Hoje o país é visto com preocupações, correndo o risco de assistir a um recuo em sua nota de avaliação junto às chamadas “agências de risco”. E o quadro futuro não indica melhorias do cenário!

A MAQUIAGEM OFICIAL (II)
Há muitas maneiras de se maquiar dados oficiais. Desde os índices de inflação, caso muito corriqueiro na Venezuela e na Argentina nos últimos tempos, até as contas públicas em geral. Dentre estas, um exemplo concreto brasileiro assistimos junto à balança comercial do país. Assim, as plataformas marítimas para exploração de petróleo em alto mar, que estão sendo produzidas em Rio Grande (RS), entram na balança comercial como saldo de exportação, embora as mesmas fiquem em território brasileiro. A P-63, por exemplo, alcançou um valor de exportação de US$ 1,6 bilhão em julho passado. Assim, “apesar de fabricada no país e de ficar em operação aqui, o processo é considerado exportação. Há apenas um registro contábil da operação, para uma subsidiária da Petrobras fora do Brasil. Em julho a operação foi fechada com o Panamá. Depois, as plataformas retornam ao país como se estivessem sendo “alugadas” por uma empresa estatal localizada no mercado nacional. O impacto aparece na balança comercial do país e do Rio Grande do Sul porque a plataforma é registrada como exportação, mas retorna ao país como “admissão temporária de bens”, não entrando nas estatísticas de importação”. (cf. ZH 26/09/2013, p. 22)

A MAQUIAGEM OFICIAL (III)
Em outubro passado novamente o processo se fez presente. O Rio Grande do Sul apareceu com o maior superávit comercial do país, atingindo a US$ 2,3 bilhões e o município de Rio Grande como o terceiro do país que mais exportou, atingindo a US$ 5,9 bilhões. Tudo por conta deste jogo contábil com as plataformas petrolíferas. Esta maquiagem oficial, que engana os menos informados e acostumados com esse tipo de jogo, não passa despercebida pelo mercado internacional. Somando-se a outros movimentos deste tipo, no conjunto da economia, o resultado é o descrédito que o país vem tendo no cenário mundial a cada ano que passa. Mas o pior é que, mesmo com toda essa maquiagem, o saldo da balança comercial brasileira continua negativo em 2013. Entre janeiro e o dia 24 de novembro o déficit atingiu a US$ 1,45 bilhão. E isso que a forte desvalorização do Real, desde maio passado, é favorável ao exportador nacional.   

  

PRIVATIZAÇÕES: UMA NOVA POSTURA OFICIAL (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
28/11/2013

Assim como na área do petróleo e outros setores, o governo brasileiro acaba de “privatizar” mais alguns aeroportos, no caso o de Confins em Minas Gerais e o Galeão no Rio de Janeiro. Efetivamente não se trata de uma privatização clássica, onde o patrimônio público é vendido ao setor privado. Por questões ideológicas, o governo vem criando artifícios do tipo parceria-público-privada e concessões. Esse último caso retrata o que se fez com os aeroportos em questão. Por 25 a 30 anos, com prorrogação de mais cinco, a iniciativa privada irá administrá-los. Em muitos casos, iniciativa privada estrangeira. Assim, o que importa de fato nesta questão é que, embora tardiamente, e muito devido ao estouro das contas públicas que o mau gerenciamento oficial provocou, o governo vem tentando acelerar a melhoria de nossa infraestrutura nestes últimos tempos. Isso é importante e confirma o acerto das privatizações feitas nos anos de 1990 e que foram tão criticadas pelos atuais governantes. Podemos sim criticar a eficiência das privatizações/concessões no que diz respeito ao sucesso financeiro dos leilões realizados. Sempre se terá a sensação de que o país poderia ter arrecadado muito mais, inclusive nos processos atuais. Todavia, o que mais interessa aqui é que, mesmo ofuscado por anos de radicalismo ideológico interesseiro, o atual governo, assim como na época de FHC, se deu conta de que o Estado brasileiro, da forma como está estruturado, não tem condições de gerenciar empresas com a eficiência que o mundo de hoje requer. E, diante do caos de infraestrutura que se instala no país, acelera-se a transferência do processo para a iniciativa privada. Obviamente, isso exige um controle estatal sobre o funcionamento do processo nas mãos desta iniciativa privada, fato que requer modernizar e agilizar a atuação das chamadas agências de regulação. Mas não há dúvida, se tivermos que destacar um dos poucos pontos positivos de a Copa do Mundo de 2014 ser realizada no Brasil, esse é um deles. O fato de o governo atual reconhecer sua ineficiência empresarial e passar a uma ação em direção à iniciativa privada. Essa mudança de postura pode ser o início de um amadurecimento ideológico de quem nos governa há 10 anos, caminhando para um pragmatismo de resultados concretos para a sociedade e deixando de lado ilusões que não encontram apoio na realidade nacional, a não ser para perpetuar no poder a incompetência dos que manipulam tais ilusões diante de um povo mal formado e informado.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(15/11/2013 a 21/11/2013)

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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

MERCADO DO LEITE: EUFORIA E CUIDADOS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
26/11/2013

Nos últimos anos o leite vem surpreendendo positivamente os produtores, confirmando o acerto na diversificação produtiva regional nesta direção. Em 2013 o preço médio atingiu o seu mais elevado nível nominal, ultrapassando R$ 1,00/litro bruto ao produtor que ofereça um produto dentro dos padrões exigidos pelo mercado. Em termos nacionais, até setembro passado, segundo o Cepea/ESALQ/USP, o preço do leite havia atingido o seu mais alto valor real em 13 anos. Ou seja, já descontada a inflação, o produtor de leite brasileiro, na média, recebia o mais alto valor em mais de uma década. Em termos nominais, a média nacional de setembro passado ficou em R$ 1,11/litro bruto, superando em 21,7% o valor registrado em setembro de 2012. Já o valor líquido médio atingiu a R$ 1,03/litro. No Rio Grande do Sul, a média do litro, em meados deste mês de novembro, ficou em R$ 0,90 em termos brutos, superando em 23,3% o valor médio de um ano atrás. Essa realidade auxiliou, sem dúvida, na capitalização das pequenas propriedades rurais brasileiras em geral e gaúchas em particular, a grande maioria dedicada também ao leite. Todavia, é preciso manter o gerenciamento da produção em dia. Isso porque a tendência é de uma estabilização nos preços e, até mesmo, um retorno a patamares médios menores. Por um lado, porque o acesso à renda, por parte do brasileiro, chegou a um limite, particularmente devido ao seu forte endividamento e inadimplência em muitos casos. Por outro lado, porque o Estado brasileiro será obrigado a fazer reformas, mais dia menos dia, e isso tende a alterar o quadro dos programas sociais existentes nos últimos tempos. Enfim, o mercado continuará exigente e seletivo. Segundo estudos nacionais, o cenário para 2020 no Brasil está indicando um excedente de 5,5 bilhões de litros anuais, fato que exigirá um crescimento de 2,8% anuais da produção e não mais de 4% como nestes últimos tempos. Nesse contexto, se o Brasil tiver 120.000 produtores de leite profissionalizados daqui a seis anos, com um plantel individual de 45 vacas, a uma produtividade de 20 litros/vaca/dia, a produção anual nacional chegaria a 39,4 bilhões de litros, mais ou menos o consumo projetado para 2020. Hoje o país estaria com 250.000 produtores de leite no mercado formal. Que cuidemos para que não seja a produção regional a ser excluída!


TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
23/11/2013

A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO ANO
Estamos encerrando o ano de 2013 e, como se prenunciava, a economia nacional registra um de seus piores momentos dos últimos anos. Praticamente todos os indicadores econômicos estão sinalizando “perigo”. O PIB, apesar de registrar um crescimento em relação ao 0,9% de 2012, não será maior do que 2% a 2,5%, quando o necessário para o país seria algo entre 6% a 7% anuais. E a expectativa para 2014 é de permanecer nesta faixa, desde que as safras agrícolas de verão se repitam positivas. Nesse contexto, o crescimento industrial nacional talvez alcance 1%. As taxas de investimento e poupança tendem a se consolidar entre 17% e 19% do PIB, contra uma necessidade de 25% se quisermos alavancar um crescimento mais robusto. O nível de emprego, que vinha sendo o ponto mais positivo pelas contas oficiais, termina o ano dando sinais de redução, com aumento do desemprego em muitos setores. A taxa média de desemprego, nos oito primeiros meses do ano, ficava em 5,7%, repetindo a performance de 2012 no mesmo período. Porém, nas capitais nacionais a taxa média alcança os 10%. Com a baixa produtividade da mão de obra, em relação aos custos de produção, as empresas nacionais se veem hoje obrigadas a despedir. A inflação nacional, medida pelo IPCA, deverá terminar o ano entre 5,8% e 6%, praticamente repetindo os 5,8% do ano passado. Dentro da meta estabelecida, porém, longe dos 4,5% que é o centro da meta e que tem sido o percentual buscado pelo atual governo. Com o agravante de que a inflação de outubro (0,57%) foi a mais elevada desde fevereiro passado.

A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO ANO (II)
Preocupado com a inflação, o governo se viu obrigado a elevar novamente o juro básico. Após iniciar o ano em 7,25%, a Selic caminha para fechar 2013 em 10%, com tendência a continuar se elevando no próximo ano. Isso puxa para cima os juros comerciais, de cartão de crédito, cheque especial, financiamento e outros que, aliás, pouco havia baixado apesar dos esforços oficiais de tentar reduzi-los “no grito”. Confirmando que na economia não há mágica e a ciência em questão é mais exata do que se imagina. E aumentar juros significa colocar um freio adicional ao difícil crescimento econômico que já estamos vivendo. Na área comercial, o país chega no final da terceira semana de novembro de 2013 com um saldo negativo de US$ 105 milhões no acumulado do ano, contra US$ 17,3 bilhões positivos no mesmo período de 2012. Aliás, esse é o pior resultado desde o ano 2000 na área do comércio exterior. Isso impacta nas demais contas públicas. A balança de transações correntes, que inclui o resultado da balança comercial, deverá terminar o ano com um déficit recorde de US$ 70 bilhões, exigindo retirada de reservas para cobrir o rombo que isso gerará na balança de pagamentos. E, por falar em reservas, devido a fatores externos, mas principalmente ao descrédito que o mundo passou a dar às decisões econômicas do atual governo, acusando-o desde o final do ano de 2012 de maquiar os dados da economia, o real enfrentou, a partir de maio passado, uma forte desvalorização. A mesma, em meados do ano, chegou a ultrapassar os 22%. Isso obrigou o governo a comprometer as reservas cambiais, hoje ao redor de US$ 370 bilhões, através de leilões cambiais visando segurar o real em um patamar considerado aceitável (entre R$ 2,15 e R$ 2,25), porém, vem encontrando grandes dificuldades para estabilizá-lo em tais níveis. Ora, um real desvalorizado gera mais inflação pela forte dependência de importações que temos. E o círculo vicioso se fecha!

A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO ANO (III)
E, para os desinformados que acreditam no discurso de que não temos mais dívida externa, sinto informar que a mesma iniciou o ano de 2013 em US$ 220 bilhões, atingindo US$ 320 bilhões neste final de ano (um aumento superior a 45% em 12 meses). Para completar o quadro, a dívida interna deverá fechar 2013 ao redor de R$ 2,2 trilhões, ou seja, mais de 50% do PIB nacional projetado para o mesmo ano. Além disso, o superávit primário, que iniciou o ano com a meta de 3,1% do PIB, foi revisto para 2,3% pelo governo e, pelos números deste final de ano, terá dificuldades para atingir a 1,8%. Isso porque o governo, nas suas três instâncias, continua gastando muito mais do que arrecada, sendo que a maior parte dos gastos é para manter a inchada máquina pública. Enfim, o modelo de crescimento baseado no consumo interno definitivamente se esgotou e o governo não gerou modelo alternativo, não fez as reformas estruturais necessárias e nem irá fazê-las em 2014 por ser um ano de eleições presidenciais. Não é de se admirar, portanto, que as manifestações populares igualmente ressurgiram em 2013!


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

CRISE MUNDIAL: OS PERIGOS FUTUROS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
21/11/2013

Existe uma situação complexa no cenário mundial quanto a saída da atual crise econômico-financeira iniciada em 2007/08. De um lado, os EUA dão mostras de começar a se recuperar, embora ainda de forma lenta, fato que, paradoxalmente, preocupa o mundo emergente, e nesse caso particularmente o Brasil, porque isso representa a retirada do apoio mensal estatal de US$ 85 bilhões que o Banco Central estadunidense vem dando à sua economia. Como parte deste dinheiro acaba irrigando a economia mundial, isso significa que a liquidez internacional de dólares, mesmo que especulativos, irá diminuir. Com isso, países como o Brasil terão menos entrada da moeda norte-americana. Como tal quadro deve se iniciar nos próximos meses, é de se esperar maior desvalorização do Real, podendo muito bem nossa moeda ultrapassar os R$ 2,40 por dólar em 2014 e não mais ficar na paridade aceitável de R$ 2,15 a R$ 2,25, apesar dos esforços do Banco Central brasileiro. Isso significa, por tabela, maior pressão inflacionária no Brasil se nada for feito para compensar tal movimento cambial. De outro lado, a Europa ainda se encontra em situação perigosa, assim como as finanças mundiais. Segundo o ex-presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, novas bolhas financeiras estão se formando. Isso porque, apesar das atividades especulativas dos bancos terem diminuído, a regulamentação do setor financeiro internacional não ocorreu, pois os países não entraram em acordo sobre como executar tal processo. Assim, “o setor financeiro paralelo continua prosperando e o risco sistêmico permanece”. Torna-se, portanto, urgente que o fôlego oferecido pelos Bancos Centrais à economia mundial, na medida em que, desde 2009, vêm financiando a um alto custo a saída da crise, seja aproveitado pelos setores público e privado dos diferentes países para colocarem suas finanças em ordem (orçamento, reformas estruturais, regras prudenciais, controle de riscos). “Caso contrário, o período presente somente terá servido para preparar a próxima crise”, alerta Trichet. A prova de que a situação financeira e econômica continua perigosa nos vem da amplitude das ações adotadas pelos diferentes Bancos Centrais, dos países desenvolvidos, para administrar a crise e suas repercussões. Antes da crise, tais atitudes eram inimagináveis. O problema é que, olhando ao nosso redor, a maioria dos demais países, inclusive o Brasil, pouco tem feito para efetivamente colocarem suas finanças em ordem.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(08/11/2013 a 14/11/2013)

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terça-feira, 12 de novembro de 2013

A IDEOLOGIA DO FUTURO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
14/11/2013

Em um artigo recente, intitulado “A democracia liberal conseguirá sobreviver ao declínio da classe média?”, Francis Fukuyama destaca, dentre outros pontos interessantes, uma abordagem desafiadora. O autor, que há quase vinte anos ousou desenvolver a tese do “fim da história” (o capitalismo foi o grande vencedor ideológico sobre o socialismo e o comunismo), defende que existe uma correlação entre crescimento econômico, mudança social e ideologia liberal democrática. Ou seja, a ideologia liberal democrática permite o crescimento econômico que, por sua vez, leva a mudanças sociais. E, atualmente, não há ideologia diferente desta que se mostre plausível para substituí-la. Porém, tal hegemonia comporta riscos. O primeiro deles é que o esgotamento do modelo se dá pela impossibilidade de colocar todos os cidadãos em nível superior de crescimento e desenvolvimento econômico. Sem redistribuição da riqueza, isso levará à crises. A de 2007/08 é uma delas. A sociedade descobriu que melhorou seu acesso a bens materiais, porém, não houve grandes evoluções em qualidade de ensino, saúde, previdência, segurança, habitação... As manifestações de junho no Brasil e a Primavera Árabe e seus desdobramentos no Oriente Médio são um alerta nesse sentido. Em segundo lugar, um dos problemas está no uso da tecnologia. Ou seja, a mesma está concentrando ainda mais a renda porque os mais preparados a estão dominando e dela tirando proveito. A desigualdade sempre existiu, porém, o avanço tecnológico amplia estas diferenças se as nações não forem capazes, através de seus governos, a nele se inserirem. Em terceiro lugar, a renda da classe média junto aos países desenvolvidos está recuando devido à globalização, pois a mesma terceiriza o trabalho, os desempregando e/ou reduzindo seus salários. Quem está ganhando, portanto, com a nova ordem mundial é um número pequeno de pessoas nas finanças e alta tecnologia. Aliás, de onde se originou a atual crise econômico-financeira. Em quarto lugar, diante de tudo isso as chamadas esquerdas se fazem ausentes, deixando para a extrema direita a reação. O problema da esquerda é intelectual, pois não consegue analisar coerentemente a realidade e construir uma agenda realista que proteja as classes sociais. Com isso perdeu credibilidade enquanto o modelo paternalista estatal se esgota, assim como o estado do bem-estar social, caro aos europeus. O mundo está esperando por uma ideologia do futuro a qual, segundo Fukuyama, necessariamente terá que ter dois componentes: a) político, que mantenha a democracia sem apostar no Estado-providência e sim redesenhando o setor público; b) econômico, encontrar no contexto do capitalismo o grau em que os governos devem auxiliar as sociedades a realizarem as mudanças. O caminho seria a valorização social e não a valorização das elites e da política do lucro a qualquer preço. Um debate e tanto, sem dúvida! O problema é que o mundo não se mostra preparado para o mesmo, fato que autoriza a pensar que a desigualdade vai continuar a agravar-se.  

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
10/11/2013

MERCADO DE GRÃOS: USDA SE MANTÉM CONSERVADOR
Passados dois meses sem relatório oficial de oferta e demanda nos EUA (o de outubro foi cancelado devido os problemas entre o Congresso e o Executivo daquele país), o documento de novembro, anunciado na tarde desta sexta-feira (08/11) acabou sendo novamente conservador, contrariando as projeções de boa parte do mercado. Isso, no curto prazo, fez as cotações da soja em Chicago retomarem um pouco de fôlego no fechamento do pregão deste mesmo dia. Na prática, analistas privados esperavam o seguinte: a Informa Economics uma safra final nos EUA de 89,8 milhões de toneladas, com produtividade média de 2.803 quilos/hectare. Em outubro sua estimativa de produção era de 86,4 milhões de toneladas; a consultoria FC Stones uma safra de 89 milhões de toneladas, com produtividade média de 2.878 quilos/hectare; enfim, outros analistas privados esperavam que o relatório oficial dos EUA, neste dia 08/11, trouxesse um número de produção ao redor de 87,8 milhões de toneladas, com produtividade média de 2.856 quilos/hectare. Os mesmos trabalhavam com estoques finais ao redor de 5,0 milhões de toneladas. O USDA anunciou, sim, um aumento na produção e estoques finais, porém, com a primeira ficando em 88,6 milhões de toneladas e os estoques em 4,6 milhões. A produtividade média foi estabelecida em 2.891 quilos/hectare, mas a área a ser colhida (faltavam ainda 14% para o término da colheita) foi reduzida. A produção mundial de soja, para 2013/14, está agora estimada em 283,5 milhões de toneladas e os estoques finais em 70,2 milhões, contra respectivamente 267,9 e 60,1 milhões de toneladas no ano anterior. O patamar de preços médios aos produtores estadunidenses passou a valores entre US$ 11,15 e US$ 13,15/bushel (Chicago fechou o dia 08/11 a US$ 13,05 para novembro e US$ 12,57/bushel para maio/14).

MERCADO DE GRÃOS: USDA SE MANTÉM CONSERVADOR (II)
Para o milho, o mercado aponta as seguintes estimativas: o Linn Group indica 363,3 milhões de toneladas; Informa Economics fala em 361,3 milhões; e FC Stone projeta 365,9 milhões de toneladas. Ou seja, todos com cerca de 10 milhões de toneladas acima dos últimos números indicados em setembro/outubro. A produtividade média ficaria entre 10.104 e 10.253 quilos/hectare. Diante disso, os estoques finais de milho nos EUA poderão superar 51 milhões de toneladas. Já o USDA acabou anunciando uma safra de 355,4 milhões de toneladas (faltam ainda 27% da área estadunidense para ser colhida) e estoques finais de 47,9 milhões de toneladas. Já me termos mundiais o relatório apontou uma produção de 962,8 milhões de toneladas (100,1 milhões acima do registrado no ano anterior). Os estoques finais mundiais passaram agora a ser estimados em 164,3 milhões de toneladas. O preço médio aos produtores estadunidenses, em 2013/14, está projetado entre US$ 4,10 e US$ 4,90/bushel (o fechamento de Chicago neste dia 08/11, após o anúncio do relatório, ficou em US$ 4,26/bushel).

MERCADO DE GRÃOS: USDA SE MANTÉM CONSERVADOR (III)
Quanto ao trigo, os números do USDA ficaram dentro do esperado pelo mercado. A produção final dos EUA está agora estimada em 58 milhões de toneladas, com estoques finais, para 2013/14, em 15,4 milhões. Já a produção mundial recuou um pouco, ficando em 706,4 milhões de toneladas, porém, os estoques finais foram elevados para 178,5 milhões de toneladas. No ano anterior, a produção mundial e os estoques finais haviam registrado 655,5 e 175,6 milhões de toneladas respectivamente. O preço médio para os produtores estadunidenses, no corrente ano comercial, ficou estimado pelo USDA entre US$ 6,70 e US$ 7,30/bushel (o fechamento deste dia 08/11 ficou em US$ 6,48/bushel). Nota-se, portanto, que a safra mundial destes três importantes grãos se recupera sensivelmente neste ano. Em se confirmando os números do relatório, ainda há espaço para novas baixas nos preços internacionais destas commodities no médio prazo. E isso que o USDA, em seu relatório, foi um tanto conservador em relação às expectativas do mercado.



Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(01/11/2013 a 07/11/2013)

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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

BALANÇA COMERCIAL, CÂMBIO, INFLAÇÃO E JUROS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
07/11/2013


Na esteira das más notícias econômicas que vive o país em 2013, o início de novembro não ficou indiferente. Quatro elementos fundamentais viraram o mês indicando um cenário pouco alvissareiro para o final do ano e para 2014, confirmando a tendência que se desenha há meses. Em primeiro lugar temos o resultado de nossa balança comercial. Após agosto e setembro com superávits, o mês de outubro voltou a acusar déficit. No total, o mesmo ficou em US$ 224 milhões. No acumulado do ano (10 primeiros meses) o déficit comercial é de US$ 1,83 bilhão e no acumulado de 12 meses (nov/12-out/13) o superávit alcança tão somente US$ 219 milhões, contra US$ 21,7 bilhões um ano antes. E a tendência para os dois últimos meses do ano aponta para dificuldades em corrigir esse rumo já que as festas de final de ano levam a mais importações do que exportações. Para complicar tal quadro, o câmbio voltou a indicar uma aceleração da desvalorização do Real, com o mesmo chegando, neste início de novembro, muito perto de R$ 2,30 por dólar, após algumas semanas estacionado entre R$ 2,15 e R$ 2,20. Tal comportamento deverá levar o governo a manter a venda de dólares no mercado, pois essa dimensão de câmbio eleva os preços dos produtos importados, acelerando a inflação interna. E mais uma vez tal realidade não fica restrita somente a fatores externos, mas igualmente à contínua saída de dólares do país devido à debilidade dos fundamentos macroeconômicos nacionais. Além disso, apesar dos alertas, há uma grande preocupação de que as estatísticas oficiais continuem sendo maquiadas. Afinal, 2014 é ano de eleições presidenciais! Assim, mesmo com a desvalorização cambial ocorrendo desde maio passado, as exportações nacionais, nos primeiros 10 meses de 2013, recuaram 0,9% enquanto as importações aumentaram 9,3%. Quanto à inflação, o IGP-M de outubro cresceu 0,86%. Embora menor do que setembro, o mesmo ficou bem acima dos 0,02% registrados em outubro de 2012. Com isso, o acumulado de 12 meses saltou para 5,27%. Resta agora esperar o IPCA, considerado o índice oficial, embora o mesmo venha sofrendo maquiagens há mais de ano. Esse indicativo de que a inflação não cede alimenta a tendência de que os juros voltarão a subir na última reunião do Copom, prevista para o final deste mês de novembro. Nesse caso, a Selic deverá fechar 2013 em torno de 10%. Uma ação monetária de curto prazo necessária, porém, inibidora do crescimento da economia. Não é por nada que o mercado avança um PIB de somente 2,2% em 2014, contra uma expectativa de algo entre 2,0 e 2,5% em 2013.  É de se imaginar o que teria sido de nossa economia neste ano que finda se as safras agrícolas não tivessem transcorrido bem, especialmente os grãos de verão como a soja.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(25/09/2013 a 31/10/2013)

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