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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

20/11/2015 a 26/11/2015)




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A SELIC E O BRASIL DE 2016 (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
26/11/2015


Convidado, em entrevista, a responder sobre a estratégia do aumento da taxa de juros no Brasil e o futuro da economia nacional em 2016, analiso que o governo brasileiro, após ter tentado baixar os juros "no grito", entre 2012 e 2013, se deparou, obviamente, com o fracasso de tal medida, já que o processo acelerou a alta da inflação. Tal elevação dos preços já vinha ocorrendo em função de uma demanda estimulada (2010) que se deparou com uma oferta precária, a começar pelos serviços públicos e os chamados insumos básicos (combustíveis, energia, mão de obra qualificada etc...). Diante disso, assim que o governo foi reeleito, em outubro de 2014, o mesmo reverteu a estratégia e passou a aumentar o juro básico (Selic) com o objetivo de frear a inflação e trazê-la para o centro da meta (4,5%) no final de 2016. Esses aumentos foram constantes até julho/15 quando a taxa básica atingiu a 14,25%. Tal taxa praticamente dobrou em cerca de um ano. Como, em 2015, passamos de uma inflação de demanda para uma inflação de custos, devido à recomposição dos preços administrados (combustíveis, eletricidade etc...) o juro alto não conteve a inflação e a mesma já ultrapassa os 10% anuais. Isso levou o governo a abandonar a ideia de trazer a inflação para o centro da meta em 2016, jogando-a, talvez, para 2017. Para piorar o quadro, a forte desvalorização do Real, até setembro passado, tornou os preços dos produtos importados muito mais caros, colaborando para a pressão inflacionária interna. Ou seja, a arma do aumento do juro, diante das atuais causas inflacionárias, praticamente também não faz efeito, fato que levou o governo a, por enquanto, interromper as altas da Selic desde julho/15. Porém, não se descarta novos aumentos da taxa. Ora, a Selic impacta sobre os demais juros da economia, provocando uma elevação geral dos mesmos. Com isso, o custo do dinheiro, para fazer a economia girar, se tornou muito mais caro. Na população em geral isso provoca um aumento do endividamento e da inadimplência, assim como um recuo nas compras e nos investimentos em geral, levando a economia a frear (o PIB negativo de 3,2% para este ano traz impregnado em si muito desta realidade). O freio na economia provoca forte desemprego, piorando ainda mais o quadro econômico da população, especialmente junto aos mais pobres. É um suicídio econômico depender do cheque especial, com juros acima de 200% ao ano, e do rotativo do cartão de crédito, com juros ao redor de 420% ao ano. O problema é que muitos brasileiros, na falta de alternativas e não querendo cortar o seu "trem de vida", acabam incorporando no seu salário mensal esses dois instrumentos financeiros. Um desastre! A própria dívida pública, originada em um Estado inchado e ineficiente, pela falta do ajuste fiscal aumenta consideravelmente, pois a venda de títulos públicos, para financiá-la, tem parte indexada na Selic. Mas tem gente que ganha com a Selic elevada! (segue)

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

13/11/2015 a 19/11/2015)




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O JURO DOS EUA E OS EMERGENTES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
19/11/2015


Nesse momento existe uma preocupação mundial em relação ao aumento do juro básico nos EUA, após mantê-lo, por longos oito anos entre 0% e 0,25% ao ano, visando estimular a sua economia, centro mundial da crise de 2007/08. Agora, a economia estadunidense começa a dar mostras de uma lenta, porém, segura recuperação. O potencial inflacionário, nesse contexto, ressurge. Assim, o FED indica a possibilidade de, já no próximo mês de dezembro, iniciar a retomada das altas do juro básico, pois com inflação não se brinca. Tal possibilidade se tornou uma preocupação mundial. Em sua recente reunião anual (cf. Le Monde, 09/10/2015), o FMI solicitou aos EUA que retarde a alta de tal juro, pois os países emergentes em geral estão fortemente endividados e vivendo importante recuo em suas economias. Se, por um lado, o mundo, aos poucos, avança para a “normalização” econômica, isso está longe de ser evidente junto aos emergentes, particularmente em casos como o Brasil. Segundo o FMI, o desafio mundial se dá em três direções: atenuar a vulnerabilidade dos países emergentes; soldar a herança da crise junto às economias avançadas; e limitar a volatilidade dos mercados. Hoje, o endividamento dos emergentes atinge a US$ 3,0 trilhões, pois a maioria se endividou ainda mais tentando relançar suas economias diante da crise de 2007/08. Assim, os emergentes, e o Brasil em particular, estão mais sensíveis ao aumento das exigências em curso em relação às condições financeiras mundiais. Isso porque o ciclo dos juros mundiais baixos e dos altos preços das commodities terminou. Desta forma, os países emergentes são penalizados pela queda dos preços das matérias primas; pela importância de sua dívida em dólares; pela saída de capitais ligada à normalização esperada da economia dos EUA; e pela depreciação de suas próprias moedas. Ao mesmo tempo, a locomotiva emergente chinesa muda seu modelo de crescimento, dando mais atenção ao seu mercado interno e menos às exportações, ao mesmo tempo em que tende a se direcionar para um sistema financeiro mais orientado ao mercado. No país asiático, um quarto da dívida do setor privado está em mãos de empresas incapazes de pagar os juros de suas dívidas, fato que coloca os bancos locais diante de um grande desafio de reestruturação. A crise financeira local, em meados do corrente ano, mostrou que liberar o mercado financeiro, com certa disciplina, acabou sendo uma armadilha. Tal movimento, em uma realidade onde a liquidez é fraca se torna fonte de volatilidade e instabilidade econômica. Soma-se a isso, em termos mundiais, o fato de que o sistema financeiro mundial deverá, nos próximos meses, se ajustar a uma alta dos prêmios de risco sobre uma série de ativos; a um aumento progressivo das taxas básicas de juro; e a uma apenas modesta recuperação econômica cíclica. O FMI se preocupa ainda com a amplitude dos efeitos de alavanca utilizados pelos fundos de investimentos sobre os mercados de derivativos, o qual ele avalia em US$ 1,5 trilhão. Nesse contexto, o retardamento ainda maior do aumento do juro básico nos EUA viria dar mais tempo aos emergentes de completarem suas políticas de ajustes nas áreas orçamentária, estrutural e financeira. Mas até quando os EUA poderão esperar? E até quando países como o Brasil continuarão, irresponsavelmente, postergando tais ajustes indispensáveis?  

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

06/11/2015 a 12/11/2015)




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O TOMBO DOS MAIS POBRES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
12/11/2015


A economia de mercado, sozinha, não leva uma Nação ao desenvolvimento. Ela precisa da presença de um Estado organizador do processo. Um Estado regulador, porém, jamais um Estado intervencionista. Para que o Estado venha a cumprir esse papel e se somar positivamente ao mercado, em busca de um desenvolvimento sustentável, é imprescindível que o mesmo seja gerido de forma eficiente. Desta forma, poderá criar condições para que se desloque renda pública para alavancar a qualidade de vida dos mais pobres. O mais próximo disso que o mundo alcançou no pós-Segunda Guerra Mundial é o que se passou a chamar de Estado do Bem-Estar Social, conquistado por alguns países da Europa Ocidental (Suécia, Dinamarca, Noruega, França, Alemanha...). No Brasil, após a estabilização da economia, graças ao Plano Real, condição primeira para se tentar iniciar um processo de desenvolvimento ordenado, se procurou acelerar a construção de uma sociedade mais igualitária. Todavia, entre 2007 e 2014 a boa ideia foi engolida por uma prática retrógrada: a aplicação de um modelo econômico desenvolvimentista com forte intervencionismo estatal, sem controle algum dos gastos públicos. Somou-se a isso uma política populista, recheada de demagogias, em busca da perpetuação no poder e não em favor da solução efetiva das desigualdades sociais. Em sete anos a economia do país ruiu, acompanhando os passos de outras tantas que adotaram a mesma receita (Argentina, Venezuela...). Assim, os poucos ganhos que os mais pobres conquistaram foram efêmeros, pois o modelo praticado não tinha sustentabilidade. Estamos diante de um fracasso anunciado! O mesmo gerou, neste ano de 2015, o maior recuo do PIB nacional desde 1990, trazendo consigo uma disparada inflacionária, um forte desemprego, um enorme endividamento, acompanhado por inadimplência preocupante (28% das famílias brasileiras). Rapidamente, aqueles que momentaneamente conseguiram melhorar sua renda, graças aos programas públicos sem controle, entram novamente na pobreza. Na atual realidade em que foi colocado o Brasil, entre 2015 e 2017 nada menos que 3,1 milhões de famílias (10 milhões de pessoas), que chegaram à classe C, cairão novamente para as classes D e E. Ou seja, das 3,3 milhões de famílias que levaram sete anos (2006 a 2012) para subir das classes D/E para a classe C, em apenas três anos quase todas caíram para o mesmo lugar de onde vieram (cf. estudo da Tendências Consultoria Integrada). Com o agravante de que outros tantos virão nos anos subsequentes! Ou seja, o que se construiu no país foi, infelizmente, algo sem estrutura, pois se baseou na premissa errônea, dentre tantas adotadas, de que os recursos do Estado são ilimitados, não sendo, portanto, necessário controlar os gastos do mesmo. Essa incompetência gerencial e eleitoralmente interesseira provoca, como sempre, uma crise aguda e duradoura que inviabiliza o país, atingindo, especialmente, justo àqueles a quem se dizia querer auxiliar, ou seja, os mais pobres. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

30/10/2015 a 05/11/2015)




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TRÊS NÚMEROS E ALGUMAS CERTEZAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
05/11/2015


Que o ajuste fiscal é a condição básica para o Brasil iniciar um processo de recuperação de sua economia, isso já não é mais novidade. Que o governo (executivo e legislativo) jogou fora mais um ano (2015) sem nada fazer nesse sentido, igualmente já não é mais novidade. O que talvez seja novidade, para os menos avisados, é o tamanho do problema que o país tem pela frente, apesar dos constantes avisos e análises. Três números vieram à tona nesta última semana que escancaram tal problema. O primeiro veio na confirmação de que, ao invés de um magérrimo superávit primário (0,15% do PIB), o país assistirá a mais um déficit primário em 2015. E que o mesmo será bem maior do que o registrado no ano anterior. Tal déficit, inicialmente, poderá ser de R$ 51,8 bilhões ou 0,9% do PIB. O segundo número, e mais preocupante, é que o próprio governo reconhece que o rombo pode ser bem maior. Ou seja, o mesmo poderá atingir a R$ 110 bilhões se as pedaladas fiscais realizadas tiverem que ser aí contabilizadas, assim como se o governo tiver que incluir R$ 11 bilhões, que deixarão de entrar no caixa, caso não ocorra o leilão de concessão das hidrelétricas previsto para este mês de novembro. O terceiro número é ainda mais assustador. Os valores acima dizem respeito ao déficit primário (resultado negativo nas contas públicas sem considerar o pagamento dos juros da dívida), porém, se considerarmos os juros a serem pagos teremos o déficit nominal. Pois bem, esse alcança hoje R$ 528 bilhões (9,21% do PIB). Nesse contexto, algumas certezas se cristalizam. O ano de 2016 será bem mais difícil, pois o ajuste terá que ser feito e deverá ser mais severo do que as expectativas existentes no final de 2014, já que o rombo das contas públicas aumentou. O país não pode mais “brincar” de fazer política econômica e a irresponsabilidade política obrigatoriamente terá que dar lugar a ações concretas de conserto, mesmo que o remédio tenha se tornado ainda mais amargo por inoperância da gestão pública em 2015. Outra certeza é que, diante de tal quadro, o país não tem espaço para liberar crédito para consumo e investimento, reduzindo a taxa de juros, sob pena de alimentar o problema, repetindo o que foi feito entre 2007 e 2014. E mais, por termos atrasado mais um ano na realização do dever de casa, ficamos ainda mais fragilizados diante da clara possibilidade de elevação na taxa de juros dos EUA, que talvez já ocorra em dezembro próximo (até aqui o FED – banco central estadunidense –, em não aumentando a taxa de juros, dentre outras coisas, teria dado tempo aos países emergentes e subdesenvolvidos em geral de se prepararem para o fato). O Brasil deixou passar mais essa oportunidade. Espera-se que o mercado tenha, pelo menos, precificado, mesmo que em parte, o que vem por aí. Enfim, outra certeza é que o ajuste por si só não é garantia de retomada do crescimento econômico. Muito mais terá que ser feito diante do tamanho do problema que temos diante de nós. O saneamento da economia nacional, se houver, irá demorar alguns anos, confirmando as tendências iniciais.

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