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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O TOMBO DOS MAIS POBRES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
12/11/2015


A economia de mercado, sozinha, não leva uma Nação ao desenvolvimento. Ela precisa da presença de um Estado organizador do processo. Um Estado regulador, porém, jamais um Estado intervencionista. Para que o Estado venha a cumprir esse papel e se somar positivamente ao mercado, em busca de um desenvolvimento sustentável, é imprescindível que o mesmo seja gerido de forma eficiente. Desta forma, poderá criar condições para que se desloque renda pública para alavancar a qualidade de vida dos mais pobres. O mais próximo disso que o mundo alcançou no pós-Segunda Guerra Mundial é o que se passou a chamar de Estado do Bem-Estar Social, conquistado por alguns países da Europa Ocidental (Suécia, Dinamarca, Noruega, França, Alemanha...). No Brasil, após a estabilização da economia, graças ao Plano Real, condição primeira para se tentar iniciar um processo de desenvolvimento ordenado, se procurou acelerar a construção de uma sociedade mais igualitária. Todavia, entre 2007 e 2014 a boa ideia foi engolida por uma prática retrógrada: a aplicação de um modelo econômico desenvolvimentista com forte intervencionismo estatal, sem controle algum dos gastos públicos. Somou-se a isso uma política populista, recheada de demagogias, em busca da perpetuação no poder e não em favor da solução efetiva das desigualdades sociais. Em sete anos a economia do país ruiu, acompanhando os passos de outras tantas que adotaram a mesma receita (Argentina, Venezuela...). Assim, os poucos ganhos que os mais pobres conquistaram foram efêmeros, pois o modelo praticado não tinha sustentabilidade. Estamos diante de um fracasso anunciado! O mesmo gerou, neste ano de 2015, o maior recuo do PIB nacional desde 1990, trazendo consigo uma disparada inflacionária, um forte desemprego, um enorme endividamento, acompanhado por inadimplência preocupante (28% das famílias brasileiras). Rapidamente, aqueles que momentaneamente conseguiram melhorar sua renda, graças aos programas públicos sem controle, entram novamente na pobreza. Na atual realidade em que foi colocado o Brasil, entre 2015 e 2017 nada menos que 3,1 milhões de famílias (10 milhões de pessoas), que chegaram à classe C, cairão novamente para as classes D e E. Ou seja, das 3,3 milhões de famílias que levaram sete anos (2006 a 2012) para subir das classes D/E para a classe C, em apenas três anos quase todas caíram para o mesmo lugar de onde vieram (cf. estudo da Tendências Consultoria Integrada). Com o agravante de que outros tantos virão nos anos subsequentes! Ou seja, o que se construiu no país foi, infelizmente, algo sem estrutura, pois se baseou na premissa errônea, dentre tantas adotadas, de que os recursos do Estado são ilimitados, não sendo, portanto, necessário controlar os gastos do mesmo. Essa incompetência gerencial e eleitoralmente interesseira provoca, como sempre, uma crise aguda e duradoura que inviabiliza o país, atingindo, especialmente, justo àqueles a quem se dizia querer auxiliar, ou seja, os mais pobres. 

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