Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
06/07/2017
Até o dia 30/06 o bushel
de soja em Chicago registrava um comportamento baixista, tendo o mesmo batido
em US$ 9,04 no dia 23/06, se consolidando como a mais baixa cotação desde abril
de 2016. A partir daí o bushel saltou para US$ 9,64 no dia 03/07. Dois motivos
estiveram na origem deste movimento: a) o relatório de plantio nos EUA,
informado no dia 30/06, acabou confirmando uma área já precificada, embora seja
importante dizer que o mercado esperava 7,8% de aumento na mesma enquanto o
relatório trouxe 7% (houve recuo de 3% no milho e de 9% no trigo); b)
especulações em torno de um clima mais seco e quente durante o mês de julho
sobre as lavouras estadunidenses. Isto, associado a um câmbio que gira, nos
últimos dias, ao redor de R$ 3,30 por dólar no Brasil, favoreceu a um aumento
nos preços médios da soja brasileira. No sul do país, no início de julho
(momento em que escrevemos este artigo), os preços do saco de soja nos portos chegaram
a ultrapassar os R$ 70,00, enquanto o balcão trabalhou entre R$ 60,00 e R$
62,00 em muitas localidades do interior. Ou seja, graças especialmente às
especulações sobre o clima nos EUA, como sempre ocorre nesta época, o mercado oferece
nova janela de comercialização aos produtores na busca de uma média final
melhor. Vale lembrar que a última semana de junho havia terminado com o preço no
balcão gaúcho valendo R$ 59,21/saco na média. Além disso, e a título de
comparação, no ano passado o mês de junho terminou com tal média valendo R$
80,70/saco. Ou seja, nos últimos 12 meses terminados em junho/17 a perda
nominal no preço médio de balcão gaúcho chegou a 26,6% ou R$ 21,49/saco. Dito
isso, dois alertas se impõem: 1º) o clima nos EUA deverá continuar sendo o centro
da especulação sobre os preços, pelo menos entre julho e agosto, fato que ainda
pode oferecer novas janelas de alta nas cotações; 2º) não se pode ignorar,
todavia, que a atual área semeada com a oleaginosa (36,2 milhões de hectares) é
a maior da história estadunidense, fato que, em clima normal, deve levar a
colheita local para um novo recorde a partir de fins de setembro. Além disso, os
estoques trimestrais de soja, na posição 1º de junho, nos EUA, estão 11% acima
do registrado no mesmo período do ano anterior (26,2 milhões de toneladas).
Assim, será preciso muita atenção dos produtores brasileiros (o Rio Grande do
Sul ainda teria cerca de 50% de sua última safra em estoque e o Brasil 35%)
para não desperdiçarem as janelas de oportunidade. Afinal, os aspectos
fundamentais do atual mercado (oferta e demanda) continuam baixistas e as
oscilações, que tendem a ocorrer nas próximas semanas, dependem particularmente
do clima no Meio Oeste estadunidense. Este, por sua vez, ainda não definiu uma
tendência, devendo gerar grandes volatilidades nos próximos dois meses.