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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(23/09/2016 a 29/09/2016)




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JUROS: UM ABSURDO NACIONAL (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
29/09/2016

Na atualidade, o Brasil possui os maiores juros reais do mundo, com a média nacional atingindo a 6,79%, contra 2,71% anuais da China, que vem em segundo lugar, seguida da Rússia com 2,3%, da Indonésia com 2,29% e da Índia com 1,67%. No comentário passado vimos que os juros absurdamente elevados no Brasil estão igualmente colocando a economia nacional de joelhos. Enquanto isso o sistema financeiro nacional lucra enormemente, tendo auxiliado na formatação da crise que vivemos, aproveitando-se de decisões temerárias de nossos governantes em um passado recente. Pois o lucro dos quatro maiores bancos no país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) cresceu R$ 13,46 bilhões no segundo trimestre de 2016, após R$ 12,87 bilhões no primeiro trimestre/16; R$ 13,73 bilhões no quarto trimestre/15; R$ 14,39 bilhões no terceiro trimestre/15; e R$ 17,34 bilhões no segundo trimestre/15. Os quatro bancos, no dia 11/08 passado, alcançaram juntos o maior valor de mercado desde dezembro de 2006 (cf. Economática). Por outro lado, é bom lembrar que juros altos fazem a dívida pública crescer (somente em 2015 a dívida pública federal cresceu 21,7%, totalizando mais de R$ 2,8 trilhões, sendo que R$ 367,7 bilhões foram apenas com pagamento de juros da mesma), pois boa parte desta dívida está atrelada à Selic. Isso porque o governo, ao continuar gastando mais do que arrecada, se vê obrigado a emitir títulos de dívida pública para captar recursos no mercado e financiar suas atividades e, nos últimos tempos, financiar o inchaço da máquina oficial. Os investidores compram esses títulos e, em troca, recebem no futuro o valor emprestado mais os juros. Desta forma, o descontrole do próprio governo alimenta o mercado financeiro e o aumento dos juros. Ora, juros elevados acabam levando para o sistema especulativo recursos que seriam destinados à produção no país, deixando de gerar empregos e, até mesmo, aumentando o desemprego. Como se nota, a desestruturação gerencial e financeira do Estado, através de governos inaptos ou interesseiros, favorece o rentismo em geral e o bancário em particular. Essa realidade brasileira confirma que estamos longe de exercermos o verdadeiro capitalismo que leva ao desenvolvimento. O que temos é um sistema financeiro concentrador de renda, pouco interessado em investir na produção, que se aproveita da desorganização e do mau gerenciamento público sempre que a ocasião se oferece. Assim, além do necessário ajuste fiscal e das reformas estruturais, temos mais este gargalo a superar. Isso, obviamente, se quisermos melhorar efetivamente a economia nacional, em favor da Nação, a colocando novamente nos trilhos que nos permita um crescimento sustentável que possa, um dia, oferecer um indicativo seguro de desenvolvimento. 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(16/09/2016 a 22/09/2016)




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JUROS: UM ABSURDO NACIONAL (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
22/09/2016


A atual taxa básica de juros no Brasil (Selic) está em seu maior patamar nos últimos 10 anos. Sabedor disso o Copom, em sua reunião do dia 31/08, manteve a mesma em 14,25% ao ano pela nona vez consecutiva. Mesmo assim, os demais juros na economia brasileira não param de subir, se descolando do juro básico oficial. Em agosto, o juro anual do cartão de crédito rotativo atingiu a 451,4%. O do cheque especial chegou a 296,3%. Considerando todas as modalidades, a taxa de juros média geral para pessoa física, no Brasil, alcançou a 155,48% em agosto do corrente ano. É a maior taxa de juros desde agosto de 2003. Além do absurdo natural que a própria percentagem oferece, em um país que vive uma inflação média anualizada perto de 9% (IPCA), existem outros absurdos nesta área e que explicam muito de nossa paralisia econômica. Em primeiro lugar, com um dinheiro assim tão caro não é de surpreender que quase 60 milhões de brasileiros estejam inadimplentes no momento. Afinal, muitos acabam usando o cheque especial e, às vezes, o próprio rotativo do cartão de crédito como complemento de salário no final de cada mês. Em segundo lugar, a maioria da população brasileira não faz cálculo e parte para tentar resolver seu endividamento captando dinheiro em financeiras. Ora, em termos médios, o juro das financeiras no Brasil chega a 900% ao ano. Ou seja, ao invés de buscar dinheiro mais barato para sanar contas com juros mais altos, muitos fazem exatamente o contrário. Em terceiro lugar, a principal causa aventada pelos bancos brasileiros, para tais juros absurdos, é justamente o crescimento da inadimplência. Ou seja, faz-se o bom pagador pagar a conta do mau pagador, mesmo que para isso se esteja freando a economia. O que ninguém comenta é que os próprios bancos, estimulados pelo governo, ajudaram a criar o problema atual. Há alguns anos o sistema financeiro nacional se viu diante de uma abundância de crédito raramente vista, cuja principal fonte era o Estado. Com isso fez seus funcionários, na luta para cumprir metas internas, a convencerem seus clientes a captarem recursos sem grandes cuidados. Inclusive junto a pessoas já com dificuldades de pagamento (nossos subprimes). Como não podia ser diferente, a estratégia gerou o atual estado de inadimplência que temos, obrigando os bancos a aumentarem as provisões contra os maus pagadores e a aumentarem as taxas de juros às despensas da recuperação da economia nacional. Em quarto lugar, nota-se que os bancos, ao agirem de forma irresponsável na oferta de crédito, jogaram o prejuízo para a população e as empresas do setor produtivo. Não é por nada que, em plena crise econômica, a maior dos últimos quase 100 anos, o lucro dos bancos nacionais continuou importante e, em muitos casos, em crescimento. Isto não é choque de capitalismo e sim sacrificar a produção e o crescimento nacional em favor de um rentismo concentrador. (Segue)

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(09/09/2016 a 15/09/2016)




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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

SOJA: ATUALIZANDO A TENDÊNCIA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
15/09/2016


Os preços da soja em Chicago voltaram a recuar fortemente, após ensaiarem uma recuperação especulativa a partir de meados de abril passado. Isso consolida o fato de que a oleaginosa acompanha o movimento baixista das commodities mundo afora, iniciado há dois anos. Após bater o recorde histórico de US$ 17,71/bushel, exatamente em setembro de 2012, a soja viu sua cotação recuar para US$ 14,00 em julho de 2014. E, desde então, engatou uma queda quase constante em seus valores, a ponto de ficar, entre agosto/15 e abril/16, entre US$ 8,50 e US$ 9,00/bushel. O quadro especulativo em torno do clima sobre a nova safra dos EUA deu um pequeno fôlego ao bushel, levando o mesmo a bater em quase US$ 11,80 durante o mês de junho passado. Todavia, já neste mês de setembro o preço voltou a recuar, fechando o dia 13/09 em US$ 9,44. Esse quadro baixista se consolida a partir do relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado neste dia 12/09, o qual aponta uma colheita recorde nos EUA ao estimar 114,3 milhões de toneladas. Os estoques finais estadunidenses, para 2016/17, acabaram sendo revistos para cima (9,9 milhões de toneladas, contra 5,3 milhões no ano anterior). Além disso, como a tendência é de aumento na área cultivada sul-americana, em o clima sendo favorável, espera-se um novo recorde de produção por aqui igualmente. No total mundial, a projeção atual é de 330,4 milhões de toneladas, contra 313 milhões no ano anterior. Pelo lado das importações, o relatório reduziu as compras da China para 86 milhões de toneladas em 2016/17. E o país asiático é o maior comprador mundial de soja, com 63,4% de toda a importação da oleaginosa. Ao mesmo tempo, o setor financeiro reduziu sua participação especulativa em torno das commodities em geral e da soja em particular. Assim, continua factível que Chicago, nos próximos meses, trabalhe no patamar entre US$ 8,50 e US$ 9,50/bushel. Nessas condições, para o produtor brasileiro, apenas uma nova desvalorização do Real poderá trazer melhores preços à soja local quando da nova colheita. Afinal, nesse meio tempo o Real se valorizou cerca de 25% em oito meses, se estabilizando agora entre R$ 3,20 e R$ 3,30. Em um cenário de manutenção do câmbio ao redor de R$ 3,20 por dólar, o balcão gaúcho, diante desta realidade em Chicago, pagaria algo entre R$ 53,00 e R$ 60,00/saco. Em o atual governo brasileiro não conseguindo implementar as medidas corretivas na economia, o câmbio poderá retornar a níveis de R$ 3,50 (talvez mais). Nestas condições, o preço da oleaginosa melhoraria para um patamar entre R$ 58,00 e R$ 65,00/saco. Hoje, a média gaúcha no balcão já oscila entre R$ 69,00 e R$ 70,00/saco após ter se aproximado de R$ 90,00 há três meses (um ano atrás o balcão pagava R$ 71,00/saco na média estadual). Considerando que os custos de produção se mantêm elevados, a rentabilidade dos produtores de soja deverá ser menor neste ano, especialmente para aqueles que não fixaram vendas futuras quando os preços, para a nova safra, chegaram ao redor de R$ 80,00/saco meses atrás. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(02/09/2016 a 08/09/2016)




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CHOQUE DE REALIDADE

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
08/09/2016


O PIB do segundo trimestre deste ano ficou em -0,6%, após -0,4% no trimestre anterior. No primeiro semestre de 2016 o PIB acumula queda de 4,6%. A taxa de investimento, em relação ao PIB, apesar de um primeiro sinal positivo (0,4%), após dois anos e meio no negativo, terminou o segundo trimestre do corrente ano em apenas 16,8%, se constituindo na mais baixa taxa desde 2003, quando o necessário para um país avançar economicamente seria 25% do PIB. Enfim, o governo projeta um déficit público de 2,64% em relação ao PIB, já apontando novo déficit, agora de 2,09%, para 2017 (aí já teremos quatro anos consecutivos de déficit). É evidente que o gasto social (em todos os níveis), da forma como está sendo praticado, não cabe no orçamento nacional. Afinal, são 25 anos em que as despesas do governo crescem mais do que o PIB. Ou seja, no período o gasto público primário real cresceu a 6% ao ano enquanto o crescimento médio anual do PIB ficou ao redor de 3,5%. Agora, o quadro chegou a um nível insustentável. A crise que vivemos é oriunda, em boa parte, desta realidade. É preciso, portanto, desarmar a bomba. Se nada for feito a respeito nos próximos três anos, daqui a seis anos a inflação estará em 40% ao ano. Todavia, apesar de tais números o comportamento político de nosso Congresso Nacional, e de parte de nossa sociedade, nos indica que o país corre sério risco de não desarmar esta bomba e sim potencializá-la. Ora, somente um choque de realidade, com ajustes profundos em nossa economia poderá nos tirar desta crise. Assim, reitera-se que o ajuste fiscal e as reformas estruturais são fundamentais. É neste contexto que entra a ideia da PEC dos Gastos Públicos. Se é verdade que a mesma deve ser aplicada com cuidado, para que não se transforme em problema ao invés de início de uma solução, mais verdade ainda é que a mesma tem potencial para criar as condições de voltarmos ao superávit primário. Estudo da FGV mostra que as despesas públicas, que hoje alcançam 20,7% do PIB, sem a PEC subirão para 26,2% do PIB até 2030. Já com a aplicação adequada da PEC as mesmas recuarão para 16,4% do PIB no mesmo período. E mais: com a PEC finalmente poderemos zerar o déficit primário em 2024. Sem a PEC a realidade se torna insustentável e jamais zeraremos o déficit primário, a continuar o status quo atual entre receitas líquidas e despesas públicas (cf. Conjuntura Econômica/FGV, agosto/16, pp. 26-35). Agora, para que ajustes de tal envergadura aconteçam, o novo governo, e principalmente o governo que será eleito em 2018, não poderá continuar se dobrando as demandas de grupos de interesse que vêm ganhando historicamente com tal descalabro. E não se iludam: os que mais ganham com o mesmo estão nas esferas mais ricas, dominantes e muitas vezes públicas de nossa economia, manipulando sabiamente os movimentos sociais que, desinformados e cegos ideologicamente, assumem como sendo eles os prejudicados pelos ajustes que poderiam tornar o Estado brasileiro mais eficiente, melhorando a distribuição de renda e a qualidade de vida dos cidadãos. Não é por acaso que tais ajustes há décadas não saem do papel.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(26/08/2016 a 01/09/2016)




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CÂMBIO A R$ 3,00 (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
01/09/2016


Nesse final de agosto o mercado financeiro brasileiro aumentou as projeções de inflação para o país. Em 2016 a mesma deverá ficar em 7,34% e em 2017 algo em torno de 5,14%. Embora com tendência de baixa, após os 10,67% em 2015, a mesma ainda está longe do teto da meta para este ano (6,5%) e do centro da meta para 2017 (4,5%), lembrando que o teto da meta a partir de 2017 recua para 6%. Na prática, inclusive, o quadro é mais preocupante. O IPCA-15 anualizado fechou agosto em 8,95%. Essa realidade impede que a taxa básica de juros (Selic) seja reduzida até o momento, embora se espere o início deste processo ainda para o corrente ano. E sem baixar os juros torna-se difícil uma retomada do crescimento econômico de forma consistente, apesar deste mesmo mercado projetar um PIB positivo de 1,23% para 2017, após menos 3,16% no corrente ano. É bom lembrar que, mesmo sendo uma recuperação pequena, pois ela se dá sobre dois anos consecutivos anteriores muito negativos, essa retomada pode gerar alguma tensão inflacionária adicional. Como o governo mira na recuperação do crescimento, visando forçar um recuo no desemprego, o qual continua crescendo no país, não é de estranhar que a política econômica atual flerte com um Real mais forte. Isso permite importações mais baratas, que ajudam a derrubar os preços, sem exatamente comprometerem a balança comercial (o superávit até o final da terceira semana de agosto era de US$ 31,09 bilhões, o que permite um espaço de manobra cambial). Mas é bom igualmente atentar para outros fatos que permitem esperar um Real ainda mais forte, talvez na altura de R$ 3,00 por dólar, no final deste ano, após ter atingido a R$ 4,16 em janeiro passado. Em primeiro lugar, no front externo, enquanto o Banco Central dos EUA não aumentar o seu juro básico haverá menos estímulo para o dólar sair dos países emergentes. Em segundo lugar, no front interno, em o impeachment da presidente Dilma se confirmando (no momento em que escrevíamos esta coluna o processo continuava no Senado brasileiro), a entrada de dólares no Brasil pode aumentar na expectativa de que, finalmente, o governo deixe de ser interino e passe a fazer o ajuste fiscal necessário, assim como reformas estruturais importantes. Afora isso, há de se considerar outro elemento decisivo: o governo atual promete para o início de setembro, em se confirmando no cargo, os leilões de concessões à iniciativa privada de parte da infraestrutura nacional (estradas, aeroportos, portos, ferrovias e outros). Espera-se captar US$ 30 bilhões até 2017. Ora, um tal aporte de dólares, somados ao volume especulativo que tem entrado no país graças aos nossos elevados juros, pressionará ainda mais na direção de uma valorização do Real. Nesse caso, a questão passa a ser a capacidade e interesse de intervenção do Banco Central brasileiro no mercado cambial, após o novo governo defender a livre flutuação cambial. Tudo indica que, um câmbio entre R$ 3,00 e R$ 3,20, confirmadas as condições acima descritas, passa a ser aceitável e, talvez, até mesmo desejável.

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