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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

19/04/2019 a 25/04/2019)



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SALÁRIO MÍNIMO E RENDA

Argemiro Luís Brum
25/04/2019

Se a proposta de um novo cálculo para o salário mínimo for aprovada no Congresso Nacional, a partir de janeiro de 2020 teremos menos renda à disposição da maioria dos brasileiros. Pela mesma, voltaremos a ter apenas uma reposição inflacionária e não mais um reajuste real do salário. O atual modelo de correção do salário mínimo (inflação do ano anterior mais PIB de dois anos antes) vem desde 2006, com a legislação prevendo que tais critérios vigorariam até 2019 (há um projeto de lei no Senado estendendo a atual regra até 2023). Pressionado pelo crescente rombo na previdência social, o governo refaz a regra de reajuste. Se passar, a mesma atingirá os assalariados e igualmente todos os aposentados e pensionistas ligados ao regime geral da Previdência, pois o valor a eles pago está indexado ao reajuste do salário mínimo. Desta forma, o Estado gastará menos com a previdência social, independentemente da aprovação da reforma. Alguns números: a) tomando por base o mês de julho/94, quando o Plano Real foi lançado, e até janeiro de 2019, o salário mínimo no Brasil avançou 1.440,63%, passando de R$ 64,79 para R$ 998,00. Neste mesmo tempo a inflação, medida pelo INPC, foi de 463,46%. Portanto, houve aí importante ganho real do salário mínimo; b) se no período o salário fosse corrigido apenas pelo índice da inflação, o mesmo deveria estar, no momento, em R$ 350,06 mensais. Assim, em particular graças a adição do PIB no cálculo, a partir de 2006, o salário mínimo agregou mais R$ 647,94 ao seu valor; c) considerando o período entre julho de 1994 e janeiro de 2006 (antes de o cálculo contemplar o PIB), o salário mínimo anual, em média, adicionou R$ 23,75 a cada ano. Já entre 2006 e 2019, agregando no cálculo o PIB de dois anos antes, mesmo com dois anos de recessão econômica no meio, o salário mínimo anual, em média, adicionou R$ 49,85 a cada ano (mais do que o dobro do período anterior, lembrando que a inflação média anual no primeiro período foi de 8,85% e a do segundo período de 5,57%); d) pela nova proposta oficial, em janeiro de 2020 o salário mínimo passará a R$ 1.040,00 mensais, já que o governo projeta um INPC em 4,2% em 2019. Ora, deixa-se de agregar 1,1% (PIB de dois anos antes). Ou seja, com a fórmula vigente o salário mínimo seria de R$ 1.050,89. Assim, pela proposta do governo, todos os brasileiros que dependem de receber um salário mínimo deixarão de ganhar R$ 10,89 mensais, sem falar em todos aqueles que terão seus salários, pensões e aposentadorias reajustados para menos. Individualmente, o valor pode ser irrisório, mas no somatório nacional o volume de recursos que deixará de circular anualmente na economia somará bilhões de reais, comprometendo a retomada, especialmente porque 64% do PIB nacional depende do consumo das famílias, cuja maioria verá sua renda diminuir pela nova proposta.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

12/04/2019 a 18/04/2019)



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TENDÊNCIAS DA ECONOMIA INTERNACIONAL


Argemiro Luís Brum
18/04/2019

A expectativa de melhoria de nossa economia em 2019, passados quase quatro meses, diminuiu sensivelmente. Além dos fatores internos, uma recuperação da mesma depende das tendências que se apresentam no cenário econômico mundial. Primeiro: o déficit fiscal.  O mundo ainda está sob efeito da crise de 2007/08, cujas tentativas de saída da mesma provocaram um crescente déficit fiscal nos diferentes países. Esses desequilíbrios tornam a economia mundial mais vulnerável e aceleram o retorno do protecionismo comercial, comprometendo o crescimento. Segundo: o clima. Se nada for feito, a mudança climática provavelmente será um dos maiores choques econômicos do século XXI. Para um país em desenvolvimento de baixa renda mediano, com temperatura de 25ºC, um aumento de 1ºC reduziria seu PIB per capita em cerca de 1,5% por longos anos. Ora, cerca de 60% das pessoas no mundo vivem em países onde esses efeitos podem ocorrer, incluindo boa parte do Brasil. Terceiro: as desigualdades. Nota-se que, nos últimos tempos, as mesmas recuam entre os países, porém, no interior destes países elas têm aumentado. A concentração de renda no interior dos países continuou crescendo nos últimos 30 anos e não há movimento em sentido contrário. Tanto é verdade que no Brasil o 1% mais rico da população ficava com 27,8% em 2015, contra 25,1% em 2001. Na América do Norte, em 2016, 20,2% contra 10,7% em 1980; no Mundo como um todo 20,4%, contra 16,2% em 1980. A forte desigualdade amplia a fragilidade financeira, sobretudo ao aumentar simultaneamente a poupança dos ricos e a procura de crédito pelos pobres e pela classe média, os quais vivem de endividamento e na inadimplência constante. Neste sentido, as reformas estruturais não devem se limitar apenas a solucionar a crise fiscal, mas também diminuir as desigualdades internas. Quarto: a corrupção estatal. Esta, definida como o abuso de cargo público para ganho pessoal, está associada à redução do crescimento e do investimento e ao aumento da desigualdade. A corrupção enfraquece o Estado e atinge os serviços por ele prestados. Como os pobres são os que mais dependem de tais serviços, são eles que mais sofrem as consequências desta ação nociva. Quinto: a revolução 4.0. Os sistemas tecnológicos e de informação dominam o mundo. Assim, o futuro do trabalho, e as implicações para a estabilidade financeira e a política fiscal, estão ligados à necessidade de os avanços tecnológicos serem absorvidos pelos países de forma inclusiva. Sexto: a economia e finanças. Nesta área a crise de 2007/08 mostrou que o mundo precisa de um novo e eficiente sistema de regulação, o qual valorize a produção e não a especulação. Passados 10 anos de seu início nada foi construído adequadamente. Diante disso, se espera uma nova recessão mundial entre 2020 e 2024. Estamos nós preparados?

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

05/04/2019 a 11/04/2019)



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quinta-feira, 11 de abril de 2019

MERCADO DA SOJA: A TENDÊNCIA


Argemiro Luís Brum
11/04/2019

No comentário passado analisamos a evolução do preço da soja e de seus três principais componentes: Bolsa de Chicago, câmbio e prêmio nos portos. Agora, vejamos a tendência para este preço para os próximos meses, tendo por base o balcão gaúcho. Em termos de cotações em Chicago há uma estabilidade muito grande em torno dos US$ 9,00/bushel. Considerando que a safra sul-americana está praticamente garantida, faltando a colheita da Argentina, e que o volume total foi melhor do que o do ano anterior, o mercado se volta agora para o comportamento climático nos EUA, às vésperas de um novo plantio naquele país. Assim, entre maio e setembro entramos no chamado mercado do clima estadunidense. Se confirmando a redução de 5% na área semeada com soja, qualquer problema climático no Meio Oeste norte-americano tenderá a elevar as cotações em Chicago, melhorando os preços no Brasil. Por outro lado, em o clima sendo normal teremos uma nova safra cheia com pressão baixista sobre Chicago. Lembramos que o relatório definitivo sobre a área plantada será divulgado no último dia útil de junho próximo. Neste contexto, ainda temos que considerar o movimento dos Fundos especulativos na Bolsa, os quais dependem muito do comportamento do juro básico estadunidense. Este subindo, os Fundos diminuem sua presença em Chicago, exercendo pressão baixista sobre as cotações. Quanto ao câmbio no Brasil, o balizador será a evolução da Reforma da Previdência. Se a mesma avançar para a aprovação, sem muitos cortes feitos pelo Congresso, o mercado estabilizará e o Real poderá voltar ao patamar entre R$ 3,60 e R$ 3,70 por dólar. Neste caso, os preços da soja nacional recuam. Se o cenário político não melhorar e a Reforma pouco avançar, o câmbio continuará pressionando para cima os preços da soja no Brasil, embora tal comportamento venha a encarecer mais uma vez o futuro plantio. Neste momento, a evolução da Reforma ainda é uma incerteza. Enfim, quanto aos prêmios nos portos, os mesmos entraram na normalidade, já absorvendo um possível acordo comercial entre EUA e China, após mais de um ano de litígio. Assim, tais prêmios deverão melhorar um pouco apenas na entressafra nacional. A surpresa positiva para nós será caso um acordo sino-estadunidense não ocorrer e a China venha novamente a bloquear as compras de soja dos EUA. Hoje, não parece haver espaço para isso. Em tal quadro geral, por enquanto, em condições normais, o mercado de balcão no Rio Grande do Sul deverá se manter entre R$ 65,00 e R$ 75,00/saco. Tais níveis de preço podem melhorar a partir de junho caso algum dos elementos altistas citados vier a ocorrer. Afora isso, a média final do ano tende a ficar menor do que a registrada em 2018. Obviamente, trata-se de uma tendência e não de uma certeza, porque esta ninguém tem.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

29/03/2019 a 04/04/2019)



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MERCADO DA SOJA: OS PREÇOS


Argemiro Luís Brum
04/04/2019

No início deste mês de abril o Brasil se aproximava do final da colheita da soja, com mais de 80% da área colhida. A mesma está adiantada, pois a média histórica aponta 72% para esta época do ano. O volume final, na última estimativa da Conab, se estabeleceria ao redor de 113,5 milhões de toneladas, com uma redução ao redor de 6 milhões em relação ao colhido na safra passada. Por sua vez, a comercialização da atual safra estaria ao redor de 60% do total a ser colhido no país, contra 70% na média histórica (no RS as vendas atingiriam a 30%, contra 40% na média). Portanto, os produtores nacionais estão vendendo menos neste ano, julgando que os atuais preços estão baixos. Como já é sabido, três fatores principais definem a formação do preço ao produtor nacional em geral e gaúcho em particular: a cotação em Chicago, o câmbio no Brasil, e o prêmio nos portos de embarque brasileiros. Em relação à Chicago, o bushel de soja (27,21 quilos) permanece ao redor dos US$ 9,00 desde dezembro passado, porém, em 12 meses houve um recuo importante em seu valor (a média de março/19 ficou em US$ 8,96, contra US$ 10,39/bushel em março/18, indicando um recuo de 13,8% no valor da soja no período). Quanto ao câmbio comercial, a média brasileira em março/18 alcançou R$ 3,28 por dólar. Já em março/19 esta média ficou em R$ 3,84. Ou seja, o Real se desvalorizou em 17,1% na comparação dos dois meses. Enfim, tomando o porto de Rio Grande como referência, o prêmio médio em março/18 oscilou entre US$ 0,81 e US$ 1,08/bushel. Já em março/19 o mesmo ficou entre US$ 0,22 e US$ 0,33/bushel. Ou seja, uma perda média variando entre 69% e 73% entre os dois meses. Sem contar que tal prêmio, em setembro/18, no auge do conflito comercial EUA x China, oscilou entre US$ 2,10 e US$ 2,48/bushel no porto gaúcho. Neste contexto, apenas um elemento foi positivo para a formação do preço da soja ao produtor na comparação com o período de colheita do ano passado: o câmbio. Todavia, os ganhos cambiais não deveriam ser suficientes para compensar as perdas em Chicago e no prêmio. Entretanto, tomando o caso gaúcho como referência, o mês de março/19 fechou com o preço médio no balcão valendo R$ 71,52/saco, contra R$ 70,75/saco um ano antes (um ganho de 1,09%). Não cobre a inflação do período e muito menos o aumento nos custos de produção, porém, considerando a realidade dos fatores de mercado, a situação deveria ser pior. Uma explicação pode ser encontrada no fato de que, neste ano, a safra se apresenta menor, e os compradores no mercado físico acabam reduzindo suas margens para não “desmotivar” os produtores. Mesmo assim, quem vendeu antecipado, entre setembro e outubro do ano passado, está ganhando entre R$ 8,00 a R$ 10,00/saco sobre o preço atual (a média do balcão gaúcho em setembro/18 foi de R$ 81,00 e em outubro R$ 79,80/saco).

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