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quinta-feira, 4 de abril de 2019

MERCADO DA SOJA: OS PREÇOS


Argemiro Luís Brum
04/04/2019

No início deste mês de abril o Brasil se aproximava do final da colheita da soja, com mais de 80% da área colhida. A mesma está adiantada, pois a média histórica aponta 72% para esta época do ano. O volume final, na última estimativa da Conab, se estabeleceria ao redor de 113,5 milhões de toneladas, com uma redução ao redor de 6 milhões em relação ao colhido na safra passada. Por sua vez, a comercialização da atual safra estaria ao redor de 60% do total a ser colhido no país, contra 70% na média histórica (no RS as vendas atingiriam a 30%, contra 40% na média). Portanto, os produtores nacionais estão vendendo menos neste ano, julgando que os atuais preços estão baixos. Como já é sabido, três fatores principais definem a formação do preço ao produtor nacional em geral e gaúcho em particular: a cotação em Chicago, o câmbio no Brasil, e o prêmio nos portos de embarque brasileiros. Em relação à Chicago, o bushel de soja (27,21 quilos) permanece ao redor dos US$ 9,00 desde dezembro passado, porém, em 12 meses houve um recuo importante em seu valor (a média de março/19 ficou em US$ 8,96, contra US$ 10,39/bushel em março/18, indicando um recuo de 13,8% no valor da soja no período). Quanto ao câmbio comercial, a média brasileira em março/18 alcançou R$ 3,28 por dólar. Já em março/19 esta média ficou em R$ 3,84. Ou seja, o Real se desvalorizou em 17,1% na comparação dos dois meses. Enfim, tomando o porto de Rio Grande como referência, o prêmio médio em março/18 oscilou entre US$ 0,81 e US$ 1,08/bushel. Já em março/19 o mesmo ficou entre US$ 0,22 e US$ 0,33/bushel. Ou seja, uma perda média variando entre 69% e 73% entre os dois meses. Sem contar que tal prêmio, em setembro/18, no auge do conflito comercial EUA x China, oscilou entre US$ 2,10 e US$ 2,48/bushel no porto gaúcho. Neste contexto, apenas um elemento foi positivo para a formação do preço da soja ao produtor na comparação com o período de colheita do ano passado: o câmbio. Todavia, os ganhos cambiais não deveriam ser suficientes para compensar as perdas em Chicago e no prêmio. Entretanto, tomando o caso gaúcho como referência, o mês de março/19 fechou com o preço médio no balcão valendo R$ 71,52/saco, contra R$ 70,75/saco um ano antes (um ganho de 1,09%). Não cobre a inflação do período e muito menos o aumento nos custos de produção, porém, considerando a realidade dos fatores de mercado, a situação deveria ser pior. Uma explicação pode ser encontrada no fato de que, neste ano, a safra se apresenta menor, e os compradores no mercado físico acabam reduzindo suas margens para não “desmotivar” os produtores. Mesmo assim, quem vendeu antecipado, entre setembro e outubro do ano passado, está ganhando entre R$ 8,00 a R$ 10,00/saco sobre o preço atual (a média do balcão gaúcho em setembro/18 foi de R$ 81,00 e em outubro R$ 79,80/saco).

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