Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
10/12/2015
Se o quadro econômico já era péssimo,
agora se reveste em
tragédia. Os dados divulgados pelo IBGE, referentes ao PIB do
terceiro trimestre de 2015, confirmam isso. Senão vejamos: o resultado negativo
de 1,7% reforça ainda mais o estado de recessão econômica do país, sendo que
sobre o terceiro trimestre de 2014
a queda é ainda maior (- 4,5%); a única rubrica que
aumentou (0,3%) foi a do consumo do governo, exatamente a que deveria ter sido
reduzida; o consumo das famílias registrou uma queda de 1,5%, recuando pelo
terceiro trimestre consecutivo e confirmando que o mercado interno está
esgotado; as exportações, mesmo favorecidas pela forte desvalorização do Real,
recuaram 1,8%, enquanto as importações caíram 6,9%; a agropecuária, que vinha
fazendo a diferença, agora despencou 2,4% entre julho e setembro passado; a
indústria nacional, pelo sexto trimestre consecutivo, viu seu PIB registrar
-1,3% (sua produção caiu 11,2% em outubro, consolidando 20 meses consecutivos
de recuo); e a rubrica mais preocupante, os investimentos, foi negativa em 4%
no período (são dois anos e três meses de comportamento negativo), sendo que em
relação ao mesmo trimestre do ano passado o recuo foi de espantosos 15%. Tais
números apontam, agora, para um PIB negativo entre 3,5% e 4% para 2015 e entre
2,5% a 3% para 2016. No primeiro caso, desde 1990 o país não registrava
resultado tão ruim. No segundo caso, se o mesmo se confirmar, o Brasil terá,
pela primeira vez desde 1931/1932, dois anos consecutivos de PIB negativo. Para
completar o quadro de descalabro econômico, o superávit fiscal, que
inicialmente estava previsto em 1,2% do PIB, se transforma agora em déficit
fiscal, “legalizado pelo Congresso”, de algo em torno de 2% deste mesmo PIB, ou
seja, US$ 120 bilhões no final do ano. Ora, não há economia que se recupere sem
investimentos! Mas qual o empresário, brasileiro ou estrangeiro, que terá
coragem de investir num cenário destes? É nesse contexto que o imbróglio
político do pedido de impeachment à presidente Dilma se insere. Sem entrar na
questão se o mesmo tem ou não embasamento jurídico, o fato é que ele piora
sensivelmente as perspectivas econômicas do Brasil, pois irá paralisar o país
por seis meses, no mínimo, até o processo se resolver. Ou seja, o
ano de 2016, que já estava comprometido pela inércia em termos de ajuste fiscal
e reformas estruturais, agora está definitivamente perdido pela paralisação
política e o jogo de interesses entre grupos sedentos pelo poder e distantes da
dura realidade que suas ações estão fazendo os brasileiros viverem. Em tal
contexto, o desafio dos brasileiros, a partir de agora, passa a ser não mais
superar a crise e sim sobreviver à mesma. Não é só na Venezuela e na Argentina,
para citar os países mais próximos, que o populismo, travestido de “governar em
defesa das classes menos favorecidas” (mesmo que os mais pobres paguem o grosso
da conta, logo em seguida, por tal prática irresponsável), está afundando uma
Nação. O Brasil, após anos de péssima gestão econômica, é a bola da vez!