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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

23/06/2017 a 29/06/2017)



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VOLTAREMOS (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
29/06/2017

Existe certo consenso no Brasil de que dificilmente voltaremos ao fundo do poço econômico que alcançamos nestes últimos tempos. Na verdade, dois adendos precisam ser feitos a este raciocínio. O primeiro: uma coisa é chegar ao fundo do poço, outra é sair do mesmo. O segundo: se continuarmos colocando no poder político nacional pessoas irresponsáveis, o fundo do poço atual pode ser apenas um estágio de um buraco econômico maior. Quanto ao primeiro ponto, lembramos que o atual governo também perdeu a credibilidade política diante das acusações provenientes do Ministério Público. Michel Temer não governa mais o país. No exterior, tal realidade ficou evidente com o constrangimento vivido nas recentes visitas à Rússia e Noruega. Aqui no país, é a equipe econômica, com uma posição monetarista adequada, que vem segurando a economia. Todavia, sua ação se dá nas questões conjunturais. Sem as correções estruturais, como o ajuste fiscal e as reformas, a correção de rumo, ainda tímida, não se sustenta. E tais ajustes estruturais dependem do Congresso Nacional e da capacidade política de quem nos governa. Ora, estamos falando de poderes que, hoje, estão preocupados em “salvar a pele” e não melhorar o Brasil e a vida dos brasileiros. Nesse sentido, o governo Temer chega a acenar com um “pacote de bondades”, no velho estilo dos recentes governos, o qual irá prejudicar as contas públicas, comprometendo ainda mais o ajuste fiscal. Tanto é verdade que, para 2017, a equipe econômica luta para conter o déficit público em R$ 139 bilhões, já tendo aumentado o déficit para 2018, passando-o de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões. Neste contexto, 2017 já está perdido e 2018 segue o mesmo caminho. Portanto, sair do fundo do poço realmente é outra história nas condições políticas em que nos encontramos. Quanto ao segundo ponto, lembramos que 2018 é ano de eleições presidenciais onde, até o momento, não desponta nenhum potencial candidato digno de nota. Em situações como esta é comum, mundo afora, a população optar por “salvadores da Pátria” que, mais dia menos dia, levam o país para o buraco econômico. Aliás, recentes governos “salvadores” nos trouxeram a tal caos econômico. Portanto, no estado de coisas que nos encontramos, não é impossível a população brasileira se dobrar a demagogias e colocar no poder, a partir de 2019, um governo que logo adiante nos faça, sim, irmos para além do fundo do poço. Se é preciso de algo concreto para se entender o recado, olhem o que acontece com a Venezuela, nossa vizinha.


quinta-feira, 22 de junho de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

16/06/2017 a 22/06/2017)




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A CAIXA PRETA DO BNDES (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
22/06/2017


Dando sequência à coluna passada, vale dizer que a caixa preta do BNDES é bem mais profunda! Em 2016 Joesley Batista teria solicitado, via o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que o presidente Temer interviesse no BNDES a fim de que o banco não vetasse a mudança da sede para o Exterior. Na oportunidade a ideia era ir para a Irlanda. Ou seja, a política de subsidiar com dinheiro público as ditas “campeãs nacionais” (e aí entra, além da JBS, as empresas de Eike Batista e muitas outras) acabou indo para o ralo da corrupção. O BNDESPar, que é dono de 20% das ações da JBS, tentou vetar a saída da empresa, porém, cerca de 80% das operações da mesma já estão, não na Irlanda, mas nos EUA de Donald Trump. Além disso, no final de abril passado os donos da JBS estavam em um grupo de empresários que reclamou da gestão de Maria Silvia Bastos Marques no BNDES, pois a mesma estava tentando passar um “pente fino” em todas as ações, principalmente as obscuras. Rapidamente a mesma foi “apeada” do cargo e substituída por alguém mais afinado, em princípio, aos interesses do Planalto. O escolhido, Sr. Paulo Rabello de Castro, embora conhecedor da área, foi o mesmo que, na presidência do IBGE provocou desconforto entre analistas ao mudar a metodologia nas pesquisas do comércio e serviços para o cálculo do PIB nacional, fato que elevou o resultado de janeiro passado (cf. ZH, 29/05/17, p. 15). Diante destes fatos, é justo imaginar que a Operação Lava-Jato está mostrando que o roubo do dinheiro público é muito maior do que se pensa. Não é por nada que a maioria de nossos deputados e senadores, secundados por ministros e presidentes da República, trabalham arduamente para frear a ação do Ministério Público e da Polícia Federal. Enquanto isso, os brasileiros pagaram em impostos, que alimenta boa parte desta ciranda, 41,8% do PIB nacional em 2016, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Em 2017 foram necessários 153 dias de trabalho para pagarmos todos os impostos que sobre nós recaem. Isso é o dobro do que se trabalhava na década de 1970. Um dinheiro que não volta em serviços públicos adequados à sociedade, pois grande parte é roubada da forma que, agora, estamos tomando conhecimento. E isso que a caixa preta do BNDES apenas começou a ser aberta. Se quisermos um Brasil melhor é preciso que se faça uma limpeza completa da corrupção nas entranhas políticas do país, em todos os níveis. Isso, mesmo que a correção de rumo de nossa economia sofra atrasos e nos deixe por mais tempo na recessão. É melhor atacarmos definitivamente o problema nacional agora que começamos, do que fazermos novamente uma “meia sola” que voltará a inviabilizar politicamente o país, e obviamente sua economia, logo adiante. Resta esperar que a sociedade brasileira acorde finalmente para tal realidade e deixe de agir como avestruz.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

09/06/2017 a 15/06/2017)




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A CAIXA PRETA DO BNDES (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
15/06/2017


A brutal recessão que o Brasil vive é fruto de duas razões: uma enorme incompetência de gestão econômica, entre 2007 e meados de 2016, alimentada por interesses ideológicos e sanha pelo poder; e, por consequência, uma corrupção colossal que desviou dinheiro público dos investimentos nacionais, especialmente na saúde, educação e infraestrutura, onde grandes empresários se aproveitaram da fraqueza ética de muitos governantes para se apoderarem do dinheiro público em benefício próprio, inclusive no Exterior. Esse capitalismo de compadres, como é conhecido, que agora vem à tona, tem impedido historicamente que o Brasil se desenvolva. E, parece, continuará impedindo, a julgar pelos acontecimentos políticos destes últimos tempos. Para aqueles que, por algum motivo, não conseguiram acompanhar ou entender o que se passa vamos aqui recuperar, de forma sintética, nesta e na próxima coluna, o caso da JBS. Pois esta empresa, na delação de um de seus proprietários, afirma que recorreu à corrupção a fim de obter vantagens em financiamentos no BNDES e também em negócios envolvendo os fundos de pensão da Petros, da Petrobras, e Funcef, da Caixa Econômica Federal. Juntos, o BNDES, Petros e Funcef aportaram US$ 1 bilhão na JBS, adquirindo parte da companhia. No total, a partir de 2006 é até 2016 (governos Lula e Dilma/Temer) a JBS recebeu R$ 10 bilhões de dinheiro público e os irmãos Batista internacionalizaram os negócios, tornando a empresa JBS, sob o controle da J&F, na maior processadora de proteínas animais do mundo. No contexto da corrupção realizada, apenas o saldo das contas atribuídas a Lula e Dilma somaria US$ 150 milhões em 2014 (ZH, 20-21/05/17, p. 15). A empresa em questão, a partir de 2007, foi uma das escolhidas pelo programa oficial “campeãs nacionais”, pelo qual empresas tiveram ajuda do governo para serem competidoras internacionais. Nos dois anos seguintes a isso, o BNDES “engordou o cofre da JBS com R$ 8,3 bilhões, por meio de compra de ações, e outros R$ 2 bilhões em crédito” (cf. ZH, 19/05/17, p. 21). Assim, a JBS, que no início do governo Lula faturava aproximadamente R$ 4 bilhões, em 2016 chegou a R$ 170 bilhões, viabilizado pelo fornecimento quase ilimitado de recursos públicos favorecidos, como se viu através do depoimento de um de seus proprietários, via pagamento de propinas e corrupção de membros do governo (cf. ZH, 24/05/17, p. 21). Dito de outra forma, o BNDES foi transformado, nestes últimos governos, em “o maior instrumento de concentração de capital tirado à força de quem trabalha (e paga impostos) para os amigos do governo de plantão”. Portanto, a competitividade de empresas deste tipo, uma de nossas “campeãs nacionais”, não se dá pela qualidade na gestão e competitividade econômica, e sim pelo roubo do dinheiro público. (segue) 

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

02/06/2017 a 08/06/2017)




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PIBINHO AMEAÇADO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
08/06/2017


Como já era esperado, o PIB brasileiro do 1º trimestre de 2017 veio positivo. O mesmo registrou 1% de crescimento sobre o 4º trimestre de 2016, que havia sido de -0,5%. Depois de oito trimestres consecutivos de PIB negativo o Brasil, finalmente, pode declarar que alcançou o fim da recessão? A resposta mais sensata é não. Uma séria de fatores nos remetem a termos cautela, embora a euforia oficial. Em primeiro lugar, o resultado deste primeiro trimestre, se comparado com o mesmo trimestre de 2016, é negativo de 0,4%, levando o PIB de 12 meses, encerrados em 31/03/2017, a registrar -2,3%. Em segundo lugar, o resultado positivo se deu graças ao sucesso da agropecuária, o qual, em muito, se deve ao clima. A mesma cresceu 13,4% no período, graças especialmente à safra de grãos. Já a indústria e serviços pouco ou nada reagiram (+0,9% e 0% respectivamente). Em comparação ao primeiro trimestre de 2016, somente a agropecuária reagiu, batendo em +15,2% de crescimento. A indústria ficou em -1,1% e os serviços em -1,7%. Em segundo lugar, se é verdade que o resultado deste 1º trimestre do ano indica que a economia melhorou um pouco, a saída da recessão é plena de incertezas. Isto se deve ao fato de que os investimentos continuaram negativos, ficando em -3,7% no trimestre, embora venham registrando uma melhoria desde o 4º trimestre de 2015, quando o resultado foi de extraordinários -18,7%. As incertezas são alimentadas igualmente pelo consumo das famílias, o qual também continuou negativo, batendo em -1,9% no período, embora esteja “melhorando” se comparado aos -6,7% registrados no 4º trimestre de 2015. Em quarto lugar, é preciso lembrar que para os próximos trimestres a participação da agropecuária será bem menor e isso deverá pesar muito já que indústria e serviços não reagem. Em quinto lugar, o país vive no 2º trimestre mais uma crise política que coloca em xeque a economia, pois politicamente o governo atual se inviabilizou, ameaçando o ajuste fiscal que mal começou e as reformas estruturais que nem saíram do papel (algumas delas, como a da Previdência, já descaracterizadas). Enfim, sem a melhora nos investimentos e no ambiente de negócios, os quais só vêm com garantia de equilíbrio fiscal, o país continuará marcando passo. Tanto é verdade que a maioria dos analistas, a começar pela FGV, reduziu a perspectiva do PIB esperado para 2017, de 0,4% para 0,2%. Neste espaço, já escrevemos que se crescermos 0,5% neste ano será motivo para comemorações. Ora, no estado político-econômico atual do país, até mesmo este “pibinho” está ameaçado, pois os números do 1º trimestre não ofereceram sinais claros de que o país estaria deixando para trás a maior recessão de sua história. Por enquanto, chegamos ao fundo do poço. Sair dele é outra história!  

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

26/05/2017 a 01/06/2017)




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CONTAS EXTERNAS MELHORAM

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
01/06/2017


O balanço de pagamentos é a radiografia das relações econômico-financeiras de um país com o resto do mundo. No contexto deste balanço, a conta “transações correntes” é uma das partes mais importantes, pois demonstra o resultado do comércio do país com o mundo. Quando esta conta é negativa significa dizer que o país mais comprou do que vendeu bens e serviços, fato que aumenta suas obrigações (dependência) para com o resto do mundo. O superávit, ao contrário, implica em troca de consumo presente por consumo futuro. Em não havendo superávit, o futuro pode ser amenizado cobrindo-se o excesso de gastos por investimentos diretos produtivos. Em estes últimos não sendo suficientes o país recorre a empréstimos e financiamentos externos (realização de dívida externa) e/ou recorre à participação de capitais de curto prazo (especulativos). Todavia, é bom lembrar que, quanto maior for a exposição a estes capitais especulativos, maior será o risco que o país assume. Pois a realidade em 2017 mostra uma sensível melhora nas contas externas brasileiras. Após ter alcançado um recorde negativo em 2014, quando o déficit nas transações correntes subiu a US$ 104,2 bilhões e os investimentos externos diretos somaram US$ 62,5 bilhões, no acumulado de 12 meses, terminados em abril de 2017, o déficit recuou para US$ 19,8 bilhões e os investimentos diretos subiram para US$ 84,7 bilhões. Esse comportamento permite, pelo menos, quatro reflexões: a) a melhoria nas contas externas se deve particularmente à recessão econômica brasileira e à desvalorização do Real neste último ano, fato que ajudou a aumentar o superávit comercial e reduzir o déficit em transações correntes (em 2014 o saldo comercial brasileiro foi negativo em US$ 4,05 bilhões, enquanto em 2016 o mesmo foi positivo em US$ 47,68 bilhões, batendo um recorde histórico), duas situações que levam a reduzir gastos no exterior; b) se o superávit comercial nacional cresce nesta proporção (até o dia 21/05 do corrente ano o mesmo já somava US$ 26,22 bilhões, contra US$ 17,24 bilhões em igual período de 2016), não há porque o Banco Central brasileiro deixar que o Real se desvalorize. Isso explica sua forte ação visando conter a moeda nacional ao redor de R$ 3,25 após o estouro do escândalo Temer-JBS. Afinal, maior desvalorização da moeda é sinônimo de pressão inflacionária pelo aumento dos preços dos produtos importados; c) entre o final de 2014 e abril de 2017 os investidores externos passaram a confiar mais no Brasil, especialmente após o impeachment da presidente Dilma, elevando a entrada de recursos produtivos em 35,5% no período; d) o ponto anterior nos traz a esta última constatação: em quanto a nova crise política, que atinge em cheio o governo Temer, irá influenciar nas contas externas nacionais as quais, assim como a economia interna, estavam iniciando uma recuperação, mesmo que lenta?

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