Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
15/06/2017
A brutal recessão que o Brasil vive é fruto de
duas razões: uma enorme incompetência de gestão econômica, entre 2007 e meados
de 2016, alimentada por interesses ideológicos e sanha pelo poder; e, por
consequência, uma corrupção colossal que desviou dinheiro público dos
investimentos nacionais, especialmente na saúde, educação e infraestrutura,
onde grandes empresários se aproveitaram da fraqueza ética de muitos
governantes para se apoderarem do dinheiro público em benefício próprio,
inclusive no Exterior. Esse capitalismo de compadres, como é conhecido, que
agora vem à tona, tem impedido historicamente que o Brasil se desenvolva. E,
parece, continuará impedindo, a julgar pelos acontecimentos políticos destes
últimos tempos. Para aqueles que, por algum motivo, não conseguiram acompanhar
ou entender o que se passa vamos aqui recuperar, de forma sintética, nesta e na
próxima coluna, o caso da JBS. Pois esta empresa, na delação de um de seus
proprietários, afirma que recorreu à corrupção a fim de obter vantagens em
financiamentos no BNDES e também em negócios envolvendo os fundos de pensão da
Petros, da Petrobras, e Funcef, da Caixa Econômica Federal. Juntos, o BNDES,
Petros e Funcef aportaram US$ 1 bilhão na JBS, adquirindo parte da companhia.
No total, a partir de 2006 é até 2016 (governos Lula e Dilma/Temer) a JBS
recebeu R$ 10 bilhões de dinheiro público e os irmãos Batista
internacionalizaram os negócios, tornando a empresa JBS, sob o controle da
J&F, na maior processadora de proteínas animais do mundo. No contexto da
corrupção realizada, apenas o saldo das contas atribuídas a Lula e Dilma
somaria US$ 150 milhões em 2014 (ZH, 20-21/05/17, p. 15). A empresa em questão,
a partir de 2007, foi uma das escolhidas pelo programa oficial “campeãs
nacionais”, pelo qual empresas tiveram ajuda do governo para serem competidoras
internacionais. Nos dois anos seguintes a isso, o BNDES “engordou o cofre da
JBS com R$ 8,3 bilhões, por meio de compra de ações, e outros R$ 2 bilhões em
crédito” (cf. ZH, 19/05/17, p. 21). Assim, a JBS, que no início do governo Lula
faturava aproximadamente R$ 4 bilhões, em 2016 chegou a R$ 170 bilhões,
viabilizado pelo fornecimento quase ilimitado de recursos públicos favorecidos,
como se viu através do depoimento de um de seus proprietários, via pagamento de
propinas e corrupção de membros do governo (cf. ZH, 24/05/17, p. 21). Dito de
outra forma, o BNDES foi transformado, nestes últimos governos, em “o maior
instrumento de concentração de capital tirado à força de quem trabalha (e paga
impostos) para os amigos do governo de plantão”. Portanto, a competitividade de
empresas deste tipo, uma de nossas “campeãs nacionais”, não se dá pela
qualidade na gestão e competitividade econômica, e sim pelo roubo do dinheiro
público. (segue)