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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

25/10/2019 a 31/10/2019)



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A LIÇÃO DAS CRISES (II)


Argemiro Luís Brum
31/10/2019

Dando sequência ao tema iniciado na coluna passada, é notório que o Brasil, assim como a maioria dos países no mundo, precisa de fortes ajustes, a começar pelas reformas estruturais em relação ao funcionamento do Estado. A expectativa é que as mesmas, desde que bem-feitas, não só ajustem as contas públicas, recolocando o Estado em seu papel de agente socioeconômico importante, mas igualmente criem as condições de uma melhor distribuição de renda nacional, a qual elevaria o consumo, o emprego e o bem-estar social em geral. Por enquanto, de forma lenta, assistimos a um esforço para resolver o déficit público. A segunda parte, a de gerar um ambiente para uma melhor distribuição de renda, mais uma vez está se deixando de lado. E, sem ela, logo adiante, a crise social explode e, dela, será um passo para novos governos populistas, usando o mote do “tudo pelo social”, instalarem políticas econômicas que inviabilizem o Estado. É neste sentido que as reformas estruturais, discutidas agora, precisam urgentemente abrir espaços, igualmente, para uma equalização da renda dos brasileiros. Não é mais possível manter uma realidade que: 1) desonera produtos que passam longe da “cesta básica”, como queijo gorgonzola, iogurtes, chantilly, filé de salmão e ovo de jacaré, a qual, apenas no ano passado, consumiu  R$ 15,9 bilhões do Estado, sendo que só R$ 1,6 bilhão desse valor foi gasto com os 20% mais pobres, enquanto os 20% mais ricos ficaram com R$ 4,5 bilhões; 2) a grande maioria dos brasileiros que se aposenta pelo Regime Geral (INSS) recebe em média, mensalmente, R$ 1.315,85, valor 94% menor do que o maior salário médio dos servidores da União e 79% menor do que o menor salário médio desses servidores (cf. ZH, 27/09/19, p. 23); 3) a dita recuperação de empregos corresponde a jornadas menores, pois hoje apenas 47,1% das contratações são de semana cheia, contra 73,1% em 2013. Dados de agosto mostram que, em um ano, houve ganho salarial real de 1,3% para quem trabalha mais de 30 horas semanais, hoje cada vez menos gente, enquanto os abaixo de 30 horas tiveram perda real de 2,5% e os com jornada de até 12 horas semanais, perda real de 4,5% (cf. Caged); 4) por falta de renda, o número de famílias endividadas no país bateu em 64,8% em agosto, enquanto as inadimplentes chegavam a 24,3% (o Brasil possui 41% de cidadãos ativos inadimplentes); 5) o empobrecimento do brasileiro se dá igualmente pela impossibilidade de aumentar seus ativos. Nos últimos 30 anos, os cidadãos que conseguiam adquirir e reformar imóveis passaram de 16,5% para 4,1% do total, mesmo com o programa Minha Casa Minha Vida (cf. IBGE); 6) nos últimos 17 trimestres consecutivos (encerrados em junho/19), ou seja, em pouco mais de quatro anos, a desigualdade entre ricos e pobres voltou a aumentar no país. (segue)


quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

18/10/2019 a 24/10/2019)



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A LIÇÃO DAS CRISES (I)


Argemiro Luís Brum
24/10/2019

Na esteira da crise mundial de 2007/08 esperava-se que o mundo conseguisse gerar um novo sistema de regulação, estilo Bretton Woods do pós-2ª Guerra Mundial, a fim de gerar uma estabilidade econômica global que viesse a alavancar o crescimento geral e, quiçá, maior desenvolvimento. Infelizmente, as instituições mundiais e os países em geral, apesar de colocarem em prática algumas medidas prudenciais, fracassaram em gerar este novo sistema de regulação. Com isso, deixou-se margem para o retorno das bolhas especulativas; de governos populistas de todos os matizes, alguns anti-globalistas, caso do atual governo brasileiro; do “cada um por si”, estilo Donald Trump, e por aí afora. Resultado: o mundo está à beira de uma nova recessão econômica mundial. Na América do Sul, a crise econômica se instala de forma ainda mais veloz. Após a Venezuela quebrar, temos a Argentina, o Brasil, o Equador e agora o Chile enfrentando enormes problemas, estes dois últimos com fortes tensões sociais (no Chile, as maiores desde o final da ditadura militar nos anos de 1990). A razão? Além da falta de um instrumento global de estabilização, tem-se o relativo fracasso das políticas econômicas praticadas, pelas quais usou-se o Estado para alavancar a economia, mesmo que alguns com objetivos sociais meritórios, até os seus limites. Ou seja, se gastou mais do que se arrecadou por anos à fio, até inviabilizar o próprio Estado. Em tal estágio, o setor privado não responde, por falta de confiança e garantias, e o Estado não tem mais fôlego para continuar atuando. O país trava e a Nação empobrece. E é este último ponto o elemento central que explica, em boa parte, as crises regionais. A democracia política não se reflete em bem-estar geral, elevando o nível de vida do conjunto da sociedade (alguns nem democracia possuem). Com isso, a maioria sofre e, em um determinado momento, explode. Foi assim no Brasil em 2013, está sendo assim há muitos anos na Venezuela, está sendo assim agora na Argentina, no Equador e no Chile. O aumento na passagem do ônibus ou do metro é apenas a “desculpa” para os movimentos populares eclodirem. Por trás, o que se tem, é uma opressão econômica geradora de grupos privilegiados, os quais se utilizam do Estado para se manterem neste status quo. Na Argentina, por exemplo, país que foi uma das cinco maiores potências econômicas no início do século XX, encontramos hoje o caos, onde mais de 2 milhões de pessoas pobres perambulam pelas ruas apenas de Buenos Aires, a inflação anual já ultrapassa os 55%, a taxa de desemprego supera os 10% (a maior desde 2006), o nível de endividamento público atinge os 90% do PIB e a eleição presidencial deste domingo, 27/10, tende a eleger novamente a linha de ação econômica que colocou o país em tal situação, após a alternativa liberal fracassar em corrigir o problema. E o Brasil? (segue)

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

11/10/2019 a 17/10/2019)



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CAUTELA


Argemiro Luís Brum
17/10/2019

Estamos chegando ao final de 2019 e a economia brasileira continua estagnada. As projeções apontam para um PIB final ao redor de 0,8% (na melhor das hipóteses 1%), contra 1,1% em 2017 e 2018. E para 2020 o quadro de desemprego elevado, com avanço da informalidade; inflação muito baixa (no piso da meta); confiança reduzida dos investidores; demanda com forte endividamento e inadimplência; contas públicas com forte déficit, com a dívida pública bruta se aproximando dos 80% do PIB; e um cenário externo desenhando uma nova recessão mundial logo adiante, são alguns dos fatores que não permitem maiores otimismos. Se o pior já teria passado, o ideal ainda está longe de ser alcançado. O custo do intervencionismo estatal na economia, entre 2007 e 2014 em particular, se confirma altíssimo. Um de seus símbolos, e que agora cobra seu preço, está no fato de que o Tesouro, no período, colocou no BNDES mais de US$ 100 bilhões, os quais serviram para tudo, inclusive para projetos no exterior, menos para alavancar o crescimento da economia (o referido valor é superior, a preços de hoje, a tudo o que foi gasto pelo governo dos EUA para recuperar a Europa Ocidental e o Japão, após a 2ª Guerra Mundial, conhecido como Plano Marshall). Ao mesmo tempo, o contrato social da redemocratização, construído a partir da Constituição de 1988, viu seus principais elementos, dentre eles o crescimento contínuo do gasto público a taxas superiores ao crescimento da economia, fazer água a partir de 2010. O mesmo se cristaliza quando a taxa de crescimento da receita pública deixa de ser superior ao crescimento da economia, passando a ser igual ao PIB. Em paralelo, não há mais espaço para aumentos de impostos. Assim, a crise fiscal se estabeleceu, com o gasto público superando em muito a receita. Na sequência, o que se viu foi a incapacidade dos governos (2015-2018) em atacar o problema. (cf. Conjuntura Econômica-FGV-agosto/19). Agora, a equipe econômica liberal do ministro Guedes começa a colocar em prática mecanismos de limitação no crescimento do gasto público. A partir da PEC do Gasto Público, aprovada ainda no governo anterior, se avança para as reformas estruturais. O sucesso de tais reformas definirá o tamanho da retomada dos investimentos (internos e externos). E este tamanho definirá a recuperação da economia. Além disso, o cenário externo se complicou enormemente (o acordo entre EUA e China, além de recente, é apenas parcial, não permitindo, ainda, conclusões). Neste contexto, o PIB de 2020 pode muito bem ficar no marasmo destes últimos três anos, ou avançar para uma taxa entre 2% e 2,5%. Esta última, por enquanto, seria nosso limite superior (porque as reformas privilegiam apenas o ajuste fiscal), lembrando que o Brasil precisa, pelo menos, de um crescimento de 4% ao ano. Portanto, cautela continua sendo a estratégia adequada nesta virada de ano.  

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

04/10/2019 a 10/10/2019)



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SOJA: MENOS RENDA AOS PRODUTORES (?)


Argemiro Luís Brum
10/10/2019

Tem sido recorrente a queixa dos produtores de soja quanto ao fato de que, a cada ano, estaria sobrando menos dinheiro com esta cultura. Tomando o Rio Grande do Sul como referência, dados da Fecoagro confirmam este quadro. Entre 2014/15 e 2019/20 o custo total da soja subiu 61,5%. Com isso, a rentabilidade da soja passa de 17,4 para 12,3 sacos no período. Mas a situação vem de mais tempo. Entre 1999/00 e 2009/10, segundo dados da Fecoagro, Conab, Emater e Farsul, o custo médio por hectare cresceu 183%. Em paralelo, a produtividade aumentou apenas 7,1%, enquanto o preço médio do saco de soja se elevou em 114% (de R$ 17,40 para R$ 37,29). Desta forma, nota-se que o resultado líquido por saco de soja passa de R$ 5,93 para R$ 6,97 (+17,5%). Entretanto, a inflação oficial do país (IPCA), no período, foi de 94%. Já entre 2009/10 a 2018/19 o custo cresce 160,9%, enquanto a produtividade média gaúcha aumenta 29,2% e o preço médio recebido pelos produtores gaúchos aumenta 93,4%, passando de R$ 37,29 para R$ 72,14/saco. A sobra líquida com a soja melhora no período, passando de R$ 6,97/saco para R$ 10,92/saco (+56,7%), porém, ainda abaixo da inflação do período, a qual acumulou 69,5%. Por outro lado, duas considerações adicionais se fazem ainda necessárias: 1) muitos produtores já estão conseguindo produtividade média acima de 60 sacos/hectare, fato que melhora a sobra líquida; 2) a inflação do setor agrícola tem sido maior, e as vezes bem maior, do que o índice oficial IPCA, em função de os custos estarem muito relacionados à evolução do câmbio no Brasil (se no primeiro período, ponta-a-ponta, o Real se valorizou 4,4%, no segundo período a moeda nacional, na mesma metodologia, se desvalorizou 124,4%). Enfim, tais cálculos reforçam outra realidade já historicamente observada no meio rural brasileiro em geral e gaúcho em particular. A inviabilização econômica das propriedades pequenas ao ficarem apenas com a atividade soja. Assim, uma propriedade gaúcha com 50 hectares de planta, em 1999/00, teria conseguido uma renda líquida total de R$ 11.860,00 (apenas R$ 988,33/mês). Já uma propriedade de 300 hectares de planta obtém R$ 71,160,00 de renda (R$ 5,930,00/mês).  Em 2018/19, a propriedade de 50 hectares, pelos dados utilizados, consegue R$ 2.518,00/mês, enquanto a propriedade de 300 hectares atinge a R$ 15.110,00/mês. Ou seja, diante das dificuldades na obtenção de renda através de produtividade e preço, quem pode busca o aumento horizontal de sua escala de produção, cultivando áreas maiores, fato que leva à concentração natural de terras e ao êxodo rural. Os demais, buscam a diversificação da produção, o que nem sempre os viabiliza, ou acabam arrendando ou vendendo suas propriedades.
  

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

27/09/2019 a 03/10/2019)



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ONDE OS CORTES SÃO NOCIVOS AO DESENVOLVIMENTO


Argemiro Luís Brum
03/10/2019


Os ajustes na economia são necessários, porém, é preciso cuidado com setores fundamentais, como a educação, saúde, segurança e infraestrutura. Tomando apenas o caso da educação, não há país no mundo que tenha se desenvolvido sem investir pesado na formação de qualidade de seu povo. E não adianta apenas injetar dinheiro, é preciso fazê-lo com qualidade. O mundo evoluiu graças aos avanços científicos vindos da formação pela educação escolar e universitária. Ora, o Brasil de hoje está esquecendo disso e praticamente ignorando a educação. Corta-se inescrupulosamente verbas para pesquisa, ensino e trabalhos de extensão acadêmicos. Existem hoje políticas públicas decididas a acabar com o mundo da educação em nosso país. Parte do governo atual, e seus seguidores radicais, se mostra satisfeita com o ataque à arte, à cultura, à ciência, aos direitos sociais e à educação, abandonando a população ao desconhecimento, à escuridão da ignorância, destruindo a ciência e deixando o país ainda mais atrasado. Ora, nossas vidas são movidas pelos frutos da ciência, do conhecimento. E isto somente é possível com formação, com estudo, em síntese, com educação escolar e universitária séria, acompanhada de respeito a todas as pessoas ali engajadas. Sem isso, não se constrói uma nação avançada, e sim a barbárie. Portanto, não é desqualificando a educação que o Brasil irá avançar. Aliás, foi porque seguidamente a transformamos em instrumento de alienação, em busca de benefícios eleitoreiros próprios, que o país chegou a este estágio de crise, a ponto de se transformar, em alguns aspectos, em fiasco mundial. Querem nos fazer crer que podemos avançar com o truque “da educação sem dedicação; resultados sem meios; aulas sem professores; saber sem cultura; educação sem investimentos adequados”. Isso não existe, isso é posicionamento da mediocridade, que afunda o país no poço do subdesenvolvimento. A saída não passa pela destruição do que se construiu até hoje, e sim pela sua qualificação, independente de ideologias, em um embate construtivo de ideias, com o respeito que só a educação fornece. A desigualdade social de um país diminui conforme sua complexidade econômica aumenta. Ora, o Brasil, nos últimos tempos, voltou a trilhar o caminho oposto, que no passado já nos causou tantos estragos, gerando uma economia simplificada, com baixa industrialização, sem grandes inovações e ciência. Assim, além de desiguais, estamos construindo uma sociedade de despreparados. Só iremos sair de tal situação se investirmos, dentre outros, na constante melhoria da formação do povo brasileiro. Isso nos permitirá, com o tempo, evitarmos colocar despreparados populistas, alguns, inclusive, mal-intencionados e corruptos, na administração pública brasileira. Só assim poderemos vislumbrar a possibilidade de um futuro melhor.


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