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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

13/12/2019 a 19/12/2019)



Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
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2020


Argemiro Luís Brum
19/12/2019

No momento, após a violenta recessão vivida entre meados de 2014 e o final de 2016, a economia brasileira acusa uma lenta recuperação, com um crescimento médio ao redor de 1,3% entre 2017 e 2019. Saímos da recessão, mas estagnamos em um crescimento largamente insuficiente. Estamos diante de uma recuperação a mais lenta da história conhecida, com a economia girando hoje (final de 2019) em nível 3,6% inferior ao do pico anterior à recessão (início de 2014). Ora, na média das últimas nove recessões brasileiras, depois de 22 trimestres, o PIB já era mais de 10% superior ao pico anterior à recessão. Assim, no ritmo atual, o nível que tínhamos antes da crise somente será retomado entre meados de 2022 e início de 2024. No momento, em perspectiva, espera-se para 2020 um PIB entre 2% a 2,5%, a partir do alento vindo do PIB do terceiro trimestre de 2019 (0,6%). Duas rubricas se destacaram no mesmo: o consumo das famílias e os investimentos. No primeiro caso, a reação se deu graças a medidas pontuais, como a liberação do FGTS, assim como, em parte, à redução do juro básico. Mas essa reação não parece ser estrutural, pois não há poupança nas famílias e sim dívida e inadimplência. De fato, nossa taxa de poupança nacional está ao redor de 15% do PIB quando o ideal seria algo em torno de 25%. Já a melhora nos investimentos parece ser de ordem mais estrutural, puxados especialmente pela construção civil neste final de 2019. Mesmo assim, a construção civil ainda está 30% abaixo do pico anterior e hoje ainda 23% abaixo do nível que estava em 2014. Ao mesmo tempo, a taxa de investimento está em 16,3% do PIB, mas a preços constantes ainda é de 15,5% do PIB. Ou seja, insuficiente para um crescimento mais robusto. O fato é que, mesmo com mais crédito e juro básico baixo, o maior problema continua sendo a falta de renda da população devido ao alto desemprego e a geração de empregos de baixa qualidade. Desta forma, não se gera renda nova e as empresas acabam competindo pela mesma renda disponível, o que favorece àquelas com mais escala em detrimento das demais. Neste contexto, o cenário para 2020 é de melhoria, porém, bastante lenta (não se descarta, por questões conjunturais, alguma aceleração pontual). Todavia, a recuperação tem pela frente alguns riscos importantes: 1) a possibilidade de eclodir uma recessão mundial em algum momento entre 2020 e 2024; 2) se continuarem muito duras as medidas internas de correção, sobre as mesmas classes sociais (está difícil atacar os privilégios), cria-se um potencial de explosão social (tipo os países vizinhos); 3) além disso, no curto prazo, o país terá eleições em novembro/20, reduzindo a janela para ajustes para o período de março a julho. Enfim, o quadro continua exigindo cautela, embora o pior parece ter sido superado. O desafio, agora, é sair da estagnação econômica que vem desde 2017.



quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

06/12/2019 a 12/12/2019)



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COMEÇOU A TRAVAR (?) (Final)


Argemiro Luís Brum
12/12/2019


Um dos sinais de que as coisas começaram a travar na economia brasileira vem da menor oferta de dólares. Além da saída dos mesmos do país, como vimos na coluna passada, há forte redução no saldo da balança comercial (o mesmo deverá terminar o ano na metade do valor de 2018), e registramos hoje um déficit crescente na balança de transações correntes, o qual já chega a 4% do PIB. E isso que a economia brasileira está com grande ociosidade, pois estagnada há anos, favorecendo os investimentos. A situação se complica na medida em que o preço dos alimentos começa a subir fortemente, caso da carne bovina, suína, feijão etc..., pressionando ainda mais a população que vem pagando a conta dos ajustes. O governo está assustado porque, finalmente, parece ter se dado conta de que o problema da crise brasileira é estrutural, mas não só na economia, também nas questões sociais. E a receita liberal, mesmo sendo boa, não pode ser aplicada unilateralmente. Ou corrige o rumo dos ajustes e faz reformas adequadas e justas, ou vai paralisar, diante do risco de ver estourar tensões sociais equivalentes aos dos países vizinhos. A realidade chilena já mostrou que isso é possível e o mercado financeiro, atento sempre a estas questões, está demonstrando sua preocupação. E no meio de tudo isso a economia mundial continua a dar indicativos de crise forte pela frente. Dois deles recentes: o FMI, em outubro, apontou que perto de 90% do PIB mundial deve desacelerar em 2019, sem grandes perspectivas de melhora para 2020, sendo que as consequências nefastas desta situação “podem durar uma geração”; a OCDE, organização que o governo atual quer colocar o Brasil, informa que a economia mundial deverá crescer apenas 2,9% neste ano e repetir a dose em 2020, sendo o crescimento mais baixo da década, apontando que “é um erro imaginar que tal situação se deve a fatores temporários, pois eles são estruturais”. Para corroborar estes alertas e nossas impressões destacadas nestas duas últimas colunas, o jornal britânico Financial Times, no final de novembro, ao concordar que o Brasil “segue um programa de reformas que está entre os mais ambiciosos dos mercados emergentes, parece estar oscilando no que e como fazer daqui em diante, tendendo a abandonar uma mudança econômica potencialmente arriscada para preservar seu apelo populista eleitoral, correndo o risco de perder oportunidade agora, pois a janela para mudanças será fechada, talvez por anos, e os investidores internacionais irão para outro lugar”. A questão toda é saber dosar socialmente as reformas a fim de não provocar as tensões que atualmente ocorrem mundo afora, fato que, parece, o governo não sabe ou não consegue fazer (ou ainda, não está querendo fazer), se mostrando indeciso e perdendo sustentação naquilo que lhe dá ainda credibilidade: a economia. 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

29/11/2019 a 05/12/2019)



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COMEÇOU A TRAVAR (?) (I)


Argemiro Luís Brum
05/12/2019

Depois da reforma previdenciária, que saiu incompleta, o governo não conseguiu (ou quis) avançar nas demais reformas estruturais, especialmente a tributária e a administrativa. A discussão das mesmas fica para 2020, após o recesso do Congresso, ou seja, a partir de março. Considerando que o próximo ano é de eleições, pouco se tomará de decisões difíceis como estas a partir de julho. Assim, o governo terá de quatro a cinco meses para fazer alguma coisa neste sentido. Muito pouco! O motivo principal desta freada no processo vem do exterior e, particularmente, dos países vizinhos. As reformas são fundamentais, o ajuste fiscal do Estado necessário, o acerto das contas públicas urgente, porém, tudo isso deve ser bem-feito, ou seja, de forma igualitária, sem penalizar alguns (geralmente os pobres e a classe média) em favor de outros (os mais abastados). Ou seja, a política econômica liberal é bem-vinda, porém, deve ser bem executada. O estouro social em diferentes países do mundo em geral e da América do Sul em particular, nestes últimos meses, confirma que, qualquer que seja o modelo econômico adotado, sem ações igualitárias, o processo freia dia mais dia menos, inclusive comprometendo o futuro da Nação. Já vimos no que deu o uso irrestrito do Estado, sem controle dos gastos públicos. Estamos vendo agora no que dá (ou pode ainda dar) em ações ultraliberais de correção, sem que as mesmas sejam bem-feitas (entendidas aqui, e sempre foi este o sentido, desde que respeitem a realidade econômica das diferentes classes sociais). O governo brasileiro dá sinais de estar assustado com os fatos externos a este respeito e ficou perdido nos últimos tempos em como agir. A ponto de insistir com indicativos em torno do retorno do AI-5 ditatorial caso haja manifestações importantes contra as medidas econômicas. De fato, se as correções econômicas do atual governo, embora necessárias, continuarem a penalizar alguns segmentos sociais em favor de outros (geralmente sempre os mesmos) o país vai estourar, como ocorreu em 2013. Além disso, o presidente da República e sua prole ainda não aprenderam a agir como manda a nova situação política que ocupam, mais atrapalhando do que ajudando ao encaminhamento das soluções para os problemas econômicos nacionais. A significativa saída de dólares do país neste segundo semestre, mesmo depois de aprovada a reforma da Previdência, a qual levou o Real a bater no seu recorde de desvalorização, é um indicativo desta realidade. Até os primeiros dias de novembro saíram do país US$ 21 bilhões, sendo o maior volume registrado desde 1999, e a tendência é de este volume aumentar nos próximos meses. (segue)


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