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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

25/08/2017 a 31/08/2017)



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CONTAS PÚBLICAS: FRACASSO E REAÇÃO (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
31/08/2017


Como vimos no comentário passado, os números relativos às contas públicas nacionais, que levaram o governo a rever as metas do déficit primário, são um desastre. Tais resultados colocam em xeque a condução da política econômica, pela nova equipe no posto, desde a ascensão do governo Temer, confirmando que a política “interesseira” está se sobrepondo à economia “responsável”.  O quadro se cristaliza diante das medidas anunciadas como reação oficial às presentes correções do déficit. Nota-se que o governo busca muito mais arrecadar do que realizar um processo de enxugamento da máquina pública. Assim, para 2018 o governo espera cumprir “a meta” de déficit primário em R$ 159 bilhões através da reoneração das folhas de pagamento de diferentes setores produtivos nacionais (algo que deveria ter ocorrido em 2017); antecipação na arrecadação de impostos que incidem sobre os chamados “fundos exclusivos”; um aumento na contribuição previdenciária dos servidores públicos que recebem acima de R$ 5.300,00 mensais, com a mesma passando dos atuais 11% para 14%; adiado por 12 meses o reajuste dos servidores federais (os do legislativo e do judiciário ficam de fora desta medida, assim como as forças armadas); validar o teto de remuneração do serviço público, o qual é de R$ 33.700,00 mensais; não mais aumentar a taxa de devolução de impostos (o Reintegra) aos exportadores, com a mesma permanecendo em 2% do que é pago em impostos; corte de 60.000 cargos no serviço público federal (na verdade, tais cargos já estão vagos e o governo apenas pretende não preenchê-los em 2018). Em suma: muito destas medidas dependem de aprovação junto ao Congresso Nacional e ninguém garante, em vésperas de eleições gerais, que o Congresso votará tais medidas e/ou venha a votá-las sem modificações que as tornem menos duras. Por outro lado, outras medidas não apresentam resultado prático algum e ficam apenas no terreno da ilusão, caso do corte dos cargos públicos. Por sua vez, apenas o executivo inicia um gesto de ajuste, mesmo que pálido, enquanto os outros dois poderes se mostram desinteressados com as contas públicas nacionais, assim como algumas categorias continuam privilegiadas, pois não atingidas pelos cortes. Enfim, não estamos conseguindo atacar, e muito menos resolver, o principal problema que freia nossa economia em um horizonte de médio prazo. Desta forma, em um horizonte mais amplo, de pouco adianta uma inflação baixa, uma taxa básica de juros em recuo, um câmbio sob controle, uma balança comercial superavitária etc. A má gestão pública que se acumula em nossa história, especialmente nos anos mais recentes, não permitirá que o país consiga fôlego econômico para uma recuperação substancial e duradoura. Sem falar que continuamos alimentando um instrumento gerador de novas e profundas crises. 

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

18/08/2017 a 24/08/2017)



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CONTAS PÚBLICAS: FRACASSO E REAÇÃO (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
24/08/2017

A revisão para cima no rombo das contas públicas, feita pelo governo dias atrás, cristaliza o fracasso da equipe econômica em conter as despesas públicas, além de confirmar que a mesma superestimou as receitas, negando a realidade óbvia de um ambiente econômico recessivo. Sem falar que parte do rombo adicional deste ano foi causado pelo próprio executivo, ao “distribuir” verba pública aos parlamentares em busca de “salvação” política, diante das acusações provenientes dos diretores da J&F/JBS. As correções no déficit primário confirmam igualmente que o quadro econômico nacional é muito mais difícil do que inicialmente se podia imaginar. Senão vejamos: a meta de resultado primário é o principal mecanismo de controle das contas públicas e, por consequência, da dívida pública. Hoje, a dívida pública total brasileira soma cerca de R$ 3,4 trilhões (ao câmbio atual, algo em torno de US$ 1,08 trilhão). O resultado primário (superávit ou déficit) é a diferença entre a arrecadação do governo e as chamadas despesas primárias, que não incluem os gastos com o pagamento de juros da dívida pública. Assim, quanto mais crescer o déficit primário, mais cresce a dívida pública e mais o Estado se inviabiliza, transferindo para o restante da economia a conta, fato que, mais dia menos dia, provoca crises tão sérias quanto for a incapacidade de controlar tal dívida. Ora, o governo brasileiro acaba não apenas de aumentar o rombo do déficit primário para 2017 (o déficit passou dos previstos R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões), mas igualmente para os anos seguintes, demonstrando que, mesmo com a PEC dos Gastos Públicos aprovada, não espera cortes eficientes nos gastos públicos e/ou que a economia reaja a contento para puxar as receitas de forma consistente. Assim, para 2018 o déficit primário previsto sai de R$ 129 bilhões para os mesmos R$ 159 bilhões deste ano (uma diferença, entre o esperado e o agora previsto, maior do que em 2017). Para 2019, a situação se mostra ainda pior, pois o déficit de R$ 65 bilhões mais do que dobrou na nova projeção, ficando agora em R$ 139 bilhões. Enfim, para 2020, o esperado superávit de R$ 10 bilhões (o primeiro desde 2013), passa agora a ser um déficit de R$ 65 bilhões. O que indica tal quadro? Que, mesmo esperando um início de recuperação econômica, talvez com o PIB chegando a 3% ao ano até 2020, o que melhoraria a arrecadação, os gastos públicos, em grande parte apenas para manter a ineficiente máquina pública, serão ainda maiores. O quadro se mostra ainda mais difícil se analisarmos a evolução da dívida pública bruta em relação ao PIB nacional. A mesma passa de 51,3% em 2011 para 78,2% em 2018 (em projeção). Isso representa um aumento de 52,4%, na relação, em apenas sete anos. Um desastre! (segue)

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

11/08/2017 a 17/08/2017)



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A DEFLAÇÃO TAMBÉM É NOCIVA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
17/08/2017


A atual equipe econômica acaba de fixar metas menores para a inflação a partir de 2019 e 2020. Parece pouco, mas é uma estratégia que permite sinalizar ao mercado que o governo se compromete a não deixar a inflação oficial sair do controle e, em especial, mostra o interesse em recuperar um dos pontos do tripé de sustentação da estabilidade econômica, construído ainda em 1999 e desastrosamente abandonado entre 2007 e 2014. Hoje a inflação oficial tem por centro da meta 4,5%, podendo oscilar no intervalo entre um máximo de 6% e um mínimo de 3%. Em 2019 o centro da meta passa a 4,25% e em 2020 a 4%. Neste último caso, o intervalo de oscilação cai para um máximo de 5,5% e um mínimo de 2,5%, já que a tolerância em relação ao centro da meta ficou mantida em 1,5 ponto percentual, tanto para mais quanto para menos.Com isso o Brasil caminha para uma inflação oficial nos padrões internacionais, o qual se situa ao redor de 3% anuais. Dito isto, pode causar estranheza o fato de o país estabelecer um patamar mínimo de inflação quando ela recua. Afinal, não seria ideal que a mesma fosse zerada e mesmo negativa? Não! Uma inflação perto de zero e/ou negativa (deflação) é tão nociva quanto uma inflação elevada, caso ela venha a durar por muito tempo. Este problema atingiu o Japão, em diferentes oportunidades a partir da década de 1990, e particularmente muitos países europeus depois do estouro da crise de 2007/08. Nestes últimos meses a inflação oficial brasileira, pela inércia da economia, afundada em uma recessão sem precedentes, rompeu o piso da meta estabelecida, recuando para 2,7% ao ano em julho passado (em junho, a inflação mensal chegou mesmo a ser negativa). A situação ficou “tão confortável” para o governo, que o mesmo se deu ao luxo de aumentar impostos que incidem sobre os combustíveis, um dos elementos de forte pressão inflacionária. Dificilmente chegaremos a um período de deflação anual, e muito menos prolongado. Todavia, vale esclarecer que a nocividade de uma deflação se encontra no fato de que a mesma é provocada, geralmente, por uma demanda retraída diante de um excesso de oferta. A partir daí aumenta o índice de ociosidade da economia, com aumento agudo da concorrência, o que leva a uma queda ainda maior dos preços. Isso leva a uma queda nos investimentos e a uma queda no produto real do país, com aumento do desemprego. Com o tempo, uma deflação pode provocar uma depressão econômica (um estágio ainda pior do que a recessão). Ou seja, ninguém tem interesse que isto aconteça, especialmente em países como o Brasil de hoje onde parte dos efeitos de uma deflação já se fazem presentes mesmo sem ela existir. O ideal, portanto, é manter uma inflação dentro de padrões aceitáveis. Sua manutenção requer um controle monetário sério, longe de ações desenvolvimentistas demagógicas que tão bem conhecemos.  

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

04/08/2017 a 10/08/2017)



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A SELIC RECUA, E DAÍ?

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
10/08/2017

A atual equipe econômica estabeleceu, dentre seus objetivos, o recuo da taxa básica de juros (Selic). Assim, de outubro/16 a este início de agosto/17 a mesma passou de 14,25% para 9,25% ao ano. Um recuo tão significativo quanto necessário. Apesar disso, a economia nacional não demonstra reações dignas de nota. Por quê? Porque, além dos fatores políticos, que são enormes, existem três aspectos econômicos que ajudam a explicar tal comportamento. Em primeiro lugar, tecnicamente os efeitos práticos de um recuo da Selic se dão cerca de seis meses após o seu anúncio. Isso significa dizer que o impacto mais importante do recuo da taxa básica começaria apenas no final do corrente ano. Entretanto, tal efeito pode acabar sendo mínimo, frustrando expectativas. E aí entra o segundo ponto. O juro real, que é o que de fato conta, praticamente não baixou. O mesmo é calculado a partir da diferença entre a taxa Selic e a inflação oficial realizadas ou previstas para o final do ano. Assim, para 2017, a expectativa é de uma taxa Selic em 8% e uma inflação entre 3% e 3,5%. Isso significa que nosso juro real está, em projeção, ao redor de 4,5% a 5% no momento. Ora, entre 2010 e 2016 o juro real de nossa economia, a partir deste raciocínio, ficou entre 4,5% e 7,5%, exceção feita em 2012, quando o governo da época forçou uma baixa artificial de juros no mercado real, usando a Selic como instrumento ao colocá-la em apenas 7,25% ao ano, a mais baixa taxa desde dezembro de 1997, e 2015, quando a inflação oficial disparou a 10,67%, a mais alta desde 2002. Dito de outra forma, apesar do forte recuo da taxa Selic nos últimos meses, a inflação caiu ainda mais rapidamente, mantendo os juros reais dentro dos patamares históricos, ou seja, dentre os mais elevados do mundo. Enfim, temos o terceiro ponto e o mais decisivo. O comportamento da Selic está “descolado” do comportamento dos juros praticados na economia real. Devido ao enorme endividamento (57,1% das famílias) e inadimplência (24,2% das famílias) os bancos e financeiras mantêm juros estratosféricos, pois suas provisões para calotes cresceram significativamente, encurtando o crédito disponível ao consumo (no final de julho tais juros eram de 351% para o rotativo do cartão de crédito; 300% para o cheque especial; 92% para os juros do comércio; 64% para o crédito pessoal nos bancos; 147% no crédito pessoal em financeiras; e 140% na taxa média nacional). Ora, com juros desta natureza quem deve não compra e quem não deve pensa várias vezes antes de comprar. Com isso, não há como a economia reagir na velocidade necessária. A recuperação parece estar se iniciando, porém, embora ajude, a redução da Selic pouco está contribuindo diante dos fatores estruturais que pesam sobre nossa economia, confirmando que o processo será lento e difícil.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

28/07/2017 a 03/08/2017)



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FRACASSANDO... (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/08/2017


Dando sequência ao comentário passado, indicamos a seguir ao menos três pontos que merecem destaque em relação ao fracasso do governo em ajustar as contas públicas, o qual desembocou, em julho, em um aumento de impostos sobre os combustíveis. Em primeiro lugar, a razão do fato. Se, por um lado, o governo encontra grandes dificuldades para cortar despesas, muitas contingenciadas pelo engessamento constitucional, por outro lado o gasto público recentemente aumentou porque ele vem liberando recursos para os parlamentares do Congresso Nacional “na tentativa de barrar neste Congresso a denúncia contra o presidente da República” a partir do escândalo da JBS. Ou seja, o governo compromete as contas públicas em busca de salvação política própria, repetindo o passado recente. Em segundo lugar, o descuido administrativo. A equipe econômica superestimou três fontes de receitas: apostava em um crescimento da economia neste ano, o qual não acontece; a dificuldade na tramitação da MP sobre o “novo Refis” e o atraso nas concessões; e o fato da reoneração das folhas de pagamento ser protelada para janeiro de 2018. Com isso, o resultado continuou sendo gastos públicos crescentes diante de receitas menores. Em terceiro lugar, considerando que o pior cenário seria mexer na meta fiscal, o governo optou pelo caminho mais fácil: aumentar imediatamente os impostos sobre os combustíveis, fazendo mais uma vez a população pagar a conta das más gestões públicas destes últimos anos, além de bloquear R$ 5,9 bilhões em despesas não obrigatórias no orçamento (em março passado já havia sido contingenciado R$ 42,1 bilhões, com o governo liberando R$ 3,1 bilhões já em maio). Como resultado prático desta decisão teremos uma pressão inflacionária, pois o custo de vida em geral aumentará. O raciocínio da equipe econômica está centrado no fato de que, tendo a inflação oficial recuado fortemente neste ano (projeção de 3% para 2017 quando o centro da meta é de 4,5%), há espaço para absorver este aumento provocado pelos novos impostos. Ora, para a população, mesmo ficando em torno da meta, a inflação voltará a subir no país. E, ao contrário do que o discurso oficial tenta passar, a retomada do crescimento fica comprometida, pois a redução dos juros tende a estancar, em um momento em que o endividamento e a inadimplência das famílias e empresas nacionais continuam altíssimos. Enfim, nada garante que tais medidas sejam suficientes para manter o déficit fiscal em R$ 139 bilhões. Da forma como se gasta o dinheiro público no país (em termos de quantidade e qualidade), sem nenhum comprometimento em favor da Nação por parte do Congresso Nacional, provavelmente teremos novos impostos até o final do ano, pois “o povo compreende” e continua aceitando pagar a irresponsabilidade da gestão pública nacional em praticamente todas as instâncias de governo. 

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