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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

FRACASSANDO... (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/08/2017


Dando sequência ao comentário passado, indicamos a seguir ao menos três pontos que merecem destaque em relação ao fracasso do governo em ajustar as contas públicas, o qual desembocou, em julho, em um aumento de impostos sobre os combustíveis. Em primeiro lugar, a razão do fato. Se, por um lado, o governo encontra grandes dificuldades para cortar despesas, muitas contingenciadas pelo engessamento constitucional, por outro lado o gasto público recentemente aumentou porque ele vem liberando recursos para os parlamentares do Congresso Nacional “na tentativa de barrar neste Congresso a denúncia contra o presidente da República” a partir do escândalo da JBS. Ou seja, o governo compromete as contas públicas em busca de salvação política própria, repetindo o passado recente. Em segundo lugar, o descuido administrativo. A equipe econômica superestimou três fontes de receitas: apostava em um crescimento da economia neste ano, o qual não acontece; a dificuldade na tramitação da MP sobre o “novo Refis” e o atraso nas concessões; e o fato da reoneração das folhas de pagamento ser protelada para janeiro de 2018. Com isso, o resultado continuou sendo gastos públicos crescentes diante de receitas menores. Em terceiro lugar, considerando que o pior cenário seria mexer na meta fiscal, o governo optou pelo caminho mais fácil: aumentar imediatamente os impostos sobre os combustíveis, fazendo mais uma vez a população pagar a conta das más gestões públicas destes últimos anos, além de bloquear R$ 5,9 bilhões em despesas não obrigatórias no orçamento (em março passado já havia sido contingenciado R$ 42,1 bilhões, com o governo liberando R$ 3,1 bilhões já em maio). Como resultado prático desta decisão teremos uma pressão inflacionária, pois o custo de vida em geral aumentará. O raciocínio da equipe econômica está centrado no fato de que, tendo a inflação oficial recuado fortemente neste ano (projeção de 3% para 2017 quando o centro da meta é de 4,5%), há espaço para absorver este aumento provocado pelos novos impostos. Ora, para a população, mesmo ficando em torno da meta, a inflação voltará a subir no país. E, ao contrário do que o discurso oficial tenta passar, a retomada do crescimento fica comprometida, pois a redução dos juros tende a estancar, em um momento em que o endividamento e a inadimplência das famílias e empresas nacionais continuam altíssimos. Enfim, nada garante que tais medidas sejam suficientes para manter o déficit fiscal em R$ 139 bilhões. Da forma como se gasta o dinheiro público no país (em termos de quantidade e qualidade), sem nenhum comprometimento em favor da Nação por parte do Congresso Nacional, provavelmente teremos novos impostos até o final do ano, pois “o povo compreende” e continua aceitando pagar a irresponsabilidade da gestão pública nacional em praticamente todas as instâncias de governo. 

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