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terça-feira, 29 de maio de 2018

COMBUSTÍVEIS, CAMINHONEIROS E A GÊNESE DA CRISE ATUAL (I)


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
31/05/2018

A gênese da crise atual de abastecimento brasileira, motivada pela greve dos caminhoneiros, remonta à década de 1950, quando o governo de então (JK) decidiu investir em estradas de rodagem, deixando de lado outros modais de transporte. Tal decisão foi consolidada nos governos seguintes. Ou seja, optamos pelo transporte mais caro, sucateamos as ferrovias e ignoramos o transporte por água, o qual ficou à mercê de lobbies ainda mais poderosos do que os formados em torno dos caminhões. Assim, em maio de 2018, em apenas quatro dias, ou menos, o Brasil parou e entrou em pânico! Esta realidade sempre se agrava quando o governo decide usar a Petrobras como válvula de escape para subsidiar a economia. Foi o que ocorreu no final do governo Lula e durante o primeiro mandato da presidente Dilma. Para tentar manter o projeto de crescimento via consumo, com aposta na demanda de veículos, o governo segurou o preço dos combustíveis. Exatamente em um momento em que os preços internacionais do petróleo e seus derivados subiram. Esta prática quase quebrou a empresa estatal. Além disso, foram descobertos escândalos de corrupção imensos que vinham auxiliando na crise da empresa. A dívida da Petrobras chegou a ultrapassar os R$ 500 bilhões, enquanto o seu valor de venda caiu para menos de R$ 200 bilhões. Uma política suicida, realizada sem resultados positivos ao crescimento da economia, pois mesmo assim o PIB nacional continuou recuando entre 2011 e 2016, até entrarmos em forte recessão. A nova equipe econômica, já no governo Temer, decide, acertadamente, que uma das medidas para recuperar a estatal é reajustar os preços de venda dos produtos da Petrobras ao ritmo do comportamento dos preços internacionais do petróleo. Ou seja, terminar com o subsídio aos combustíveis. Como os preços destes insumos ficaram represados, irresponsavelmente, por longo período no governo anterior, agora o aumento no preço final dos combustíveis, além de constante, é significativo. Para piorar o quadro, o preço do petróleo sobe fortemente no mercado internacional mais uma vez, enquanto o Real se desvaloriza muito nos últimos tempos. O barril do petróleo passou de US$ 55,91 em 06/12/2017 para US$ 72,43 no dia 21/05/2018. Ou seja, em pouco mais de cinco meses subiu 29,5% (em dólares), quando a inflação mundial está ao redor de 2,4% ao ano. E, entre meados de março e meados de maio de 2018, nossa moeda se desvalorizou 14,3%, passando de R$ 3,28 para R$ 3,75 por dólar. Como o Brasil continua importando muito petróleo, e até combustíveis, pois não é autossuficiente nestes produtos, o custo do insumo sobe significativamente. É natural que, em tal contexto, os consumidores brasileiros, e especialmente os caminhoneiros, agricultores e transporte coletivo, que usam o diesel, reajam. (segue)

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

18/05/2018 a 24/05/2018)



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terça-feira, 22 de maio de 2018

CAINDO NA REAL MAIS CEDO (!?)


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
24/05/2018

E o Brasil “cai na real” antes mesmo de terminar o quinto mês do ano! Uma realidade econômica pior do que a existente um ano atrás. Alguns pontos a destacar: 1) a baixa inflação oficial não reflete os constantes aumentos dos preços que atingem de fato o bolso do consumidor, freando o consumo. Ao mesmo tempo, os preços sobem pouco em outros setores porque a demanda não reage, já que as famílias continuam diante de forte desemprego, alto endividamento e importante inadimplência. O agravante é que logo mais os números da inflação oficial devem igualmente subir devido a correção dos preços administrados (combustíveis, gás, eletricidade), gerando uma inflação de custos; 2) apesar de algumas reações localizadas e de curto prazo, estruturalmente o desemprego voltou a subir nos últimos meses (segundo o IBGE falta trabalho para 27,7 milhões de brasileiros em idade para tal). Destes, 13,7 milhões são considerados tecnicamente desempregados, pois procuraram emprego em abril e não o encontraram; 3) o PIB do primeiro trimestre, ainda prévio, pois trata-se do IBC-Br, foi negativo em 0,13% (o primeiro trimestre negativo desde o final de 2016), após -0,74% em março, configurando muito mais cedo do que se previa o “voo de galinha” de nossa economia; 4) o reflexo imediato deste conjunto de fatos veio na forma de forte desvalorização do Real nas últimas semanas. Sem ajuste fiscal, sem reformas estruturais e com enorme indefinição política à beira das eleições presidenciais e legislativas, há uma fuga de capitais do país nos últimos dois meses (entre meados de março e meados de maio do corrente ano o Real já desvalorizou 14,3%, batendo em R$ 3,75 no dia 18/05 e mirando R$ 4,00 em um horizonte próximo). Tal movimento reforça o potencial inflacionário futuro na medida em que tudo o que é importado fica mais caro. Assim, se é fato que a situação externa atrapalha (os juros nos EUA e os sinais procedentes da crise Argentina são um forte alerta), o grande complicador está na economia interna. Ciente disso e constatando que, na prática, a forte baixa da taxa Selic pouco resultou em redução dos juros reais na economia (entre outubro/16 e abril/18 a Selic recuou 54,4%, enquanto a média dos juros que atingem a economia real recuou apenas 16,2%) e, por consequência, pouco serviu de alavancador do PIB nacional, o Copom interrompe a baixa da Selic e, talvez, ainda neste ano inicie, infelizmente, um processo de aumento do juro básico (ataca-se a febre já que a doença continua ignorada). Sem reformas estruturais e um profundo ajuste fiscal que deixe o Estado mais eficiente e competitivo, nossa economia continuará caminhando tropegamente pelos próximos anos, em permanente crise, flertando seguidamente com a recessão, com tudo o que de negativo isso possa causar à sociedade em geral e aos mais pobres em particular.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

11/05/2018 a 17/05/2018)



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INVESTIR OU NÃO EM BOLSA DE VALORES (Final)


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
17/05/2018

Dando sequência ao tema de nossa coluna passada, lembramos que as Bolsas em geral vivem, particularmente, de bolhas especulativas, as quais estouram facilmente deixando muita gente em dificuldades. Um dos erros primários é ir no embalo do mercado, participando do chamado efeito “manada”, especialmente na hora de vender as ações. Geralmente, tais vendas são feitas sem raciocínio. O importante é comprar e vender após estudar bem o mercado e a situação econômico-financeira nacional e mundial em que estão inseridas as empresas que ali negociam suas ações. Não estudar os mecanismos de funcionamento e aplicação em Bolsa é um erro constante. Enfim, investir e não ter tempo de acompanhar o movimento bursátil e suas razões, confiando apenas em terceiros, pode ser igualmente muito arriscado. Dito isso, após realizado o investimento o risco é julgar, depois de certo tempo, que já se conhece tudo e aumentar a aplicação, comprometendo a liquidez de vida pessoal, da família ou da empresa. Uma situação deste tipo, geralmente, mais dia menos dia, leva ao desastre, pois assim como sobem, as cotações despencam rapidamente. Neste sentido, é preciso cuidar muito com as oscilações anormais, pois geralmente são motivadas por bolhas especulativas que não oferecem sustentação. Neste amplo contexto, até aqui exposto, não é aconselhável especular em Bolsa pensando no futuro e em "viver de renda". Sobretudo na atualidade, onde a volatilidade bursátil é intensa, dominada pelo interesse dos Fundos, especialmente os especulativos, e onde a economia real nem sempre se reflete em seu comportamento. Neste contexto, tais aplicações valem para quem tem dinheiro sobrando e deseja jogar na especulação, desde que saiba os meandros do processo. Agora, não esquecer que sempre, se há alguém que ganha, do outro lado há alguém que perde. Cuidar muito para não ficar neste segundo caso, que é muito corriqueiro para os desavisados. Mesmo depois deste alerta, se ainda desejar aplicar em Bolsa visando o futuro, escolher ações de empresas sólidas na economia real, e saber que tal investimento deve ser feito por longo prazo, pensando na aposentadoria e/ou para os filhos e netos. Neste caso, em momentos ruins da Bolsa, será preciso manter as posições, mesmo perdendo dinheiro. Tal atitude não é fácil e requer muita firmeza na tomada de decisões a respeito. Além disso, não ignorar que muitas empresas em que se aposta podem, no decorrer do tempo, falirem e nos deixarem na mão (o caso da Varig no Brasil é emblemático). Assim, investir em Bolsa é tratar igualmente de investir numa cesta de ações/aplicações, colocando ali as melhores existentes no momento e com melhores expectativas futuras após profunda análise. Aqui, a máxima se inverte: jamais colocar na cesta um tipo apenas de ovo.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

04/05/2018 a 10/05/2018)



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INVESTIR OU NÃO EM BOLSA DE VALORES (I)


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
10/05/2018

Nesta hora brasileira em que o juro básico caiu para 6,5% ao ano, servindo especialmente para balizar o que os bancos pagam pelas nossas aplicações, mas pouco servindo para reduzir os juros que os brasileiros pagam ao setor financeiro, especialmente cheque especial e cartão de crédito, muitas pessoas voltam a se interessar pelas aplicações em bolsa de valores (no caso brasileiro a Bovespa). Afinal, nos primeiros quatro meses de 2018 a mesma registrou um ganho expressivo de 13,1%, enquanto os demais rendimentos financeiros, em sua maioria, não chegaram a 2%. Mas ganhar com aplicações em ações não é simples. Diante das diversas considerações possíveis a respeito, vamos aqui (e na próxima coluna) destacar algumas. Em primeiro lugar, na nossa Bovespa duas grandes empresas (Petrobras e Vale do Rio Doce) dominam geralmente o movimento bursátil. Assim, há forte concentração de valores na Bolsa e a oscilação no valor das ações das duas empresas, a partir de suas saúdes econômico-financeiras, são fundamentais. Em segundo lugar, é preciso se informar com especialistas do ramo quanto ao funcionamento da Bolsa e procurar observar, em um período longo, como e o porquê da ocorrência das oscilações nas cotações das ações. Em terceiro lugar, se realmente a pessoa quiser investir na Bolsa, deve começar com poucos recursos, visando um exercício-teste, até “pegar” os macetes e a prática do processo. Enfim, é importante se assessorar de corretores especializados na matéria. É preciso entender que aplicar em Bolsa de Valores (não confundir com Bolsa de Mercadorias), pensando em ganho fácil, é investir no risco, pois o processo é de risco. Ou seja, assim como se pode ganhar dinheiro, igualmente se pode perder muito dinheiro. Para quem não gosta de arriscar o seu dinheiro, não se aconselha investir neste instrumento, pois a Bolsa não deixa de ser um "jogo". Dito isso, em épocas de crise pode ser interessante aplicar em Bolsa, pois é possível comprar ações mais baratas de empresas importantes. Porém, na sequência é preciso monitorar constantemente as oscilações e o mercado bursátil para saber o momento de realizar a venda e auferir o lucro. Caso, após a compra, os preços recuarem, não se assustar tentando vender o que comprou porque é perda certa. Importante, nestes casos, é perseverar até que o mercado se recupere (as vezes pode levar anos). Mas cuidado: o cálculo deve levar em conta não apenas a recuperação do capital aplicado e sim, também, recuperar aquilo que se teria ganho no período caso o investimento tivesse sido feito em outra aplicação mais segura (Poupança, LCA, LCI...). Portanto, depois de comprar, se o mercado subir, saber a hora de vender. Ao mesmo tempo, jamais tentar ganhar o máximo (na expectativa de que sempre irá subir), pois como se trata de um mercado dominado pela especulação, o tombo pode ser rápido e violento. (segue)

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

27/04/2018 a 03/05/2018)



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A PRÓXIMA RECESSÃO CHEGARÁ MAIS CEDO DO QUE O PREVISTO (Final)


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/05/2018

Como vimos na coluna anterior, sinais começam a piscar indicando a proximidade de uma nova recessão econômica internacional. Isto se deve, em grande parte, ao fato de que os mercados financeiros estarem inundados de liquidez, fazendo subir o preço dos ativos sem conexão direta com a economia real (no Brasil, entre 20/04/17 e 20/04/2018, enquanto o Ibovespa subiu 32,9%, o PIB provisório brasileiro cresceu apenas 1,4%, ou seja, uma diferença de 23,5 vezes). No caso dos EUA, no setor imobiliário comercial, na Bolsa e nos Fundos existem mais de 1,1 trilhão de dólares líquidos prontos para serem investidos. Um recorde que vai levar a se pagar qualquer coisa por qualquer preço. E o pior é que esta exuberância não parece estar se acalmando, pelo contrário. A reforma tributária dos EUA, lançada em dezembro/17, acaba alimentando a engrenagem. Teoricamente ela busca estimular os investimentos visando melhorar o crescimento da economia local. Na prática, as multinacionais estadunidenses não precisavam da reforma para aumentar seus investimentos, se assim o desejassem. Afinal, os seus lucros, antes do pagamento de impostos, estão no mais alto nível histórico. O fato é que tais empresas não têm interesse em aumentar os investimentos. Assim, os ganhos adicionais, obtidos com a reforma, irão para a especulação, alimentando a bolha financeira. Tanto é verdade que, hoje, elas preferem direcionar 80% de seus lucros (contra apenas 25% nos anos 1980) a seus acionistas, sob forma de dividendos e de recompra de ações. Ora, a maioria direcionará tais valores às aplicações financeiras, inchando ainda mais a bolha. Em síntese, o mercado está sendo inundado de liquidez, a ponto de o diretor geral do Bridgewater Associates, um dos maiores fundos especulativos do mundo, prevenir em Davos (Suíça), no final de janeiro passado, “que o setor financeiro mundial entra, sem dúvida, na reta final do ciclo de alta antes do grande estouro da bolha e o desmoronamento do sistema”. Ou seja, o mundo parece nada ter aprendido com a crise de 2007/08, pois falta consenso internacional e liderança das instituições supranacionais para construir alternativas que evitem tais crises. O próprio FMI, em recente relatório, estabelece o período entre 2020 e 2024 para o surgimento de nova recessão internacional. E a mesma será mais difícil de resolver em comparação as anteriores. E o Brasil nisso tudo? Pois nossa economia, diante da incapacidade estrutural de ser corrigida, em muito pela incompetência e desinteresse político de parcelas da sociedade, além da fraqueza do Executivo e do Congresso Nacional, corre o sério risco de ser engolida pela nova crise sem nem mesmo, antes, ter conseguido superar a crise atual. E, dependendo do resultado das eleições de outubro próximo, o quadro ainda pode piorar.

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