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quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

21/09/2018 a 27/09/2018)



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A GESTÃO DA SELIC E O POPULISMO ELEITORAL


 Argemiro Luís Brum
27/09/2018

Na semana passada, pela quarta reunião consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom), manteve a taxa Selic anual em 6,5%, a mais baixa de sua história. O Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic foi criado em 1979, pelo Banco Central e pela Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto). Em 1996, o Banco Central instituiu um sistema de bandas de juros, extinguindo-o em 4 de março de 1999, passando a usar apenas uma taxa para sinalizar os juros de toda a economia. Surge, então, a chamada taxa referencial Selic. Na prática, a taxa serve de balizador para o estabelecimento de juros no mercado nacional. O Banco Central, tendo como mandato o controle da inflação, usa a mesma como um instrumento para tal controle. Outros bancos centrais, além do controle da inflação, possuem como mandato igualmente usar a taxa básica de juros para promover o crescimento econômico. O fato é que a inflação brasileira sofre, pelo menos, pressões de três frentes: da demanda interna; dos preços administrados; e dos juros básicos dos EUA. Tratando-se deste último caso, porque não possuímos, historicamente, poupança própria suficiente para tocar a economia, necessitamos de recursos externos. Parte destes recursos vem de capitais especulativos, em busca de nosso juro, desde que ele seja mais elevado (considerando ainda o risco país) do que o juro no seu país de origem. Ora, neste momento, o juro básico nos EUA está novamente se elevando, após 10 anos estagnado em quase zero por cento ao ano, em função da histórica crise de 2007/08. O mesmo pode chegar ao final de 2018 em torno de 2,5%. A elevação dos juros estadunidenses, ao mesmo tempo em que a nossa Selic fica estagnada, tende a provocar uma saída de dólares do Brasil, desvalorizando o Real, fato que causa pressão inflacionária interna devido à elevação dos preços dos produtos que importamos, os quais estão em toda nossa economia. O aumento quase constante dos combustíveis (um dos preços administrados) no país entra nesta lógica. Neste contexto, parece ser questão de tempo para a Selic voltar a subir no Brasil. Só não aconteceu até agora porque a inflação nacional, medida pelo IPCA, apesar de ter passado de 2,53% ao ano, em setembro/17, para 4,19% em agosto/18 (aumento de 65% em um ano), ainda está dentro da meta oficial (entre 3% e 6%). Mas não haverá como evitar um aumento da Selic, devendo a mesma chegar ao final de 2019 ao redor de 8% ao ano. O problema é que isso ocorrerá em um momento em que a economia brasileira não reage, após uma das piores recessões de sua história. E aumento de juros inibe ainda mais o crescimento econômico. O futuro governo terá um enorme desafio nesta área. Este á apenas um dos motivos que não nos permite aventuras populistas nas eleições, de qualquer lado que seja.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

14/09/2018 a 20/09/2018)



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SOJA: O QUADRO PODE MUDAR


 Argemiro Luís Brum
20/09/2018

Algumas semanas atrás, explicitei a realidade do mercado da soja e o seu bom momento em termos de preços (esta última safra, em boa parte, foi comercializada em um ambiente positivo, com seu valor, a partir da terceira semana de março, oscilando entre R$ 70,00 e R$ 80,00). No final do comentário informei que tal realidade poderá mudar para a próxima safra. Sobre que bases está sustentada tal afirmação, neste momento em que os preços médios nominais da oleaginosa, no balcão gaúcho, atingem a R$ 80,24, valor expressivo somente encontrado em alguns momentos de junho de 2016, quando chegou a bater em R$ 83,78? Em primeiro lugar porque as cotações em Chicago, desde março passado, quando se iniciou o conflito comercial entre EUA e China, despencaram. Em meados de setembro/18 o bushel gira ao redor de US$ 8,20 (o mais baixo preço em pouco mais de 10 anos naquela Bolsa). Ajuda muito para este comportamento o fato de a nova colheita nos EUA, que se inicia, estar projetada em 127,7 milhões de toneladas, após 119,5 milhões no ano anterior. Ao mesmo tempo, os estoques finais estadunidenses, para 2018/19, deverão atingir a 23 milhões de toneladas, contra 10,7 milhões um ano antes, segundo o USDA. E no atual quadro fundamental do mercado não há sinais de que tal tendência possa ser revertida nos próximos meses. O próprio USDA aponta uma média de preços aos produtores estadunidenses ao redor de US$ 8,60/bushel, contra US$ 9,35 em 2017/18 e US$ 9,47 em 2016/17. Em segundo lugar, o câmbio no Brasil, hoje flertando com seu maior valor nominal desde julho de 1994 (R$ 4,20 por dólar), um dos pilares de sustentação dos preços internos atuais da soja, deverá recuar passada as eleições presidenciais de outubro e, especialmente, a partir de janeiro caso não tenhamos aventuras econômicas com o novo governo. O próprio mercado espera fechar 2018 com um câmbio ao redor de R$ 3,70. Enfim, o prêmio no porto de Rio Grande, também elemento de sustentação de nossos preços atuais, hoje girando entre US$ 2,00 e US$ 2,25/bushel, com aumento de 108% em relação à média de um ano atrás, mesmo em o litígio sino-americano continuando, tende a recuar pela pressão da nova safra brasileira, projetada em 120 milhões de toneladas, para o início de 2019, em caso de clima normal. Neste contexto, o preço da soja no balcão gaúcho, no momento da colheita, tende a ficar entre R$ 65,00 e R$ 70,00/saco, com um agravante: a nova safra terá custos médios bem mais elevados (a safra anterior foi feita com um dólar médio de R$ 3,16, enquanto a atual está sendo feita, no geral, a um dólar entre R$ 3,80 e R$ 4,10). Neste quadro, chama a atenção o fato de que no RS, segundo Safras & Mercado, até o dia 06/09 apenas 11% da safra futura havia sido negociada, contra 16% na média histórica (no Brasil, 23% contra 26% na média).  

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

07/09/2018 a 13/09/2018)



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ATÉ QUANDO NO FUNDO DO POÇO? (Final)


 Argemiro Luís Brum
13/09/2018

Respondendo à pergunta deixada ao final da coluna anterior, para tirar o país do fundo do poço, econômico e do desenvolvimento, o quadro atual é muito ruim. Também pudera! Nos últimos 12 anos voltamos a deixar como legado, ao futuro, uma ou duas gerações perdidas. E não se trata de pessimismo, palavra que muitos gostam de usar para esconder a incompetência, mas sim da realidade nacional. O incêndio que consumiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro é o último retrato de tal situação, onde até água não havia nos hidrantes para apagar o fogo, na segunda maior cidade do país. E será difícil melhorar diante das recentes estatísticas educacionais: o Sistema de Avaliação Básica acaba de apontar que 70% dos alunos do Ensino Médio público gaúcho não possuem um ensino suficiente de português e matemática, sendo que apenas 0,8% dos mesmos apresentaram um nível avançado em português; segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que reúne dados de escolas públicas e privadas, numa escala de zero a 10 o Ensino Fundamental, nos anos iniciais, ficou com média de apenas 5,8 no país; já nos anos finais do Ensino Fundamental a média cai para 4,7, enquanto a média nacional do Ensino Médio despenca para 3,8 pontos, o que indica que as crianças e jovens brasileiros, na média, pioram sua formação quanto mais ficam na escola (um desastre!!); já o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) mostra que 70% dos alunos brasileiros não sabem o mínimo aceitável em matemática; no Rio Grande do Sul, o investimento médio por aluno da Educação Infantil é 5,3 vezes menor do que o realizado na média dos países da OCDE, e no Ensino Fundamental é 3,7 vezes menor (além de se gastar muito mal os recursos utilizados), realidade que é geral no Brasil; e assim por diante. Desta forma, para esta eleição de 2018, não pode ser surpresa que, segundo o TSE, 4,4% do eleitorado nacional (6,5 milhões de pessoas) sejam analfabetos, enquanto outros 13 milhões (8,8%) sejam analfabetos funcionais (sabem ler e escrever, mas não compreendem o que leem), além de 25% do eleitorado nacional (31,9% no Rio Grande do Sul) não terem nem mesmo concluído o Ensino Fundamental. Por consequência, segundo ainda o TSE, 41,7% dos atuais candidatos a todos os cargos eletivos nacionais possuem, no máximo, o ensino médio completo (no Rio Grande do Sul são 36,9%). Para piorar o quadro, recente relatório da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), com dados de 2015, dá conta que 60% das crianças brasileiras são pobres (34% vivem em pobreza monetária). Esta é a realidade estrutural do Brasil no século XXI. Estamos colhendo o que foi plantado ao longo dos últimos tempos. Diante disso, o que esperar para o futuro? Infelizmente, pouca coisa se continuarmos em “berço esplêndido” sem agirmos em favor do país.

domingo, 9 de setembro de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

31/08/2018 a 06/09/2018)



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ATÉ QUANDO NO FUNDO DO POÇO? (I)


Argemiro Luís Brum
06/09/2018

Chegamos ao 196º aniversário de nossa independência política, infelizmente com nada a comemorar. Continuamos um país subdesenvolvido, com pouquíssimas chances de reverter tal situação. Pior: a rara oportunidade que tivemos para dar início a tal processo de recuperação, jogamos fora com políticas populistas e gestões públicas incompetentes nestes últimos 12 anos. Com isso, o Brasil piorou. Nosso PIB patina ao redor de 1% ao ano, flertando constantemente com a recessão (no segundo trimestre de 2018 os segmentos da indústria de transformação e da construção civil acusaram novamente estarem em recessão técnica); nossa taxa de investimentos não sai dos 16% do PIB; uma alta potencial da inflação volta a bater à porta, novamente por reajustes dos preços administrados e não pela dinâmica da demanda; o desemprego continua elevado (12,6% da população ativa) e só recua em função de sua fórmula de cálculo e não pela realidade vivida pelos cidadãos; a inadimplência no Brasil atinge a 63,4 milhões de cidadãos, segundo o SPC, representando cerca de 2/3 da população em idade de consumir (isto representa quase uma Itália inteira de inadimplentes); a corrupção continua “solta” no setor público e privado nacional, apesar dos esforços de segmentos do Ministério Público e da Polícia Federal; o Estado continua aumentando seu rombo, e nada é feito de concreto para ajustar as contas públicas (a dívida pública bruta se aproxima de 78% do PIB, contra 51,5% em 2013); em paralelo, os gastos com salários desmesurados no setor público continuam; grande parte da juventude nacional, nossos cérebros, só pensa em abandonar o país; uma tragédia anunciada, estilo Argentina e Venezuela, está cada vez mais próxima; e assim chegamos a mais uma eleição geral no país. E, além de os candidatos que se apresentam não transmitirem confiança, uma população despreparada e sem esperanças volta a buscar no populismo irresponsável uma saída, colocando na ponta das pesquisas desde políticos presos por corrupção, até candidatos demagogos que pouco sabem do que estão falando, num claro analfabetismo funcional. Nenhum coloca como prioridade a educação do brasileiro. E a reação da sociedade indica que este instrumento, fundamental para tirar um país do fundo do poço, igualmente não é prioridade há muito tempo. Em tal contexto, não basta estarmos entre as 10 maiores economias do mundo; termos reservas cambiais importantes para defender nossa moeda; colocarmos no governo uma equipe econômica preparada para os ajustes e reformas estruturais necessários; realizarmos discursos inflamados e mesmo artigos como este. É preciso que os cidadãos brasileiros queiram realmente mudar para melhor o país. Para isso ser possível, é preciso entender o que aqui acontece. E para entender, é preciso formação, educação, cultura. Como está o país neste quesito? (segue)

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