Argemiro
Luís Brum
13/09/2018
Respondendo à pergunta deixada ao final da
coluna anterior, para tirar o país do fundo do poço, econômico e do
desenvolvimento, o quadro atual é muito ruim. Também pudera! Nos últimos 12
anos voltamos a deixar como legado, ao futuro, uma ou duas gerações perdidas. E
não se trata de pessimismo, palavra que muitos gostam de usar para esconder a
incompetência, mas sim da realidade nacional. O incêndio que consumiu o Museu
Nacional no Rio de Janeiro é o último retrato de tal situação, onde até água
não havia nos hidrantes para apagar o fogo, na segunda maior cidade do país. E será
difícil melhorar diante das recentes estatísticas educacionais: o Sistema de
Avaliação Básica acaba de apontar que 70% dos alunos do Ensino Médio público
gaúcho não possuem um ensino suficiente de português e matemática, sendo que
apenas 0,8% dos mesmos apresentaram um nível avançado em português; segundo o Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica, que reúne dados de escolas públicas e
privadas, numa escala de zero a 10 o Ensino Fundamental, nos anos iniciais,
ficou com média de apenas 5,8 no país; já nos anos finais do Ensino Fundamental
a média cai para 4,7, enquanto a média nacional do Ensino Médio despenca para
3,8 pontos, o que indica que as crianças e jovens brasileiros, na média, pioram
sua formação quanto mais ficam na escola (um desastre!!); já o Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) mostra que 70% dos alunos
brasileiros não sabem o mínimo aceitável em matemática; no Rio Grande do Sul, o
investimento médio por aluno da Educação Infantil é 5,3 vezes menor do que o
realizado na média dos países da OCDE, e no Ensino Fundamental é 3,7 vezes
menor (além de se gastar muito mal os recursos utilizados), realidade que é
geral no Brasil; e assim por diante. Desta forma, para esta eleição de 2018,
não pode ser surpresa que, segundo o TSE, 4,4% do eleitorado nacional (6,5
milhões de pessoas) sejam analfabetos, enquanto outros 13 milhões (8,8%) sejam
analfabetos funcionais (sabem ler e escrever, mas não compreendem o que leem),
além de 25% do eleitorado nacional (31,9% no Rio Grande do Sul) não terem nem
mesmo concluído o Ensino Fundamental. Por consequência, segundo ainda o TSE,
41,7% dos atuais candidatos a todos os cargos eletivos nacionais possuem, no
máximo, o ensino médio completo (no Rio Grande do Sul são 36,9%). Para piorar o
quadro, recente relatório da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância),
com dados de 2015, dá conta que 60% das crianças brasileiras são pobres (34%
vivem em pobreza monetária). Esta é a realidade estrutural do Brasil no século
XXI. Estamos colhendo o que foi plantado ao longo dos últimos tempos. Diante
disso, o que esperar para o futuro? Infelizmente, pouca coisa se continuarmos
em “berço esplêndido” sem agirmos em favor do país.