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quinta-feira, 31 de março de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

25/03/2016 a 31/03/2016)




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BALANÇA COMERCIAL POSITIVA: ALGUMAS RAZÕES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
31/03/2016

A balança comercial brasileira registra, neste ano, até o final da quarta semana de março, um superávit de US$ 7,94 bilhões, com US$ 38,07 bilhões de exportações e US$ 30,13 bilhões de importações. No ano passado, no mesmo período, o país registrava um déficit de US$ 5,94 bilhões. Em continuando tal ritmo, o superávit comercial de 2016 deverá superar os US$ 30 bilhões, algo muito positivo para o resultado final da chamada conta de Transações Correntes (tal conta, que foi negativa em mais de US$ 90 bilhões em 2014, fragilizando ainda mais a economia brasileira, se recupera desde 2015, chegando nos últimos 12 meses, encerrados em janeiro/16, com um déficit de US$ 51,6 bilhões, equivalente a 2,94% do PIB). Isso melhora a situação da economia nacional em relação ao exterior. Esse é o fato! Agora, necessário se faz analisar o porquê de tal comportamento comercial brasileiro. Em primeiro lugar, é inegável a forte influência da desvalorização do Real nesta realidade. No primeiro trimestre de 2015 a média do Real diante do dólar foi de R$ 2,87, enquanto neste primeiro trimestre de 2016 a média alcançou R$ 3,92. Ou seja, tivemos, no período, uma desvalorização de 36,6%. Em segundo lugar, relevante se faz destacar que o superávit de agora está muito relacionado à recessão da economia nacional igualmente. Após a confirmação de um PIB negativo de 3,8% em 2015, os primeiros três meses de 2016 indicam que a recessão irá prosseguir, devendo o atual ano fechar com -4% em seu PIB. Assim, o consumo interno e os investimentos caem significativamente. Para piorar o quadro, o país vive também um processo de estagflação, já que a inflação fechou 2015 em 10,67%, devendo ficar em 7,8% em 2016. Isso corrói a renda do consumidor, ao mesmo tempo em que aumenta o desemprego nacional (projeta-se 13% para o final de 2016, com 20%, ou mais, entre os jovens de 18 a 24 anos). Os dados da balança comercial revelam claramente esta realidade. Nossas exportações, no período considerado, recuaram 3,9%, na média diária, em relação ao mesmo período do ano passado. Ou seja, estamos vendendo menos do que no ano passado. Então, como se explica o maior superávit? Pelo fato de que nossas importações, devido a recessão e ao Real desvalorizado, terem recuado muito mais, caindo 33,6% no período considerado, quando comparadas a 2015. Assim, estamos importando ainda menos do que no ano passado. Muito é de supérfluos, o que é positivo, porém, grande parte diz respeito a tecnologias em geral, as quais deixam de entrar no país, tornando nossas empresas ainda mais atrasadas e com menos competitividade no exterior. Enfim, passou o tempo de preços anormalmente elevados das commodities mundiais, fato que reduziu a renda bruta obtida com nossas vendas externas. Nesse contexto, o resultado positivo de nossa balança comercial, que ajuda as contas externas, se mostra enganoso, pois se dá em função de um quadro ruim da economia nacional. Dito de outra forma, não é consequência de uma dinâmica consistente, puxada pela capacidade competitiva de nossas empresas e, muito menos, de um quadro saudável e sustentável de nossa economia em geral

quinta-feira, 24 de março de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

18/03/2016 a 24/03/2016)




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DÓLAR x SOJA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
24/03/2016


Era sabido que os preços da soja no Brasil, nesta safra (colheita 2016), estavam particularmente dependentes do comportamento cambial. Isso porque, em Chicago, desde meados de agosto passado o bushel estacionou entre US$ 8,50 e US$ 9,00. Nesse sentido, devido aos erros na condução da economia nacional, o Real iniciou um forte processo de desvalorização a partir de meados de 2015, culminando por bater em R$ 4,19 na segunda quinzena de setembro passado. Esse processo, embora menos agudo na sequência, manteve o Real ao redor de R$ 4,00 por dólar até quase o final de fevereiro/16. Com isso, em todo esse período, o saco de soja viu seu preço se elevar, oscilando em torno de R$ 75,00, com picos de R$ 80,00 e mesmo, em alguns momentos, acima disso. Tal comportamento, em caso de safra normal como estamos tendo, permitia, aos produtores, compensar os altos custos de produção praticados justamente devido a desvalorização do Real. Assim, o mote era realizar vendas antecipadas visando travar (garantir) tais preços, nem que fosse para pagar os custos de produção. No Brasil, no final de fevereiro, cerca de 55% da safra havia sido vendida antecipadamente (no Rio Grande do Sul chegava-se a 40%). Por enquanto, tal estratégia se mostrou correta, pois o Real acabou se valorizando fortemente neste mês de março em função dos desdobramentos da chamada Operação Lava-Jato, particularmente no momento em que atingiu o núcleo central do governo federal e o ex-presidente Lula. Em alguns momentos o câmbio ficou abaixo dos R$ 3,60, permanecendo nestes níveis nos últimos dias. Isso coincidiu com a colheita que, no Brasil, em meados de março, atingia a 50% da área total (6% no Rio Grande do Sul). Isso derrubou o preço médio da soja de forma considerável, com o balcão gaúcho chegando a níveis de R$ 65,00/saco em alguns momentos destas duas últimas semanas. Ou seja, os produtores rurais que deixaram para vender sua soja na colheita, diante deste comportamento cambial, deixam de ganhar, no momento, entre R$ 10,00 a R$ 15,00/saco em relação aos melhores momentos de preços na entressafra. E a situação só não está pior porque, devido às expectativas quanto a uma possível redução de área semeada nos EUA no plantio de 2016 (o mercado antecipa o relatório de intenção de plantio, previsto para o dia 31/03), o bushel rompeu finalmente o teto dos US$ 9,00 em Chicago, subindo de US$ 8,50, no dia 01/03, para US$ 9,10 neste dia 22/03. Dito isso, tudo pode se alterar, na medida em que nos dois movimentos vivemos uma forte especulação. Em Chicago, tudo dependerá do relatório do dia 31/03 e da continuidade da colheita recorde na América do Sul. Aqui no Brasil, o câmbio dependerá dos desdobramentos políticos que estão longe de terminar. Ou seja, a volatilidade cambial, em particular, continuará muito grande, com o Real devendo oscilar por um bom tempo entre R$ 3,50 e R$ 4,00. Estamos, portanto, em um momento que requer muito cuidado na comercialização da soja, após o mercado ter oferecido um excelente momento de preços nos meses passados. 

quinta-feira, 17 de março de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

11/03/2016 a 17/03/2016)




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O QUANTO PERDEMOS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
17/03/2016

As questões políticas, com os desdobramentos da Operação Lava-Jato nesta primeira quinzena de março/16, levaram o mercado e a sociedade a quase ignorar um conjunto de informações econômicas decisivas para o nosso futuro. As mesmas indicam que não basta apenas mudar de governo para o Brasil melhorar. É preciso mudar de postura na gestão pública, colocando em prática rapidamente um governo responsável, pois o trabalho de recuperação econômica e da renda nacional será longo e árduo. Nosso PIB em 2015 foi negativo em 3,8%. Desde 1948, este foi apenas o sétimo ano de PIB negativo no país. Este PIB foi o pior desde 1990. Com isso, a renda per capita recuou 4,6% entre 2014 e 2015. Para piorar o cenário, as projeções de PIB para 2016 indicam outros 4% negativos, podendo isso continuar para 2017, embora com menor intensidade. O Brasil não assiste a dois anos consecutivos de PIB negativo desde o início dos anos de 1930. Todavia, o quadro não é de hoje! O desastre econômico começou quando o governo, em 2009, decidiu colocar em prática a chamada “nova matriz econômica”, sustentada por gastos públicos sem limites, pressionado que foi pela grande crise mundial de 2007/08 e por grande dose ideológica. Em pouco tempo a receita se esgotou, tanto é verdade que, não considerando os 7,6% de PIB em 2010, uma exceção, entre 2009 e 2015 o crescimento médio anual da economia brasileira ficou em apenas 0,5%, contra 3,73% anuais entre 2000 e 2008 e, sobretudo, 4,84% anuais entre 2004 e 2008. É bom lembrar que, pelo tamanho atual do país, precisaríamos de um crescimento anual médio de 4% nestes anos 2000 para dar conta das necessidades básicas de qualidade de vida do conjunto da população. Mas isso é o passado! Pois o futuro não acena com melhorias rápidas. A taxa de investimentos, em 2015, ficou negativa em 14,1%, recuando para 18% do PIB quando o necessário seria 25% deste mesmo PIB. Sem investimentos, o crescimento futuro está comprometido. Agora, para investir é preciso poupança. Ora, nossa taxa de poupança, em 2015, recuou para apenas 14,4% do PIB, ante 16,2% em 2014, sendo que o ideal igualmente fica ao redor de 25%. Ao mesmo tempo, o governo continuou gastando cada vez mais, e muito mal. A dívida pública nacional, que era de 51,3% do PIB em 2011, atingiu a 66,2% em 2015, exigindo um profundo ajuste fiscal que não avança. Quanto ao PIB per capita (ver Monica de Bolle, ZH 12-13/03/16, p.37), as projeções atuais dão conta de um recuo de 9% entre 2013 e 2017 em nosso país. Isso equivale ao que vivemos entre 1989 e 1992. Nesta época, levamos oito anos para recuperar a renda per capita de 1989. E isso graças ao Plano Real. Assim, na melhor das hipóteses, para voltarmos à renda per capita de 2013, somente em 2021 (o resto do mandato da presidente Dilma e todo o mandato do novo governo a ser eleito no final de 2018, qualquer que seja ele). Isso se nenhuma aventura “desenvolvimentista” surgir pelo caminho. Além disso, não há um novo Plano Real no horizonte. Isso nos dá uma das tantas dimensões do que perdemos nestes últimos anos de gestão pública irresponsável

quinta-feira, 10 de março de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

04/03/2016 a 10/03/2016)




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LAVA JATO, BOVESPA E O DÓLAR

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
10/03/2016


No dia 03/03 o IBGE oficializou que o PIB brasileiro, em 2015, despencou, ficando negativo em 3,8%. Todavia, essa notícia importante, mesmo que esperada por todos, foi solenemente ignorada. As repercussões da 24ª. Fase da Operação Lava Jato, atingindo o núcleo do poder central brasileiro, nas pessoas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma, dominaram o cenário nacional neste início de março. Imediatamente o Real se valorizou no mercado cambial, chegando a bater em R$ 3,65 no dia 04/03, ganhando 8,75% em menos de cinco dias. Precisou o Banco Central atuar para segurar o processo. Já a Bovespa se valorizou extraordinariamente ganhando, em cinco pregões daquela semana, 19% para atingir seu melhor nível desde 2008. Para muitos, menos familiarizados com a economia, tais comportamentos assustaram. Ora, não há nada de especial no processo. Em primeiro lugar, o mercado funciona sobre objetividade e competência nas decisões macroeconômicas dos países. Há anos o governo brasileiro deixou de lado estes dois aspectos e passou a intervir desastrosamente na economia. A ponto de comprometer a sobrevivência da Petrobrás e de outras empresas estatais. Os fatos em torno da corrupção pública, neste cenário, apenas vieram acelerar o processo de descrédito do mercado sobre nossa economia. Agora, com a possibilidade, via Operação Lava Jato, de o atual governo e seus mentores se inviabilizarem (os acontecimentos recentes reavivaram a possibilidade de impeachment da presidente Dilma), podendo o país partir para uma política econômica mais ortodoxa e responsável, realizando, finalmente, o ajuste fiscal necessário e as reformas estruturais fundamentais, coloca os agentes econômicos aqui e no exterior em estado de euforia. Em segundo lugar, por enquanto o movimento é especulativo e está longe de formar uma tendência, já que os desdobramentos desta Fase da Operação Lava Jato serão longos e outras fases virão. Em terceiro lugar, o mercado já precificou bastante as consequências destes fatos políticos, porém, não se pode descartar oscilações cambiais entre R$ 3,50 e R$ 4,00 por dólar nas próximas semanas. Em quarto lugar, alguns analistas avançam que, em havendo mudança de governo, o câmbio poderia vir a R$ 3,00. Ora, isso está longe de ocorrer e, por enquanto, está mais no desejo de alguns do que na realidade econômica nacional. Enfim, a Bovespa poderá assistir a novos ganhos, podendo chegar a 60.000 pontos (no auge do dia 04/03 ela girou ao redor dos 48.000 pontos, com as duas principais empresas ali cotadas – Petrobrás e Vale – ganhando cerca de 17% e 10% respectivamente naquele dia). Pelo sim ou pelo não, entramos no terreno onde tudo pode ser possível nessa área. Entretanto, o racional é esperar os desdobramentos da Operação Lava Jato e medir em quanto o mercado já precificou esse novo cenário político e o que será realmente comprovado no mesmo. Mas uma coisa ficou evidente: a depuração da corrupção e da incompetência na gestão do setor público brasileiro impacta rápida e favoravelmente no humor da economia nacional. Isso também não deveria ser novidade para ninguém!

quinta-feira, 3 de março de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

26/02/2016 a 03/03/2016)




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MUDAMOS DE PATAMAR

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/03/2016


É doloroso reconhecer, porém, não podemos deixar de sermos honestos, realistas, com as questões econômicas que nos movem. O Brasil mudou de patamar econômico! E, obviamente, para pior nestes últimos anos. Conseqüência de uma gestão pública temerária e interesseira, colocamos fora boa parte dos ganhos da estabilização que o Plano Real nos trouxe. Hoje, o quadro já não seria mais de crise. Na prática o Brasil está vivendo uma nova realidade, onde o empobrecimento do país é a tônica. Essa realidade vem sendo seletiva, penalizando o conjunto da sociedade, mas especialmente os mais pobres. Particularmente porque o Estado nacional não possui mais recursos, esgotado que foi, para sustentar com programas sociais os menos favorecidos em nosso país. E, o que se temia vai se confirmando com o passar do tempo. Tal realidade irá durar anos! E como para corrigir o problema o Brasil precisa adequar receita e despesas, através de um ajuste fiscal e de reformas estruturais profundas, a situação ainda irá piorar antes de melhorar. Isso porque não se fez o dever de casa, apesar dos discursos oficiais. Pior, novamente interessado nas eleições, agora municipais, o governo federal deu uma guinada no início de 2016, relativizando a importância do ajuste nas contas públicas. Assim, os déficits se acumulam e nos levam a perder constantemente a nota internacional de crédito, o que nos coloca em uma situação de “país de risco”. Nesse contexto, se quisermos iniciar um processo de correção econômica temos que partir efetivamente para a execução de medidas de ajuste das finanças públicas. Ora, sob esse ângulo, por enquanto o arrocho econômico nem começou. E, para começar, o governo terá que superar seus próprios aliados de curta visão, os quais combatem incessantemente qualquer projeto de reforma (vejam o caso atual da proposta de reforma da Previdência, apesar de a mesma ter acusado um rombo de R$ 158 bilhões em 2015 e estar sob ameaça de quebrar definitivamente em 10 anos). Em síntese, estamos diante de um governo fraco, sem apoio político, rodeado por interesseiros de plantão, pressionado por um processo de corrupção desenfreado, onde boa parte do próprio Legislativo e Judiciário se mostra comprometido com interesses próprios, sendo a incompetência gerencial da chamada “coisa” pública uma evidência. E parte da sociedade brasileira, por desconhecimento, ingenuidade ou porque tira vantagens pessoais deste caos, vem apoiando isso. Decididamente mudamos de patamar, não só retomando a sina de eternos subdesenvolvidos, mas caindo agora para um escalão mais abaixo. A recuperação, se vier, será laboriosa, exigindo muito preparo de todos.   

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