Argemiro
Luís Brum
01/11/2018
O
Brasil terá um novo presidente da República, e governo, a partir de 1º de
janeiro próximo. Jair Bolsonaro foi eleito democraticamente, em um pleito
eivado de notícias duvidosas (muitas falsas) nas redes sociais, fato que
evidenciou o nível de boa parte de nossos cidadãos. Espera-se que saiba
praticar a democracia em seu mandato respeitando as diferenças de ideias. Que
deixe de lado seu estilo belicoso, que chancelou à muitos de seus seguidores a
ideia de que “agora tudo se pode”, e assuma a postura de dirigente de todos os
brasileiros, com a capacidade de saber ouvir as críticas que naturalmente
virão. Aos críticos, que saibam realizar críticas construtivas, mesmo que
eventualmente duras. E que o Brasil, dividido que saiu desta eleição, seja
pacificado, deixando de lado o radicalismo, em busca de um objetivo comum:
recuperar o país, especialmente no que diz respeito à economia, à ética
política, à honestidade (particularmente com o dinheiro público), ao respeito
das diferenças em geral, ao reforço das instituições e à redução das
desigualdades. A partir de agora é preciso mostrar “serviço” na prática e nesta
direção. A começar pela escolha das pessoas que comporão o governo. Precisamos
de um governo firme, sábio e ágil. Imagem que, na campanha eleitoral, Bolsonaro
não conseguiu passar aos brasileiros e ao mundo (a revista The Economist, em
uma de suas capas, chegou a apresentá-lo como “a nova ameaça da América
Latina”). É chegado o momento de se deixar para trás os ranços políticos e
ideológicos e dar início a um trabalho imenso, que tire o país do marasmo em
que foi colocado nesta última década. Fazer isso lembrando que pouco mais da
metade dos eleitores não o avalizou (os votos ao candidato derrotado, mais os
votos brancos e nulos, somam 50,13%). Além disso, boa parte dos eleitores que o
escolheram exerceram um voto antipetismo e não em favor de seu nome. Mesmo
assim, com trabalho sério, profissional e honesto é possível fazer muita coisa
positiva. É o mínimo que se espera do novo governo, diante da realidade
nacional. Especificamente no que diz respeito à economia, este novo governo
pega um país imerso em enormes dificuldades, saindo lentamente de uma das
piores recessões de sua história, com um desemprego que atinge 11,9% da
população ativa, com um rombo fiscal crescente e insustentável, com necessidade
de reformas estruturais fundamentais, as quais vêm sendo adiadas há anos, e com
um fazer político clientelista, pouco interessado no conjunto da sociedade e
sim defendendo apenas seus interesses individuais. Diante de tal quadro, não há
mágica e, se imaginam soluções imediatas, os brasileiros rapidamente se decepcionarão.
Todavia, em não surgindo logo movimentos consistentes na direção de combater a
crise, a mesma continuará e piorará. Portanto, ao trabalho, pois o tempo e os
anseios sociais urgem!