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domingo, 26 de maio de 2013

Análise Semanal dos Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(23/05/2013)

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O 20 DE MAIO DE 2008



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
23/05/2013

Há exatos cinco anos, em 20/05/2008, o índice da Bovespa atingiu o seu recorde histórico, cravando 73.516 pontos. Os brasileiros não sabiam, embora alguns já desconfiassem, que tal marca seria o ápice de nossa Bolsa por um longo tempo. De fato, passados cinco anos nunca mais a mesma atingiu tal ponto. E os sinais vinham de todos os lados, indicando que um movimento de correção importante deveria ocorrer. Em primeiro lugar, puxado pela euforia externa pós-crise das empresas ponto.com nos EUA, em 2000/01, e pela confirmação de que o governo Lula não iria alterar os rumos econômicos do Brasil, dando sequência à estabilidade da economia, o Ibovespa disparou 730% entre o final de 2002 e a data fatídica de 2008. Em segundo lugar, não havia lógica econômica que pudesse explicar tal valorização, salvo um enorme movimento especulativo, que sempre tem um triste fim, na medida em que as empresas que tinham suas ações tão valorizadas na Bolsa, na economia real não conseguiam gerar um PIB nacional, em média, superior a 3% ao ano. Enfim, a crise financeira mundial já havia iniciado em agosto de 2007 e estava a ponto de atingir a economia real, fato que ocorre em setembro de 2008. Esta crise provoca uma severa correção bursátil no mundo. No Brasil, o Ibovespa, em outubro de 2008, despenca para apenas 29.435 pontos, registrando uma perda de 60% cinco meses após ter alcançado o seu recorde. E, de lá para cá vem oscilando na faixa dos 50 a 60.000 pontos, salvo raros momentos. O fechamento deste dia 20/05/2013, por exemplo, ficou em apenas 55.696 pontos. Assim, em cinco anos completos as perdas na Bovespa somam quase 25%, inibindo novos aplicadores. E o quadro de médio prazo tende a não melhorar, na medida em que neste ano de 2013, desconfiados com a política econômica que o governo brasileiro vem adotando nos últimos dois anos, onde o crescimento da economia se vê comprometido, os aplicadores estrangeiros diminuíram suas presenças em nosso mercado bursátil. Assim, enquanto Wall Street (a Bolsa de Nova York) já recuperou o seu índice de antes da crise de 2007/08, tendo gerado um ganho de 18% apenas neste ano, o Ibovespa acusa perdas acumuladas de 10% em 2013. No longo prazo, obviamente, uma recuperação nacional se espera, nem que seja na esteira do movimento mundial, porém, para quem comprou ações no início de 2008 e ainda às possui (e teria sido um erro vendê-las na baixa), a espera tende a ser longa, muito longa, em condições racionais da economia. Pois além de aumentar 32%, apenas para recuperar a marca de 20/05/2008, nosso aplicador tem que obter ganhos adicionais que compensem o que ele deixou de ganhar se tivesse aplicado seus recursos em outro ativo. Por exemplo, nestes últimos cinco anos, a poupança brasileira, pelo cálculo antigo, rendeu 41%. Um adicional que nosso aplicador em Bolsa precisará recuperar para, pelo menos, empatar com a considerada pior aplicação do mercado brasileiro.

TENDÊNCIAS




Prof. Dr. Argemiro Luís Brum



SINAIS EXTERNOS
Além dos sinais internos, como PIB, inflação, juro básico e ações governamentais, encontramos nos chamados sinais externos indicativos de que nossa economia enfrenta problemas. Já faz mais de ano que, neste e noutros espaços estamos indicando que as decisões econômicas tomadas pelo atual governo vêm comprometendo a estabilidade e ameaçando o futuro do país. Agora, igualmente o exterior aponta o dedo para nós. Já na virada do ano vimos diferentes órgãos de imprensa especializados em economia, junto aos principais países do mundo, alertarem de que o governo brasileiro estava maquiando os dados econômicos para fechar as contas públicas. A desmoralização nesta área continua e agora a ação do mercado igualmente nos remete a uma realidade que já não estávamos mais acostumados. Dentre os sinais mais visíveis, três merecem destaque. Em primeiro lugar, o forte recuo da Bovespa, com perdas quase diárias. O Ibovespa, índice composto pelas 71 ações de empresas com maior volume de negócios, registra um recuo de quase 10% neste ano (até meados de maio). Paralelamente, países que foram o estopim da grande crise mundial atual, e ainda vivem dificuldades importantes, assistem a uma forte recuperação de suas Bolsas. O primeiro deles é os EUA, onde Wall Street já ganhou 17% nestes primeiros quatro meses e meio do ano, recuperando os índices de antes da crise, em 2007. Este movimento, embora pareça uma contradição, principalmente em se tratando de capital especulativo, tem um grande fundo de realidade. Ou seja, o capital internacional vem perdendo a confiança nos rumos da economia brasileira, algo que se aprofundou em 2013. Dito de outra forma, a lógica desenvolvimentista, que o governo tentou implantar, esbarrou na falta de infraestrutura nacional e os preços subiram, gerando inflação. Com isso, os juros voltam a subir, pois o governo se obriga a frear o processo, voltando às armas de contenção monetaristas. Mas há outros sinais externos que indicam a perda de confiança mundial em nossa economia.

SINAIS EXTERNOS (II)
O segundo deles vem do comportamento cambial, o qual também está ligado ao movimento bursátil. Se nosso índice da Bovespa acusa recuo acumulado é porque tem saído mais dólares do que entrado nestas aplicações. Com isso, o Real voltou a estacionar ao redor de R$ 2,02 por dólar, após ter flertado por algum tempo com valores ao redor de R$ 1,95 algumas semanas atrás. Obviamente, o valor atual do câmbio está sob controle, pois existem mecanismos suficientes para o Banco Central controlá-lo, apesar de estarmos num sistema de câmbio flutuante. Mas, o movimento do valor da moeda é um sinalizador que não pode ser ignorado neste curto prazo. Enfim, um terceiro indicador, e esse um pouco mais objetivo, é o chamado risco-Brasil. O mesmo estava um tanto esquecido, pois as condições econômicas brasileiras, mesmo que difíceis, ainda estavam bem orientadas até 2009/10. Todavia, nestes últimos três anos o processo piorou e as medidas desastradas que o governo tomou para conduzir a economia levaram o dito Risco a subir. Nos últimos cinco dias úteis desta semana o mesmo passou de 155 para 175 pontos, num claro indicativo de que o mercado desconfia da saúde financeira brasileira. Também aqui a situação ainda é plenamente aceitável, porém, quando os sinais de acumulam, procedentes de todas as direções, temos desenhado um quadro efetivamente de preocupação, que exige sim medidas mais enérgicas e objetivas da área econômica do país. Assim, a tendência é de a Selic continuar a subir no restante do ano. Afinal, o desastre maior será se o governo não agir e deixar, definitivamente, o “caldo entornar” em função das eleições presidenciais do próximo ano.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Análise Semanal dos Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(16/05/2013)

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Tendências



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum


O FUTURO BRASILEIRO EM JOGO (I)

Por ocasião do 1º de maio deste ano, Dia do Trabalho, dois assuntos predominaram nos debates nacionais: inflação e emprego. Nesse contexto, surgiram duas ideias, dentre tantas, que merecem uma análise mais apurada: voltar a indexar o reajuste salarial, fazendo com que o mesmo aconteça a cada trimestre conforme o comportamento inflacionário; gerar desemprego seria a saída para conter a inflação. Nenhuma delas se sustenta se realmente desejamos manter o país na estabilidade econômica e pensamos em gerar reais condições para, um dia, chegarmos ao almejado desenvolvimento. Em primeiro lugar, recuperar a famigerada indexação dos salários, embora a economia ainda tenha muito desta prática em diferentes setores, é um retrocesso. A ideia, que vem de algumas Centrais Sindicais, seria um “tiro do pé” para os próprios trabalhadores. Isso porque a inflação nacional atual, embora elevada (no acumulado do ano atinge a 6,49%) ainda não justifica medidas deste tipo, que tinham alguma razão em épocas de hiperinflação. Hoje, a adoção de tal medida iria alimentar a inflação, sem um correspondente aumento de competitividade do trabalho (algo que já se percebe há alguns anos no país), além de elevar o desemprego, pois nesta combinação de salários elevados e baixa produtividade não há empresário que resista por muito tempo. Em segundo lugar, se é verdade que o desemprego tende a gerar menor pressão sobre os preços, esta medida não é desejável e nem mesmo aceitável em um país como o nosso. Para gerar desemprego teríamos que frear a economia, realidade que já estamos vivendo há dois anos e que deveremos continuar vivenciando nos próximos anos caso a crise mundial não se resolva. E mesmo assim, em alguns setores existe quase o chamado “pleno emprego”, um conceito um tanto vago para a realidade política brasileira. Por outro lado, a necessidade de aumentar o juro básico (Selic) para conter a inflação, no curto prazo, já estará atuando no sentido de frear a economia. Portanto, também não serve! O que precisamos mesmo são medidas mais profundas e objetivas. Não é novidade para ninguém, embora o país não consiga as executar, que o necessário para conter a inflação, melhorar a estabilidade econômica e gerar as condições para um real crescimento, adequado às demandas nacionais, seguido de um desenvolvimento mais equilibrado, são as reformas estruturais no Estado nacional e no seu funcionamento.

 

O FUTURO BRASILEIRO EM JOGO (II)

Trata-se das conhecidas reformas administrativa, tributária, fiscal, trabalhista, política, judicial, previdenciária, educacional e tantas outras que precisariam ser feitas com o sentido de se pensar um Brasil para o futuro, com ganhos para o conjunto da sociedade. Como é o individualismo e o corporativismo que impera neste país subdesenvolvido que somos, nada acontece. Um simples exemplo de nossa incompetência em realizarmos o que se deve realizar pode ser dado com notícias que circularam na imprensa nesta semana: 1) Portugal, que abusou de consumir sem poupar, durante anos, está no olho da atual crise mundial. Para obter crédito internacional e tentar sair do buraco onde se meteu, o país acaba de decidir demitir 30.000 funcionários públicos, cortar 10% dos gastos dos ministérios em 2014, mudar a idade da aposentadoria para os funcionários públicos e aumentar a jornada de trabalho deste funcionalismo de 35 para 40 horas semanais; 2) aqui no Brasil, onde tanto precisamos de reformas, caminhamos a passos largos para sermos amanhã o Portugal, a Espanha ou a Grécia de hoje, muitos lutam para reduzir a jornada de trabalho para 35 horas semanais; manter os privilégios em todas as esferas de governo, inclusive as municipais; o Estado continua gastando em bobagens de toda a ordem (acabamos de descobrir que o presidente do Senado, Renan Calheiros, às voltas com escândalos de toda ordem, mantém mordomo ganhando R$ 18.000,00 mensais para servir cafezinho, inclusive em sua residência oficial; descobrimos igualmente que o Senado paga até R$ 20.000,00 mensais por funcionário para que os mesmos realizem o despacho das bagagens dos senadores no aeroporto de Brasília; e assim por diante). Qual a diferença entre Portugal e Brasil? Portugal já passou pela realidade do gasto fácil sem muito trabalho e agora, após afundar na crise, age duramente para recuperar sua economia, o que levará anos. O Brasil, com pouca visão de futuro e ignorando os exemplos mundiais, continua agindo na direção do precipício da crise estatal sem retorno, incapaz de mudar de rumo e evitar que venhamos a afundar, nos próximos anos, com todas as conseqüências sociais nefastas que nos esperam. Ou o povo acorda ou ........

 

 

Soja: A virada de ciclo (?) - Jornal da Manhã



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)




O ano de 2012/13 pode estar se revelando, aos poucos, o da virada de um ciclo para o mercado das commodities no mundo. Após as fortes altas de preços internacionais, iniciadas em 2007, quando do começo da crise econômico-financeira mundial, a tendência atual indica um retorno a preços menores, com uma nítida acomodação do mercado. Isso se deve, naturalmente, ao aspecto recessivo da economia mundial, que já dura seis anos, mas também ao fato de que o capital especulativo voltou a apostar nos ativos financeiros, especialmente as Bolsas de Valores (Wall Street vem batendo recordes de alta nas últimas semanas), deixando de lado, em parte, as Bolsas de Mercadorias. Soma-se a isso a recuperação das safras de grãos no mundo e a redução no ímpeto consumista chinês, em função de uma inflação interna que lá também preocupa. Desta forma, se o bushel de soja ainda se mantém acima de US$ 14,00 em Chicago neste momento, a tendência para o final do ano é de o mesmo recuar para níveis abaixo de US$ 12,00. No recente relatório de oferta e demanda do governo dos EUA (10/05), o preço médio a ser obtido pelos produtores daquele país ficaria entre US$ 9,50 e US$ 11,50/bushel durante o próximo ano comercial 2013/14, com início previsto para setembro/13. Isso em função de uma demanda menos intensa e, principalmente, de uma oferta de soja que cresce muito em perspectiva. Assim, para o novo ano 2013/14 a produção sul-americana atingiu a 146 milhões de toneladas (Mt), contra 117 Mt no ano anterior. A projeção para a nova safra dos EUA, a ser colhida em outubro próximo, está agora em 92,2 Mt, contra 82,0 Mt no ano anterior. Em termos mundiais, a produção passaria para 285,5 Mt, após 269,1 Mt em 2012/13. Nessas condições, os estoques finais nos EUA e no mundo cresceriam respectivamente para 7,2 Mt (3,4 Mt atualmente) e 75 Mt (62,5 Mt atualmente). Obviamente, muito disso depende do clima nos EUA e da real safra de soja que o país norte-americano ainda colherá. Mas se os números vierem a se confirmar, conforme a tendência, os preços em reais da soja, para os produtores gaúchos, por exemplo, que chegaram a superar R$ 70,00/saco, no balcão, em setembro/12, após já terem recuado para R$ 53,00/saco nesta primeira quinzena de maio/13, poderão muito bem se estabelecer em R$ 43,00/saco no final do corrente ano, em se mantendo um nível cambial ao redor de R$ 2,00 por dólar. E isso, mesmo que o prêmio no porto melhore. E nota-se que o processo é o mesmo para o milho, trigo e outras culturas negociadas internacionalmente. Em sendo assim, o mundo e o Brasil estariam deixando para trás o ciclo de euforia no mercado das commodities para entrar novamente no ciclo da racionalidade.
 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Análise Semanal dos Mercados da Soja, Milho e Trigo

(09/05/2013)

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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Análise Semanal dos Mercados da Soja, Milho e Trigo

(02/05/2013)

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quinta-feira, 2 de maio de 2013

UERGS, TRANSGÊNICOS E CEITEC - Jornal da Manhã


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)


Qual a relação entre estas três palavras? Para quem tem memória curta, o que para muitos é conveniente nesta hora, vamos rapidamente responder. A relação existente é o atraso econômico movido pelo ranço ideológico, que alimenta radicalismos inconsequentes e gestão pública desastrosa, levando a população em geral pagar a conta no futuro. A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, criada no governo Dutra em 2001, veio para suprir uma necessária oferta de vagas gratuitas para o ensino universitário, visando os estudantes de baixa renda. Todavia, ao invés de ser concebida via parcerias com as universidades comunitárias, como se propunha na época, onde já existiam campi organizados, salas de aula e professores, preferiu-se construir um processo totalmente do zero, com enormes custos públicos, num momento em que o Estado gaúcho já estava “quebrado”. Sem ainda completar 12 anos o resultado de tal disparate na gestão pública é a completa inviabilização da Universidade. Sem recursos e com apenas 2.880 alunos na atualidade, muitas unidades já fecharam e a UERGS está em completo declínio, porém, ainda consome um orçamento de R$ 41 milhões e possui 192 professores (um professor para cada 15 alunos, quando o ideal seria o dobro de alunos). Paralelamente, as universidades comunitárias enfrentam problemas financeiros por não conseguirem rentabilizar seus espaços e quadros, especialmente no período diurno. Quanto aos transgênicos, todos lembram da reação descabida contra os mesmos, especialmente entre 1995 e 2002 aqui no Rio Grande do Sul. O Brasil, inclusive, em função deste ranço, atrasou o desenvolvimento desta ciência por mais de uma década em relação aos países concorrentes, inclusive os europeus. Algumas empresas cooperativas se deixaram iludir por um mercado dito de produtos convencionais que, na verdade, nunca existiu, ficando apenas caracterizado, na melhor das hipóteses, como um nicho, sem pagar o preço justo. Hoje, todos (produtores rurais, empresas e governo) correm atrás da transgenia, pois seus resultados econômicos acabaram salvando o meio rural, especialmente junto aos pequenos e médios produtores. Não é por nada que a FETAG e seus Sindicatos filiados comemoram, nesse momento, a inclusão do milho transgênico nos programas oficiais de troca-troca de sementes aqui no Estado. Enfim, em 2000, o Rio Grande do Sul festejou a inauguração da CEITEC, uma estatal (federalizada em 2008 pelo governo Lula) que iria retirar o Brasil do atraso na microeletrônica. Passados 13 anos, gastos R$ 600 milhões e amargando, somente em 2012, R$ 10,6 milhões com depreciações, ainda não conseguiu colocar um chip no mercado e, o que está sendo desenvolvido, já está atrasado tecnologicamente alguns anos perante a concorrência. O governo conclui agora que o empreendimento deve ser privatizado para poder funcionar. O custo deste conjunto de erros públicos, movido por radicalismos ideológicos, a sociedade pagará por longos anos. E esta é apenas a ponta do iceberg!

 

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum


POR QUE OS ESTADOS “QUEBRAM”?

Porque ignoramos as lições da história. Porque seus governos gastam mais do que arrecadam, gerando um constante aumento no chamado déficit público. Tal realidade se cristaliza ano após ano pelo déficit orçamentário, onde as receitas acabam sendo sempre menores do que as despesas. Tudo isso alimentado pelo aceite da sociedade, seja pela ignorância do fato, seja porque segmentos da mesma ganham com tal realidade. Em termos administrativos, tudo isso resultado de um gerenciamento público de péssimo profissionalismo e qualidade, onde o imediatismo eleitoral se sobrepõe aos resultados estruturais em favor da coletividade. A queda pode levar anos, mas ela chega, mais dia menos dia. É o caso da Grécia, da Espanha, de Portugal, da Irlanda, do Chipre, da Argentina e de outros países na atualidade. É o que preocupa sobremaneira países como os EUA, França, Japão e tantos outros ricos, que estão às portas de um colapso semelhante. Será o caso futuro de tantos outros menos aquinhoados, como a Venezuela, o Brasil, o México, a Rússia..., se nada for feito para corrigir os rumos dos gastos estatais. De forma simples, assim pode-se resumir o estado da crise mundial atual. Não é por nada que os países que possuem governos mais responsáveis vêm procurando corrigir os gastos públicos e adequá-los às receitas possíveis. Mesmo que isso doa no imediato à sociedade. Porém, é melhor uma dor de curto prazo, mas curativa, do que uma dor de longo prazo, que pode resultar em fracasso ou em empobrecimento coletivo da Nação.

 

POR QUE OS ESTADOS “QUEBRAM”?

Na França, o governo socialista de François Hollande, acabou promovendo um déficit público indesejável em 2012. O mesmo se traduz pelos seguintes números: despesas públicas em 56,6% do PIB, carga de impostos em 44,9% do PIB, e praticamente nenhum crescimento econômico. Imediatamente, a reação para 2013 (cf. jornal Le Monde) é reduzir as despesas públicas, incluindo aí uma redução das prestações sociais, reduzindo a ajuda pública para as famílias mais ricas. Além disso, a duração de tempo para aposentadoria será aumentada, ou seja, o trabalhador francês terá que trabalhar mais tempo para ter o direito de se aposentar. Soma-se a isso a redução da indenização por desemprego, com o objetivo de “oferecer uma incitação mais forte à retomada do trabalho” e não criar mecanismos que acomodem as pessoas a viverem à custa da ajuda pública. Enfim, desburocratizar ao máximo a vida do país. Os franceses estão chamando isso de “choque de simplificação”. O objetivo inicial é economizar imediatamente ao redor de dois bilhões de euros (cerca de 5,2 bilhões de reais ao câmbio atual). Enquanto isso, no Brasil, nada de cortes nas despesas públicas. Pelo contrário, o inchaço estatal continua, com concursos públicos a todo instante, falência de serviços estatais custosos, aumento de despesas sem objetividade (acabamos de criar o 39º Ministério), corrupção crescente e burocracia cada vez maior, para dizer o mínimo. E nossa carga tributária cresceu para 36,3% do PIB em 2012, nossa dívida pública atingiu a 46% deste mesmo PIB (o Tesouro Nacional projeta que a mesma irá aumentar para R$ 2,24 trilhões no final de 2013) e o crescimento econômico, no ano passado, ficou em apenas 0,9%. Proporcionalmente estamos numa situação até pior do que a francesa, por exemplo. Se nada for feito rapidamente, logo atingiremos o estágio de dificuldades dos gregos e espanhóis. Já nos ensinava Marcus Tullius, em Roma, no ano 55 Antes de Cristo: “O orçamento nacional deve ser equilibrado. As dívidas públicas devem ser reduzidas. A arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos devem ser reduzidos, se a Nação não quiser ir à falência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar, em vez de viver por conta pública.”. Mais de 2.000 anos depois muitos, dentre eles o Brasil, continuam ignorando o recado.

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