Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
Qual a relação entre estas três palavras? Para quem tem memória curta, o
que para muitos é conveniente nesta hora, vamos rapidamente responder. A
relação existente é o atraso econômico movido pelo ranço ideológico, que
alimenta radicalismos inconsequentes e gestão pública desastrosa, levando a
população em geral pagar a conta no futuro. A Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul, criada no governo Dutra em 2001, veio para suprir uma necessária
oferta de vagas gratuitas para o ensino universitário, visando os estudantes de
baixa renda. Todavia, ao invés de ser concebida via parcerias com as
universidades comunitárias, como se propunha na época, onde já existiam campi
organizados, salas de aula e professores, preferiu-se construir um processo
totalmente do zero, com enormes custos públicos, num momento em que o Estado
gaúcho já estava “quebrado”. Sem ainda completar 12 anos o resultado de tal
disparate na gestão pública é a completa inviabilização da Universidade. Sem
recursos e com apenas 2.880 alunos na atualidade, muitas unidades já fecharam e
a UERGS está em completo declínio, porém, ainda consome um orçamento de R$ 41
milhões e possui 192 professores (um professor para cada 15 alunos, quando o
ideal seria o dobro de alunos). Paralelamente, as universidades comunitárias
enfrentam problemas financeiros por não conseguirem rentabilizar seus espaços e
quadros, especialmente no período diurno. Quanto aos transgênicos, todos
lembram da reação descabida contra os mesmos, especialmente entre 1995 e 2002
aqui no Rio Grande do Sul. O Brasil, inclusive, em função deste ranço, atrasou
o desenvolvimento desta ciência por mais de uma década em relação aos países
concorrentes, inclusive os europeus. Algumas empresas cooperativas se deixaram
iludir por um mercado dito de produtos convencionais que, na verdade, nunca
existiu, ficando apenas caracterizado, na melhor das hipóteses, como um nicho,
sem pagar o preço justo. Hoje, todos (produtores rurais, empresas e governo) correm
atrás da transgenia, pois seus resultados econômicos acabaram salvando o meio
rural, especialmente junto aos pequenos e médios produtores. Não é por nada que
a FETAG e seus Sindicatos filiados comemoram, nesse momento, a inclusão do
milho transgênico nos programas oficiais de troca-troca de sementes aqui no
Estado. Enfim, em 2000, o Rio Grande do Sul festejou a inauguração da CEITEC,
uma estatal (federalizada em 2008 pelo governo Lula) que iria retirar o Brasil
do atraso na microeletrônica. Passados 13 anos, gastos R$ 600 milhões e
amargando, somente em 2012, R$ 10,6 milhões com depreciações, ainda não
conseguiu colocar um chip no mercado e, o que está sendo desenvolvido, já está
atrasado tecnologicamente alguns anos perante a concorrência. O governo conclui
agora que o empreendimento deve ser privatizado para poder funcionar. O custo
deste conjunto de erros públicos, movido por radicalismos ideológicos, a
sociedade pagará por longos anos. E esta é apenas a ponta do iceberg!