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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(17/06/2016 a 23/06/2016)




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O REAL SE REVALORIZA: ATÉ QUANDO?

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
23/06/2016


Na esteira de um governo que se mostrava incapaz de avançar nas reformas estruturais e, muito menos, no necessário ajuste fiscal, a moeda brasileira iniciou 2016 com forte desvalorização, chegando novamente à casa dos R$ 4,00 por dólar. No transcorrer do semestre, na medida em que o impedimento da presidente Dilma se cristalizava, o Real passou a se valorizar deixando claro em qual campo o mercado se situava. Assim, a partir de fins de março o indicativo era de que o dólar poderia se estabelecer entre R$ 3,00 e R$ 3,50. Caso não ocorresse o impedimento presidencial, um retorno ao patamar dos R$ 4,00, e mesmo mais, não se descartava. A questão passou a ser a ação do Banco Central diante desses cenários. Inicialmente o mesmo partiu para a contenção, indicando que R$ 3,50 seria aceitável. A partir da posse do presidente interino, a questão passou a ser a capacidade da nova equipe econômica em convencer o mercado de que teria condições de realizar ajustes na economia. As recentes decisões tomadas estão contemplando o mercado e o Real assistiu a novas valorizações, rompendo o piso dos R$ 3,40. Assim, até o dia 20/06 o dólar, perante a moeda brasileira, acumulava desvalorização de 5,7% no mês de junho e 13,7% no ano de 2016. Nesse contexto, entra em cena um segundo aspecto de economia interna. Diante do recrudescimento da inflação oficial em maio, o Banco Central diminui suas aparições no mercado cambial, indicando que um Real mais valorizado reduziria os custos de importação, auxiliando a diminuir os preços internos. Isso permitirá uma redução do juro básico (Selic) no futuro próximo, fato que ajudaria a alavancar a recuperação da economia, mesmo que lenta. Em isso ocorrendo, o desemprego poderá iniciar um processo de recuo já em 2017. Soma-se a isso dois fatores externos! O primeiro diz respeito a um novo aumento na taxa de juro básica dos EUA. Como ele não ocorreu até o momento, os dólares especulativos continuaram a fluir de forma mais consistente para o Brasil, em busca de nossos juros elevados. Todavia, existe grande expectativa quanto à decisão do FED em sua reunião de julho. Em não havendo mudança no juro estadunidense, o Real se manterá reforçado, caso contrário teremos pressão para uma reversão de expectativas por parte do mercado. O segundo ponto externo se decide exatamente nesta quinta-feira (23/06). Trata-se do plebiscito britânico em torno da permanência ou não do Reino Unido na União Europeia (haverá ou não o Brexit?). O mercado aposta na continuidade dos britânicos no bloco europeu. Essa tendência, nos últimos dias, acabou reforçando igualmente o Real. Assim, a permanência do Reino Unido fortaleceria o euro, enfraqueceria parcialmente o dólar e deixaria o Real mais forte, ao menos por algum tempo. Nesse momento, se estes fatores externos valorizarem mais o Real, o limite, dentro da nova política do Banco Central, tende a ser algo ao redor de R$ 3,20. Caso contrário, tudo indica que se voltará a trabalhar com o patamar de R$ 3,50. Isso se a equipe econômica não derrapar em busca do ajuste fiscal.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(10/06/2016 a 16/06/2016)




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O DESEMPREGO: FLAGELO QUE SE CONFIRMA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
16/06/2016


O desemprego é um dos grandes flagelos de uma economia em crise. Tecnicamente o que o Brasil vive hoje seria um desemprego cíclico, oriundo de um drástico declínio da produção, característica das grandes recessões mundo afora. Todavia, esse desemprego deverá igualmente ser alimentado pelo que chamamos, em economia, de desemprego tecnológico ou estrutural, pois as empresas, hoje em dificuldades, irão apostar mais na substituição da mão de obra pela tecnologia quando o país sair da crise. Além disso, diante do atual quadro de empregos, o padrão de demanda dos consumidores se modificou e não deverá voltar tão cedo ao que foi antes da crise (se é que voltará!). Obviamente, no caso específico do Brasil, muito deste movimento depende de nossa lei trabalhista, arcaica em muitos aspectos, e de uma possível reforma estrutural da mesma. Em continuando como está, as empresas devem modificar suas estratégias de empregabilidade. Hoje, 11,2% dos brasileiros ativos estão desempregados, com tendência de fecharmos o ano ao redor de 13%. No total, com dados até abril passado, são 11,4 milhões de brasileiros ativos sem trabalho. E isso que muitos nesta situação não entram nas estatísticas porque já deixaram de procurar emprego. No Rio Grande do Sul, o mês de abril registrou a maior queda de empregos nos últimos 13 anos (cf. Caged). Todas as regiões do país e todos os setores da economia, nesse momento, registram crescimento no desemprego. E não poderia ser diferente diante da brutal recessão vivida pelo país. Com isso, a qualidade de vida dos brasileiros diminui em todos os sentidos. Apenas no Rio Grande do Sul 1,3 milhão de gaúchos deixaram a saúde complementar (planos de saúde privados) em apenas um ano (de março de 2015 a março de 2016) devido ao desemprego e a consequente perda de renda. Há uma década não se via um recuo nesse item importante da vida das pessoas. Pior: segundo o Ipea, o Brasil registrou, no 1º trimestre de 2016, 26,4% dos jovens entre 14 e 25 anos desempregados. No 4º trimestre de 2015 o percentual era de 20,9% o que mostra a disparada do desemprego nestes últimos meses no país. E confirmando o que sempre se soube, os menos preparados são os que mais sofrem (as pessoas com Ensino Médio incompleto chegam a 15% de desemprego, enquanto quem possui Ensino Superior completo registra uma taxa de 7,6%). Nesse contexto, não deve ser surpresa o recuo para as classes D e E de cerca de 10 milhões de brasileiros que haviam atingido a classe C, confirmando que sua ascensão, nos últimos anos, foi feita sem base de sustentação econômica. Enfim, não surpreende igualmente que, pela primeira vez desde 1992, o Brasil registrou em 2015 a triste combinação de queda na renda com o aumento da sua desigualdade (cf. Pnad). Somente no ano passado a renda do trabalhador per capita caiu 3,2%. Espera-se que os brasileiros não esqueçam de qual política econômica (e de quem a implantou) os conduziu a esse estado de coisas. A memória curta já nos trouxe enormes prejuízos socioeconômicos em nossa história. Não precisamos que isso se repita mais uma vez!   

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(03/06/2016 a 09/06/2016)




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O FUNDO DO POÇO?

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
09/06/2016


Seria o PIB do primeiro trimestre de 2016 um indicativo de que, finalmente, a economia brasileira bateu no fundo do poço? A resposta pode ser positiva, porém, ainda é cedo para conclusões. Mesmo porque, se o PIB é um importante indicador, estamos descobrindo que temos outros poços a vencer. Dentre eles, o político. O envolvimento de pessoas presentes no chamado “novo” governo, nos escândalos de corrupção, não deixa dúvidas que os entraves políticos serão imensos para colocar o Brasil novamente nos trilhos de um crescimento sustentável. Esse fundo de poço está longe de ser visto! E tal realidade atinge a confiança dos investidores em geral, o que emperra a retomada, pelo menos na velocidade desejada. Dito isso, ainda é preciso lembrar que, apesar de termos crescido -0,3% no último trimestre, engatando um terceiro trimestre em ascensão, no passado recente já tivemos movimentos semelhantes e a recuperação não se confirmou. Todavia, agora há um fato novo: que efeito psicológico e concreto a nova equipe econômica provocará? Por enquanto, temos muitos anúncios e pouca ação, fato que já deixa o mercado reticente. Além disso, não se pode ignorar que nosso PIB, em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior, ficou em -5,4%, consolidando um dos piores resultados recessivos do mundo. Soma-se a isso o fato de que, pela primeira vez, depois de algum tempo, a agropecuária igualmente registrou PIB negativo no trimestre (-0,3%). Ou seja, um dos poucos setores econômicos que ainda reagia, parece ter se esgotado. Afinal, nem sempre o clima nos será favorável! Mas o mais preocupante quanto a uma chegada ao fundo do poço está nos números relativos à poupança e ao investimento em relação ao PIB nacional. Enquanto a poupança nacional, de janeiro a março deste ano, ficou em 14,3% do PIB, quando o ideal é algo em torno de 25%, os investimentos continuaram despencando. De fato, sem poupança não se criam as condições para investir. E sem investir não se criam as condições de crescer e desenvolver no futuro. Nesse sentido, pelo décimo trimestre seguido (dois anos e meio) nosso investimento foi negativo (-2,7%). Pior: nossa taxa de investimento, neste primeiro trimestre, ficou em 16,9% do PIB quando o ideal, de maneira geral, é igualmente ficarmos ao redor de 25%. E mais: no acumulado de 12 meses a queda dos investimentos é de 15,9%. Já a rubrica “gastos do governo” continuou a registrar números positivos (1,1% no trimestre). Exatamente a que precisaria ser melhor controlada! E o recente aumento indiscriminado de salários, junto a todos os poderes da República, em nada melhora as perspectivas futuras de tal realidade. Portanto, talvez tenhamos chegado ao fundo do poço, porém, as condições ainda não estão reunidas para dele sair (nem mesmo para afirmarmos de que não teremos recaídas). E os movimentos políticos erráticos do “novo” governo acabam fragilizando suas ações econômicas, aumentando a dose de preocupação do mercado. Ora, depois de tudo o que se viveu nestes últimos anos na economia, o que menos o país precisa, para sair da crise, é de o “novo” governo se mostrar incapaz de realizar o dever de casa.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(27/05/2016 a 02/06/2016)




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NÃO HÁ ESPAÇO PARA SIMPLIFICAÇÕES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
02/06/2016


A atual crise econômica brasileira é de uma envergadura imensa. Trata-se de uma das maiores de nossa história. Portanto, não há espaço para simplificações, assim como não há espaço para expectativas miraculosas. Segundo o FMI, em seu recente World Economic Outlook, em 2021 o PIB per capita do Brasil ainda será menor do que em 2011, confirmando que o país está vivendo uma nova década perdida. É nesse cenário que a nova equipe econômica assume as rédeas do país. A mesma terá que gerar soluções que permitam “...desviar a dívida pública da rota insustentável em que se encontra, dependente de um governo central severamente deficitário, estados com graves problemas de caixa, empresas públicas não menos endividadas e bancos altamente expostos a risco” (cf. Conjuntura Econômica, FGV, maio/16, p. 32). Nosso pecado mortal, além da contabilidade criativa (maquiagem de dados), das pedaladas e da falta de controle fiscal, está no fato de que historicamente superestimamos receitas e inflamos projeção de despesas, muitas destas servindo de mote para desvio de dinheiro público. Hoje a dívida bruta do Governo Geral bate na casa dos 70%, com trajetória para atingir rapidamente 90% do PIB. Algo insustentável e que está quebrando o país, exigindo reformas estruturais amplas. A nova equipe precisa gerar um modelo que garanta disciplina fiscal, doa o quanto doer, já que isso se tornou um bem público no mundo inteiro. Além da revisão dos gastos sociais (os mesmos representam 80% do gasto de custeio do governo central), será preciso solucionar as obrigações contingentes que o país tem com os bancos e empresas públicas, a ponto de levar o Tesouro Nacional (nossos impostos) a subsidiar estas empresas (entre 2007 e 2014 os empréstimos do Tesouro para os bancos públicos cresceram de 0,5% do PIB para 10%), sendo que em janeiro de 2016 os subsídios implícitos, somente nos contratos entre o Tesouro e o BNDES (outra caixa preta que se precisa abrir), chegava a R$ 182 bilhões. Por sua vez, os subsídios públicos para empresas e setores específicos de nossa economia foram expandidos em R$ 500 bilhões nesse período (a conhecida “bolsa empresário”). Soma-se a isso a dívida dos estados da Federação, todos praticamente quebrados e pedindo socorro aos cofres federais raspados. Na crise fiscal de 1997 foi institucionalizado que “...a torneira de liquidez ficaria nas mãos do governo federal, sob um modelo concebido para funcionar com um governo responsável”. Ora, a partir de 2007, e particularmente a contar de 2011, o que menos tivemos no país foram governos responsáveis. É devido a essa irresponsabilidade, associada a uma incompetência gerencial aguda, e ampliada por uma corrupção desenfreada, que chegamos a situação caótica de hoje. Esperar que a nova equipe econômica resolva tudo isso no curto prazo é sonhar. Estamos diante de um trabalho que, se for bem feito a partir de agora (o que está longe, por enquanto, de ser garantido), levará ao menos 20 anos para recolocar a economia nacional novamente nos trilhos de um potencial desenvolvimento.

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