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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(19/08/2016 a 25/08/2016)




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TERIA PASSADO O PIOR?

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
25/08/2016

Há um sentimento que perpassa boa parte da sociedade brasileira de que o pior da crise econômica nacional teria sido superado. Alguns números e projeções no campo econômico dão a entender que sim. Especialmente o otimismo projetado para 2017, onde um crescimento de até 1,6% do PIB vem sendo indicado pelo governo interino, após -3,2% no corrente ano e -3,8% em 2015. A realidade geral, no entanto, escapa da emoção e dos desejos e, por enquanto, exige cautela. Sim, é possível esperar um 2017 melhor e, sim, é possível dizer que o país pode estar iniciando, finalmente, uma saída do “fundo do poço” da atual crise. Todavia, algumas condições fundamentais precisam estar reunidas para isso realmente se confirmar na prática. Em primeiro lugar, o processo de impeachment, cuja fase final se inicia neste dia 25/08, precisa confirmar a continuidade do governo interino e sua equipe econômica. Em segundo lugar, este governo precisa parar de oferecer benesses, gastando o que não deveria, e partir efetivamente para os ajustes e reformas necessários. Em terceiro lugar, os fundamentos da economia, salvo algumas exceções, ainda mostram um cenário muito negativo (as empresas e famílias continuam muito endividadas e inadimplentes; os bancos continuam restringindo o crédito e aumentando o juro, independentemente da Selic; e o Real tende a se apreciar ainda mais nos próximos meses devido a entrada de dólares a partir dos programas de concessões que o governo irá lançar no início de setembro – sem falar no capital especulativo em busca de nosso juro caso o juro básico dos EUA não suba neste ano). Assim, se houver crescimento em 2017, o mesmo será bem menor do que o esperado pelo governo (a FGV calcula em 0,5% em um cenário normal) além de o processo de recuperação geral da economia ser lento nos anos seguintes. Afora isso, o Brasil não conta, como em crises passadas, com a recuperação da economia mundial. Ao contrário, o mundo continua enfrentando enormes dificuldades para sair da crise de 2007/08. Soma-se a isso o fato de que as medidas de ajustes que o governo interino precisa adotar não serão expansionistas, o que não ajudará a acelerar o crescimento da economia nos próximos anos. Assim, o fato positivo é que a economia brasileira está se estabilizando, indicando um viés de recuperação. Todavia, a mesma tende a ser lenta e, por isso, longe de ser suficiente para garantir uma arrecadação de que o governo precisa para o cumprimento da meta fiscal. Isso significa que um aumento de impostos deverá acontecer em um horizonte não muito distante. Ora, aumento de impostos significa menos renda aos consumidores e empresas e, portanto, menos consumo para puxar a economia. Além disso, e mais uma vez, tais aumentos de impostos virão para fechar o rombo das contas públicas e não para melhorar os serviços estatais aos cidadãos brasileiros. Se a causa do rombo (gastança pública desenfreada e malfeita) não for estancada, voltaremos à estaca zero e logo aí na frente teremos nova crise para administrar, sem nem mesmo termos saído suficientemente da atual. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(12/08/2016 a 18/08/2016)




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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

NÃO HÁ COMO FUGIR DO AJUSTE (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
18/08/2016


Sim, a forma do ajuste importa. 19) quando baseado em tributos que agravam ainda mais as distorções da estrutura tributária, prejudica a eficiência econômica e a retomada do crescimento. Pior do que um ajuste que comprometa ainda mais o crescimento potencial da economia, porém, é não fazer o ajuste, aumentando o risco de uma crise mais aguda do que a atual. A agenda para a retomada do crescimento passa pela simplificação da estrutura tributária, a uniformização das regras para os diversos setores e a adoção de critérios que reduzem a ambiguidade normativa. No entanto, regras simplificadas e que garantam tratamento homogêneo para os diversos setores e empresas implicam a perda de benefícios e privilégios, encontrando a resistência dos grupos de interesse. A mesma dificuldade ocorre com a reforma de diversas intervenções protecionistas adotadas nos últimos seis anos. A maior proteção para alguns implicou perda de produtividade para os demais, que foram obrigados a comprar bens de capital ou insumos mais caros ou menos eficientes, e maiores preços para o consumidor final. Apesar do prejuízo para o restante da sociedade, decorrente de diversas dessas medidas, a sua revisão encontra a resistência dos grupos beneficiados. 20) o elevado custo de produção do país, decorrente das ineficiências institucionais, compromete a capacidade de investimento e produção do setor privado. Menor aumento de produtividade significa menor capacidade de crescimento sustentável e de geração de renda. Políticas de proteção setorial podem ser eficazes em casos específicos, desde que acompanhadas de metas de desempenho e avaliação cuidadosa dos seus resultados, e a sua revisão em caso de fracasso. A expansão disseminada de benefícios públicos, sem a adequada gestão e controle de resultados, resulta, apenas, em subsídios e privilégios privados, sem a contrapartida do maior crescimento econômico e da geração de empregos.  21) a política fiscal expansionista adotada nos últimos seis anos e a maior complacência com taxas elevadas de inflação resultaram em um crescente desequilíbrio macroeconômico, agravado pela queda da produtividade total dos fatores e a intervenção pública equivocada em diversos setores, prejudicando os ganhos sociais da década de 2000. 22) deixamos a crise chegar. Agora, além de superá-la, será preciso estabelecer uma extensa e difícil agenda de retomada do crescimento econômico, que passa pelo reconhecimento de que nos tornamos um país que prometeu mais a diversos grupos sociais do que é capaz de entregar, com uma tendência de crescimento da despesa pública maior do que o crescimento da renda, e que adotou uma estratégia desenvolvimentista que fracassou nos últimos seis anos, cuja consequência foi a queda da produtividade e a forte desaceleração da economia, além de um grave desequilíbrio macroeconômico. O resultado, na ausência de reformas estruturais, será, na melhor das hipóteses, uma longa estagnação, ameaçada pelo risco de insolvência fiscal. 23) o ajuste é inevitável. Pode ser realizado de forma transparente, respeitados os procedimentos legislativos, com escolhas difíceis sobre os benefícios a serem mantidos e os que devem ser revistos, ou imposto pela escassez de crescimento e de renda. A escolha é nossa!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(05/08/2016 a 11/08/2016)




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NÃO HÁ COMO FUGIR DO AJUSTE (III)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
11/08/2016


O ponto 13 dessa análise é que, além dos problemas estruturais, o gasto público nos últimos anos foi agravado pela política econômica e a concessão de diversos subsídios e benefícios públicos, nem sempre transparentes no orçamento, muitas vezes obrigações de desembolsos futuros não registrados como dívidas. 14) o desequilíbrio fiscal dos últimos anos, que coloca em risco a solvência do Estado brasileiro nos anos à frente, decorre em parte dos excessos e erros da política econômica dos últimos seis anos, mas é, principalmente, o resultado de um Estado que requer todo ano o crescimento da receita maior do que o do PIB, o que significa que todo ano devemos aumentar a fração da renda do país destinada a financiar os gastos públicos. 15) o grave desequilíbrio fiscal do Brasil reflete a concessão desenfreada de benefícios públicos incompatíveis com a renda nacional. Prometemos mais do que temos, adiando o enfrentamento das restrições existentes. Deixamos para as próximas gerações as contas a serem pagas. O futuro tem, no entanto, o inconveniente hábito de se tornar presente. O populismo dos últimos anos cobra o seu preço. 16) um setor público com obrigação crescente de gastos em um país com baixo crescimento econômico não é sustentável, ampliando o risco de incapacidade de cumprir as obrigações fiscais nos próximos anos, aumentando a taxa de inflação estrutural, e resultando em taxas de juros possivelmente ainda mais elevadas. A menos que uma agenda extensa de reformas seja iniciada, com a reversão da trajetória de aumento do gasto público, o Brasil estará condenado, na melhor das hipóteses, a uma longa estagnação. 17) essa agenda deve enfrentar o desequilíbrio estrutural de uma despesa que cresce acima da receita, de um setor público que concede benefícios incompatíveis com o nosso estágio de desenvolvimento. As aposentadorias precoces são apenas o sintoma mais visível de um país que escolhe conceder o que não possui. Um país que se tornou velho antes de se tornar desenvolvido e que desperdiçou o seu bônus demográfico. O ajuste macroeconômico é apenas parte, porém, da agenda necessária.  18) as seguidas intervenções setoriais desde a crise de 2008 prejudicaram diversas atividades econômicas e comprometeram o crescimento da produtividade e a capacidade de investimento das empresas. A alteração do marco regulatório do pré- sal, a intervenção no setor elétrico, o controle do preço dos combustíveis, as regras de conteúdo nacional, o fechamento do setor automotivo, a tentativa de recriar a indústria naval, pela terceira vez desde 1950, cometendo os mesmos erros, a concessão de subsídios e proteções a empresas sem a contrapartida de ganhos de produtividade, agravaram o quadro fiscal e prejudicaram a produtividade do setor privado. Essas políticas resultaram em benefícios privados localizados para alguns grupos de interesse, mas não em ganhos sociais ou expansão do investimento, e colaboraram para a estagnação da economia nos últimos anos. (Segue)

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(29/07/2016 a 04/08/2016)




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NÃO HÁ COMO FUGIR DO AJUSTE (II)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
04/08/2016


Dando sequência a análise do tema que intitula esta série de artigos, temos o sexto ponto. Os gastos com previdência aumentaram em 4,3 pontos percentuais do PIB entre 1991 e 2014, sendo particularmente preocupantes pela sua tendência de aumento nas próximas décadas. A aposentadoria média por tempo de contribuição para mulheres ocorre aos 52 anos de idade e, para homens, aos 54 anos, significativamente mais generosa do que a verificada na grande maioria dos países. O Brasil não tem como continuar suportando isso! 7) além disso, diversas aposentadorias especiais, como as regras para pensão por viuvez, permitem que grupos ainda mais jovens se aposentem com renda integral, mais uma vez de forma bem distinta da observada na maioria dos demais países. Agravando esse quadro, já há alguns anos terminou o bônus econômico demográfico no Brasil. O aumento do número de idosos é, pelos próximos anos, ainda compensado pela entrada de jovens no mercado de trabalho. No entanto, os adultos crescem a taxas decrescentes, enquanto os idosos crescem a uma taxa quatro vezes maior do que a dos adultos, dobrando a sua participação na população total nos próximos trinta anos. 8) o que se economiza com os jovens que entram no mercado de trabalho é mais do que compensado com os gastos crescentes com os adultos que se aposentam. A melhora da sobrevida dos aposentados e o aumento da sua participação na população implicam a necessidade de aumento contínuo da carga tributária nos próximos anos, para além do ajuste fiscal atual. 9) o aumento previsto dos gastos públicos até 2030 requer que todo ano sejam aprovadas novas medidas de contenção de despesa, pelos próximos 15 anos, ou uma nova CPMF a cada governo, ou ainda entre 20 e 50 vezes as propostas de imposto sobre grandes fortunas. Nas últimas duas décadas, o crescimento da despesa pública foi compensado pela expansão da carga tributária. 10) desde 2011, no entanto, cessou esse crescimento extraordinário da receita de tributos. Até 2014, e pelos cinco anos anteriores, a receita recorrente cresceu 1,5% ao ano, aproximadamente o crescimento do PIB. A despesa do governo central, no entanto, manteve o seu crescimento acelerado de 5,4% acima da inflação. Esse quadro piorou sensivelmente em 2015, e continuou piorando em 2016, com a recessão econômica. 11) “Preservamos um Estado que requer recursos crescentes para manter o equilíbrio fiscal, o que significa a necessidade de aumentos contínuos da carga tributária, comprometendo o crescimento e a geração de emprego”, resultando no desequilíbrio fiscal dos últimos anos. A normalização do crescimento da receita, nesta década, em simultâneo à manutenção do crescimento acelerado da despesa resultou no grave desequilíbrio das contas públicas. 12) os doze anos de comportamento extraordinário da receita (2001 a 2012) parecem ter entorpecido a sociedade, os políticos, os formuladores da política econômica e seus seguidores. (Segue)

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