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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

SOJA: A EXCEPCIONALIDADE (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)


Na última semana de agosto do corrente ano a soja atingiu a média de R$ 121,01 no balcão gaúcho (cf. Emater). Um preço excepcional, pois além de bater o recorde nominal, tais preços, pela primeira vez na história local oferecem ganhos reais significativos, inclusive superando os melhores momentos de 2012. Tomando-se como base esta média gaúcha, nos últimos sete anos (2013-2020) o ganho nominal no preço é de R$ 55,06/saco. Considerando a inflação oficial brasileira (IPCA), o preço médio da soja em fins de agosto de 2013 deveria valer, no final de agosto de 2020, R$ 94,51/saco. Na prática o mesmo estava R$ 26,50/saco acima deste último valor, consolidando também um ganho real importante. Retrocedendo para o auge da colheita no Rio Grande do Sul, em abril passado, isso significa dizer que todo o produtor que vendeu sua soja a partir de R$ 90,00/saco desde então, obteve um ganho real com a mesma em relação aos valores recebidos sete anos atrás (estes valores oscilam conforme os preços médios obtidos nos anos seguintes). Dito de outra forma, nesta safra de 2020, o preço da soja está repondo toda a inflação do período, como também oferecendo um ganho adicional (real) importante. Até então o ganho era apenas nominal e, assim mesmo, em percentagem bem menor. Exemplo: no final de agosto do ano passado (2019), o preço médio da soja gaúcha no balcão foi de R$ 76,53/saco. Isso representou um ganho nominal de apenas 16% sobre agosto de 2013. Para que o saco de soja ficasse igual ao valor de agosto daquele ano, seu preço deveria ter chegado a R$ 92,79. Ou seja, o poder de compra da soja em 2019 foi bem menor do que o alcançado em 2013. Assim, diante da excepcionalidade de preços em 2020, com razão as vendas antecipadas de soja se aceleraram. O Brasil deverá iniciar o plantio da nova safra de soja com mais de 50% da mesma já vendida (no Rio Grande do Sul esse número chegaria ao redor de 35%), havendo situações, como no Mato Grosso, em que os produtores locais já estariam vendendo a safra de 2022. Isso porque, em condições normais, nada garante que tais preços se sustentem nestes patamares no próximo ano.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Análise semanal dos mercados da soja, milho e trigo

21/08/2020 a 27/08/2020

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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

PARA REFLEXÃO (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)


Muito se tem discutido, a ponto de se ideologizar o problema, sobre as duas principais estratégias de combater a pandemia da Covid-19: fechar a economia ou não a fechar. Uma boa resposta nos vem da análise do exemplo dado pela Suécia e a Dinamarca, países vizinhos entre si e de mesmo padrão socioeconômico. Entre março e maio passados, o primeiro optou por não fechar a economia. O segundo promoveu um fechamento praticamente completo da mesma. Passadas nove semanas das medidas, a Dinamarca e seus 5,8 milhões de habitantes lamentou a morte de 548 pessoas causada pela Covi-19. Já a Suécia, com seus 10 milhões de habitantes, lamentou a morte de 3.698 pessoas. Em termos econômicos, após este período, notou-se que a economia sueca não foi poupada dos efeitos da crise provocada pela doença, como se poderia imaginar. Neste país, 80.000 pessoas foram desempregadas, a taxa de desemprego passou de 7% no início do ano, para 8,4% em meados de maio, caminhando para 11% até o final do ano, enquanto seu PIB deverá conhecer uma queda entre 7% a 10% em 2020. Por quê? Porque a população diminuiu consideravelmente seu consumo e sua circulação, mesmo não estando proibida, e porque o comércio internacional caiu significativamente, atingindo em cheio o setor produtivo local. No setor de hotelaria e restaurantes, o faturamento caiu 75% no período, sendo que em abril passado 50.000 empresas suecas haviam solicitado o sistema de desemprego parcial. Na Dinamarca, a economia recuou um pouco mais, porém, a diferença, segundo estudos feitos por economistas dinamarqueses, foi marginal. Ou seja, a baixa no consumo na Dinamarca foi de 29% enquanto na Suécia foi de 25%. Isto desmente a ideia pré-concebida de que o confinamento seria o responsável maior pela queda no consumo. O mesmo é causador sim deste fato, porém, sua intensidade não difere de outras regiões que não o fizeram, pois há outros fatores que provocam um recuo no consumo: desde os cuidados sanitários particulares das pessoas, até a renda disponível, passando pelas incertezas quanto ao futuro. Ou seja, a Suécia sem confinamento travou sua economia naturalmente quase na mesma intensidade de que seu vizinho confinado. Todavia, para efeitos econômicos semelhantes, resultados sanitários diferentes: na Suécia houve 575% mais mortes de pessoas a lamentar (3.150 pessoas), naquele período de tempo (cf. Le Monde, Paris-França). Embora a realidade de países subdesenvolvidos como o nosso tenha suas diferenças, em relação a este debate a experiência sueco-dinamarquesa exige profunda reflexão, pois ao não atacarmos a pandemia na intensidade necessária, no seu início, acabamos ficando no pior cenário: o de prolongar o problema, assim como seus custos em vidas e econômicos, sem expectativa de resolução.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Análise semanal dos mercado da soja, milho e trigo

14/08/2020 a 20/08/2020

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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

DO DISCURSO À PRÁTICA


Na economia, o governo Bolsonaro foi eleito em cima da proposta liberal. O discurso inicial, sustentado pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, era de reformas profundas na estrutura do Estado, privatizações que poderiam alcançar um trilhão de reais, abertura comercial generalizada, e menos Estado na economia, deixando a entender que, finalmente, o chamado “Estado eficiente” poderia ver a luz do dia em nosso país. Um ano e meio após, grande parte de tudo isso ficou no discurso demagógico de campanha. Mesmo que o Ministro persevere na lógica liberal, descobre-se que ele está sozinho, sem apoio concreto nem mesmo do Presidente da República. Assim, passada a reforma previdenciária que, embora importante, mais uma vez não foi completa, esperava-se que a reforma administrativa, seguida da tributária, fossem melhores. Ora, a administrativa, que é essencial, ficou no esquecimento. Não há interesse em mexer com os servidores públicos (federais, estaduais e municipais), especialmente os mais privilegiados. Assim, o Brasil continuará comprometendo seu futuro. Em 2019, o país gastou 13,7% do PIB com seus servidores, continuando a receber em troca péssimos serviços públicos. Estes gastos são o dobro dos realizados com educação e 3,5 vezes mais do que as despesas com saúde, que tanto nos falta nestes tempos de pandemia. Em 2018 o país já havia sido o sétimo país que mais gastou com pessoal, dentre 64 pesquisados. Gastamos mais em pessoal no setor público do que a Suécia, França e Alemanha, por exemplo, cujo PIB per capita é muito superior ao nosso (cf. Instituto Millenium e FMI). E a proposta de reforma tributária está mais para um arranjo de impostos, além de apontar para um aumento percentual de tributação no final. Ora, se é verdade que, por enquanto, o Estado não pode reduzir sua receita, também é verdade que, historicamente, precisamos qualificar os gastos públicos para, em seguida, poder direcioná-los às verdadeiras necessidades da Nação. Infelizmente, não será também neste governo. Pelo contrário, a cada dia que passa, a partir dos naturais efeitos da ajuda emergencial que o governo direcionou à população de baixa renda, diante da pandemia, nota-se o  mesmo inclinado a recuperar o intervencionismo estatal na economia, utilizado largamente em nossa história e, em particular, nos governos Lula e Dilma, visando a reeleição. Ora, passada a pandemia, o país precisa voltar ao rigor fiscal sob pena de afundarmos ainda mais na crise econômica criada pelo descontrole fiscal do Estado. Como ensina a teoria econômica, gastar o recurso público tem vantagens, pois pode gerar obras e empregos. Porém, se isso superar o limite de nossas possibilidades, o custo dessa ação será muito maior, sob forma de aumento da dívida pública, disparada da inflação, retomada na elevação dos juros, e altíssimo desemprego na sequência, além de PIBs medíocres como já estamos vivendo há uma década. Pois o Brasil há tempos chegou nesse limite, agravado agora pelos efeitos da pandemia. Se, no governo federal, a corrente política da gastança vencer a disputa com a corrente da racionalidade econômica, cada vez mais fraca, diga-se de passagem, retornaremos rapidamente ao “porão que existe no fundo do poço econômico”, poço este onde estamos há anos.     

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Análise semanal dos mercados da soja, milho e trigo

07/08/2020 a 13/08/2020

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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

NOTA DE R$ 200,00


Normalmente, quando um governo cria uma moeda de maior valor do que o circulante existente, é um sinal de inflação no país. Ora, no Brasil a mesma continua bastante baixa não justificando a criação de uma nota de R$ 200,00. O Banco Central alega dois motivos centrais para a medida: 1) a população estaria guardando muito dinheiro em casa (entesourando); 2) o custo de fabricar duas notas de R$ 100,00 obviamente é maior do que fabricar uma nota de R$ 200,00. Soma-se a isso, o fato de o Brasil ser um país muito desigual, onde 40% da população não possui conta bancária e 60% usa principalmente o dinheiro vivo como forma de pagamento. Ou seja, os meios eletrônicos para pagamento e compra de bens ainda são pouco utilizados. Mas há grandes dúvidas quanto a eficácia da nova nota: 1) a população, maioria pobre, já encontra dificuldade em trocar uma nota de R$ 100,00, pois compra bens de baixo valor. Agora, com uma nota de R$ 200,00 esta realidade vai piorar, já que será preciso ainda mais oferta de dinheiro miúdo; 2) se a questão é municiar a economia em função da demanda excepcional promovida pela pandemia, não faz sentido criar nova moeda por isso, pois logo adiante, com a vacina, espera-se que a pandemia desapareça ou diminua; 3) se o governo, que pensa colocar no mercado 90 bilhões de reais da nova nota, continuar a emitir a mesma quantidade de R$ 100,00, além de não ocorrer a economia direta esperada na fabricação, criará pressão inflacionária direta pela maior liquidez de dinheiro. Mas o Banco Central anuncia que não irá fazer isso, ou seja, cada nota de 200 reais substituirá duas notas de 100 reais; 4) enfim, vale salientar que o Brasil está indo na direção contrária do mundo, pois a grande maioria dos países está eliminando as notas de grande valor e direcionando sua população para pagamentos via meios eletrônicos. Pelo visto, ao invés de criarmos mecanismos de formação da população neste sentido, estamos alimentando o mercado de dinheiro vivo. Se cristaliza, assim, mais um retrocesso de política pública em relação ao mundo globalizado que vivemos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Análise semanal dos mercados da soja, milho e trigo

31/07/2020 a 06/08/2020

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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

REFORMA TRIBUTÁRIA PARA QUEM?


A reforma tributária ganha mais premência, pois, por trás, está o seguinte quadro: 1) a década perdida de 2011 a 2020 registra um resultado ainda pior do que se calculava. O PIB médio do período deverá ser negativo em 0,1% ao ano; 2) dentre 197 países do mundo, 87% terão desempenho melhor do que o brasileiro; 3) nesta década, tivemos duas recessões profundas, sendo que ainda estamos vivendo a segunda delas; 4) diante da crise os investimentos, que já eram fracos, despencam. Neste segundo trimestre o recuo dos mesmos teria sido de 22,6% em relação ao mesmo período do ano passado, ficando em seu pior nível em 25 anos; 5) já antes da pandemia estes investimentos estavam 23,5% abaixo do registrado no início de 2014, às vésperas da primeira recessão da década; 6) no primeiro semestre o rombo das contas do governo federal ficou em R$ 417 bilhões. No ano, o mercado calcula que o rombo possa chegar perto de R$ 770 bilhões, contra uma previsão inicial de R$ 129 bilhões. Somando ainda os Estados e municípios, o déficit público total deverá se aproximar de R$ 1,0 trilhão; 7) neste contexto, a dívida pública brasileira deverá fechar o ano entre 95% a 100% do PIB, contra 75,8% no final de 2019; 8) os investidores nacionais recuam, enquanto os externos, diante de tal quadro, associado às diatribes políticas do Planalto, saem do país ou vêm em volume bem menor do que o normal; 9) a política de redução nos juros internos (Selic) está sendo exagerada e sem efeito prático à retomada do crescimento, levando muitos brasileiros a investirem suas poupanças no exterior (de janeiro a maio os mesmos enviaram US$ 3,45 bilhões para fundos no exterior, contra US$ 791 milhões no mesmo período do ano passado). Com isso, a reforma tributária é fundamental sim, pois está no contexto das reformas estruturais para ajustar o custo do Estado e sua eficiência como agente socioeconômico. A questão é o tipo de reforma! Por enquanto, o olhar está para o reforço do caixa estatal. Se ficar assim, pouco resolverá, pois continuará penalizando o setor produtivo e a grande maioria dos brasileiros.

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