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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

NOTA DE R$ 200,00


Normalmente, quando um governo cria uma moeda de maior valor do que o circulante existente, é um sinal de inflação no país. Ora, no Brasil a mesma continua bastante baixa não justificando a criação de uma nota de R$ 200,00. O Banco Central alega dois motivos centrais para a medida: 1) a população estaria guardando muito dinheiro em casa (entesourando); 2) o custo de fabricar duas notas de R$ 100,00 obviamente é maior do que fabricar uma nota de R$ 200,00. Soma-se a isso, o fato de o Brasil ser um país muito desigual, onde 40% da população não possui conta bancária e 60% usa principalmente o dinheiro vivo como forma de pagamento. Ou seja, os meios eletrônicos para pagamento e compra de bens ainda são pouco utilizados. Mas há grandes dúvidas quanto a eficácia da nova nota: 1) a população, maioria pobre, já encontra dificuldade em trocar uma nota de R$ 100,00, pois compra bens de baixo valor. Agora, com uma nota de R$ 200,00 esta realidade vai piorar, já que será preciso ainda mais oferta de dinheiro miúdo; 2) se a questão é municiar a economia em função da demanda excepcional promovida pela pandemia, não faz sentido criar nova moeda por isso, pois logo adiante, com a vacina, espera-se que a pandemia desapareça ou diminua; 3) se o governo, que pensa colocar no mercado 90 bilhões de reais da nova nota, continuar a emitir a mesma quantidade de R$ 100,00, além de não ocorrer a economia direta esperada na fabricação, criará pressão inflacionária direta pela maior liquidez de dinheiro. Mas o Banco Central anuncia que não irá fazer isso, ou seja, cada nota de 200 reais substituirá duas notas de 100 reais; 4) enfim, vale salientar que o Brasil está indo na direção contrária do mundo, pois a grande maioria dos países está eliminando as notas de grande valor e direcionando sua população para pagamentos via meios eletrônicos. Pelo visto, ao invés de criarmos mecanismos de formação da população neste sentido, estamos alimentando o mercado de dinheiro vivo. Se cristaliza, assim, mais um retrocesso de política pública em relação ao mundo globalizado que vivemos.

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