Normalmente,
quando um governo cria uma moeda de maior valor do que o circulante existente,
é um sinal de inflação no país. Ora, no Brasil a mesma continua bastante baixa não
justificando a criação de uma nota de R$ 200,00. O Banco Central alega dois
motivos centrais para a medida: 1) a população estaria guardando muito dinheiro
em casa (entesourando); 2) o custo de fabricar duas notas de R$ 100,00
obviamente é maior do que fabricar uma nota de R$ 200,00. Soma-se a isso, o
fato de o Brasil ser um país muito desigual, onde 40% da população não possui
conta bancária e 60% usa principalmente o dinheiro vivo como forma de
pagamento. Ou seja, os meios eletrônicos para pagamento e compra de bens ainda
são pouco utilizados. Mas há grandes dúvidas quanto a eficácia da nova nota: 1)
a população, maioria pobre, já encontra dificuldade em trocar uma nota de R$
100,00, pois compra bens de baixo valor. Agora, com uma nota de R$ 200,00 esta
realidade vai piorar, já que será preciso ainda mais oferta de dinheiro miúdo; 2)
se a questão é municiar a economia em função da demanda excepcional promovida
pela pandemia, não faz sentido criar nova moeda por isso, pois logo adiante,
com a vacina, espera-se que a pandemia desapareça ou diminua; 3) se o governo,
que pensa colocar no mercado 90 bilhões de reais da nova nota, continuar a
emitir a mesma quantidade de R$ 100,00, além de não ocorrer a economia direta
esperada na fabricação, criará pressão inflacionária direta pela maior liquidez
de dinheiro. Mas o Banco Central anuncia que não irá fazer isso, ou seja, cada
nota de 200 reais substituirá duas notas de 100 reais; 4) enfim, vale salientar
que o Brasil está indo na direção contrária do mundo, pois a grande maioria dos
países está eliminando as notas de grande valor e direcionando sua população
para pagamentos via meios eletrônicos. Pelo visto, ao invés de criarmos
mecanismos de formação da população neste sentido, estamos alimentando o
mercado de dinheiro vivo. Se cristaliza, assim, mais um retrocesso de política
pública em relação ao mundo globalizado que vivemos.
:)
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