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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

20/10/2017 a 26/10/2017)



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UM VOO DE GALINHA (?) (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
26/10/2017


O fato de não estarmos conseguindo eliminar o déficit primário no setor público nacional cristaliza o fracasso do ajuste fiscal que tanto o país precisa. A falta deste tende a transformar nossa recuperação econômica, iniciada em 2017, em um voo de galinha. Segundo o recente ajuste governamental, até 2020 deveremos manter um déficit primário, mas os recentes dados oficiais mostram que poderemos ir ainda mais longe caso as reformas estruturais não sejam realizadas entretempo. Senão vejamos: nos oito primeiros meses de 2017 o rombo do governo federal (déficit primário) era de R$ 85,8 bilhões (o pior da série histórica iniciada em 1997). No acumulado de 12 meses (até agosto/17) o déficit era de R$ 172,8 bilhões (R$ 13,8 bilhões acima da nova meta). Além disso, neste déficit primário não está calculado o pagamento das despesas com a dívida pública, fato que elevaria o resultado negativo para cerca de R$ 500 bilhões (nossa dívida interna total hoje supera um trilhão de dólares). Na prática, isso é resultado de um crescimento real do gasto público no ritmo de 6% ao ano nestes últimos 25 anos. Ora, alargar a meta ou aumentar impostos, como o governo vem fazendo, é sinônimo de “empurrar de barriga” o problema e testemunho de não conseguir resolvê-lo. E o pior é que tais gastos continuam: aumento de fundo eleitoral; bolsa empresário; política do toma lá dá cá; desbloqueio de verbas de representação para salvar “o cargo” do presidente Temer; inchaço da máquina pública; renúncia fiscal (R$ 35 bilhões com o REFIS) etc. Enquanto isso os serviços públicos continuam péssimos e já começa a faltar dinheiro para muitos deles. O Estado tende a parar. Afinal, há muito tempo não temos poupança e investimentos suficientes para alavancar sustentavelmente a economia. Hoje, nossa taxa de poupança está em 15,8% do PIB. E sem poupança não há investimentos, hoje a uma taxa de 15,5% do PIB. Em ambos os casos precisaríamos de 25% do PIB. Assim, até as eleições deveremos crescer um pouco mais. Depois, se a escolha das urnas for coerente com as necessidades nacionais, mais dois anos de crescimento. Após isso, só com as reformas, pois não há normalização sustentável da economia sem responsabilidade fiscal. Em síntese, saímos de uma recessão histórica lentamente, mas sem sustentabilidade. Desta forma poderemos crescer ainda mais três anos, dependendo do resultado das eleições de 2018. Porém, sem reformas estruturais não haverá ajuste fiscal, e sem ajuste voltaremos a cair. Ou seja, precisamos de um projeto de desenvolvimento para o Brasil, onde Estado e mercado coexistam com eficiência. Por enquanto, tal projeto não existe! 

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

13/10/2017 a 19/10/2017)



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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

UM VOO DE GALINHA (?) (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
19/10/2017


No jargão econômico “voo de galinha” ocorre quando uma economia inicia um processo de recuperação, porém, por falta de condições estruturais não consegue ir muito longe e, pouco tempo depois, volta a recuar ou, na melhor das hipóteses, estagna em patamares baixos. A economia brasileira, neste momento, corre este risco. Após uma profunda recessão, iniciamos uma lenta recuperação que poderá se cristalizar em um PIB positivo entre 0,5% e 0,7% em 2017. Alguns elementos conjunturais, a partir da consolidação de uma equipe econômica eficiente, começam a aparecer: inflação anualizada em 2,5% (abaixo do piso da meta); balança comercial superavitária, podendo chegar a um saldo superior a US$ 65 bilhões no corrente ano (recorde histórico); déficit das contas externas menor (projeção de US$ 24 bilhões para 2017, após US$ 104,1 bilhões em 2014); juro básico em queda (atualmente 8,25% aa, contra 14,25% um ano antes); desemprego ainda elevado, porém, em recuo; Investimentos Externos Diretos podendo chegar a um recorde superior a US$ 70 bilhões em 2017; e câmbio estável entre R$ 3,10 e R$ 3,20 por dólar há muito tempo. Sem entrar na qualificação destes resultados, pois alguns deles não são consistentes, o que mais interessa no momento é destacar que os mesmos ajudam na recuperação econômica, porém, não oferecem suporte para que tal processo tenha duração. Há um claro sentimento de que deveremos crescer um pouco mais em 2018 (talvez chegando entre 1,5% a 2% de PIB), desde que a atual equipe econômica seja mantida. Após, estaremos na encruzilhada das eleições presidenciais. Em as urnas indicando um governo em linha com o desenvolvimentismo irresponsável, é provável que a recuperação já se esgote no ano seguinte. Em caso contrário, ainda haveria fôlego para o país crescer, talvez, até 2020. Depois disso, somente com fortes ajustes estruturais, ou seja, com a efetiva realização das reformas, desde que feitas com qualidade e profundidade. Dito de outra maneira, qualquer que seja o cenário político nacional, sem as reformas estruturais o crescimento econômico nacional, que agora se retoma, poderá se caracterizar como um “voo de galinha”. Por quê? Porque o elemento central de nossa crise está na ausência de um ajuste fiscal eficiente de nossas contas públicas. Todos os demais pontos positivos citados acima são consequências deste aspecto. Ora, infelizmente neste quesito a equipe econômica vem fracassando, superada pelos interesses políticos e imediatistas dos diferentes poderes da República. A revisão para cima, em julho, do déficit primário para este e os próximos anos, após um pacote econômico arrecadatório em março, confirma tal cenário. Os detalhes e desafios de tal realidade veremos no próximo comentário. (segue) 

sábado, 14 de outubro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

06/10/2017 a 12/10/2017)



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quarta-feira, 11 de outubro de 2017

PREVIDÊNCIA: A REFORMA É NECESSÁRIA (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
12/10/2017


Na sequência das conclusões apontadas pelo estudo da FGV (Revista Conjuntura Econômica, julho/17, pp. 8-11), tem-se ainda: 4) Mesmo que seja impossível zerar os aumentos reais, é fundamental, do ponto de vista da sustentabilidade fiscal, evitar que parte substancial dos ganhos de produtividade da economia sejam repassados para aposentadorias e pensões; 5) Como sugere o Resultado 3, visto em nosso comentário do dia 05/10 (se todos os benefícios forem reajustados de acordo com o aumento da produtividade, os gastos previdenciários atingem a 12,1% e 17,8% do PIB, respectivamente, em 2040 e 2060, tanto no cenário base quanto no cenário otimista), neste último caso a desejada aceleração da produtividade no Brasil será inteiramente neutralizada como instrumento para ajudar a reequilibrar as contas do sistema previdenciário. Para além destes resultados da FGV, algumas outras considerações merecem atenção no encerramento desta nossa análise: 1) O Brasil economizaria anualmente em torno de R$ 50 bilhões (em valores atualizados) em despesas da Previdência se todos os benefícios já fossem limitados ao teto; 2) Hoje o teto da Previdência é de R$ 5.531,31 (2017) para trabalhadores do setor privado e servidores públicos a partir de 2013, desde que tenham acesso a previdência complementar; 3) Se a reforma for aprovada, todos os servidores públicos (federais, estaduais e municipais) terão prazo de dois anos para criarem a previdência complementar. A partir daí o teto valerá para todo servidor contratado após 2013; 4) Os servidores que ingressaram antes de 2013 não terão seus benefícios limitados, ou seja, o efeito da reforma será no longo prazo; 5) O Brasil, em 2015, gastou 3,5% do PIB com benefícios de servidores públicos. Isto é mais do que qualquer um dos 34 países da OCDE (grupo de nações mais desenvolvidas); 6) Portanto, custa muito caro aos brasileiros garantir renda mais alta a uma parcela da população (os servidores públicos que ganham acima do teto); 7) Só em aposentadorias, o valor economizado com o teto em 2015 (R$ 41,1 bilhões) seria suficiente para financiar o Bolsa Família ou quase todo o pagamento dos benefícios para pobres idosos ou deficientes (BPC/Loas); 8) O limite dos vencimentos também reduziria a desigualdade. Segundo o Pnad, os benefícios acima do teto eram só 3,5% do total, mas representavam 20,9% da renda de aposentadorias. Ou seja, uma brutal concentração de renda. Com o teto, essa fatia cairia para 12,7% e só os 10% mais ricos seriam afetados pela medida; e 9) dando números aos privilégios, em 2016, por exemplo, o país gastou em média cerca de R$ 29.000,00 com cada aposentadoria do Legislativo; R$ 22.000,00 no Judiciário; R$ 9.700,00 com militares; e R$ 7.600,00 com servidores públicos civis. O benefício médio do aposentado do setor privado ficou em torno de R$ 1.300,00.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

29/09/2017 a 05/10/2017)



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PREVIDÊNCIA: A REFORMA É NECESSÁRIA (III)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
05/10/2017


Caso a reforma previdenciária não seja realizada, a partir dos dois cenários construídos pela FGV (Revista Conjuntura Econômica, julho/17, pp. 8-11), os resultados para as contas públicas seriam os que seguem. Resultado 1: se, entre 2017 e 2060, todos os benefícios da Previdência, incluindo o piso, forem reajustados apenas pela inflação, sem nenhum repasse de ganhos de produtividade, os gastos com o RGPS saltarão de 8,4% do PIB (projeção oficial) para 11% em 2040 e 14,5% em 2060, no cenário básico. Já no cenário otimista, chega-se a 8,9% e 9,6% do PIB respectivamente em 2040 e 2060. Resultado 2: se o salário mínimo (mantido como piso previdenciário) for reajustado pelo aumento da produtividade da economia no período analisado, mas os benefícios acima do mínimo seguirem apenas a inflação, chega-se a gastos com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) de 11,6% e 16% do PIB em 2040 e 2060 respectivamente, no cenário base e de 10,3% e 12,8% no cenário otimista. Resultado 3: se todos os benefícios forem reajustados de acordo com o aumento da produtividade, os gastos previdenciários atingem a 12,1% e 17,8% do PIB, respectivamente, em 2040 e 2060, tanto no cenário base quanto no cenário otimista. Estes resultados indicam que a sustentabilidade da Previdência, num cenário sem reforma, depende da capacidade do governo em frear o crescimento real de todos os benefícios, inclusive o piso, deixando-o em zero ou perto disso durante muitas décadas. Seria isso possível? Paralelamente, foram feitas projeções de arrecadação do RGPS, as quais indicam que a mesma deve cair de um pico de 5,6% do PIB em 2019 para 4,9% em 2040, no cenário base; e de 5,8% para 5% do PIB no cenário otimista. Ou seja, não será da receita tampouco que virá a “salvação” para o desequilíbrio das contas da Previdência. Isso ocorre porque a população ocupada deverá cair com o processo de envelhecimento populacional. Em tal contexto, são claras, portanto, as conclusões: 1) a atual proposta de reforma da Previdência, que mexe tanto no cálculo dos benefícios quanto nas contribuições e nas condições de elegibilidade, leva o país à recuperação da plena solvência fiscal; 2) Mesmo no cenário pouco realista, em termos de economia política, de que até 2060 todos os benefícios previdenciários sejam ajustados apenas pela inflação, é preciso uma hipótese otimista de aumento anual da produtividade de 1,5% (acima da média das últimas décadas) para manter, naquele horizonte, os gastos do RGPS abaixo de 10% do PIB; 3) Aliás, 10% do PIB já é um nível alto em comparações com países de renda e demografia semelhantes à brasileira, devendo-se ainda considerar que temos as despesas com o RPPS (Regime de Previdência dos Servidores Públicos, denominado Regime Próprio de Previdência Social - RPPS), e com a Loas, programa assistencial voltado principalmente para idosos. (segue)

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