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segunda-feira, 31 de julho de 2023

INFLAÇÃO: EM PARTE ARTIFICIALIZADA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Dentre as funções de um Banco Central estão: manter a inflação sob controle, dentro das metas estabelecidas; contribuir para o crescimento da economia. Sob comando monetário, um dos instrumentos utilizados para conter a inflação é o juro. Em nosso caso, a Selic serve de referência. Nosso Banco Central tem se preocupado mais em manter a inflação dentro da meta, considerando-a um problema maior. Neste início de agosto/23 efetivamente há um quadro positivo para se reduzir, finalmente, a taxa Selic. Mas tudo indica que tal redução será lenta, ao menos no restante deste ano. Fechar 2023 com 12% de Selic não será uma surpresa. E um dos motivos está na inflação nacional. Há uma preocupação quanto a ações pontuais do Executivo, as quais vêm artificializando seu recuo. São medidas de curto prazo que favorecem sua redução, mas que deixam um potencial de alta logo adiante. O governo Bolsonaro, por motivos eleitoreiros, provocou uma redução dos combustíveis ao retirar à força impostos federais, assim como reduziu de forma unilateral o ICMS dos mesmos. Na sequência, o governo Lula prorrogou boa parte da ação nos dois primeiros meses do corrente ano. Depois, para dar conta do retorno dos impostos e impedir que isso incidisse sobre a inflação, o governo trocou a presidência da Petrobrás e a política de preços da mesma. Assim, mesmo que câmbio e preços do petróleo internacional venham colaborando, as constantes reduções nos preços da gasolina, diesel e gás estão maiores do que a paridade internacional indica. Segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis, no final de julho o diesel no Brasil tinha seu preço 16% abaixo da referência mundial e a gasolina 20%. Neste mês de julho veio um “bônus Itaipu” que baixou a conta da energia elétrica (mas só neste mês). Sim, há espaço para reduzir a Selic, mas seus motivos, em alguns casos, preocupam. Assim, juro básico menor já é possível, mas cuidado com a dosagem. Enfim, sua redução não significa que a economia nacional logo terá um ritmo maior. Primeiro, porque os efeitos práticos de uma redução no juro básico, no Brasil, levam de 6 a 12 meses para ocorrer. Segundo, os demais juros da economia não acompanharão o ritmo de queda, pois o que os move, em especial, é a crise fiscal do Estado e a enorme inadimplência dos brasileiros e suas empresas.  

quinta-feira, 27 de julho de 2023

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

21/07/2023 a 27/07/2023


Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.

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terça-feira, 25 de julho de 2023

O BRASIL E A ECONOMIA CHINESA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A balança comercial brasileira, neste ano de 2023, incluindo a terceira semana de julho, resulta em um superávit de US$ 51,03 bilhões, contra US$ 39,61 bilhões no mesmo período do ano passado. Esse resultado, dentre outras coisas, implica em forte entrada de dólares a qual auxilia na valorização do Real. Nos últimos anos a China (incluindo Macau e Hong Kong) se consolidou como nosso principal comprador. De fato, nos últimos 10 anos a participação chinesa, na exportação brasileira, cresceu 56%. Somente em 2022 o Brasil exportou para a China US$ 91,26 bilhões. Com isso, a China comprou 27,2%, em valor, de todas nossas exportações no ano passado, sendo soja e minério de ferro dois dos produtos líderes nas vendas. Portanto, ignorar a importância deste país asiático para a economia brasileira, como alguns fazem, é um grave erro, embora as relações com qualquer país precisem ser equilibradas e exijam cautela nos aspectos político e diplomático. Hoje, a China é líder em corrente comercial (exportações+importações), superando os EUA, sendo a segunda economia do mundo em PIB. O país cresce a uma velocidade vertiginosa para os padrões mundiais: “o seu consumo médio de concreto, nas últimas duas décadas, foi de 2 bilhões de toneladas anuais, ou seja, 60% do consumo mundial; a cada dois anos os chineses vêm consumindo o equivalente a todo o concreto usado nos EUA nos últimos 100 anos; hoje, mais de um terço das vendas de automóveis são de modelos elétricos, com mais de 200 novos fabricantes registrados; a Tesla construiu uma montadora de automóveis em Xangai, em seis meses, com a mesma tendo a capacidade para produzir mais carros do que o total de veículos novos à combustão interna vendidos no Brasil; a classe média chinesa estaria hoje ao redor de 450 milhões de pessoas, e o país procura expandir essa nova realidade capitalista para os demais cidadãos (a China possui, hoje, um pouco mais de 1,3 bilhão de habitantes); e o mundo espera algo em torno de 700 milhões de turistas chineses gastando em 2024. A conclusão é de que, de forma geral, precisamos mais deles do que eles de nós” (cf. Parizzi, A. ZH Doc, 01-02/07/2023, p. 10). Saber lidar com este novo parceiro, no cenário mundial, é o grande desafio, pois sua influência cultural logo se fará presente, assim como os EUA o fizeram no último século.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 14/07/2023 a 20/07/2023


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segunda-feira, 17 de julho de 2023

REFORMA TRIBUTÁRIA: UM PASSO, PORÉM, CURTO (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O Senado indica que fará modificações importantes na reforma tributária, aprovada na Câmara dos Deputados, mas algumas observações já podem ser feitas. Embora avançando na desburocratização do sistema arcaico existente no Brasil, ela fica aquém das necessidades da sociedade nacional. Como de hábito, em um país eivado de interesses específicos e privilégios, tem-se uma reforma apenas “dita” possível. O lado positivo está no fato de que o novo sistema deve simplificar a cobrança de tributos, devendo gerar mais competitividade econômica. Nesse sentido, ir contra a reforma é ir contra o Brasil, assim como, apesar das lacunas, foram contra o Brasil os que apostaram contra a Constituição de 1988 e o Plano Real. No entanto, a reforma tributária precisaria ser mais completa e profunda. Ela não alivia o volume cobrado de impostos sobre o cidadão e as empresas, embora haja acenos nesta direção quando de um segundo estágio da mesma, a ser feito um dia. Ela não foi debatida suficientemente com a sociedade e o setor produtivo em geral, ocorrendo quase “a toque de caixa”. A criação do Fundo de Desenvolvimento Regional, pelo qual se espera colocar um fim à guerra fiscal entre Estados e municípios, não deixa claro como será posto em prática, pois depende de lei complementar. Por outro lado, a integralidade da aplicação desta reforma incompleta tende a durar 50 anos. Ou seja, é muito tempo diante da urgência que tem o país em resolver esse problema. E, por enquanto, não há movimento consistente em redistribuir melhor a renda, via o novo sistema de tributação nacional, a começar pelo injusto imposto regressivo (paga mais quem ganha menos) que historicamente atinge a maioria dos brasileiros. Enfim, mais uma vez determinados setores ganharam isenções, o que tira o caráter igualitário do novo sistema. Ou seja, um passo foi dado na boa direção de se reformar o sistema tributário nacional, mas o mesmo deveria ser mais abrangente e consistente. Em não o sendo, deixamos escapar uma oportunidade na geração de melhores mecanismos para desenvolver o país. Já foi assim com as reformas trabalhista e previdenciária. Ora, sem uma profunda reforma política no país, não há como evitar estas correções tipo “meia sola”, insuficientes para o que a Nação brasileira precisa.  

quinta-feira, 13 de julho de 2023

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 07/07/2023 a 13/07/2023


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segunda-feira, 10 de julho de 2023

PREÇOS DA SOJA REAGEM (UM POUCO) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Confirmando as expectativas, os preços da soja, no Brasil, reagiram nesta virada de semestre. A primeira semana de julho/23 terminou com negociações da oleaginosa a R$ 130,00/saco. Um mês antes este valor era de R$ 121,50 (o menor preço em muitos meses). Portanto, em relação há 30 dias antes o ganho foi de 7% em termos nominais. O que levou a este comportamento? A melhoria dos três elementos centrais que compõem o preço da oleaginosa no mercado interno. Na Bolsa de Chicago, no primeiro mês cotado, o bushel de soja saiu de US$ 13,29 no dia 01/06, para US$ 15,62 em 03/07 (um ganho de 17,5% em pouco mais de um mês). Já o Real, após atingir a máxima de R$ 4,76 por dólar no dia 26/06, se desvalorizou para R$ 4,90 no dia 06/07. Uma perda de 2,9% em poucos dias. Enfim, o prêmio, para julho/23, tomando-se Paranaguá como referência, após atingir, em alguns momentos do primeiro semestre, mais de US$ 2,00/bushel negativo, fecha a primeira semana de julho em US$ 1,00/bushel negativo. No caso de Chicago, a principal virada veio do relatório de plantio nos EUA, divulgado no dia 30/06. O mesmo surpreendeu ao apontar um recuo de 5% na área realmente semeada com soja naquele país. Com isso, existe o risco de a produção final estadunidense não atingir as 122 milhões de toneladas projetadas. E ainda, até a colheita, no final de setembro, existem as oscilações climáticas que sempre alimentam especulações. Ao mesmo tempo, os estoques trimestrais de soja, nos EUA, na posição 1º de junho, ficaram menores do que o esperado (recuo de 18% sobre o mesmo período do ano anterior). Quanto ao câmbio, além dos movimentos externos, o mercado está preocupado com a reforma tributária, a qual vem sendo aprovada “a toque de caixa”, sem aprofundamento técnico suficiente, podendo ficar longe do necessário para o país. Enfim, quanto ao recuo nos prêmios, o mesmo já era esperado. A disponibilidade de soja no Brasil vai diminuindo, na exportação, embora tenhamos ainda muito produto. Pelo sim ou pelo não, abriu-se uma janela aos produtores brasileiros, em termos de melhores preços. Mas é cedo para cravar se a mesma irá se fechar ou abrir ainda mais, pois as condições elementos citados tendem a oscilar muito nos próximos meses. Lembrando que o preço atual continua longe dos R$ 172,00/saco do início de julho de 2022.

sexta-feira, 7 de julho de 2023

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 30/06/2023 a 06/07/2023


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segunda-feira, 3 de julho de 2023

SOMOS MENOS (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O Brasil acaba de divulgar os primeiros dados do novo Censo Demográfico. Há surpresas! Somos menos do que imaginávamos. Ou seja, a população brasileira não é de 215 milhões de pessoas, como se projetava, mas sim de pouco mais de 203 milhões. O Rio Grande do Sul, que se calculava com uma população de 11,8 milhões de habitantes, aparece com 10,88 milhões. Ou seja, a taxa de natalidade diminuiu consideravelmente, muito mais do que se esperava. Entre 2010 (Censo anterior) e 2022 (Censo atual) o crescimento populacional nacional foi de “apenas” 6,5%. Isso nos remete a uma taxa média de crescimento anual da população do país, nestes 12 últimos anos, de tão somente 0,52%. É a mais baixa taxa desde o primeiro Censo, realizado em 1872, ainda no Império. Lembrando que no período logo anterior (2000 a 2010) a taxa havia sido de 1,17% (mais do que o dobro da atual). O que houve? Ainda não se sabe e as análises demográficas estão sendo feitas para clarear esta nova realidade nacional. Pode ser consequência da crise econômico-financeira nacional, que gerou uma década perdida neste período e duas grandes recessões, da pandemia, do maior acesso a anticoncepcionais etc... O fato é que tal taxa já vinha desacelerando muito antes, porém, agora o processo se mostrou agudo. Neste ritmo, a redução da população brasileira se dará bem antes do previsto, que é o ano de 2040. Mas as consequências são mais complexas e enormes diante do exposto. As políticas públicas regionais e federais são obrigadas, agora, a acelerar investimentos direcionados aos mais velhos, pois o país está envelhecendo rapidamente. E isso, sem abandonar os mais novos, obviamente. Especialmente porque, e este é o segundo ponto, se o Brasil não quiser empobrecer de forma geral, recuando ainda mais em seu bem-estar social, PIB, IDH etc..., está obrigado a investir pesadamente em formação de capital humano visando aumentar a nossa produtividade do trabalho, hoje em apenas 0,9% ao ano (uma das mais baixas do mundo). Para isso, temos que investir em educação e formação dos jovens, pois serão eles, cada vez em menor número, que deverão sustentar o restante da Nação que envelhece. Sem isso, cairemos, logo adiante, no pior cenário: um país que envelhece rapidamente, sem capacidade produtiva que o sustente suficientemente. 

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