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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

ACORDA, É A EDUCAÇÃO (II) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Em 2019, dos 50 milhões de brasileiros entre 14 e 29 anos de idade, 20%, ou seja, 10,1 milhões, não completaram alguma das etapas do ensino fundamental ou médio. Seja por nunca terem frequentado ou pelo abandono causado pela necessidade de trabalhar, gravidez ou desinteresse em relação às aulas. E nos últimos dois anos de pandemia o quadro só piorou. Em 2018, o gasto público total com educação no Brasil representava 5% do PIB. Esse percentual não sofreu alteração em 2020 ou 2021. O país faz parte de uma minoria de nações que não destinaram recursos extras para nenhum segmento do sistema de ensino durante a crise sanitária. Ora, a renda e a posição socioeconômica têm grande influência sobre a capacidade de leitura e aprendizado dos jovens, e essa desigualdade é mais acentuada no Brasil do que em grande parte do mundo, aponta a OCDE em seu relatório Education at Glance, divulgado no último 16 de setembro. Por sua vez, a capacidade de leitura e interpretação de textos afeta a habilidade dos jovens em se desenvolverem social e profissionalmente, e exercerem sua cidadania. A OCDE, através de seu exame conhecido como Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), constatou que em 2018 os alunos brasileiros pontuaram, em média, 413 em leitura (para efeitos comparativos, a China, que encabeça o ranking, pontuou 555 nesse quesito), mantendo-se praticamente estagnado na última década. E essa média esconde disparidades sociais. No Brasil, diz a OCDE, a proporção de jovens da camada mais pobre, que conseguiu alcançar o nível 2 em leitura do Pisa (estágio básico em que os estudantes "começam a demonstrar competências que vão lhes permitir participar de modo efetivo e produtivo na vida como estudantes, trabalhadores e cidadãos") foi 55% menor do que a de jovens brasileiros de renda mais alta. Essa disparidade é 26 pontos percentuais superior à média dos países da OCDE, onde também se observa desigualdade em leitura entre alunos ricos e pobres. Em nosso país, porém, observou-se "uma das maiores disparidades de performance entre os países com dados disponíveis", diz o texto. (segue) 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 19/11/2021 a 25/11/2021


Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.

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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

ACORDA, É A EDUCAÇÃO (I) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O título desta, e das próximas colunas, é uma variação amena da famosa expressão "The economy, stupid" (A economia, idiota), cunhada em 1992 por James Carville, então estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton contra George H. W. Bush, presidente dos Estados Unidos na época. Lá, usada para justificar o que poderia alterar o rumo das eleições presidenciais. Aqui, uso para destacar o que de fato pode alavancar nosso desenvolvimento sustentável. Ou seja, sem educação, no sentido ético e da formação da população brasileira, continuaremos afundando no subdesenvolvimento e na pobreza. E nossa realidade, piorada pela postura do atual governo nesta área, é assustadora. Temos, ainda, 11 milhões de analfabetos no país, representando 6,6% da população total, sendo que 18% da população com mais de 60 anos é analfabeta. Por outro lado, a proporção daqueles com 25 anos ou mais, que concluíram o ensino médio, passou de 47,4% em 2018 para 48,8% em 2019. Entre os brancos, esse índice é maior, 57%. Entre os pretos e pardos, 41,8%. De 2016 para 2019, essa diferença, de acordo com o IBGE, caiu um pouco, “porém se manteve em patamar elevado, indicando que as oportunidades educacionais eram distintas para esses grupos”. O IBGE pondera que, apesar dos avanços, o equivalente a 51,2%, da população de 25 anos ou mais no Brasil não completou a educação escolar básica. E é esta população que estará, de alguma forma, no comando do país logo adiante. E nestes dois últimos anos de pandemia o quadro piorou severamente. Afinal, 4,3 milhões de estudantes no Brasil entraram na pandemia sem acesso à internet, sendo 4,1 milhões da rede pública. Outros 29% da população brasileira ainda hoje são analfabetos funcionais (conseguem ler e escrever, porém, não conseguem interpretar o que leem e, muito menos, ordenar suas ideias quando escrevem). Conforme ainda o IBGE, em 2016, 54,7% dos estudantes acima de 8 anos de idade estavam em níveis insuficientes de leitura, enquanto que 34% dos alunos brasileiros apresentavam índices de insuficiência na escrita e outros 54,4% estavam abaixo do desempenho desejável em matemática. (segue)

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

  12/11/2021 a 18/11/2021


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segunda-feira, 15 de novembro de 2021

A IMPORTÂNCIA DO TETO DE GASTOS PÚBLICOS (Final) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A sustentação provocada pelo boom das commodities e o aumento da formalização do trabalho, muda a partir de 2011, quando o crescimento da receita passa a se equiparar ao do PIB. E quatro anos foram suficientes para que saíssemos de uma situação de superávit primário de 2,15% em 2010 para um déficit – já despedalado – de 1,5% do PIB em 2014. Além dos gastos públicos, a receita tributária administrada pelo governo recua de 17,2% do PIB em 2006 para 12,4% na estimativa para 2017, devido a desonerações e regimes especiais. Para recuperar as contas de tal déficit, o governo teve de montar um sistema tributário que arranque da sociedade esse volume elevado de impostos para equilibrar o orçamento. Consequências: estimula as empresas a ficarem pequenas, deprimindo a produtividade; o Estado absorve a poupança que deveria ser canalizada para investimentos privados; a administração pública confirma que tem produtividade mais baixa que o restante da economia; sem uma reforma fiscal profunda, no médio prazo o país ficará fadado a um crescimento potencial muito baixo, insuficiente (esta reforma, e outras, ainda não saíram, e já estamos às portas de 2022). Portanto, levamos um choque de realidade que mostrou que a possibilidade de cortar gastos, dentro da atual Constituição e jogo de interesses classistas e políticos, parece ter se esgotado. Enquanto profundas reformas não vêm (a da Previdência e a Trabalhista foram incompletas e com resultados apenas de longo prazo), tornou-se fundamental o controle das despesas do Estado, começando com a revisão das despesas com parte do funcionalismo público. Por isso, a PEC dos gastos públicos é vital como remédio para ajudar a curar a doença e podermos, mais adiante, dele prescindirmos. (cf. FGV) Romper com o teto, hoje, é eliminar a âncora a estes gastos e colocar a economia nacional em posição definitivamente insustentável, diante da forma como temos realizado a administração pública neste país. Com este risco muito presente no atual governo, agora às vésperas das eleições, os indicadores econômicos estão sinalizando para onde estamos indo caso não se volte à razão.  

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

  05/11/2021 a 11/11/2021


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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

A IMPORTÂNCIA DO TETO DE GASTOS PÚBLICOS (I) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A prática de conter as despesas públicas não é um bom caminho em situações normais. Ocorre que no Brasil, nos últimos quase 15 anos, a economia perdeu o rumo e fugiu da normalidade relativa que o Plano Real a colocou. E grande parte da causa é o aumento considerável dos gastos públicos, sem receita condizente. Isso tem provocado, nos últimos tempos, constantes déficits públicos, potencializados pelos gastos com a pandemia. A ponto de nossa dívida pública se aproximar dos 90% do PIB, com tendência futura de ultrapassar os 100% se tais déficits continuarem. Um descontrole neste campo provoca disparada inflacionária, aumento dos juros, recuo do PIB e desemprego coisa que já estamos enfrentando hoje. Além disso, e risco maior, o Estado tende a dar calote de parte de sua dívida pública. A proposta de não honrar com os precatórios neste próximo ano entra nesse contexto. E nem precisamos falar de que o Estado gasta muito mal o dinheiro público, sustentando uma máquina em boa parte ineficiente. Assim, e diante do debate que se instalou no país a esse respeito, vale aqui (e na próxima coluna) lembrar alguns aspectos técnicos da importância de se praticar esta âncora a tais gastos, a qual vem desde 2016/17. Como ensina estudo da FGV (Revista Conjuntura Econômica, ago/16), a situação fiscal que motivou a PEC dos Gastos Públicos é a soma de 25 anos em que as despesas do governo cresceram mais do que o PIB. Nesse período, a expansão real do gasto público primário, deflacionado pelo IPCA, foi de aproximadamente 6% ao ano, para um PIB que registrou crescimento anual médio de pouco menos de 3,5%. Na década de 1990 esse desequilíbrio foi neutralizado com aumento de impostos e de dívida. Depois, por outros 12 anos, o país foi beneficiado por um comportamento ímpar da receita, que cresceu quase 7% ao ano. O que teria propiciado tal crescimento? Cogita-se que isso tenha sido graças ao longo processo de aumento da formalização do trabalho e à mudança dos preços da economia provocada pelo boom das commodities, favorecendo a arrecadação. Mas e depois disso? (segue) 

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 29/10/2021 a 04/11/2021


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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

AINDA SOBRE A RENTABILIDADE DA SAFRA 2021/22 (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A rentabilidade desta nova safra de verão, assim como a de trigo que vem sendo colhida, pode ser vista por outro ângulo: a perda do valor real de seus preços, diante da enorme inflação que estamos tendo. No caso da soja, o preço médio no balcão gaúcho fechou o mês de outubro em R$ 162,47/saco. No ano passado, nesta época, este preço estava em R$ 156,67/saco. Assim, em termos nominais houve um aumento anual de apenas 3,7%, ou seja, bem abaixo da inflação oficial (IPCA), que está em 10,25% em 12 meses, e muitíssimo abaixo do aumento dos custos de produção entre as safras. Mas em termos de preço real a perda é bem maior. Considerando o IGP-M, o qual leva em conta os preços das commodities, para manter o mesmo valor de compra do final de outubro do ano passado, o saco de soja no balcão gaúcho deveria estar valendo, hoje, R$ 189,49. Ou seja, em termos de preço real o produtor de soja está perdendo R$ 27,02/saco em comparação a capacidade de compra que o produto possuía um ano atrás. No caso do milho, a situação é melhor, porém, longe de ser tranquila. Seu preço médio atual gira, no Estado, ao redor de R$ 83,89/saco. No ano passado, nesta época, este preço estava em R$ 69,15. Isso significa que nominalmente o preço do cereal, em 12 meses, subiu 21,3%, superando largamente a inflação oficial no período, porém, ainda bem abaixo da elevação do custo de produção entre as duas safras. Já em termos reais, o preço atual do milho, para manter o mesmo poder de compra de um ano atrás, deveria estar em R$ 83,64/saco. Portanto, o cereal está tendo um pequeno ganho real, de alguns centavos por saco, em 12 meses. Já o trigo batia em R$ 83,40/saco no final de outubro. Um ano atrás o mercado gaúcho pagava R$ 76,50/saco. Isso significa que houve um aumento nominal, no seu preço, de 9% em 12 meses. Abaixo da inflação oficial e do aumento dos custos de produção. Para manter o poder de compra de um ano atrás, o trigo deveria estar em R$ 92,52/saco. Portanto, na prática, em termos reais, o preço do trigo atualmente está quase 10 reais abaixo do que deveria estar.  

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