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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

ALGUNS EFEITOS DA GUERRA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

No momento em que escrevíamos essa coluna havia movimentos visando encerrar a guerra provocada pela Rússia, contra a Ucrânia. Isso porque o conflito se dá no coração da Europa do Leste, envolvendo uma importante potência nuclear e econômica (a Rússia), por onde passam os gasodutos e oleodutos que abastecem a Europa Ocidental em gás e petróleo, além de a região ser uma grande fornecedora de trigo e milho ao mundo, e importante importadora de bens em geral, sendo estratégica para o transporte global. Em região de menor importância, a reação, talvez, fosse até inexistente, como há inúmeros exemplos mundiais. No caso presente, independente dos interesses geopolíticos em jogo, que são muitos e importantes, um tal conflito causa grandes problemas econômicos ao mundo. Em um momento em que as economias do Planeta ainda não se recuperaram dos estragos provocados pela pandemia da Covid-19. No Brasil, os efeitos negativos podem definitivamente nos afundar em recessão econômica, dependendo da duração do conflito. De imediato, a Bolsa recua, o Real volta a se desvalorizar, o sistema comercial é atingido, o frete sobe, os produtos que importamos aumentam de preço, repercutindo no custo de vida, elevando ainda mais a inflação. Na esteira, os insumos agrícolas, como fertilizantes, ureia e outros componentes químicos serão mais caros por duplo efeito: aumento do preço da matéria-prima, porque o conflito se dá em uma importante região exportadora; e pela desvalorização do Real. Os combustíveis e o gás devem subir ainda mais de preço; o trigo também, assim como as commodities em geral. As cadeias produtivas voltam a ser atingidas, sofrendo descontinuidade em um momento em que já estão abaladas pela pandemia. E ainda poderá haver uma consequência adicional no caso brasileiro: o fato de, desastradamente, o presidente da República ter visitado a Rússia uma semana antes do início do conflito e deixar seu apoio às pretensões russas (o Brasil é um dos raros países que demonstrou apoio a Putin, além de Cuba, Venezuela e, veladamente, a China), coloca nosso país na mira de represálias econômicas do conjunto dos países ocidentais, particularmente os EUA e a Europa Ocidental. Sem falar nos efeitos financeiros, motivados pela própria represália do Ocidente contra a Rússia. Como sempre, ninguém precisava disso!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 18/02/2022 a 24/02/2022


Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.

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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

REAL: VALORIZA OU DESVALORIZA? (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O Real, contrariando expectativas, se valorizou perante o dólar neste início de 2022, alcançando R$ 5,09 em 21/02. Este movimento é o segundo desde a escalada de desvalorizações iniciada em 2020. Após, no final de junho de 2021, a moeda nacional bater em R$ 4,92, ela voltou a se desvalorizar, atingindo patamares superiores a R$ 5,70 no segundo semestre do ano passado. Na oportunidade, a paridade de poder compra indicava que o valor deveria ser de R$ 4,50 a R$ 5,00. Quais os motivos, portanto, para esta nova revalorização do Real? Em primeiro lugar, a elevação dos juros no Brasil. A Selic saiu de 2% no ano passado para os atuais 10,75%, podendo superar os 12% até o final do ano. Enquanto os juros nos EUA e nas demais praças desenvolvidas não sobem, o aumento dos mesmos no Brasil torna nosso mercado atrativo ao capital especulativo. Tanto é verdade que, em 2022, até o dia 04/02, já havia entrado no país US$ 9,5 bilhões líquidos em capital financeiro, contra uma saída líquida de US$ 3,7 bilhões em todo o ano passado. Em segundo lugar, como é iminente a alta dos juros nos EUA, o capital aplicado por lá vê desestímulo à economia estadunidense, e passa a buscar ativos bursáteis mais baratos mundo afora. E o recuo de nossa B3 em 2021 tornou o Brasil atrativo. Tanto é verdade que nossa bolsa chegou a flertar com um recuo abaixo de 100.000 pontos no ano passado (hoje está acima de 113.000 pontos). Em terceiro lugar, a continuidade do aumento nos preços das commodities, por nós exportadas, levou o Brasil a bater um recorde em seu superávit comercial em 2021, atingindo a US$ 61 bilhões. Assim, mais dólares ofertados, maior é a valorização do Real no mercado interno. E o dólar pode cair abaixo de R$ 5,00? Sim, existe potencial, já que a paridade de poder de compra indica que nossa moeda deveria estar, hoje, entre R$ 4,20 e R$ 4,90. Na prática, isso tem possibilidade de ocorrer? É difícil! Talvez em curto espaço de tempo. Por quê? Porque existem pelo menos três motivos para novas desvalorizações do Real: o iminente aumento dos juros nos EUA, o qual atrairia dólares; o risco de conflito armado entre Rússia e Ucrânia (o dólar é um valor refúgio nestas ocasiões); e as eleições presidenciais no Brasil (fator de forte instabilidade, diante da polarização política existente). Um cenário, portanto, que exige muita atenção. 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

11/02/2022 a 17/02/2022


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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

QUANDO IREMOS AGIR? (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O Rio Grande do Sul, pela primeira vez em 12 anos, anunciou que suas contas fecharam positivas em 2021. Houve superávits orçamentário e primário. Desde 1978, apenas em sete anos o Estado havia apresentado superávit orçamentário. O que houve? Dentre os diferentes motivos, dois se destacam: realização de reformas estruturais entre 2019 e 2021, que reduziram os custos estatais, e um rígido controle de despesas. É sabido que o ajuste nas contas públicas se torna fundamental, se o objetivo é melhorar a vida dos cidadãos em um horizonte de longo prazo. No Brasil, por exemplo, grande parte de nossos problemas econômicos advém do enorme déficit fiscal existente, que compromete o funcionamento do Estado, gerando inflação, desvalorizações importantes do Real e crescimento econômico pífio, com o consequente desemprego elevado. Por que, então, o ajuste fiscal não se realiza? Porque falta vontade política, com o país envolto em jogo de interesses de todos os lados, os quais impedem que o setor produtivo se desenvolva adequadamente. Neste exato momento, por exemplo, o orçamento da União, para 2022, não inclui R$ 5 bilhões para garantir 6 milhões de empregos, mas inclui R$ 34,97 bilhões (80% do valor destinado aos investimentos no país) em todo o tipo de emendas parlamentares. Aliás, o volume de recursos para investimentos no país é o menor orçado em toda a história do país. E sem investimento hoje, se compromete o crescimento do amanhã. Algo que já estamos vivendo há anos. Hoje o Congresso Nacional controla metade das verbas do orçamento federal, com destino incerto e sem nenhum compromisso com os gastos públicos. Ou seja, a atual crise que estamos vivendo, há 15 anos, se deve ao descontrole das contas públicas, onde se gasta mais do que se arrecada, e se gasta muito mal. A pandemia e o clima apenas vieram piorar o quadro estrutural. E não há perspectivas de melhora, pois em termos nacionais, como já foi dito “não há planejamento, não há projeto para o país, não há governo, no sentido amplo da palavra” (ZH, 29/12/21, p. 9). Mais uma vez, no orçamento nacional, prefere-se acomodar gastos eleitoreiros ao invés de alavancar a economia e o bem-estar geral. Assim, não deve ser surpresa se o crescimento do PIB, neste e nos próximos anos, vier a ser medíocre, com todas as mazelas que isso provoca sobre a sociedade. 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 17/12/2021 a 10/02/2022


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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

TROCAR DE ANO NÃO É SINÔNIMO DE MELHORA ECONÔMICA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

No imaginário popular, o início de um novo ano traz a expectativa de mudanças para melhor na vida das pessoas. Excetuando as decisões que dependam da própria pessoa, na grande maioria dos casos a passagem de ano nada mais é do que um dia após o outro. Assim, passados 40 dias do novo ano, os sinais econômicos no Brasil não mudaram. A inflação deve ceder, porém, não no ritmo desejado. Por enquanto, a mesma tende a terminar o ano acima do teto da meta oficial. Isso força a continuidade do aumento do juro básico. O mesmo, agora em 10,75% anuais, deverá caminhar para perto de 12% até o final do ano. E o início de nova redução em tal juro dificilmente ocorrerá ainda em 2022. E juro alto leva a uma maior paralisação da economia, agora ainda atingida pelas fortes perdas climáticas no setor agropecuário nacional. A projeção do PIB nacional para o corrente ano permanece entre -0,5% e +0,5%, com boa parte do mercado trabalhando com 0,3%. Uma estagnação econômica que não permite recuperação de empregos em número e qualidade que se precisa. Este fato confirma que os cerca de 4,5% de PIB, no ano passado, é apenas o “efeito rebote” do tombo que levamos em 2020 (-3,9%). Não havendo empuxe, devemos voltar ao estágio medíocre que tínhamos nos últimos três anos antes da pandemia (média ao redor de 1,1%). E o câmbio, que cedeu neste início de ano, ainda está muito instável, não encontrando medidas estruturais que o mantenham em níveis palatáveis. Em paralelo, os investimentos continuam baixos. As eleições de final de ano e a crise prolongada que vivemos, impede aventuras. Especialmente após o governo federal comprometer a política de controle fiscal, a começar pelo rompimento do teto de gastos. O investimento externo direto (capital produtivo) registra o pior resultado desde 1995, segundo o Banco Central (US$ 46,4 bilhões), sendo dezembro passado o pior mês da série histórica e o pior ano desde 2009, quando tivemos o impacto da grande crise mundial de 2007/08. Mesmo assim, nosso resultado líquido nas contas externas foi positivo. Uma rara boa notícia, mas é muito pouco para nos tirar do buraco econômico em que fomos nos colocando desde 2007. O que se espera é que o resultado das eleições inverta, para melhor, o título desta coluna para 2023.

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