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segunda-feira, 29 de maio de 2023

CONTRADIÇÕES E CUIDADOS (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

As últimas estatísticas brasileiras apresentam contradições. Pelo lado positivo, a inflação, no acumulado de 12 meses, apresenta sensível declínio; com isso, o juro básico (Selic) tende a ser reduzido; na esteira disso, começa a ser projetado um PIB melhor para o final do corrente ano, agora entre 1% e 1,5%. Pelo lado negativo, a realidade do emprego, da inadimplência e do crédito, não acompanha esse movimento, exigindo cuidados. O desemprego vem aumentando, já descontada a sazonalidade do final de ano (no último trimestre, passou de 7,9% para 8,8% no país); a inadimplência bate recordes (em abril, 71,4 milhões de brasileiros segundo a Serasa); e a insegurança econômica geral não cede. A possibilidade da aprovação do “arcabouço fiscal”, ainda em junho, ajuda no otimismo, porém, isso precisa ser interpretado como o início de um movimento, que passa pela reforma tributária, terminando na execução responsável do ajuste fiscal. Um ponto importante: o arcabouço não se concentra no corte de gastos e sim no aumento das receitas públicas, que deve vir com mais tributação. Ora, mais tributação, acompanhada de novas isenções fiscais (setor automobilístico, por exemplo), causa preocupação. Tanto é verdade que, após os primeiros dois meses do ano, o governo já aumentou a previsão de déficit primário para 2023, em 27,1%, para R$ 136 bilhões (já está em 1,5% do PIB, enquanto a nova regra fiscal prevê 0,5% para este ano e 0% para 2024). Hoje, algo difícil de alcançar. Quanto ao juro básico, se houver redução, a mesma deve ser pequena neste ano. O mercado aponta uma Selic em 10% daqui a três anos e meio (final do atual governo). Isso porque, em termos de inflação, falta muita coisa para ela baixar. Considerando a média do IPCA, nos primeiros quatro meses do ano, a tendência é fechar 2023 com uma inflação entre 5,5% e 6,7%, contra o centro da meta de 3,75%. Isso, esperando que o câmbio se mantenha comportado ao redor de R$ 5,00 por dólar. Enfim, o PIB nacional deverá ficar entre 1% e 2% nos anos futuros. Insuficiente para gerar empregos remuneradores, que ativem o consumo, reduzam a inadimplência e revertam o quadro ruim que temos. Assim, surgem indicativos positivos, todavia é preciso moderar o entusiasmo, pois há um longo caminho a trilhar até que a economia melhore estruturalmente. 

quinta-feira, 25 de maio de 2023

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

19/05/2023 a 25/05/2023


Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.

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segunda-feira, 22 de maio de 2023

O NOVO CÁLCULO PARA OS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A Petrobras anunciou, praticamente ao mesmo tempo, a proposta de nova metodologia de preços para os combustíveis no país, e uma redução nos preços dos mesmos, incluindo o gás. Isso gerou certa confusão na população. A redução dos preços nada tem a ver com a nova proposta. Ela ocorre ainda dentro da metodologia existente, que é a da Paridade dos Preços Internacionais (PPI). Ocorre que, nestas últimas semanas, os preços internacionais do petróleo recuaram bastante e o câmbio, no Brasil, valorizou o Real. Isso permitiu a redução dos preços dos insumos citados. Em 12/04 o barril de petróleo Brent batia em US$ 87,50 no mercado mundial, contra US$ 74,72 em 16/05, e o câmbio saiu de R$ 5,20 no início do ano para R$ 4,89 no dia 15/05. Já a respeito da nova proposta de preços saliento: a) o anúncio do abandono do sistema da PPI causa preocupações e a nova proposta ainda está nebulosa; b) decisão semelhante, no passado, causou grande estrago à saúde da Estatal, pois a prática acabou virando subsídio de preços, deixando de acompanhar os valores internacionais, o que foi muito ruim para a Petrobras e todos os brasileiros no longo prazo. Afinal, não há almoço grátis; c) se abandonar todos os elementos que compõem a Paridade Internacional, a Estatal e os brasileiros terão problemas logo adiante. Talvez por isso, o presidente da petroleira tomou o cuidado de informar que a empresa seguirá os parâmetros internacionais do preço do petróleo, o que pode significar, na prática, poucas mudanças; d) na nova sistemática “os preços serão atrelados aos valores competitivos por polo de venda, tendo em vista a melhor alternativa aos clientes”, podendo gerar disparidades regionais (o Rio Grande do Sul, por ser fraco produtor e refinador de petróleo, tende a ver seus combustíveis ficarem mais caros do que em outras partes do país); e) por enquanto, o processo parece muito mais uma estratégia para baixar preços, a fim de reduzir a inflação e pressionar o Banco Central a reduzir a Selic (em junho há nova reunião do Copom); f) “o futuro e o sucesso do novo sistema dependem de como o novo modelo vai funcionar na prática”. Pode dar certo, mas é preciso esclarecer a proposta em seus detalhes para que se consiga realmente tirar conclusões de que a ideia venha a beneficiar os consumidores e a ajudar a alavancar a economia nacional no longo prazo.

quinta-feira, 18 de maio de 2023

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 12/05/2023 a 18/05/2023


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segunda-feira, 15 de maio de 2023

QUEM RECOLHE MAIS TRIBUTOS? (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Neste momento em que se debate a reforma tributária, um esclarecedor estudo (Revista Conjuntura Econômica, FGV, abril/23, pp. 18-21) procurou responder à seguinte pergunta: os setores agrícola e de serviços são privilegiados com uma carga de impostos mais leve do que a das demais atividades, particularmente a indústria? Sem entrar em considerações sobre a metodologia adotada pelo estudo, porém, ressaltando que seu autor buscou utilizar a ótica que melhor expressasse “a noção desejável de equidade”, tomando-se como referência apenas as empresas privadas nacionais e todos os setores da economia em 2018, tem-se: 1) o PIB privado total do Brasil foi de R$ 5,42 trilhões de reais, enquanto o recolhimento total de impostos pelas empresas privadas chegou a R$ 1,58 trilhão, ou seja, 29,2% do PIB; 2) a agropecuária, florestal e pesca, somados, participaram com apenas 0,8% do recolhimento total, contra 32,4% da indústria de transformação, 25,1% dos serviços privados, 21,5% do comércio e 12,8% da intermediação financeira, para citar as principais atividades produtivas; 3) no que diz respeito ao ICMS total, o recolhimento chegou a R$ 479,6 bilhões em 2018, sendo que o setor primário arrecadou apenas 1,5% deste total, o setor secundário 25,4%, e o setor terciário, considerando apenas os comércios atacadista e varejista, e os serviços de comunicação e de transporte, arrecadou 36%; 4) em termos gerais, em relação ao PIB de cada setor, a carga tributária é de 43,2% no comércio, 38,1% na indústria e 22% nos serviços privados; 5) o total dos tributos no respectivo PIB ficou em 3,9% para agropecuária, florestal e pesca; 38,1% na indústria de transformação; 40,2% na intermediação financeira; e 43,2% no comércio; 6) enfim, usando a receita bruta como padrão de comparação (o estudo considera fazer mais sentido comparar a participação de cada setor na receita bruta com sua participação na arrecadação), a parcela de arrecadação cai para 7,8% no comércio, 14,7% na indústria e 15,7% nos serviços. Ou seja, confirma-se que o setor primário tem uma carga bem mais leve de impostos, porém, “a alegação de que a indústria paga relativamente mais tributos que os serviços, não se sustenta”. Resta verificar o que será feito, a respeito, na reforma tributária.

 

quinta-feira, 11 de maio de 2023

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 05/05/2023 a 11/05/2023


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segunda-feira, 8 de maio de 2023

O “NOVO” SALÁRIO MÍNIMO (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Na era do Plano Real, o salário mínimo, na nova moeda, iniciou em março de 1994 valendo R$ 64,79 mensais. Considerando a inflação (INPC) no período, este salário seria de R$ 379,41 em janeiro de 2023, contra os R$ 1.302,00 estabelecidos oficialmente. Portanto, houve um ganho real de 243,2% no período. Esta performance se deve, em particular, à política de acrescentar o PIB, de dois anos antes do ano base, no cálculo, a partir de 2008 e que vigorou até o final de 2018. Assim, entre janeiro de 2008 e dezembro de 2018, período de sua vigência, seu rendimento foi de aproximadamente 251%, ao passar de R$ 380,00 para R$ 954,00, contra uma inflação de 77,2%. Essa metodologia foi interrompida no governo Bolsonaro (2019 a 2022). Nesse período o reajuste do mínimo nem mesmo acompanhou a inflação medida pelo INPC (18,6%), tendo alcançado 16,6%. Agora, volta-se ao sistema anterior, ou seja, o salário mínimo será reajustado, a partir de 2024, pelo INPC do ano que passou, mais a taxa de crescimento real do PIB de dois anos antes, com um detalhe: para o INPC será considerado o índice acumulado em 12 meses, encerrado no mês de novembro anterior ao reajuste (dezembro/22 a novembro/23, para 2024). Lembrando que este reajuste serve para corrigir as aposentadorias e outros benefícios do INSS. Considerando que a inflação, pelo INPC, tende a ficar ao redor de 6% no período e que o PIB de dois anos antes (2022) foi de 2,9%, o futuro reajuste do mínimo seria de 8,9%, o que levaria os atuais R$ 1.320,00 a R$ 1.437,48 mensais a partir de janeiro/24. Ora, a proposta do governo, para o próximo ano, é de um mínimo em R$ 1.389,00, conforme a LDO, o que significa uma inflação (INPC) de apenas 2,3% para o corrente ano. Uma percentagem muito abaixo da tendência indicada pela realidade. Se assim ficar, haverá necessidade de ajuste orçamentário, criando um rombo nas contas públicas (mais um). Sem esquecer que o DIEESE calcula que o salário mínimo necessário, para uma família de quatro pessoas, deveria estar, hoje, em R$ 6.676,11. Isso porque no inciso IV do artigo 7 da Constituição Federal, garante-se ao trabalhador um salário mínimo, fixado por lei nacional, para que, em tese, atenda às necessidades básicas do empregado e sua família, como moradia, alimentação, educação, vestuário, higiene, transporte, entre outras.    

quinta-feira, 4 de maio de 2023

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

  28/04/2023 a 04/05/2023


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terça-feira, 2 de maio de 2023

GRÃOS: PREÇOS DESPENCAM (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Os preços da soja, milho e trigo vieram abaixo nestes últimos meses. Após altas fora da curva, o mercado, como a teoria econômica ensina, reverte a tendência em busca da média histórica. Tomando o Rio Grande do Sul como referência, a soja fechou abril de 2023 valendo R$ 125,00/saco nas principais praças do Estado. Nesta mesma época, em 2022, o valor foi de R$ 190,00. Em 2021 e 2020 tais valores foram de R$ 168,50 e R$ 101,00/saco, respectivamente. Ou seja, o mercado está retornando aos valores nominais de três anos atrás. Com o milho e o trigo o processo é o mesmo. O milho, dos R$ 84,00/saco um ano antes, está agora em R$ 60,00. O trigo, após atingir a R$ 115,00/saco no ano passado, registra agora R$ 68,00. Uma série de fatores explicam tal comportamento, desde uma demanda mundial mais contida, associada a uma oferta em crescimento, passando por prêmios negativos no Brasil, até um Real mais valorizado. O que virá pela frente? Se a safrinha de milho confirmar o recorde esperado e a área de trigo crescer novamente, gerando novo recorde de produção, dificilmente seus preços deixarão de recuar um pouco mais, salvo algo imprevisível. Já na soja, o resumo que o mercado vem fazendo é que, de forma geral, não se descarta a possibilidade de preços um pouco melhores para o segundo semestre, especialmente pela melhoria dos prêmios. Entretanto, haverá muita soja para comercializar no segundo semestre (até o momento, pouco menos da metade da safra 2022/23 foi comercializada). O problema é que, para carregar a soja até o segundo semestre, na busca de melhores preços, não se tem certeza de melhorias substanciais no valor do saco de soja, diante do fato de que o carregamento causa custos financeiros, de armazenagem, quebra técnica etc. O quadro piora para os gaúchos diante de mais uma safra quebrada. Além disso, Chicago trabalha com dois dólares por bushel a menos, a partir de setembro, caso a safra dos EUA venha normal. Assim, no conjunto da obra, será preciso uma melhora bem significativa dos preços para compensar a espera, especialmente diante dos atuais juros praticados no Brasil. Ou seja, os preços podem ser melhores, porém, tendem a não ser compensadores para muitos. Será preciso uma boa gestão financeira, onde cada produtor reveja suas estratégias, suas contas e defina o rumo a tomar.

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