Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
11/02/2016
Infelizmente
chegamos a meados de fevereiro de 2016 sem nenhuma novidade no cenário
econômico nacional. O país continua afundando à procura do fundo do poço,
enquanto o governo permanece sem governar e, pior, lançando “mais do mesmo” ao
insistir em recuperar a economia com injeção de crédito via agravamento da
crise fiscal. Ao mesmo tempo, como se temia, a realidade política não evoluiu,
tudo ficando para depois do Carnaval, o que atrasa ainda mais o país. A
projeção de queda do PIB, após algo ao redor de -3,8% em 2015, piorou
consideravelmente, ficando agora entre -3,5% e -4% para o corrente ano. A
inflação, cujo controle o governo deixou de lado, insiste em subir, agora com
um claro processo de indexação de preços. Janeiro bateu um novo recorde, ao
atingir 1,27% e elevar o acumulado em 12 meses para 10,71%. Se tal processo de
indexação não for contido, corremos o risco de alimentar a inflação inercial,
tão nociva no final de 1980 e início dos anos de 1990. A crise de confiança
continua, na medida em que nossa indústria cada vez produz menos. Em 2015 a
retração do setor foi de 8,3%, sendo o pior resultado desde 2003 (até
novembro/15 o emprego no setor caía há 50 meses seguidos em comparação com igual
período do ano anterior). Com isso poucos investem e o desemprego continua
aumentando. As últimas projeções dão conta de que a taxa sairá dos 9% atuais
para 13% no final de 2016. A balança comercial, que apresentou um forte
superávit, está turbinada particularmente pela forte redução das importações e
não pelo retorno da dinâmica exportadora. Para piorar o quadro, após um rombo
primário superior a R$ 111 bilhões, ou 1,9% do PIB, o ajuste fiscal tão
necessário não surge no fim do túnel. Pelo contrário, a retomada de certo
arroubo desenvolvimentista à custa do Estado tende a piorar o quadro já que a
projeção de superávit primário para 2016 baixou para 0,5% do PIB e está longe
de ser alcançada. Das reformas estruturais então, pouco se fala. O discurso correto
da necessidade de uma profunda reforma na Previdência, por enquanto, não tem
sequência na prática. Ao mesmo tempo, o Executivo continua bloqueado pelo
Congresso e cada vez mais às voltas com os escândalos de corrupção de aliados,
ex-presidente, ministros e outros próceres da República. Sobra o aumento de
impostos, na tentativa de arrecadar mais para cobrir os erros do passado
recente, levando o povo a pagar a conta das últimas gestões temerárias e
irresponsáveis que o país teve em Brasília. Não é por nada que a presidente
Dilma insiste na aprovação da a nova CPMF. Nesse contexto, a economia mundial
se mostra incapaz de sair da crise iniciada em 2007/08. Pelo contrário, os
últimos movimentos internacionais confirmam que a mesma voltou a piorar. Alguns
analistas consideram que estamos às portas de um novo tombo mundial. A
diferença para o Brasil, agora, é que tal realidade, diferentemente de 2007/08,
nos pega econômica e politicamente em frangalhos, o que potencializa as
consequências negativas para a sociedade em geral.