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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

22/09/2017 a 28/09/2017)



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PREVIDÊNCIA: A REFORMA É NECESSÁRIA (II)



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
28/09/2017

Como vimos no comentário passado, não é somente o ritmo de expansão da economia que é relevante em termos previdenciários, mas também o padrão em que ele se dá. No Brasil, está muito próximo o esgotamento do bônus demográfico (a fase de aumento mais veloz do grupo de pessoas em idade de trabalhar, em relação à população como um todo) e, com isso, o crescimento da economia dependerá cada vez mais da elevação da produtividade. Ora, quando a produtividade do trabalho se eleva, há pressão por reajustes superiores à inflação para aqueles que já se aposentaram. Isso compromete a melhora fiscal esperada por um eventual crescimento vigoroso da economia, uma vez que tanto a elevação do valor real do salário mínimo, que é o piso previdenciário, quanto o reajuste dos benefícios acima do mínimo e o aumento do teto da Previdência têm papel vital para a solvência do sistema de aposentadorias e pensões. De 1995 a 2016, o salário mínimo (o piso previdenciário) foi ajustado em termos reais em 155,7%, os benefícios acima do mínimo em 15,8% e o teto da Previdência em 50,3%. E situação só não foi mais aguda devido a regra de reajuste real do salário mínimo pelo PIB. As diferentes pressões políticas e sociais fizeram com que, entre 1995 e 2010, houvesse aumento real dos benefícios acima do mínimo, variando de 0,85% no primeiro mandato do ex-presidente Lula para um máximo de 8,18% no primeiro mandato do ex-presidente FHC. Entre 1995 e 2016 os benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) superiores ao salário mínimo cresceram 15,83% em termos reais, o que supera a elevação da produtividade do trabalho no período. Por sua vez, a elevação do teto de contribuição amplia a arrecadação previdenciária no curto prazo. Ela acaba aumentando o desequilíbrio no longo prazo, por gerar aumento dos benefícios. Assim, os aumentos reais do piso, dos benefícios acima do piso e do teto levaram as despesas do RGPS a sair de 4,9% do PIB em 1997 para 8,1% em 2016. Algo insustentável neste ritmo e uma reforma profunda precisa ser feita. A questão é: sairá a reforma? E de que tipo? Se tal reforma não for implementada, segundo as simulações da FGV (Conjuntura Econômica, julho/17, pp.8-11), dois cenários se desenham de crescimento das despesas previdenciárias entre 2017 e 2060. Cenário Básico: prevê um crescimento da produtividade do trabalho de 0,5% ao ano, com aceleração do PIB até um aumento anual de 2,7% em 2019, e queda gradual até 2% em 2025 e 0,15% em 2060. Cenário Otimista: prevê crescimento da produtividade de 1,5% ao ano, com aceleração do PIB até expansão de 3,7% em 2019, e depois queda gradual até 2% em 2036 e 1,2% em 2060. Os resultados sobre os gastos públicos previdenciários destes dois cenários veremos no próximo comentário. (segue)

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

15/09/2017 a 21/09/2017)



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PREVIDÊNCIA: A REFORMA É NECESSÁRIA (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
21/09/2017


Há um crescente otimismo diante da possibilidade de o Brasil fechar 2017 com um PIB positivo de 0,5%. A recessão que estamos deixando para trás é tão aguda que até mesmo uma pífia retomada, de meio ponto percentual, causa especial euforia. Entretanto, é preciso relativizar a euforia, pois além de sairmos de uma base muito negativa (-3,8% em 2015 e -3,6% de PIB em 2016), as condições estruturais não estão reunidas para garantir uma recuperação adequada e de longo prazo. Isso porque o problema central que freia nossa economia é o rombo fiscal. E este rombo continua incontrolável! Aliás, recentemente o governo aumentou o mesmo para R$ 159 bilhões para 2017, sinalizando que até 2020 continuaremos com déficit primário nas contas públicas. E a cada rombo a dívida interna bruta aumenta (de 51,3% do PIB em 2011 ela deverá atingir a 78,2% em 2018). A título de confirmação do que acaba de ser escrito: ao final de julho passado o déficit primário de 12 meses (agosto/16-julho/17) era de R$ 183,7 bilhões, isto é, R$ 24,7 bilhões acima do novo teto estabelecido para o ano. E dentre todos os motivos de tal situação um deles merece ser lembrado, pois é importante e há enormes resistências em corrigi-lo: a Previdência. Neste ano seus gastos já aumentaram 6,9%, enquanto o PIB mal passou de 0%. E é sabido que sem reformas estruturais bem-feitas, a começar pela previdenciária, de pouco servirá a PEC dos Gastos Públicos aprovada no final de 2016. Portanto, vamos aqui, e nas próximas colunas, nos deter em explicar porque a reforma da Previdência é necessária (com base em estudo publicado na Revista Conjuntura Econômica-FGV, de julho/17, pp. 8-11). Uma possibilidade de correção do rombo da previdência nacional, sem reformas, seria apostarmos na recuperação sustentada da economia e/ou no aumento da produtividade do trabalho. Ora, desde 1980 o crescimento médio brasileiro é de 2,4% anual, nos anos 1990 tal crescimento foi de 2,2%, e nos últimos 10 anos a economia nacional cresceu a uma média anual de 2%. Por este lado, a nossa história mostra que apostar na expansão econômica para resolver, por si só, a questão da Previdência, é um alto risco. Por outro lado, entre 1995 e 2016, a produtividade do trabalho cresceu a 1% ao ano, quando se levam em conta as horas trabalhadas, e 0,7% quando o cálculo é feito com a população ocupada (PO). Na fase mais positiva da economia recente, entre 2002 e 2010, graças particularmente ao boom dos preços das commodities, o crescimento anual da produtividade do trabalho chegou a 2,4% e a 1,9% pela PO. Por sua vez, tomando-se o período recente (2010 a 2016), pós-estouro da crise mundial e de recessão no Brasil, a produtividade média ficou em 0,3% ao ano e de -0,1% pela PO. Historicamente também insuficiente para uma correção dos gastos previdenciários. Ou seja, o padrão do ritmo de expansão da nossa economia não é bom. (segue)

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

08/09/2017 a 14/09/2017)



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BOVESPA: NOVA BOLHA (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
14/09/2017


A Bolsa de Valores brasileira, através do seu índice Ibovespa, acaba de bater seu recorde nominal (74.319 pontos) neste dia 11 de setembro, ultrapassando o seu pico anterior, atingido no distante 20/05/2008 (73.516 pontos). Foram necessários quase 10 anos para a mesma realizar este feito, atingida que foi pela crise econômico-financeira de 2007/08; pela recessão econômica brasileira; e principalmente pelo estouro da bolha especulativa reinante na Bolsa entre 2006 e 2007. Neste último caso, os ganhos bursáteis foram muito além da realidade econômica nacional, levando à formação de uma bolha especulativa que estoura em maio de 2008. Afinal, os ganhos anuais bursáteis não eram compatíveis com a geração de riqueza bruta que as empresas que compunham o Ibovespa geravam na oportunidade (em 2007, enquanto o PIB brasileiro cresceu 6,1%, o índice ganhou 43,6%, tendo chegado a ganhos de 91% no acumulado de 2006 e 2007). Em termos reais, todavia, para a pontuação do Ibovespa se equiparar ao melhor momento de maio de 2008 a mesma deveria atingir, hoje, 126.947. Isso daria conta da inflação (IPCA) de 72,68% ocorrida entre maio/08 e agosto/17. Ou seja, quem permaneceu comprado desde maio/08 está longe de recuperar o que perdeu até o momento. Sob este ângulo há espaço para novas altas! Mas atenção: as novas altas bursáteis (entre o início de 2016 e o dia 11/09/17 o Ibovespa avançou 76,4%) estão indicando a presença de uma nova bolha. Isto porque, diferentemente de 2008, hoje a economia brasileira está apenas saindo de uma brutal recessão, com alto desemprego e uma demanda nacional endividada e inadimplente em níveis historicamente altos, sem falar no tamanho da crise política que grassa no país. Portanto, há uma euforia exagerada no setor financeiro nacional. Neste sentido, a prática econômica mundial nos ensina que as crises se originam em manias, estas caracterizadas por um padrão frenético de compras de ativos (imóveis e ações) que produz aumentos de preços e do volume de negócios. Isto deixa as pessoas ansiosas para comprar antes que os preços subam mais. Manias geram bolhas e vice-versa. Em algum momento, por um acontecimento qualquer, os preços param de subir e a bolha estoura. Isto gera pânico (efeito manada) fato que leva a quedas acentuadas dos preços de imóveis e quebra do mercado de ações. Neste momento, por exemplo, o mercado bursátil nacional está apostando tudo em uma sólida recuperação econômica do Brasil, quando na prática os elementos econômicos necessários para isto estão longe de estarem reunidos no país. Enfim, há o desejo de que as coisas aconteçam, porém, sem os fundamentos adequados para isso. Um claro movimento irracional gerador de bolhas. No atual caso bursátil brasileiro, o estouro da bolha virá quando o mercado perceber que entre o desejo e a realidade há uma enorme distância. 

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

01/09/2017 a 07/09/2017)



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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

SAINDO DA RECESSÃO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
07/09/2017

O resultado de 0,2% do PIB no segundo trimestre de 2017 indica, tecnicamente, que o Brasil finalmente saiu da recessão econômica que durava mais de dois anos. Dois trimestres com PIB positivo, após um longo período negativo, indicam esta trajetória. Dito isso, ainda é cedo para afirmarmos que a economia nacional está em recuperação. Até o momento, iniciamos um lento caminhar de retomada, porém, ainda pleno de incertezas. Primeiro, porque o PIB do segundo trimestre foi bem menor do que o 1% registrado no trimestre anterior. Segundo, porque no acumulado de 12 meses o PIB continua negativo de 1,4%. Terceiro, porque, em comparação com os primeiros seis meses de 2016, a variação do crescimento de nossa economia, no primeiro semestre de 2017, foi nula. Quarto, se no primeiro trimestre o que puxou a economia foi a agropecuária, com um resultado pontual em função dos números da safra de verão, que não se repete no restante do ano, no segundo trimestre a economia foi puxada pelo consumo das famílias e pelo comércio. Visto isoladamente, uma excelente notícia após nove trimestres consecutivos de queda em tal consumo. Todavia, se a inflação reduzida ajuda a explicar o comportamento, o motivo principal esteve em outra questão pontual: os recursos oriundos dos saques do FGTS, os quais não se repetem nos próximos trimestres. Portanto, é cedo para se afirmar que as famílias brasileiras ultrapassaram o marasmo provocado pelo alto endividamento e forte inadimplência. Quinto ponto, e corroborando o ponto anterior, no conjunto do primeiro semestre de 2017 o consumo das famílias ainda está negativo em 0,6%. Sexto, e mais importante ponto, o nível de investimentos na economia continuou se contraindo, registrando -6,5% neste segundo trimestre do ano. Ou seja, é a 13ª contração consecutiva, o que significa mais de três anos seguidos de resultados negativos nos investimentos. Sétimo, o resultado dos investimentos mostra que a atual saída da recessão ainda é incipiente, pois os motivos estruturais para que a economia inicie um processo de decolagem consistente não estão reunidos. Enfim, as taxas de investimento e de poupança nacionais (elementos fundamentais para sustentar o crescimento da economia), em relação ao PIB, registradas neste segundo trimestre de 2017, confirmam amplamente que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que consolidemos uma recuperação. No caso dos investimentos, a taxa ficou em 15,5%, abaixo do registrado no mesmo período de 2016, que foi de 16,7%. No caso da poupança, a mesma ficou em 15,8%, contra 15,6% no segundo trimestre do ano passado. Ora, tecnicamente, para o Brasil alavancar um crescimento sustentável tais taxas deveriam se situar ao redor de 25% do PIB. A distância dá a dimensão do desafio que ainda temos pela frente, embora o pior parece ter ficado para trás.

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