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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

PREVIDÊNCIA: A REFORMA É NECESSÁRIA (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
21/09/2017


Há um crescente otimismo diante da possibilidade de o Brasil fechar 2017 com um PIB positivo de 0,5%. A recessão que estamos deixando para trás é tão aguda que até mesmo uma pífia retomada, de meio ponto percentual, causa especial euforia. Entretanto, é preciso relativizar a euforia, pois além de sairmos de uma base muito negativa (-3,8% em 2015 e -3,6% de PIB em 2016), as condições estruturais não estão reunidas para garantir uma recuperação adequada e de longo prazo. Isso porque o problema central que freia nossa economia é o rombo fiscal. E este rombo continua incontrolável! Aliás, recentemente o governo aumentou o mesmo para R$ 159 bilhões para 2017, sinalizando que até 2020 continuaremos com déficit primário nas contas públicas. E a cada rombo a dívida interna bruta aumenta (de 51,3% do PIB em 2011 ela deverá atingir a 78,2% em 2018). A título de confirmação do que acaba de ser escrito: ao final de julho passado o déficit primário de 12 meses (agosto/16-julho/17) era de R$ 183,7 bilhões, isto é, R$ 24,7 bilhões acima do novo teto estabelecido para o ano. E dentre todos os motivos de tal situação um deles merece ser lembrado, pois é importante e há enormes resistências em corrigi-lo: a Previdência. Neste ano seus gastos já aumentaram 6,9%, enquanto o PIB mal passou de 0%. E é sabido que sem reformas estruturais bem-feitas, a começar pela previdenciária, de pouco servirá a PEC dos Gastos Públicos aprovada no final de 2016. Portanto, vamos aqui, e nas próximas colunas, nos deter em explicar porque a reforma da Previdência é necessária (com base em estudo publicado na Revista Conjuntura Econômica-FGV, de julho/17, pp. 8-11). Uma possibilidade de correção do rombo da previdência nacional, sem reformas, seria apostarmos na recuperação sustentada da economia e/ou no aumento da produtividade do trabalho. Ora, desde 1980 o crescimento médio brasileiro é de 2,4% anual, nos anos 1990 tal crescimento foi de 2,2%, e nos últimos 10 anos a economia nacional cresceu a uma média anual de 2%. Por este lado, a nossa história mostra que apostar na expansão econômica para resolver, por si só, a questão da Previdência, é um alto risco. Por outro lado, entre 1995 e 2016, a produtividade do trabalho cresceu a 1% ao ano, quando se levam em conta as horas trabalhadas, e 0,7% quando o cálculo é feito com a população ocupada (PO). Na fase mais positiva da economia recente, entre 2002 e 2010, graças particularmente ao boom dos preços das commodities, o crescimento anual da produtividade do trabalho chegou a 2,4% e a 1,9% pela PO. Por sua vez, tomando-se o período recente (2010 a 2016), pós-estouro da crise mundial e de recessão no Brasil, a produtividade média ficou em 0,3% ao ano e de -0,1% pela PO. Historicamente também insuficiente para uma correção dos gastos previdenciários. Ou seja, o padrão do ritmo de expansão da nossa economia não é bom. (segue)

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