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quinta-feira, 27 de março de 2014

Análise Semanal de Mercados da Soja, Milho e Trigo

(21/03/2014 a 27/03/2014)

Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
29/03/2014

A CONTRADIÇÃO DE JURO ALTO E ECONOMIA ESTAGNADA
O aumento dos juros é nocivo para qualquer economia. Principalmente em casos onde se busca a recuperação econômica. Aliás, aumentar juros quando se tem uma quase estagnação na economia, caso do Brasil, é uma completa contradição. Todavia, é isso que estamos fazendo e deveremos, infelizmente, continuar a fazê-lo durante este e o próximo ano. Hoje, o juro básico brasileiro chega a 10,75% ao ano. Em termos reais é o mais alto do mundo e, em termos nominais, está entre os mais elevados. Para se ter uma ideia, a Índia pratica um juro de 8%, a Coreia do Sul de 2,5%, o Chile de 4,25%, a Rússia de 5,5%, os EUA e a Zona do Euro de 0,25% ao ano. Esta armadilha do juro elevado, que caminha para fechar 2014 muito próximo de 12%, e para além disso em 2015, se explica no Brasil. No curto prazo, o monetarismo ensina que aumentar os juros permite segurar o aumento dos preços, isto é, a inflação. Quando esta começa a sair dos trilhos a arma do juro é utilizada mundo afora. Geralmente a inflação aumenta porque a economia de um país aquece, a demanda cresce, a oferta não acompanha o suficiente e os preços internos sobem. Como a inflação é o pior imposto que uma pessoa tem a pagar, especialmente os mais pobres, nenhum país no mundo deseja alimentá-la. No Brasil, assistimos a um fato contraditório: a demanda aumentou, a produção encontra dificuldades para acompanhar, por problemas especialmente de infraestrutura, os preços sobem, porém, a economia não decola. Nestes últimos três anos a mesma vem se mantendo apenas entre 1% e 2% de crescimento anual. O que estaria ocorrendo?

A CONTRADIÇÃO DE JURO ALTO E ECONOMIA ESTAGNADA (II)
Na prática, nossa inflação estaria muito mais ligada ao custo do Estado do que à falta de capacidade produtiva nacional. Por não se ter preparado com infraestrutura adequada, para uma demanda que foi estimulada fortemente, os custos de produção no Brasil têm subido. Isso retira competitividade do setor produtivo que, para compensá-la, aumenta seus preços. Ou seja, a pouca eficiência produtiva, devido aos custos estruturais de toda ordem, é compensada pelo aumento dos preços do produto final. Assim, a melhoria da renda da população está sendo, em grande parte, eliminada pela inflação. Recente projeção do mercado nacional indica um IPCA, para o final de 2014, em 6,52%, ou seja, rompendo o teto da meta. O governo, por si só, alimenta este processo ao não realizar economia. Pelo contrário, continua aumentando seu déficit público (neste primeiro bimestre do ano, por exemplo, a poupança para o abatimento da dívida pública vai ficar bem abaixo do resultado de igual período do ano passado e, na tendência, indicando que não iremos cumprir o superávit primário de 1,9% do PIB recentemente anunciado pelo governo). Aliás, no ano passado isso somente foi possível com a maquiagem de dados econômicos. Ora, o resultado desta realidade foi o rebaixamento da nota de crédito brasileira neste mês de março pela agência de risco Standard & Poor’s.

A CONTRADIÇÃO DE JURO ALTO E ECONOMIA ESTAGNADA (III)
Paralelamente, isso significa uma potencial possibilidade de menos entrada de dólares no Brasil. Para completar o quadro, o governo dos EUA voltou a reduzir o apoio à sua economia, baixando para US$ 55 bilhões mensais a injeção de recursos na mesma. Em três meses tal apoio já caiu em US$ 30 bilhões. Seca rapidamente mais uma fonte de dólares que nosso país conta para, dentro das suas possibilidades, acelerar os investimentos necessários para reduzir custos produtivos e reduzir estruturalmente a inflação interna. Além disso, uma menor entrada de dólares no país desvaloriza ainda mais o Real, fato que aumenta a inflação porque dependemos muito das importações, as quais ficam bem mais caras na medida em que nossa moeda perde valor. Ora, para atrair estes capitais externos, mesmo que especulativos, que acabam igualmente compondo nossas reservas cambiais, as quais permitem ao Banco Central intervir no mercado cambial, nos resta mais uma vez aumentar a taxa de juros. Com a remuneração do dinheiro valendo mais, pelo menos o capital externo especulativo olha melhor para o Brasil, mesmo nosso risco-país tendo aumentado. Porém, aumentar juros significa frear ainda mais a economia, e o círculo se fecha. Há outros elementos em jogo que mereceriam ser analisados, porém, por falta de espaço nesta coluna não o faremos. O que pode ser dito é o que já se sabe: para sairmos deste círculo vicioso, que nos empurra para um cenário cada vez mais difícil em termos de juros, inflação e crescimento econômico, é preciso que se realizem as reformas estruturais que aumentem a competitividade e eficiência de nosso sistema produtivo, começando por termos um governo responsável que corte fundo nas despesas de manutenção do Estado. Para que este igualmente tenha recursos para investimentos produtivos e possa assumir o papel de organizador da economia nacional neste contexto globalizado.



quarta-feira, 26 de março de 2014

FOMOS REBAIXADOS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
27/03/2014
Assim como no futebol, a economia mundial também possui critérios para rebaixar um país a partir da avaliação de sua saúde econômico-financeira. Nesse sentido, três agências de risco são acompanhadas de perto pelos investidores e credores internacionais: Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch. Pois a economia brasileira, que há muito vinha dando sinais claros de enfraquecimento, resultado da má gestão do governo nos últimos anos, acaba de ser rebaixada pela Standard & Poor´s, num evidente aviso de perda de credibilidade externa. Foi a primeira vez que isso acontece desde 2008. Ou seja, no momento em que os países desenvolvidos começam a sair da crise mundial, o Brasil afunda, perdendo uma preciosa oportunidade de decolar definitivamente para um crescimento econômico mais sustentável, na esteira da recuperação dos ricos. O rebaixamento de nossa nota significa que o Brasil é um país, a partir de agora, de maior risco para o capital externo. Estamos retrocedendo em função de uma política desenvolvimentista, com forte intervencionismo estatal, que foi posta em prática de forma irresponsável. Isso porque não construímos as condições estruturais para tal desenvolvimentismo, causando efeitos colaterais perversos, como elevada inflação, baixo crescimento econômico, aumento considerável do déficit público bruto, retrocesso na educação e saúde etc. Para piorar o quadro, na incapacidade de ajustar o rumo, adequando as despesas públicas às receitas, continuou-se a gastar mais do que se arrecada. E, para tentar esconder o real problema, passou-se a maquiar os dados econômicos nacionais. Ou seja, o governo brasileiro deu uma clara noção de sua completa incompetência gerencial, atado em favores políticos e interesses eleitorais, movido a demagogias eleitoreiras que a cada dia cobra um preço mais elevado dos brasileiros. Para quem não acompanha de perto esta questão da nota de crédito brasileira, o rebaixamento agora ocorrido é um sério aviso internacional de que a administração da economia brasileira precisa melhorar. Para tanto, necessita-se cumprir a meta de superávit primário, hoje reduzida para apenas 1,9% do PIB anual; reduzir a inflação para o centro da meta; aumentar os investimentos em infraestrutura; aumentar a eficiência de nosso setor produtivo; recuperar o crescimento da economia como um todo. Nas condições atuais, no curto prazo não se escapará de novos aumentos dos juros; menos recursos públicos em programas sociais e de consumo imediato; privatização acelerada (concessões) junto a setores decisivos da economia como aeroportos, estradas, portos etc, por absoluta falta de condições de o Estado fazer as obras; amplas reformas estruturais no país. É possível reverter o quadro, mas os brasileiros irão pagar um alto custo por deixarem o país chegar a tal situação! Muito mais ainda se insistirem em mantê-la!


quinta-feira, 20 de março de 2014

Análise Semanal de Mercados da Soja, Milho e Trigo

(14/03/2014 a 20/03/2014)

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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
22/03/2014

A IMPREVIDÊNCIA ENERGÉTICA
No início dos anos 2000 tivemos apagões importantes Brasil afora. Isso se deu à falta de chuvas que reduziram drasticamente os reservatórios de nossas usinas hidrelétricas. Na ocasião se verificou que o baixo investimento na infraestrutura do setor igualmente era uma causa relevante. Passados mais de 10 anos daqueles fatos nos deparamos, hoje, com problemas idênticos. Apesar de alguns ajustes e investimentos realizados no setor elétrico nacional, os mesmos se mostram distantes das necessidades do país. Desta forma, bastou uma nova redução no regime de chuvas em algumas regiões brasileiras para os apagões retornarem, muitos dos quais sem nenhuma relação direta com os reservatórios. Essa imprevidência na gestão pública, e na cobrança do bom funcionamento das empresas privadas junto ao setor, irá novamente cair no colo do consumidor, que terá uma conta salgada a pagar em 2015. Isso porque, por razões eleitorais, o aumento no preço da energia elétrica no Brasil virá apenas no próximo ano, aumentando o custo geral ao consumidor, pois represar aumentos de preços nunca foi solução (veja o caso da Petrobrás e o represamento no preço dos combustíveis).

A IMPREVIDÊNCIA ENERGÉTICA (II)
Na prática, a imprevidência nos investimentos de infraestrutura energética fragiliza o setor. O processo atual pode ser assim resumido: a falta de chuvas é apenas mais um componente que entra na equação, obrigando o governo a colocar em prática as termelétricas, custosas e poluidoras; isso torna a energia mais cara no Brasil, fato que penaliza as empresas do setor elétrico; para compensá-las, o governo acaba de anunciar um repasse de R$ 12 bilhões ao setor; esse repasse será pago na altura de R$ 4 bilhões pelo contribuinte, já que tal valor não terá retorno e sairá do Tesouro Nacional; os outros R$ 8 bilhões, que serão oferecidos como empréstimos às distribuidoras, virão do aumento nas contas de luz dos consumidores; muitos destes, portanto, pagarão a conta cheia, pois igualmente são contribuintes. Para não pesar demais o bolso do consumidor e a própria inflação, a ideia é escalonar os reajustes no tempo. Ou seja, após os demagógicos discursos e ações de redução no custo da energia elétrica no início de 2013, basicamente para se poder reajustar parcialmente o preço dos combustíveis, sem pesar demais sobre os índices inflacionários, o governo se obriga a voltar atrás um ano depois devendo provocar aumentos ainda maiores do que os esperados até então. Isso porque não realizamos investimentos adequados para o bom funcionamento energético do país.

A IMPREVIDÊNCIA ENERGÉTICA (III)
Para complicar as coisas, o impulso dado ao consumo das famílias, no afã de enfrentar a grande crise mundial que se instalou em 2007/08, acabou permitindo aos brasileiros adquirirem mais ventiladores, aparelhos de ar-condicionado, splits, televisores, geladeiras, freezers.... Assim, o consumo de energia elétrica se multiplicou sem que criássemos a infraestrutura necessária para dele darmos conta. Aliás, o mesmo ocorre com os automóveis e as estradas e ruas urbanas, aeroportos e número de viajantes e assim por diante. Nesse quadro, como investir nesse tipo de infraestrutura é um processo que leva tempo para maturar, o risco de desabastecimento elétrico no país é enorme. A imprevidência está cobrando seu preço, após os avisos de mais de uma década atrás. Como crescer economicamente sem acesso adequado a tal insumo? Impossível nos dias de hoje! Provavelmente, além do aumento nas tarifas para todos, seremos obrigados a conviver, em muitas regiões do país, com racionamento de energia elétrica por muito tempo, particularmente no verão. Obviamente, o retorno à normalidade no regime de chuvas ajuda em muito a enfrentar o problema, porém, somente isso não será suficiente para resolver mais esta grave lacuna econômica nacional.



quarta-feira, 19 de março de 2014

SOJA: TENDÊNCIA LONGA INDICA RECUO DE PREÇOS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
19/03/2014

Os preços internacionais da soja subiram neste primeiro trimestre de 2014, puxados pela preocupação mundial com a quebra de safra na América do Sul. Embora ainda haja muita controvérsia a respeito, a produção sul-americana deverá perder entre 11 a 14 milhões de toneladas, na hipótese mais otimista. Diante disso, o bushel de soja em Chicago, que em safra normal estaria entre US$ 12,00 e US$ 12,50 nesse momento, atinge valores entre US$ 13,80 e US$ 14,20. Mas as condições futuras (segundo semestre) apontam para um recuo de preços. Isso em função de alguns fatores importantes: 1) se a quebra sul-americana ficar nestes níveis, ainda assim a produção total será recorde; 2) a intenção de plantio do produtor dos EUA (relatório em 31/03) estaria indicando um aumento entre 4% a 8% na área de soja naquele país; 3) isso, em condições normais de clima, elevaria a produção estadunidense (colheita em outubro) para 96,5 milhões de toneladas, contra 89,5 milhões colhidas na safra passada; 4) a economia dos países desenvolvidos dá sinais de recuperação, fato que tende a aumentar os juros locais levando a um deslocamento do capital financeiro especulativo das commodities para os títulos públicos destes governos; 5) a China reduz seu crescimento econômico para níveis anuais de 7,5%, fato que pode atingir seu consumo interno; 6) o Brasil e a Argentina igualmente deverão aumentar um pouco mais suas áreas de soja para 2014/15; 7) o dólar se valoriza na economia internacional, fato que leva o preço das commodities a recuarem em dólares, no tradicional efeito de compensação (o inverso também é verdadeiro). É nesse contexto que o Fórum Outlook do USDA, em fevereiro, projetou o bushel de soja, para o produtor estadunidense, em torno de US$ 9,50 na média de 2014/15. Na mesma linha, a Agroconsult, no recente Fórum Nacional da Soja realizado na Expodireto/Cotrijal, no dia 11 de março, avançou que o bushel de soja pode recuar para a média de US$ 11,50 neste segundo semestre e para valores entre US$ 10,00 e US$ 11,00 para 2015. Nesse último caso, mesmo que o dólar saia dos atuais R$ 2,35 para R$ 2,60, o saco de soja ao produtor gaúcho, no balcão, ficaria, em média, entre R$ 47,00 e R$ 52,00, contra os R$ 55,00 a R$ 60,00 que agora se projeta para abril/maio do corrente ano.


SOJA: TENDÊNCIA LONGA INDICA RECUO DE PREÇOS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
19/03/2014

Os preços internacionais da soja subiram neste primeiro trimestre de 2014, puxados pela preocupação mundial com a quebra de safra na América do Sul. Embora ainda haja muita controvérsia a respeito, a produção sul-americana deverá perder entre 11 a 14 milhões de toneladas, na hipótese mais otimista. Diante disso, o bushel de soja em Chicago, que em safra normal estaria entre US$ 12,00 e US$ 12,50 nesse momento, atinge valores entre US$ 13,80 e US$ 14,20. Mas as condições futuras (segundo semestre) apontam para um recuo de preços. Isso em função de alguns fatores importantes: 1) se a quebra sul-americana ficar nestes níveis, ainda assim a produção total será recorde; 2) a intenção de plantio do produtor dos EUA (relatório em 31/03) estaria indicando um aumento entre 4% a 8% na área de soja naquele país; 3) isso, em condições normais de clima, elevaria a produção estadunidense (colheita em outubro) para 96,5 milhões de toneladas, contra 89,5 milhões colhidas na safra passada; 4) a economia dos países desenvolvidos dá sinais de recuperação, fato que tende a aumentar os juros locais levando a um deslocamento do capital financeiro especulativo das commodities para os títulos públicos destes governos; 5) a China reduz seu crescimento econômico para níveis anuais de 7,5%, fato que pode atingir seu consumo interno; 6) o Brasil e a Argentina igualmente deverão aumentar um pouco mais suas áreas de soja para 2014/15; 7) o dólar se valoriza na economia internacional, fato que leva o preço das commodities a recuarem em dólares, no tradicional efeito de compensação (o inverso também é verdadeiro). É nesse contexto que o Fórum Outlook do USDA, em fevereiro, projetou o bushel de soja, para o produtor estadunidense, em torno de US$ 9,50 na média de 2014/15. Na mesma linha, a Agroconsult, no recente Fórum Nacional da Soja realizado na Expodireto/Cotrijal, no dia 11 de março, avançou que o bushel de soja pode recuar para a média de US$ 11,50 neste segundo semestre e para valores entre US$ 10,00 e US$ 11,00 para 2015. Nesse último caso, mesmo que o dólar saia dos atuais R$ 2,35 para R$ 2,60, o saco de soja ao produtor gaúcho, no balcão, ficaria, em média, entre R$ 47,00 e R$ 52,00, contra os R$ 55,00 a R$ 60,00 que agora se projeta para abril/maio do corrente ano.


SOJA: TENDÊNCIA LONGA INDICA RECUO DE PREÇOS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
19/03/2014

Os preços internacionais da soja subiram neste primeiro trimestre de 2014, puxados pela preocupação mundial com a quebra de safra na América do Sul. Embora ainda haja muita controvérsia a respeito, a produção sul-americana deverá perder entre 11 a 14 milhões de toneladas, na hipótese mais otimista. Diante disso, o bushel de soja em Chicago, que em safra normal estaria entre US$ 12,00 e US$ 12,50 nesse momento, atinge valores entre US$ 13,80 e US$ 14,20. Mas as condições futuras (segundo semestre) apontam para um recuo de preços. Isso em função de alguns fatores importantes: 1) se a quebra sul-americana ficar nestes níveis, ainda assim a produção total será recorde; 2) a intenção de plantio do produtor dos EUA (relatório em 31/03) estaria indicando um aumento entre 4% a 8% na área de soja naquele país; 3) isso, em condições normais de clima, elevaria a produção estadunidense (colheita em outubro) para 96,5 milhões de toneladas, contra 89,5 milhões colhidas na safra passada; 4) a economia dos países desenvolvidos dá sinais de recuperação, fato que tende a aumentar os juros locais levando a um deslocamento do capital financeiro especulativo das commodities para os títulos públicos destes governos; 5) a China reduz seu crescimento econômico para níveis anuais de 7,5%, fato que pode atingir seu consumo interno; 6) o Brasil e a Argentina igualmente deverão aumentar um pouco mais suas áreas de soja para 2014/15; 7) o dólar se valoriza na economia internacional, fato que leva o preço das commodities a recuarem em dólares, no tradicional efeito de compensação (o inverso também é verdadeiro). É nesse contexto que o Fórum Outlook do USDA, em fevereiro, projetou o bushel de soja, para o produtor estadunidense, em torno de US$ 9,50 na média de 2014/15. Na mesma linha, a Agroconsult, no recente Fórum Nacional da Soja realizado na Expodireto/Cotrijal, no dia 11 de março, avançou que o bushel de soja pode recuar para a média de US$ 11,50 neste segundo semestre e para valores entre US$ 10,00 e US$ 11,00 para 2015. Nesse último caso, mesmo que o dólar saia dos atuais R$ 2,35 para R$ 2,60, o saco de soja ao produtor gaúcho, no balcão, ficaria, em média, entre R$ 47,00 e R$ 52,00, contra os R$ 55,00 a R$ 60,00 que agora se projeta para abril/maio do corrente ano.


PAGAMOS PARA SUSTENTAR A INEFICIÊNCIA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
20/03/2014

Em tempos de declaração de renda, é importante sabermos que os governos têm penalizado os brasileiros ao não corrigirem a tabela do Imposto de Renda pela inflação. Para este ano, enquanto a tabela foi corrigida em 4,5%, a inflação oficial ficou em 5,9%. Desde 1996 a inflação acumulada é 60% maior do que o ajuste nas alíquotas. Ao fazer isso, a Receita concentra cada vez mais renda para si, além de incluir mais pessoas entre os obrigados a fazer a declaração de renda e reduzir a restituição para os que têm direito à mesma (isso quando não retarda ao máximo a restituição para fazer caixa temporário). Hoje essa artimanha custa, no acumulado, R$ 35 bilhões anuais aos brasileiros. Para se ter uma ideia do jogo oficial sobre a renda dos brasileiros, em 1996 estava isento do IR quem recebia até 8,04 salários mínimos. Em 2014, quem receber 2,48 mínimos já terá que declarar IR (cf. ZH 31/12/13-01/01/14, p. 18). É um dinheiro que é retirado dos contribuintes indevidamente, para dizer o mínimo. É um dinheiro que deixa de circular na economia nacional e vai rechear os cofres públicos sem o devido retorno em serviços públicos. Pelo contrário, grande parte deste dinheiro serve para manter a máquina pública inchada e ineficiente, é desviado pela corrupção, e/ou vai para projetos privados e específicos, como o Estádio Itaquerão, em São Paulo, construído para a abertura da Copa do Mundo e que ficará, depois, para o Corinthians, clube do ex-presidente Lula. Paralelamente, o empreguismo corre solto na esfera pública nacional. Recente pesquisa do IBGE mostra que entre 2012 e 2013 o número de servidores concursados sofreu uma redução de apenas 0,3% nos 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal, enquanto o número de comissionados (os conhecidos CCs) aumentou em 13,6% nos cargos com vínculo permanente e 10,7% no quadro de estagiários. A incompetência pública nacional é tanta, particularmente nos últimos tempos, que os próprios governantes afirmam que “...apenas com os servidores de carreira, que desfrutam de inúmeras prerrogativas e têm estabilidade, é quase impossível fazer a administração funcionar.” Ou seja, trabalhamos e pagamos imposto de renda para sustentar essa confessa ineficiência estatal. Obviamente quem é favorecido por tal situação não tem nenhum interesse em que se realize uma reforma administrativa no país e/ou uma reforma tributária que corrija o descalabro. Enfim, prova de que a educação não é prioritária no Brasil, a Receita Federal permite apenas que se deduza R$ 3.230,46 com despesas anuais nesse setor. Em países como o México, por exemplo, até o transporte escolar pode ser abatido do que se paga ao IR. Há algo de podre no Brasil e já faz algum tempo! 



sexta-feira, 14 de março de 2014

Análise Semanal de Mercados da Soja, Milho e Trigo

(07/03/2014 a 13/03/2014)

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quarta-feira, 12 de março de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
15/03/2014

FÓRUM DA SOJA: O BRASIL EM RISCO
Por ocasião da Expodireto Cotrijal deste ano tivemos o 25º Fórum Nacional da Soja. Dentre os diversos assuntos de importância ali debatidos, um destaca-se aqui a partir da tradicional Carta do Fórum, divulgada sempre no seu encerramento. O mesmo vai ao encontro do que estamos alertando há meses, em uma perspectiva de médio prazo. Segundo o palestrante Alexandre Englert Barbosa, economista-chefe do Banco Cooperativo Sicredi, o mundo desenvolvido se encontra em recuperação da crise econômico-financeira de 2007/08. Todavia, a normalidade destas economias se dará em outro contexto daqui em diante. Nesse quadro, os países emergentes irão sofrer mais, porém, de forma assimétrica. Enquanto o mundo deverá crescer 3,7% em 2014 e 4,1% em 2015, segundo o FMI, os EUA deverão se aproximar do crescimento observado entre 2004-2007, a região do Euro ainda registrará uma reação econômica muito baixa, enquanto a China assistirá a um recuo de 12% para 7% em seu crescimento médio anual. Quanto ao Brasil, com um crescimento baixo e ajuste fiscal insuficiente, o país apresenta um reduzido crescimento e está em risco. Afinal, nosso país, de 2011 em diante registra um descolamento em relação ao crescimento mundial, ficando aquém da média mundial. E a recuperação das economias desenvolvidas não resolverá a situação. Especialmente porque a recuperação dos EUA, por exemplo, eleva a taxa de juros de seus títulos públicos, fato que altera a circulação do capital internacional, fazendo-o se destinar em maior volume para os países ricos. Isso deixa os emergentes, e particularmente o Brasil, com menor liquidez, fragilizando suas economias. É isso que nos leva a fazer parte, neste início de 2014, do grupo de países batizado de “vulneráveis”, e não há perspectiva no médio prazo de sairmos do mesmo.

FÓRUM DA SOJA: O BRASIL EM RISCO (II)
Nesse contexto, a taxa de câmbio no Brasil deverá manter um processo de desvalorização do Real. Para enfrentar tal problema o país terá que fazer um importante ajuste fiscal, acompanhado de um aumento ainda mais expressivo de sua taxa básica de juros. Todavia, tal ação parece não ser o objetivo imediato do governo. Em sendo assim, a taxa cambial brasileira deverá fechar o ano em R$ 2,55 e para o final de 2015 se estabelecer ao redor de R$ 2,65.  Quanto à inflação e os juros, se o objetivo oficial for trazer a primeira para o centro da meta, ou seja, 4,5% ao ano, a Selic terá que ser elevada para 11% neste ano (talvez um pouco mais) e para 12,25% em 2015. Em tal contexto, o crescimento da economia brasileira, para melhorar, terá que superar uma série de desafios. No que diz respeito aos desafios conjunturais, tem-se: o crédito moderado; o comprometimento da renda e o alto endividamento do consumidor (45% da população); a recuperação mundial com a consequente desvalorização do Real; a taxa de juros em alta com efeitos defasados; a confiança em queda; a dívida bruta elevada (beirando os 60% do PIB) com grande necessidade de ajuste fiscal; a baixa poupança, após forte incentivo ao consumo (o modelo de crescimento calcado no consumo interno se esgotou, a tal ponto que as vendas no varejo recuaram para apenas 4,4% em 2013, se constituindo no pior resultado nos últimos 10 anos); e a redução da liquidez mundial.

FÓRUM DA SOJA: O BRASIL EM RISCO (III)
Quanto aos fatores estruturais a serem enfrentados, tem-se: a redução no número de pessoas no mercado de trabalho e/ou dispostas a trabalhar devido a menor natalidade e a baixa qualificação; a precária infraestrutura nacional, elevando o chamado custo-Brasil; a falta de energia elétrica (há forte risco de racionamento de energia por questões naturais, mas particularmente por falta de investimentos em infraestrutura no setor); e a baixa produtividade. Sem vencer tais gargalos nosso crescimento ficará por muito tempo entre 1,5% e 2,5% anuais, o que é largamente insuficiente para as necessidades do país (aliás, o que vem salvando o crescimento do país é o agronegócio, graças às boas safras agrícolas). Para melhorar as perspectivas de crescimento o país deve voltar, urgentemente, a respeitar o tripé que consolidou a estabilidade da economia, posto em prática em 1999: superávit primário; meta inflacionária; câmbio flutuante. Soma-se a isso a necessidade de um ajuste fiscal profundo, com melhoria da qualidade do sistema educacional, acompanhado de uma maior participação do setor privado em obras de infraestrutura já que o Estado não tem condições de executá-las. Enfim, criar um ambiente de segurança jurídica para o empreendedorismo.



25º FÓRUM NACIONAL DA SOJA

Documento elaborado pelo Professor Argemiro Luiz Brum, clique aqui.

11 de março de 2014.

terça-feira, 11 de março de 2014

O ABUSO ESTATAL, O CHOQUE MONETÁRIO E O CUSTO SOCIAL

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
13/03/2014

A Europa, lentamente, sai da crise, acompanhando os EUA e o Japão. Todavia, ao custo de uma forte redução no chamado Estado-providência (Estado do Bem-Estar Social), de um duro choque ortodoxo, centrado em mecanismos monetários, e de um custo social elevado. O caso da Irlanda, que chegou a ser chamado de Tigre Celta antes de afundar na crise mundial, é exemplar. No final de 2013, após três anos de correções e reformas, o país oficialmente saiu do programa de ajuda estruturado pelo Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI). A Grã-Bretanha e outros países seguem o mesmo caminho. Assim, os resultados obtidos pela Irlanda e outros tantos provam que os duros ajustes monetários recuperam a competitividade do país e permitem que o mesmo saia da crise, mas com altos custos sociais. Para tanto, o país foi obrigado a cortar despesas do Estado-providência, aumentar impostos e realizar um corte orçamentário de 28 bilhões de euros (R$ 89,6 bilhões). O déficit público foi reduzido de 32% em 2010 para tão somente 7,3% do PIB em 2013, graças a planos de austeridade econômica que representaram, no período, 17% deste mesmo PIB. Mas a luta pela reestruturação de sua economia ainda é longa. O objetivo do governo é continuar com mais dois anos de austeridade, visando reduzir o déficit para 4,8% do PIB em 2014 e para menos de 3% em 2015. A esperança é que o crescimento, combinado a congelamento quase que total das despesas públicas, permita finalmente chegar ao equilíbrio econômico-financeiro do país em 2018. Ou seja, serão 10 anos de ajustes duríssimos na economia interna do país, após os abusos nos gastos públicos e no descontrole da economia, que foram escancarados com o estouro da grande crise mundial de 2007/08. Na esteira das correções irlandesas, os preços no setor imobiliário local recuaram 50% e os salários junto ao setor privado foram congelados. Assim, o ex-tigre irlandês sai da crise, porém, enfraquecido, com seu PIB 7% abaixo do nível em que estava em 2007, e com 75.800 irlandeses de menos, pois decidiram sair do país em busca de melhores oportunidades de trabalho durante a crise. Obviamente, o caminho é prevenir, evitando que a economia do país chegue a tal estágio, ao invés de remediar com os custos que isso representa. É isso que se tenta alertar para muitos países latino-americanos. Todavia, enquanto a Venezuela, Argentina e Bolívia já afundaram, no Brasil o atual governo continua abusando de gastar mais do que arrecada, buscando se perpetuar no poder, mesmo que isso comprometa o futuro econômico da Nação. Tal postura, que se cristaliza há pelo menos seis anos, está levando o país para o mesmo caminho que outros tantos vêm trilhando e que, para dele sair, obrigam sua população a pagar um altíssimo preço, comprometendo geralmente uma geração inteira.


quinta-feira, 6 de março de 2014

Análise Semanal de Mercados do Dólar, Soja, Milho e Trigo

(28/02/2014 a 06/03/2014)

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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
08/03/2014

COMÉRCIO EXTERIOR E EFICIÊNCIA NACIONAL
Passados os dois primeiros meses de 2014 constata-se que a saga de maus resultados no comércio exterior brasileiro continua. O resultado de fevereiro foi o pior em 20 anos, com um saldo negativo de US$ 2,12 bilhões, oriundos de exportações totais de US$ 15,93 bilhões e importações de US$ 18,05 bilhões. No acumulado do ano (dois meses) o saldo comercial é de US$ 6,18 bilhões negativos, com exportações de US$ 31,96 e importações de US$ 38,14 bilhões. No mesmo período do ano passado o saldo negativo foi de US$ 5,3 bilhões. Portanto, o saldo vem piorando mesmo com a forte desvalorização do Real no período. A média cambial brasileira em fevereiro de 2013 foi de R$ 1,97, enquanto em fevereiro de 2014 a mesma ficou em R$ 2,38. Isso representa uma desvalorização do Real de 20,8% entre os dois meses considerados. Ou seja, não é mais o câmbio que nos impede de melhorarmos a performance externa, embora a questão cambial seja importante na competitividade externa. Na prática, mesmo que dentre alguns motivos, possamos incluir o fechamento de alguns mercados, como o argentino, o principal problema é a eterna falta de competitividade de nossos produtos. Esta oriunda dos altos custos de produção internos existentes, a começar pelo custo-Brasil. Ou seja, somos pouco eficientes! Mesmo porque, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) o saldo brasileiro com o Mercosul praticamente dobrou em janeiro de 2014, ao atingir US$ 468,4 milhões, contra US$ 229,9 milhões em janeiro de 2013. Aliás, no ano passado nosso saldo com o Mercosul atingiu a US$ 5,41 bilhões, contra apenas US$ 3,55 bilhões em 2012.

COMÉRCIO EXTERIOR E EFICIÊNCIA NACIONAL (II)
Assim, mesmo que nefasto, o relativo fechamento da economia argentina nestes últimos tempos não pode ser usado como explicação para o nosso desastre comercial. Não podemos esquecer que 2013 oficialmente acusou um saldo comercial positivo de apenas US$ 2,55 bilhões graças a maquiagem (ou manipulação?) da balança comercial, ao utilizarmos o artifício de computar como exportação as plataformas marítimas de petróleo que produzimos e que ficam no país. Na realidade, houve um déficit comercial superior a US$ 5,0 bilhões. Mas, se o problema é a competitividade do nosso sistema produtivo, o que realmente é preciso fazer? Pelo menos duas ações. Em primeiro lugar, o Estado brasileiro tem que poupar, gerando recursos que possam ser investidos em infraestrutura para diminuir os custos e aumentar a eficiência da produção nacional. Ora, em 2013 a poupança feita pelo Estado brasileiro (União, Estados, municípios e estatais) foi a menor dos últimos 15 anos. Além disso, os gastos do governo federal foram recordes, atingindo R$ 914 bilhões, superando em 7,3% a inflação sobre o montante do ano de 2012. Trata-se aqui de gastos para manter uma máquina pública em geral muito pouco eficiente. Isso porque os gastos em investimentos de infraestrutura cresceram tão somente 0,5%, ficando em pífios R$ 63,2 bilhões segundo o Tesouro Nacional.
COMÉRCIO EXTERIOR E EFICIÊNCIA NACIONAL (III)

Tal disparate explica igualmente a persistência da inflação, apesar do aumento dos juros nestes últimos quase 12 meses. Afinal, a demanda brasileira por bens e serviços, estimulada pelo próprio governo, se encontra acima da capacidade de produção das empresas do país, as quais não conseguem também aumentar suas exportações na proporção do que estamos importando para dar conta da demanda. Em segundo lugar, é preciso aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro. E isso se dá com qualificação, a qual chega com fortes investimentos no setor educacional e de formação profissional, além de contínua fiscalização quanto ao cumprimento das metas estabelecidas. Portanto, reformas profundas na estrutura do Estado, para torná-lo mais ágil e eficiente, acompanhadas de reformas na educação e demais setores da vida socioeconômica brasileira se fazem fundamentais. A produtividade do trabalhador brasileiro, por exemplo, nas últimas duas décadas, aumentou em 1,8%, contra 2,2% no México, 3,7% no Peru, 3,8% no Chile, 4% na Turquia e 5% na Coreia do Sul. Ou revertemos esse quadro ou continuaremos marcando passo no cenário internacional sem sairmos daquilo que se acostumou chamar de país emergente (eufemismo atual ao histórico subdesenvolvimento).  

terça-feira, 4 de março de 2014

UM PIB FRACO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
06/03/2014


O IBGE anunciou que o PIB brasileiro, em 2013, ficou em apenas 2,3%. Esse PIB oficial não foi surpresa já que a expectativa de grande parte do mercado era de um percentual entre 2% e 2,5%. Apesar de bem superior ao 1% de 2012, importante se faz destacar que o mesmo é fraco por, pelo menos, duas razões: a) saiu de uma base de comparação muito baixa, que foi o resultado do ano anterior; b) as necessidades brasileiras de crescimento econômico são calculadas entre 6% a 7% ao ano, levando-se em conta o tamanho do país e sua população ativa. Ora, o PIB do ano passado é o terceiro consecutivo em níveis aquém do mínimo necessário, já que em 2011 o mesmo atingiu somente 2,7%. Temos aí a clara confirmação de que o modelo de sustentação econômica, via aumento do consumo interno, que resultou em um crescimento de 7,5% em 2010 (ano em que foi lançado), não durou muito, mesmo com todos os subsídios oficiais durante estes últimos quatro anos. Mas o resultado poderia ser pior, já que o crescimento do último trimestre de 2013 acabou positivo em 0,7%, descaracterizando a possibilidade de recessão econômica que a prévia do Banco Central havia indicado alguns dias antes. Todavia, há pouco o que comemorar. Afinal, boa parte da pífia performance foi sustentada pela agropecuária, que cresceu 7% no ano passado, puxada pela excelente safra de grãos (a indústria e os serviços cresceram somente 1,3% e 2% respectivamente), algo que não se repetirá na mesma proporção em 2014. Por sua vez, se o consumo das famílias ainda registrou 2,3% de aumento, o mesmo se deve particularmente ao primeiro semestre, já que na segunda metade do ano o endividamento e a inadimplência levaram os cidadãos a um maior cuidado nos seus gastos. Com um crescimento de apenas 4,3% no ano passado as vendas no varejo brasileiro obtiveram seu pior resultado nos últimos 10 anos, e as compras natalinas de 2013 apenas corroboraram tal quadro. Por outro lado, e o mais grave, é que o crescimento dos investimentos, embora chegando a importantes 6,3% em 2013, se deu basicamente em investimentos de consumo e não em infraestrutura. E a enorme carência desta última vem freando a economia do país há anos. Por falta da mesma, o sistema produtivo não conseguiu acompanhar a demanda estimulada em 2010, ocasionando uma pressão inflacionária que obriga o governo a aumentar os juros (a Selic, no final de fevereiro, passou para 10,75% ao ano, com tendência a aumentar um pouco mais no transcorrer de 2014). O aumento do juro básico, que rebate no comércio, cartão de crédito e cheque especial, eleva a percentuais estratosféricos o custo do dinheiro no país, freando definitivamente a economia. A ponto de o mercado indicar um PIB de apenas 1,6% para este novo ano, com muitos analistas nacionais e internacionais afirmando que 2014 já estaria comprometido, com o governo devendo se preocupar com 2015. E isso que tão somente iniciamos o terceiro mês do novo ano!  

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