Prof.
Dr. Argemiro Luís Brum
27/03/2014
Assim
como no futebol, a economia mundial também possui critérios para rebaixar um
país a partir da avaliação de sua saúde econômico-financeira. Nesse sentido,
três agências de risco são acompanhadas de perto pelos investidores e credores
internacionais: Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch. Pois a economia
brasileira, que há muito vinha dando sinais claros de enfraquecimento,
resultado da má gestão do governo nos últimos anos, acaba de ser rebaixada pela
Standard & Poor´s, num evidente aviso de perda de credibilidade externa.
Foi a primeira vez que isso acontece desde 2008. Ou seja, no momento em que os
países desenvolvidos começam a sair da crise mundial, o Brasil afunda, perdendo
uma preciosa oportunidade de decolar definitivamente para um crescimento
econômico mais sustentável, na esteira da recuperação dos ricos. O rebaixamento
de nossa nota significa que o Brasil é um país, a partir de agora, de maior
risco para o capital externo. Estamos retrocedendo em função de uma política
desenvolvimentista, com forte intervencionismo estatal, que foi posta em
prática de forma irresponsável. Isso porque não construímos as condições
estruturais para tal desenvolvimentismo, causando efeitos colaterais perversos,
como elevada inflação, baixo crescimento econômico, aumento considerável do
déficit público bruto, retrocesso na educação e saúde etc. Para piorar o
quadro, na incapacidade de ajustar o rumo, adequando as despesas públicas às
receitas, continuou-se a gastar mais do que se arrecada. E, para tentar esconder
o real problema, passou-se a maquiar os dados econômicos nacionais. Ou seja, o
governo brasileiro deu uma clara noção de sua completa incompetência gerencial,
atado em favores políticos e interesses eleitorais, movido a demagogias
eleitoreiras que a cada dia cobra um preço mais elevado dos brasileiros. Para
quem não acompanha de perto esta questão da nota de crédito brasileira, o
rebaixamento agora ocorrido é um sério aviso internacional de que a
administração da economia brasileira precisa melhorar. Para tanto, necessita-se
cumprir a meta de superávit primário, hoje reduzida para apenas 1,9% do PIB
anual; reduzir a inflação para o centro da meta; aumentar os investimentos em
infraestrutura; aumentar a eficiência de nosso setor produtivo; recuperar o
crescimento da economia como um todo. Nas condições atuais, no curto prazo não
se escapará de novos aumentos dos juros; menos recursos públicos em programas sociais
e de consumo imediato; privatização acelerada (concessões) junto a setores
decisivos da economia como aeroportos, estradas, portos etc, por absoluta falta
de condições de o Estado fazer as obras; amplas reformas estruturais no país. É
possível reverter o quadro, mas os brasileiros irão pagar um alto custo por
deixarem o país chegar a tal situação! Muito mais ainda se insistirem em
mantê-la!