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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

SOJA: PORQUE MELHORAM OS PREÇOS


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
01/03/2018

Os preços da soja no Brasil, após um longo período estáveis e mesmo em baixa, voltaram a subir nesta segunda quinzena de fevereiro. No Rio Grande do Sul, a média da semana passada bateu em R$ 64,89/saco, praticamente no mesmo valor de um ano atrás. Ao mesmo tempo, os lotes chegaram a R$ 71,00, enquanto no porto de Rio Grande o CIF se aproximou de R$ 77,00, contra R$ 73,00/saco um ano antes. Contrariamente ao que se esperava o movimento de recuperação, nesse momento, não vem do câmbio no Brasil e sim de boas altas na Bolsa de Chicago. De fato, enquanto a moeda brasileira continua flutuando entre R$ 3,20 e R$ 3,30, em Chicago o quadro mudou bastante desde o dia 12/02, após mais de 12 meses com o bushel estabilizado entre US$ 9,50 e US$ 10,00. Tanto é verdade que no início desta última semana do mês o mesmo atingiu a US$ 10,50. Este valor não era visto desde o início de fevereiro de 2017. Que explicações podemos avançar para tal comportamento? A mais evidente vem do clima na Argentina. O vizinho país sofre com uma seca importante (La Niña) a qual já teria provocado uma quebra de 10 milhões de toneladas de soja (a metade sul gaúcha também sofre com o problema). Das 57 milhões de toneladas iniciais, os argentinos projetam agora colher 47 milhões. E as últimas informações meteorológicas procedentes de lá apontam para a continuidade da seca em março e abril, meses em que as lavouras locais estarão em seu estado mais crítico de desenvolvimento. Como a Argentina representa 50% do farelo de soja exportado no mundo, as cotações deste subproduto dispararam em Chicago, ultrapassando os US$ 380,00/tonelada curta na corrente semana. Isso representa um ganho de 30% em seis meses! Tal realidade puxa para cima o preço do grão de soja. A segunda questão é que os Fundos continuam ainda muito presentes no mercado da soja. Este quadro geral abre a mais importante janela de comercialização para a soja gaúcha e brasileira desde junho de 2016. Dito isso, vale alertar para dois movimentos que podem ocorrer em março e que reverteria o atual quadro altista em Chicago. O primeiro é a possibilidade concreta de um aumento na taxa de juro dos EUA na reunião de março de seu Banco Central (o mercado espera três aumentos de juro em 2018 naquele país). O segundo vem da nova safra de verão dos EUA. O relatório de intenção de plantio está marcado para o dia 29/03 e, por enquanto, existe a possibilidade de um novo aumento na área a ser semeada com soja, em detrimento do milho. Portanto, os produtores brasileiros têm uma nova oportunidade para construir uma melhor média de vendas neste ano, sem esquecer que estamos diante de uma realidade político-econômica de muita instabilidade no país, e que novas janelas podem surgir, especialmente pelo lado cambial.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

16/02/2018 a 22/02/2018)



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NÃO SAI A REFORMA DA PREVIDÊNCIA, E AGORA?


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
22/02/2018

O governo federal, diante da impossibilidade em aprovar a Reforma da Previdência, lançou uma ofensiva contra a insegurança no Rio de Janeiro. Uma saída para esconder sua incompetência política, ao mesmo tempo em que requenta outras propostas de ações oficiais. O governo, ingenuamente, esperava que o Congresso, descomprometido com a causa coletiva brasileira, onde o casuísmo impera, viesse a se preocupar com as reformas necessárias ao país em ano eleitoral. Nesse contexto, a reforma previdenciária fica, agora, para 2019 caso o novo governo o queira e tenha capacidade para apresentá-la e defendê-la. As consequências econômicas para o Brasil são imensas. Em primeiro lugar, se há um ponto positivo nisso, o mesmo está no fato de que aprovar uma reforma fatiada/desidrata, como esta que se apresentava no momento, de pouco serviria às necessidades do país. Estávamos diante de um remendo e não de uma real reforma previdenciária. Em segundo lugar, é sabido que o Brasil, ao não conseguir avançar nesta reforma, dificilmente avançará, neste ano, em outras reformas urgentes, caso da tributária, fiscal, administrativa e política. Esta postergação é um desastre para a recuperação econômica sustentável do país. Sem reformas estruturais a economia caminha para uma recuperação tipo “voo de galinha”. Qualquer que seja o novo governo eleito, a retomada do crescimento da economia tende a não ir para além de 2019, talvez 2020. Ou seja, a economia vai estagnar (e talvez recuar novamente) sem nem mesmo ter recuperado o que foi perdido nesta recente recessão econômica. Em terceiro lugar, é bom lembrar que a recuperação de nossa economia está sustentada nas melhores condições da economia externa. Portanto, é o juro baixo no exterior e a entrada de capitais externos por aqui, no momento, que têm puxado de forma mais evidente nosso PIB a partir de 2017. Ora, esta janela está se fechando na medida em que os juros internacionais tendem a voltar a subir (especialmente nos EUA) ainda em 2018. Dito de outra forma, estamos, mais uma vez, perdendo uma oportunidade de colocar a economia nacional definitivamente nos trilhos do crescimento e de um futuro desenvolvimento sustentável. E, dependendo de quem for eleito no final do ano, poderemos perder os próximos quatro a cinco anos, momento em que todas as análises internacionais convergem para uma nova recessão mundial, já que tal processo é cíclico na economia. Enquanto isso, o déficit público continuará se elevando em relação ao PIB, as contas públicas continuarão piorando e o Estado brasileiro, como agente socioeconômico, continuará se inviabilizando. E alguns brasileiros se manterão enganados (e enganando a outros menos informados) com a falácia de que a previdência brasileira não é deficitária e que a crise fiscal não existe. Infelizmente, mais uma vez, a mediocridade está ganhando no Brasil! 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

09/02/2018 a 15/02/2018)



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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

2018: MAIS COMPLICADO QUE 2017 (Final)


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
15/02/2018

Em continuidade ao comentário passado, soma-se aos aspectos ali destacados, com vistas a chamarmos atenção para o que poderá ser o ano de 2018 na economia brasileira, o fato de a inflação oficial, em porcentagem, ter potencial para quase dobrar, embora fique ao redor do centro da meta oficial (4,5% ao ano). Com isso, o consumo das famílias, que vem puxando timidamente o PIB, ficará mais comprometido. Especialmente porque continuamos tendo, neste início de 2018, um pouco mais de 60% de famílias brasileiras inadimplentes (no Rio Grande do Sul, as famílias inadimplentes em janeiro/18 eram 46,2% do total, contra 27,7% em janeiro/17). E a redução do desemprego pouco ajuda, pois ainda temos 11,8% de desempregados, sendo que os empregos gerados até o momento são majoritariamente informais e/ou de baixa qualidade (mesmo que com franca redução, 2017 foi o terceiro ano consecutivo com saldo negativo na geração de empregos no país). Portanto, de baixa remuneração (a quantidade de pessoas empregadas com carteira assinada recuou 2% no quarto trimestre de 2017, enquanto o percentual de trabalhadores sem carteira assinada aumentou 5,7%)! Aliás, o rendimento médio da população brasileira fechou 2017 em R$ 2.154,00, aumentando apenas 1,6% sobre 2016, enquanto a inflação oficial no ano passado foi de 2,95%. É bom lembrar que a média do endividamento brasileiro era de R$ 4.400,00 por pessoa no final de 2017. Ou seja, mais do que o dobro da renda auferida. Por outro lado, a turbulência maior está por vir na medida em que a campanha eleitoral para Presidente da República avançar em um contexto em que os pré-candidatos existentes não oferecem confiança. O risco de elegermos um “populista irresponsável para com as contas públicas” é enorme. Em tal contexto, não é por acaso que os investidores estrangeiros, em janeiro, já frearam suas participações no mercado brasileiro. Por sua vez, grande parte dos Estados da Federação estão quebrados, caso do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, o mesmo acontecendo com os municípios (no Rio Grande do Sul, 2017 terminou com 25% dos municípios no vermelho, com a situação geral devendo piorar em 2018). Enfim, a safra de verão atual será menor, com preços médios baixos, consolidando uma situação que já foi ruim em 2017. Ou seja, se no ano passado os preços não reagiram, porém, houve volume produzido, neste ano o risco é de, comparativamente, termos pouca mudança nos preços e menor volume de produção. Portanto, 2018 será muito turbulento, podendo mesmo ser mais complicado que 2017, confirmando, infelizmente, que estamos longe da saída da crise econômica e de uma recuperação sustentável.  

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

22/12/2017 a 08/02/2018)



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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

2018: MAIS COMPLICADO QUE 2017 (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
08/02/2018

O ano de 2018, em seus primeiros dias, já está confirmando os alertas feitos! A economia passará por grandes turbulências no Brasil. Apesar de alguns indicadores econômicos, caso do PIB, apontarem para uma melhoria, os mesmos não são suficientes para oferecer garantias de sustentabilidade no médio prazo. No cenário internacional, o aquecimento da economia dos EUA confirma a necessidade de aumento nos juros básicos daquele país. Isso fez com que estourasse a primeira bolha especulativa do ano, com Nova York e as demais bolsas de ações mundiais recuando fortemente neste dia 05/02. Existe a projeção de três aumentos de juros nos EUA no corrente ano. Ora, juro mais alto naquele país tende a deslocar capitais dos países emergentes, caso do Brasil, para a América do Norte. Como o Brasil é tomador de capital externo, tal situação levará a uma desvalorização do Real, com potencial inflacionário importante, o qual obrigará a uma elevação de nosso juro básico (Selic). No front interno, a ameaça de o governo brasileiro romper com a “regra de ouro” nos levou ao rebaixamento de nossa nota de crédito no exterior, nos deixando três degraus abaixo do grau de investimento (esta regra compõe a Lei de Responsabilidade Fiscal, determinando que o montante das operações de crédito não pode ser superior ao valor dos investimentos, tendo por objetivo impedir que o governo contraia financiamentos para quitar despesas correntes, ou seja, para manter a máquina pública funcionando. O descumprimento da mesma se equivale ao fato de um consumidor usar o cheque especial como complemento salarial no final do mês, pagando juros, ao invés de cortar despesas). Esta realidade reforça o fracasso do governo na realização do ajuste fiscal necessário. Aliás, o rombo de R$ 124,4 bilhões nas contas do governo central em 2017, embora abaixo da meta corrigida de R$ 159 bilhões, é enorme, representando 1,9% do PIB. O total da dívida pública bruta brasileira deverá atingir 74,8% neste ano, contra 51,3% em 2011 (somente a dívida pública federal equivale, hoje, ao PIB total do México ou da Indonésia). E para 2018, já há um buraco calculado ao redor de R$ 200 bilhões. Neste contexto, acaba de ser anunciado um bloqueio no orçamento federal da ordem de R$ 16,2 bilhões, visando permitir que se alcance pelo menos o déficit primário projetado, que é de R$ 159 bilhões. Mas novos cortes serão necessários, especialmente se a Reforma da Previdência não sair. E mesmo que saia, será muito pequena e pouco ajudará (aliás, até o dia 20/02 tal reforma será definida no país e, caso não saia, deixará o mercado nacional ainda mais turbulento, com a Bovespa recuando e o Real se desvalorizando de forma mais intensa, fato que forçará a reversão da Selic). (segue)

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