Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
22/02/2018
O governo federal, diante
da impossibilidade em aprovar a Reforma da Previdência, lançou uma ofensiva
contra a insegurança no Rio de Janeiro. Uma saída para esconder sua
incompetência política, ao mesmo tempo em que requenta outras propostas de
ações oficiais. O governo, ingenuamente, esperava que o Congresso,
descomprometido com a causa coletiva brasileira, onde o casuísmo impera, viesse
a se preocupar com as reformas necessárias ao país em ano eleitoral. Nesse
contexto, a reforma previdenciária fica, agora, para 2019 caso o novo governo o
queira e tenha capacidade para apresentá-la e defendê-la. As consequências
econômicas para o Brasil são imensas. Em primeiro lugar, se há um ponto
positivo nisso, o mesmo está no fato de que aprovar uma reforma
fatiada/desidrata, como esta que se apresentava no momento, de pouco serviria
às necessidades do país. Estávamos diante de um remendo e não de uma real
reforma previdenciária. Em segundo lugar, é sabido que o Brasil, ao não
conseguir avançar nesta reforma, dificilmente avançará, neste ano, em outras
reformas urgentes, caso da tributária, fiscal, administrativa e política. Esta
postergação é um desastre para a recuperação econômica sustentável do país. Sem
reformas estruturais a economia caminha para uma recuperação tipo “voo de
galinha”. Qualquer que seja o novo governo eleito, a retomada do crescimento da
economia tende a não ir para além de 2019, talvez 2020. Ou seja, a economia vai
estagnar (e talvez recuar novamente) sem nem mesmo ter recuperado o que foi
perdido nesta recente recessão econômica. Em terceiro lugar, é bom lembrar que
a recuperação de nossa economia está sustentada nas melhores condições da
economia externa. Portanto, é o juro baixo no exterior e a entrada de capitais
externos por aqui, no momento, que têm puxado de forma mais evidente nosso PIB
a partir de 2017. Ora, esta janela está se fechando na medida em que os juros
internacionais tendem a voltar a subir (especialmente nos EUA) ainda em 2018.
Dito de outra forma, estamos, mais uma vez, perdendo uma oportunidade de
colocar a economia nacional definitivamente nos trilhos do crescimento e de um
futuro desenvolvimento sustentável. E, dependendo de quem for eleito no final
do ano, poderemos perder os próximos quatro a cinco anos, momento em que todas
as análises internacionais convergem para uma nova recessão mundial, já que tal
processo é cíclico na economia. Enquanto isso, o déficit público continuará se
elevando em relação ao PIB, as contas públicas continuarão piorando e o Estado
brasileiro, como agente socioeconômico, continuará se inviabilizando. E alguns
brasileiros se manterão enganados (e enganando a outros menos informados) com a
falácia de que a previdência brasileira não é deficitária e que a crise fiscal
não existe. Infelizmente, mais uma vez, a mediocridade está ganhando no Brasil!