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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(18/11/2016 a 24/11/2016)




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OS BRICS E A PERDA DE PROTAGONISMO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
24/11/2016

Houve um tempo em que o mundo imaginou poder contar com um grupo de países emergentes que poderiam despontar como uma outra locomotiva a puxar a economia internacional. Lord Jim O´Neill cunhou o acrônimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que se somou ao grupo em 2011) para designar tal grupo. As medíocres performances econômicas do Brasil e da Rússia, e a pouca presença sul-africana, tornam, hoje, o conceito completamente ultrapassado. Aliás, no tempo, os Brics nunca conseguiram se organizar como grupo de influência mundial. Na prática, cada país busca defender seus interesses individuais, e suas ações são tímidas em relação ao seu potencial. A tal ponto que O´Neill já deixou entender que, se tivesse que refazer o conceito, talvez a única letra que ficasse seria o C de China. E mesmo assim, os problemas do país asiático, a começar pela forte elevação de sua dívida privada, deixa os mercados “de coração na mão”. Mesmo a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelos cinco países em 2015, não provoca entusiasmo. Para a maioria dos analistas internacionais o mesmo não passa de um símbolo. Raros são aqueles que acreditam que este banco venha a obter o Triplo A, no médio prazo, das agências de risco, condição indispensável para captar dinheiro no mercado a taxas vantajosas. Assim, os Brics estão longe de realmente fazer um contrapeso ao Ocidente desenvolvido. Com isso, a crise mundial de 2007/08 acabou não gerando um novo equilíbrio mundial, onde os emergentes assumiriam um papel de destaque. A crise econômica no interior de cada um de seus membros, exceção feita à Índia no momento (apesar de dois anos seguidos de crescimento acima de 7%, este país registra pontos fracos como a baixa taxa de investimentos e um déficit recorrente em sua balança de pagamentos correntes), acabou por anular qualquer expectativa nesse sentido. E o mundo vê que ainda depende das tradicionais locomotivas, como os EUA e a União Europeia, mesmo que a China ainda “corra por fora” nessa busca pela liderança mundial. No caso específico do Brasil, a recessão econômica que caminha para três anos, associada a uma dívida pública federal que já soma R$ 3,05 trilhões (quase um trilhão de dólares), e em crescimento; um déficit primário que atinge R$ 190,6 bilhões nos 12 meses encerrados em setembro passado (a meta é um déficit de R$ 170,5 bilhões para 2016); e um forte recuo no poder de compra do brasileiro (-9,1% nos últimos dois anos), que voltou aos níveis de 2011, não deixa dúvidas que, se algum dia tivemos a oportunidade de um protagonismo internacional ou mesmo regional, a mesma já não existe mais. Nossa luta agora é gastarmos os próximos 10 anos trabalhando para apenas recuperarmos o terreno perdido pelas diatribes econômicas realizadas nos 10 anos anteriores.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(11/11/2016 a 17/11/2016)




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O EFEITO TRUMP

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
17/11/2016


A eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA poderá retardar a recuperação da economia dos EUA, com efeitos obviamente no restante no mundo. O mercado, o setor financeiro, os investidores e os aplicadores bursáteis apostaram todas as fichas em Hilary Clinton, pois a mesma seria a continuidade do governo Obama, além de sua proximidade com Wall Street. Trump seria a surpresa negativa que acabou se concretizando. Além de despreparado para o cargo, o eleito adotou um discurso truculento e irresponsável, no velho estilo populista, contrariando até mesmo, em alguns aspectos, a linha do Partido Republicano, pelo qual se elegeu. Pelo lado econômico, ao defender a qualquer custo a recuperação da economia dos EUA, sua ação pode gerar um efeito contrário. Isso porque a mesma pode significar uma intervenção nas ações do Banco Central estadunidense (FED), rompendo com sua independência e criando ainda mais temor junto ao mercado em geral. Sem falar na ideia de endurecer o tom com a China e rever os acordos internacionais do clima. Uma intervenção no FED na tentativa de liberar mais recursos públicos na economia forçaria uma alta inflacionária na sequência, a qual aceleraria o aumento na taxa de juro básica dos EUA. Um aumento mais rápido e importante neste juro significa redirecionar capitais (dólares) para os EUA, deixando os países em geral, e os emergentes em particular, com menos recursos externos disponíveis. Ora, países como o Brasil não têm condições de alavancar suficientemente seu crescimento econômico sem tais recursos. Isso significa dizer que o Banco Central brasileiro terá que rever a redução da Selic, pois manter juro alto não é apenas arma para combater a inflação, mas também para tornar atrativos os papéis do Tesouro brasileiro e, com isso, manter o fluxo de entrada de capitais externos, mesmo que esses sejam especulativos. Assim, 2016 pode muito bem fechar com 13,75% de Selic e 2017 ficar em 12% e não mais em 11%. Em retardando a velocidade na redução dos juros, a retomada da economia nacional fica enfraquecida. Diante de tal cenário, o Brasil pode continuar com crescimento negativo no próximo ano. Por sua vez, em o governo Trump adotando uma política comercial protecionista, a geração de recursos pelo aumento das exportações ficaria igualmente comprometida. No Brasil, o forte recuo da Bovespa assim como a importante desvalorização do Real (já beirando os R$ 3,50 por dólar), a ponto de provocar intervenção do Bacen, são as consequências imediatas do chamado “efeito Trump”. Outros, mais profundos, poderão vir já no início de 2017. Resta esperar que Trump, a partir de 20 de janeiro próximo, pratique um governo menos radical do que o seu discurso de campanha e reanime a confiança dos mercados. Por enquanto, ainda estamos longe disso!

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(04/11/2016 a 10/11/2016)




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ECONOMIA MUNDIAL: AS INCERTEZAS CONTINUAM (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
10/11/2016


Dando sequência aos principais pontos ou incertezas que o FMI aponta para a economia mundial em 2017 (ver comentário da semana passada), a partir de seu relatório anual “Perspectivas Econômicas Mundiais”, temos o Ponto 8. O mesmo indica um único aspecto positivo que seria, talvez, a possibilidade de uma pequena melhora nos países emergentes e em desenvolvimento, a começar pelo Brasil e a Rússia, os quais poderão iniciar uma saída da recessão. Ponto 9:  o crescimento da China deverá continuar a recuar, passando de 6,6% em 2016 para 6,2% em 2017, mas o conjunto dos emergentes poderá assistir a uma melhoria com a média passando a 4,2% em 2016. Ponto 10: todavia, ¾ da progressão do PIB mundial dependerá dos países emergentes (especialmente China e Índia), o que sempre é uma incógnita, pois o problema é que as perspectivas destes países são desiguais e geralmente mais difíceis do que em anos passados. Ponto 11: o motor emergente pode a qualquer momento diminuir, sob efeito de um reposicionamento chinês, de tensões geopolíticas, e da fraqueza da demanda junto aos países ricos. Ponto 12: por enquanto, necessário se faz reconhecer que os remédios empregados para combater a crise mundial, iniciada em 2007/08, são, na melhor das hipóteses, insuficientes (na pior, ineficazes). Ponto 13: o FMI, diante de tais constatações, já admite que o apoio da atividade econômica pela via orçamentária – os Estados gastarem mais – é indispensável desde que as margens de manobra existam. Ponto 14: os governos estão igualmente sendo chamados a consertar os balanços dos bancos e realizar as reformas estruturais até hoje não realizadas. Todavia, esse esforço, para ser mais eficaz, deve ser coordenado entre os grandes países, algo que não se está conseguindo concretizar. Ponto 15: enfim, se os Estados agirem pouco e muito tarde, o perigo é de o mundo deslizar para uma “estagnação secular”. Esta perspectiva se torna cada dia mais tangível, particularmente junto a certos países desenvolvidos. Afora esses 15 pontos, o mundo aumentou sua preocupação com a solvência do sistema bancário em geral e europeu em particular. A crise do Deustche Bank (principal banco privado da Alemanha), cujo balanço representa quase o PIB da Itália e mais de 10% do PIB da Zona Euro, pode carregar junto todo o sistema financeiro em um efeito dominó. Há riscos igualmente em bancos do Portugal e da Itália, além da maioria de pequenos e médios bancos que, obrigados a fazerem enormes provisões em razão da enorme inadimplência (inclusive no Brasil), se encontram em dificuldades. E pensar que muita gente subestimou a crise mundial, assim como subestima a brasileira.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(28/10/2016 a 03/11/2016)




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ECONOMIA MUNDIAL: AS INCERTEZAS CONTINUAM (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/11/2016


Há um mês, mais precisamente no dia 4 de outubro passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou o seu tradicional relatório anual sobre a saúde e tendências da economia mundial. O mesmo está longe de tranquilizar! Pelo contrário, tal relatório, chamado de “Perspectivas Econômicas Mundiais”, traz um diagnóstico pessimista para o futuro próximo da economia internacional. Segundo ele, após um crescimento medíocre de apenas 3,1% em 2016, a economia mundial deverá crescer 3,4% em 2017. Porém, fatos novos podem impedir que mesmo esse modesto crescimento venha a acontecer no próximo ano. Isso porque os riscos de degradação econômica continuam superando as chances de melhoria. Pelo menos 15 pontos ou incertezas estariam rondando a economia mundial, com forte potencial de mantê-la no atual marasmo, iniciado quando da eclosão da crise econômico-financeira de 2007/08. Ponto 1: temos as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia, as quais ninguém conseguiu mensurar até o momento e que não deverão ser poucas. Ponto 2: os receios quanto aos efeitos da globalização em uma economia fragilizada aumentam. Os mesmos levam os países a adotarem políticas protecionistas. Ora, reduzir o comércio mundial agrava e prolonga o marasmo atual da economia mundial. Ponto 3: a China se tornou uma interrogação. O país está buscando uma reequilibragem econômica visando reduzir sua dependência para com os investimentos e as exportações, em favor do consumo interno e dos serviços. Todavia, para obter sucesso nesse movimento a China depende de muito crédito, dependência esta que aumenta perigosamente, alimentando o espectro de uma crise financeira. Ponto 4: há clara ameaça de um novo recuo no preço das matérias-primas, além da multiplicação dos atos terroristas, das guerras civis no Oriente ou na África, e mais as crises na saúde pública com a propagação do vírus da Zika e outras ameaças. Uma série de eventos que minam a confiança dos mercados, a demanda e a atividade econômica. Ponto 5: a economia dos EUA perdeu seu ímpeto. Diante da fraqueza nos investimentos e a alta do dólar, seus prognósticos de crescimento se desenham em drástica redução sobre o previsto anteriormente (PIB de 1,6% em 2016; e 2,2% em 2017). Ponto 6: por sua vez, a Zona Euro também recua em relação às projeções anteriores (após 2% em 2015, tem-se 1,7% em 2016 e 1,5% para 2017). Ponto 7: na Zona Euro tem-se ainda a demanda interna e o investimento que continuam insuficientes, além do envelhecimento demográfico e o enfraquecimento do crescimento da produtividade. (segue)

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