Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/11/2016
Há um mês, mais precisamente no dia 4 de outubro passado, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) divulgou o seu tradicional relatório anual sobre
a saúde e tendências da economia mundial. O mesmo está longe de tranquilizar!
Pelo contrário, tal relatório, chamado de “Perspectivas Econômicas Mundiais”,
traz um diagnóstico pessimista para o futuro próximo da economia internacional.
Segundo ele, após um crescimento medíocre de apenas 3,1% em 2016, a economia
mundial deverá crescer 3,4% em 2017. Porém, fatos novos podem impedir que mesmo
esse modesto crescimento venha a acontecer no próximo ano. Isso porque os
riscos de degradação econômica continuam superando as chances de melhoria. Pelo
menos 15 pontos ou incertezas estariam rondando a economia mundial, com forte
potencial de mantê-la no atual marasmo, iniciado quando da eclosão da crise
econômico-financeira de 2007/08. Ponto 1:
temos as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia, as quais
ninguém conseguiu mensurar até o momento e que não deverão ser poucas. Ponto 2: os receios quanto aos efeitos
da globalização em uma economia fragilizada aumentam. Os mesmos levam os países
a adotarem políticas protecionistas. Ora, reduzir o comércio mundial agrava e
prolonga o marasmo atual da economia mundial. Ponto 3: a China se tornou uma interrogação. O país está buscando
uma reequilibragem econômica visando reduzir sua dependência para com os
investimentos e as exportações, em favor do consumo interno e dos serviços.
Todavia, para obter sucesso nesse movimento a China depende de muito crédito, dependência
esta que aumenta perigosamente, alimentando o espectro de uma crise financeira.
Ponto 4: há clara ameaça de um novo
recuo no preço das matérias-primas, além da multiplicação dos atos terroristas,
das guerras civis no Oriente ou na África, e mais as crises na saúde pública
com a propagação do vírus da Zika e outras ameaças. Uma série de eventos que minam
a confiança dos mercados, a demanda e a atividade econômica. Ponto 5: a economia dos EUA perdeu seu
ímpeto. Diante da fraqueza nos investimentos e a alta do dólar, seus
prognósticos de crescimento se desenham em drástica redução sobre o previsto
anteriormente (PIB de 1,6% em 2016; e 2,2% em 2017). Ponto 6: por sua vez, a Zona Euro também recua em relação às
projeções anteriores (após 2% em 2015, tem-se 1,7% em 2016 e 1,5% para 2017). Ponto 7: na Zona Euro tem-se ainda a
demanda interna e o investimento que continuam insuficientes, além do
envelhecimento demográfico e o enfraquecimento do crescimento da produtividade.
(segue)